Português: 07/05/12

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sousa Neto

  • Amigo do Conde de Gouvarinho, é o representante da administração pública no romance, figurante e personagem-tipo da burocracia: é apresentado como «Oficial superior de uma grande repartição do estado», «Da Instrução Pública» (cap. XII);
  • revela falta de cultura e mediocridade intelectual - o narrador, ironicamente, apresenta-o como «cheio de curiosidade inteligente» a perguntar a Carlos se «em Inglaterra havia também literatura»;
  • é incapaz de argumentar, por falta de conhecimentos;
  • fala «do alto da sua considerável posição burocrática»;
  • nunca entra em discussões e acata todas as opiniões alheias, mesmo quando elas são absurdas;
  • provocado pro Ega, é incapaz de travar um diálogo consequente, devido à falta de conhecimentos sobre figuras e temas da época (por exemplo, Proudhon, o socialismo utópico) e devido a uma formação preconceituosa e à ignorância que o leva a afirma, acerca das «páginas de Proudhon sobre o amor», que não sabia «que esse filósofo tivesse escrito sobre assuntos escabrosos»;
  • representa, enquanto tipo social, a degradação na instrução pública, a superficialidade e a falta de cultura dos representantes da Administração do Estado.

Guimarães

  • É o tio de Dâmaso, um antigo trabalhador do jornal Rappel, fundado por Victor Hugo e Rochefort;
  • Democrata e simpatizante do comunismo, é o mensageiro do Destino e o portador da desgraça, ao entregar a Ega o cofre que lhe foi entregue por Maria Monforte e que encerra a verdadeira identidade de Maria Eduarda;
  • É o destinador da ação que, pela sua atuação casual (a entrega do cofre a Ega), recusa o êxito a Carlos, inviabilizando os seus amores com Maria Eduarda e ferindo mortalmente Afonso.

Cruges

  • Simboliza o músico idealista que sucumbe face à mediocridade cultural portuguesa;
  • sonha compor uma ópera que o imortalize, mas falta-lhe a motivação, devido ao meio em que se insere e que pode ser comprovado pela seguinte afirmação: «Se eu fizesse uma ópera, quem é que ma representava?».

Craft

  • Filho de um clérigo de uma igreja inglesa, o que o aproxima de Carlos e da sua forma de estar no mundo, daí a grande amizade que se desenvolverá entre eles;
  • temperamento byroniano;
  • rico graças à herança de um tio, passa o tempo a viajar e a colecionar obras de arte;
  • é um gentleman;
  • herdou da cultura britânica a bravata na defesa das suas ideias, a correção e a retidão de caráter;
  • assume uma posição de superioridade e de desdém face aos outros;
  • arquétipo do que deve ser um homem, acabará por ser vítima do seu diletantismo e desocupação;
  • boémio, amante do Belo e do xadrez, regressa a Inglaterra, onde sucumbe ao álcool (em Richmond).

Castro Gomes

  • Fidalgo brasileiro;
  • elemento catalisador da catástrofe ao desvendar o passado de Maria Eduarda (a Carlos);
  • introduz Maria Eduarda no meio social lisboeta;
  • abandona Portugal sem pesar, após a anagnórise.

Jantar dos Gouvarinhos

1. Objetivos
  • Reunir a alta burguesia e a aristocracia;
  • Reunir a camada dirigente do país;
  • Radiografar a ignorância das classes dirigentes.

2. Alvos visados
  • Conde de Gouvarinho:
  • Voltado para o passado;
  • Tem lapsos de memória;
  • Tece comentários grosseiros relativamente às mulheres;
  • Revela falta de cultura;
  • Não conclui nenhum assunto;
  • Pouco sagaz, não compreende a ironia de Ega;
  • Vai ser ministro.
  • Sousa Neto:
  • Acompanha as conversas sem intervir;
  • Não entra nas discussões;
  • É inculto - desconhece o sociólogo Proudhon;
  • Defende a imitação do estrangeiro;
  • Acata todas as opiniões alheias, mesmo que absurdas;
  • Defende a literatura de folhetins, de cordel;
  • É deputado.
     Neste episódio, Eça de Queirós caustica as camadas dirigentes do país, os funcionários mais destacados do Estado (um é deputado, o outro prepara-se para ser ministro), escancarando a sua falta de cultura e a superficialidade dos juízos.
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