Português: Ficha de leitura de «Lisbon Revisited (1923)» - Correcção

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ficha de leitura de «Lisbon Revisited (1923)» - Correcção

1. O poema constrói-se, essencialmente, com base num discurso que o «eu» poético dirige a uma segunda pessoa do plural.

      1.1. Demonstre a veracidade da afirmação, considerando o modo verbal e a função da
             linguagem predominante.

          De facto, o sujeito poético parece dirigir-se a um tu, o que é visível através do recurso ao modo imperativo («Tirem daqui...», «Não me apregoem...») e à função apelativa da linguagem («Não me venham com conclusões!» - v. 3; «Não me tragam estéticas!» - v. 5).


2. A acumulação de construções negativas, nas três primeiras estrofes, remete para uma
     recusa.

     2.1. Explique, por palavras suas, aquilo que o sujeito poético recusa.

          O sujeito poético recusa a "verdade" (verso 12) que a sociedade tem para lhe oferecer, nomeadamente as "conclusões",  as "estéticas", a "moral", a "metafísica", "as ciências" e "a civilização moderna". No fundo, estamos perante um Campos em tudo oposto ao do delírio sensacionista da "Ode Triunfal".


3. Comente a interrogação retórica presente no verso 11.

          A interrogação retórica do verso 11 traduz o espanto do sujeito poético, que se interroga acerca da razão pela qual estará a ser castigado.


4. A par da recusa referida em 2., o sujeito poético afirma os seus «direitos».

     4.1. Refira-os, justificando a sua resposta com passagens do poema.

          O sujeito poético defende o seu direito de ser diferente dos «outros» ("Fora disso, sou doido, com todo o direito a sê-lo. / Com todo o direito a sê-lo, ouviram?" - vv. 14-15; "Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? / Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?" -vv. 17-18) e o de ser / estar sozinho ("Vão para o diabo sem mim" - v. 21; "Ah, que maçada quererem que seu seja de companhia!" - v. 27; "Deixem-me em paz!" - v. 36; "(...) quero estar sozinho!" - v. 35).


5. A décima estrofe constitui uma espécie de parêntesis no discurso do sujeito poético.

     5.1. Identifique o sentimento que aí se revela.

          A estrofe referida revela um misto de nostalgia e tristeza, visíveis, por exemplo, nas apóstrofes e personificações "céu azul", "macio Tejo" (sinestesia) e "mágoa revisitada", identificada com a cidade de Lisboa.

     5.2. Indique a que época da vida do sujeito poético se reporta esta estrofe e a respectiva
            simbologia no contexto do poema.

          O sujeito poético refere-se à sua infância, símbolo da alegria e da felicidade perdidas.


     5.3. Interprete a expressividade dos adjectivos presentes nos versos 28 a 31.


          A infância é recordada como um tempo conhecido, imutável, sem surpresas, logo um tempo tranquilizador e de paz. Os adjectivos "eterna", "perfeita", "macio" e "ancestral" enfatizam essas ideias de imutabilidade e de segurança.

     5.4. Demonstre, remetendo para passagens do texto, que o sentimento que liga o sujeito
            poético à cidade de «Lisboa» se prende com os direitos por ele apregoados em estrofes
            anteriores.

          A cidade de Lisboa, presentemente, em nada altera o «eu», o seu estado de espírito, nem procuram convencê-lo a ser aquilo que ele não deseja, limitando-se a permanecer "mudos", "vazios" e "imutáveis". Daí que a cidade se afigure, para o sujeito poético, como perfeita, pois respeita o seu direito à diferença e o seu desejo de solidão.


6. Esclareça o sentido da última estrofe, demonstrando que ela se relaciona intimamente com
    o verso 4: "A única conclusão é morrer."

          Na última estrofe, depois de novo apelo a que o deixem sozinho, em sossego, o sujeito poético faz uso, duas vezes, do verbo "tardar" na forma negativa, remetendo para a ideia de proximidade da morte, ideia essa confirmada pelos nomes maiusculadas "Abismo" e "Silêncio", símbolos da morte, cuja inexorabilidade é a única certeza, já anunciada no verso 4 ("A única conclusão é morrer.").


7. Relacione o título do poema - "Lisbon Revisited" - e o conteúdo da décima estrofe (vv.
    28-33) com o quadro de Miguel Yeco.

5 comentários :

  1. muito obrigada por esta correção, ajudou-me muito na realização de fichas sobre o tema.

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  2. muito obrigado, ajudou-me bastante a resolver o TPC e a estudar para o teste :D
    continuem a fazer este ótimo trabalho.

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  3. Olá muito boa tarde, pode esclarecer-me o verso 17? No meu manual tenho esta pergunta: " Apresenta uma interpretação possível do verso 17." Se me ajudasse agradecia, obrigada

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  4. Olá muito boa tarde, pode esclarecer-me o verso 17? No meu manual tenho esta pergunta: " Apresenta uma interpretação possível do verso 17." Se me ajudasse agradecia, obrigada

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    Respostas
    1. Ao longo do poema, o sujeito poético exprime o seu individualismo e o seu desejo de estar só, mostrando também a sua rebeldia relativamente às convenções sociais. Ora, o verso 17 do poema reforça essa recusa, por parte do sujeito, de uma existência caracterizada pela obediência a convenções que a sociedade impõe ao ser humano (como, por exemplo, casar, pagar impostos, etc.). Em suma, o sujeito poético recusa os padrões de vida pessoal que a sociedade impõe, como disse acima, os comportamentos previsíveis, algo que o converteria em alguém «fútil» se os aceitasse/seguisse. O «eu» não se resigna a tal, antes rejeita e se revolta contra os mesmos.

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