Português: 17/06/13

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A vergonha... de Nuno Crato

Sendo eu professor da Escola Sá de Miranda, importa fazer um relato daquilo que se passou durante a manhã de hoje, especialmente por três razões: para memória futura; para contrariar alguns badamecos que tudo farão para criar uma “realidade” alternativa que em nada se parece com o que aconteceu; numa tentativa de defender os alunos que foram, sem exceção, prejudicados pela incapacidade e intransigência do Ministério da Educação.
Para início, dos cerca de 300 professores convocados para hoje, apenas cerca de 20 apresentaram-se. A adesão à greve foi superior a 90%, e das 22 salas em que o exame deveria ter sido realizado, decorreu em 7. O Ministro pode dizer que 70% dos alunos realizaram o exame, mas em que condições? E passo aqui a relatar as condições em que os cerca de 120 alunos que realizaram o exame no Sá de Miranda o fizeram. E ressalvo que só falo de situações que vi ou que se comprovam com o relato de vários alunos.
- o toque para o início do exame deu-se às 9h37. Isto não quer dizer que os alunos tenham começado a fazer a prova neste momento, porque alguns professores vigilantes (quase todos do 1º, 2º e 3º ciclo) atrapalharam-se com as versões e, pelo menos numa sala, os exames foram distribuídos 4 vezes;
- os professores da escola reuniram-se no Auditório e, por volta das 10h, um dos colegas que vinha de fora da escola disse-nos que um grupo de alunos (depois verifiquei que seriam cerca de 50) tinham saltado as grades e circulavam pelos corredores das salas onde o exame estava a ser realizado. Logo de seguida, fomos informados (ainda no Auditório) que a PSP tinha sido chamada e estava a circular na escola. Posteriormente os alunos afirmaram (alguns para as câmaras de televisão) que entraram nas salas, incitando os colegas a sair, enquanto os vigilantes fechavam as portas e diziam aos examinandos para continuar o exame. Cantava-se nos corredores a “Grândola, Vila Morena” e pontapeavam-se portas fechadas;
- a PSP demorou cerca de uma hora a conseguir que os alunos que circulavam na escola saíssem. Mesmo assim os alunos pararam nas escadas de acesso para cantar o Hino Nacional;
- apesar dos alunos terem começado o exame com vários minutos de atraso, quando se ouviu o toque do fim das duas horas, já os primeiros examinandos estavam no portão da escola, o que significa que os vigilantes não respeitaram a indicação de fazer todos os alunos esperarem pelo toque para abandonar a sala;
- um grande número de alunos afirmava ter ouvido telemóveis a tocar durante o exame, enquanto outros garantiram que os alunos que estavam a fazer exame comunicaram, sem problemas, o conteúdo do exame para quem estava de fora.
Foi nestas condições que os alunos fizeram o exame. Não sei se terá sido assim para os 70% do Crato, mas, se foi, que grande exame!!!
Há que assinalar também que foi a primeira vez em muitos anos (estou nesta escola desde 2000) que a inspeção não marcou presença no 1º dia de exames. Vá-se lá saber porquê.
Colegas, partilhem, por favor. Estas situações não podem ser branqueadas e não é possível que o Ministério sequer tente falar em “normalidade”.
Alexandre Mano

Exame Nacional de Português 12.º Ano 2013 - Correção GAVE

O lobo ministro e as ovelhas para o sacrifício


     Hoje, poderia ter sido assim...

Correção Exame Nacional Português 12.º Ano - 2013

Grupo I

A


1. Sentido do verso 1, espécie de tese: a disciplina (mental): tudo tem o seu tempo próprio para acontecer.
Versos 2 a 4: explicitação / exemplificação da "tese" do verso 1, a partir do que sucede com a Natureza:
          - tudo sucede no seu tempo, na sua estação;
          - o ritmo próprio e disciplinado, a previsibilidade da Natureza;
          - a segurança que essa previsibilidade arrasta consigo.

2. Normas de vida:
          - a aceitação calma e serena das coisas;
          - o viver de forma moderada e tranquila, sem perturbação;
          - os ideais da apatia e da ataraxia;
          - a ausência dos esforços inúteis;
          - a rememoração disciplinada, simples e serena da infância, do passado;
          - a disciplina, o auto-domínio.

3. Valores simbólicos do espaço e do tempo:
  • a reminiscência acontece na companhia de Lídia, o que pode significar que, para o sujeito poético, essas lembranças são preciosas e equiparáveis a um sentido de partilha e de proximidade com os outros;
  • a noite é o tempo do silêncio, da calma, propício à reflexão e à recordação do passado; por outro lado, a noite, em Ricardo Reis, representa igualmente a velhice e a aproximação da morte;
  • a lareira, e, por extensão metonímica, a casa, representada pela alusão aos «Deuses Lares» (v. 26), representa a calma, a tranquilidade, a segurança, o local propício à recordação na companhia de Lídia;
  • as flores colhidas associam-se a um outro tempo - o passado da infância -, a uma outra vivência, a um outro estar.

4. Conclusão do poema:
  • as memórias ocorrem à noite, tempo do silêncio e da introspeção, na companhia de Lídia, junto à lareira, num ambiente calmo, seguro e acolhedor;
  • a procura de uma imagem construída do passado («O outrora componhamos» - v. 28), isto é, a procura de uma forma adequada de recordar;
  • a recordação da infância perturba o sujeito poético, é um momento de «desassossego» trazido pelo descanso;
  • a atitude de reflexão, no silêncio da noite, sobre o passado da infância, que comporta memórias tristes desse passado, numa espécie de fuga e de refúgio nesse tempo diferente do de hoje;
  • o sujeito poético começou por afirmar que tudo tem o seu tempo próprio - tal como sucede com as memórias, daí a escolha da noite para lhes dar lugar, numa atitude de disciplina férrea que o leva a procurar uma maneira «correta» de se lembrar do passado, procurando, assim, que as lembranças do passado suavizem o presente e permitam suportar a passagem do tempo e a proximidade da morte.


B

Representação da Natureza em Alberto Caeiro:
  • Poeta bucólico, do real e do objetivo;
  • Fascínio pela diversidade e constante renovação da Natureza, espaço de observação e de aprendizagem de um modo de ser simples, espontâneo e natural;;
  • Observação da Natureza de forma objetiva, simples e espontânea, sem interferência do pensamento;
  • Desejo de integração e comunhão com ela;
  • Atitude de deambulismo, semelhante à de Cesário Verde;
  • Defesa do ideal da «aurea mediocritas», da simplicidade da vida rural;
  • Atitude sensacionista - com predomínio para o olhar - na sua contemplação.



Grupo II

                    Versão A                    Versão B
1.1.                    .                                   B

1.2.                                                        C

1.3.                                                        A

1.4.                                                        D

1.5.                                                        C

1.6.                                                        A

1.7.                                                        D (entendido enquanto ato indireto)

2.1. A oração «se vou fazê-lo» é uma oração subordinada substantiva completiva.

2.2. O antecedente é a expressão «O que tenho a dizer».

2.3. A função sintática é o predicativo do sujeito («ser», «estar», «ficar», «continuar», «permanecer» são verbos copulativos que pedem predicativo do sujeito).

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