Português: 27/09/14

sábado, 27 de setembro de 2014

Uso do infinitivo pessoal e impessoal

     O uso do infinitivo (pessoal e impessoal) continua a ser objeto de muitas dúvidas e de uso errado.

     A regra diz que, se o sujeito da oração com infinitivo é o mesmo da anterior, não se flexiona. Porém, caso o sujeito das orações seja diferente, deve usar-se o infinitivo pessoal:
  • O aluno que faltou obrigou os professores a realizarem um novo teste.
     No exemplo dado acima, o sujeito da primeira oração (O aluno) é diferente do da última (os professores), daí que se use o infinitivo pessoal nesta.

* * *

     Para uma resposta mais completa, observe-se o que afirma a professora Eunice Marta sobre a matéria (Ciberdúvidas), em resposta à seguinte pergunta: «Os leitores têm a possibilidade de consultarem», ou «Os leitores têm a possibilidade de consultar»?

   Ambas as formas são aceitáveis, embora a do infinitivo não flexionado (ou impessoal) — «Os leitores têm a possibilidade de consultar» — seja a mais aconselhável.
Repare-se que se trata de um dos casos previstos para o uso do infinitivo impessoal (não flexionado), pois está precedido da preposição de e dependente de um substantivo — possibilidade —, cuja construção corresponde a um infinitivo passivo, tal como aconselham Cunha e Cintra com a seguinte indicação: «O infinitivo conserva a forma não flexionada […] quando é precedido da preposição de, em que o infinitivo depende de um substantivo [assim como de um adjetivo ou de um verbo] em construções em que corresponde a um infinitivo passivo» (Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, pp. 483).
De qualquer modo, os próprios gramáticos apercebem-se de que «o emprego das formas flexionada e não flexionada do infinitivo é uma uma das questões mais controvertidas da sintaxe portuguesa» (idem, p. 482), o que os levou a considerar que lhes «parece mais acertado falar não de regras, mas de tendências» (idem). Por isso, concluem, seguindo Said Ali, que se «trata de um caso de emprego seletivo, cuja escolha depende da intenção do emissor: «a escolha da forma infinitiva depende de cogitarmos somente da ação ou do intuito ou necessidade de pormos em evidência o agente da ação. No primeiro caso, preferimos o infinitivo não flexionado (ou impessoal); no segundo, o flexionado (ou pessoal)» (idem, p. 487).
Portanto, a primeira frase — «Os leitores têm a possibilidade de consultarem» — é, também, legítima, pois o sujeito do infinitivo é o mesmo que o do verbo anterior («têm de») — os leitores, sendo o uso do infinitivo flexionado justificado pelo realce do sujeito.
Nestes casos, podemos optar por usar quer o infinitivo pessoal (flexionado) quer o impessoal (não flexionado). É o que acontece, por exemplo, numa frase como «Os leitores têm o hábito de ler/lerem muitos livros». E é também o que acontece com a frase em apreço.
Note-se que, se o sujeito for diferente e estiver expresso, a concordância tem de se fazer com o sujeito do infinitivo: «Os leitores habituam a criança a ler», «Os leitores habituam os filhos a lerem».

Movimento Boicote&Cerco

Comunicado

No passado dia 18 de setembro de 2014 tivemos o DESprazer de assistir ao debate encomendado pelo PSD, para que o ministro Nuno Crato pudesse fazer uma mea culpa (mais do que evidente), na nossa opinião e corroborando a do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, um pedido de desculpas que soou a falsidade e com o mero intuito de passar uma imagem de humildade, tão adequada ao período que se aproxima de eleições!
Qualquer ser humano que tenha prestado atenção à fórmula por 3 segundos percebe que ela estava mais do que errada. Um erro pouco admissível a um aluno de 4ª classe (4ºano)! Porém, por orgulho, o ministro e toda a sua equipa de trabalho, levaram semanas a compreender (tiveram que lhes explicar devagarinho, uma vez, e outra, e outra…). Continuamos a achar que se tratou de desonestidade intelectual, e desiludiu-nos que os maiores representantes legais a nível nacional tivessem ficado em silêncio, compactuando com este “crime” e ignorando as suas funções de zelar pela justiça e interesses do povo português!
Neste sentido, hoje escrevemos pelo DESprazer de ter assistido ao debate parlamentar e termos visto 3 “prostitutos intelectuais” (perdoem-nos a rudeza da expressão mas não nos ocorre expressão mais adequada) a falar perante um país. É que acreditem: são pagos a peso de ouro, com os nossos impostos!
Falamos naturalmente de Amadeu Albergaria, licenciado em Direito, advogado com inscrição suspensa, Duarte Marques, consultor, actualmente a tirar mestrado, e Michael Seufert, estudante de mestrado, e ao que parece teve frequência em licenciatura (Estranho? Talvez a conclusão desta tenha sido por equivalência similar a outra situação bem conhecida por todos nós).
Verificamos claramente que não são homens de números. Revelam clara necessidade de realizar uma PAAC política, apesar de nem todos reunirem habilitações para tal.
Ouvi-los foi de uma repugnância intelectual tremenda! Deviam ter-nos pago para tamanho feito!
Acreditamos que ainda hoje não percebam o erro da fórmula e por isso não falaram nela durante as suas intervenções. Estavam claramente pouco à vontade para falar e, aqui entre nós, pareceram-me muito pouco informados sobre o assunto, não fosse essa a clara obrigação das suas funções!
Mas mesmo assim aventuraram e referiram 1% ou 2% de erros na colocação de professores. Esperamos por isso clarificá-los mais uma vez!
Na realidade dos factos e números, o problema das colocações NÃO afecta os 1% ou 2% dos professores! A VERDADEIRA percentagem dos professores que, sob a tutela deles, estão a ser afectados por este concurso é muito superior! Para não voltarem a cometer erros de matemática básicos, deveriam retirar à equação os mais de 90% dos professores que são de quadro e não foram alvo de qualquer concurso, não podendo entrar nas contas do problema que a incompetência deles causou! Ou seja, a TRAPALHADA do ministério da educação na colocação de professores não deverá fugir muito do extremo oposto nos números que erradamente referem, ou seja 98% ou 99% dos professores a concurso! Uma troca de valores (in)compreensível, como se pode ironicamente perceber!
O mais grave é estes senhores não perceberem que os mais penalizados com todas estas trapalhadas e evidentes sinais de incompetência não são apenas os professores e as suas famílias mas sobretudo as crianças e os jovens deste país que continuam sem muitos professores após mais de uma semana do início oficial do ano lectivo 2014/2015 e, ano após ano, a encontrarem condições para o sucesso escolar mais deficientes!

Professores do Movimento Boicote&Cerco da região de Coimbra


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