Português: 'Memorial do Convento'
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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Obra de José Saramago


. 1947 – Terra do Pecado (romance.
. 1966 – Os Poemas Possíveis (poesia).
. 1970 – Provavelmente Alegria (poesia).
. 1971 – Deste mundo e do outro (crónica).
. 1973 – A bagagem do viajante (crónica).
. 1074 – As opiniões que o DL teve (crónica).
. 1975 – O ano de 1993 (poesia).
. 1976 – Os apontamentos (crónica).
. 1977 – Manual de pintura e caligrafia (romance).
. 1978 – Objeto quase (contos).
. 1979 – Poética dos cinco sentidos (obra coletiva).
 – O ouvido (conto).
 – A noite (teatro).
. 1980 – Levantado do chão (romance).
 – Que farei com este livro? (teatro).
. 1981 – Viagem a Portugal (viagem).
. 1982 – Memorial do Convento (romance).
. 1984 – O ano da morte de Ricardo Reis (romance).
. 1986 – A jangada de pedra (romance).
. 1987 – A segunda vida de Francisco de Assis (teatro).
. 1989 – História do Cerco de Lisboa (romance).
. 1991 – O evangelho segundo Jesus Cristo (romance).
. 1993 – In nomine Dei (teatro).
. 1994 – Cadernos de Lanzarote I (diário).
. 1995 – Ensaio sobre a cegueira (romance).
 – Cadernos de Lanzarote II (diário).
. 1996 – Cadernos de Lanzarote III (diário).
 – Moby Dick em Lisboa (crónica).
. 1997 – Todos os nomes (romance).
 – Cadernos de Lanzarote IV (diário).
. 1998 – Cadernos de Lanzarote V (diário).
 – O conto da ilha desconhecida (conto).
. 1999 – Discursos de Estocolmo.
 – Folhas políticas (1976-1998) (crónica).
 – Direito e os sinos (ensaio).
. 2000 – A caverna (romance).
 – Aqui soy Zapatista (ensaio).
. 2001 – A maior flor do mundo (conto).
. 2002 – O homem duplicado (romance).
. 2004 – Ensaio sobre a lucidez (romance).
 – Palabras para un mundo mejor (ensaio).
. 2005 – Questo mondo non va bene che ne venga un altro (ensaio).
 – Don Giovanni ou O dissoluto absolvido (romance).
 – As intermitências da morte (2005).
. 2006 – As pequenas memórias (autobiografia).
 – El nombre y la cosa (ensaio).
 – Andrea Mantegna – Uma ética, uma estética (ensaio).
. 2008 – A viagem do elefante (romance).
. 2009 – O caderno (diário).
 – Caim (romance).
 – O caderno 2 (diário).
. 2010 – Democracia e Universidade (ensaio).
. 2011 – Claraboia 1953, romance).
 – O silêncio da água (conto).
. 2014 – Alabardas, alabardas. Espingardas, espingardas (romance inacabado, escrito em 2010).
. 2013 – A estátua e a pedra (ensaio, 1999).



sábado, 4 de junho de 2011

Espaço físico de 'Memorial do Convento'

          A acção de Memorial do Convento desenrola-se em dois grandes espaços: Lisboa e Mafra, a que se acrescenta o Alentejo, em circunstâncias bem específicas.

          Lisboa é um macroespaço caracterizado, genericamente, como uma cidade muralhada e com abundância de igrejas ("Lisboa derramava-se para fora das muralhas. Via-se o castelo lá no alto, as torres das igrejas dominando a confusão das casas baixas, a massa indistinta das empenas." - p. 40), o que denuncia o ambiente profundamente religioso e beato que a domina. Por dentro, é descrita como uma cidade suja ["(...) a cidade é imunda, alcatifada de excrementos, de lixo, de cães lazarentos e gatos vadios, e lama mesmo quando não chove." - p. 28].

          Enquanto macroespaço integra outros espaços:
  • Mercado de peixe, espaço contrastante com a visão imunda da cidade ("Sete-Sóis atravessou o mercado de peixe. (...) Mas no meio da multidão suja, eram miraculosamente asseadas, como se as não tocasse sequer o cheiro do peixe que removiam às mãos cheias..." - pág. 42).
  • Paço: trata-se de um espaço de que não há grandes descrições, ressaltando apenas as atitudes das personagens que o habitam e os factos que lá têm lugar.
  • Terreiro do Paço: local onde Baltasar trabalha num açougue, após a sua chegada a Lisboa (p. 71).
  • Rossio: local onde decorrem os autos-de-fé.
  • S. Sebastião da Pedreira: espaço relacionado com a passarola e o seu carácter mítico (pp. 65-67). Na época, era um espaço rural, onde existiam várias quintas que integravam palacetes. Associado simbolicamente à construção da passarola, é conotado com a ideia de sonho e de concretização.
  • Abegoaria: constitui o ninho de amor de Baltasar e Blimunda. Da descrição que o narrador dela faz, podemos inferir a simplicidade da vida e a pobreza do casal ("Num canto da abegoaria desenrolaram a enxerga e a esteira, aos pés dela encostaram o escano, fronteira a arca, como os limites de um novo território, raia traçada no chão e em panos levantada, suspensos estes por um arame para que isto seja de facto uma casa..." - p. 88). Por outro lado, aí se vai construindo a passarola.


          O outro espaço é o de Mafra, o segundo macroespaço (pp. 110 - 111), pouco descrito. É aí que milhares de homens, em condições infra-humanas, vão construindo, ao longo de décadas, o convento, muitos deles perdendo lá a própria vida ("... o abençoado há-de ir a Mafra também, trabalhará nas obras do convento real e ali morrerá por cair de parede, ou da peste que o tomou, ou da facada que lhe deram, ou esmagado pela estátua de S. Bruno..." - p. 117). Nesta vila, destaca-se outro espaço: o Alto da Vela, local escolhido por D. João V para edificar o convento e que deu lugar à chamada vila nova, à volta do edifício. Espaço de construção (à semelhança do que sucede com a quinta de S. Sebastião da Pedreira), representa o caráter disfórico dessa construção (do convento), assente na exploração dos trabalhadores e associando-se aos valores negativos do sacrifício e da dor / morte. Nas imediações da obra, surge a Ilha da Madeira, onde começaram por se alojar dez mil trabalhadores, ascendendo, posteriormente, a quarenta mil.



          Um terceiro espaço é o Alentejo, um lugar povoado por mendigos e salteadores. Esta zona do reino é percorrida por Baltasar aquando do seu regresso da Guerra da Sucessão e, mais tarde, pelo cortejo real, que vai de Lisboa a Elvas, por ocasião do casamento dos príncipes D. Maria Bárbara e D. José com os príncipes espanhóis. Nestas ocasiões, realçam-se a miséria e a penúria de quem aí habita, bem como os caminhos de lama e de pobreza.



          Outros locais a considerar são Pêro Pinheiro, local de onde é originária a pedra, e a Serra do Barregudo, lugar onde a passarola pousou e esteve escondida e donde partiu para a derradeira e fatal viagem de Baltasar.

Narrador - Presença

          O narrador de Memorial do Convento é, geralmente, heterodiegético, ou seja, é uma entidade exterior à história que assume a função de relatar os acontecimentos. Surge normalmente na terceira pessoa (visível nos pronomes e verbos na terceira pessoa), ainda que, por vezes, ocorra a primeira pessoa do singular e do plural, identificando-se, então, com as outras personagens: “(…) na grande entrada de onze mil homens que fizemos em Outubro do ano passado e que se terminou com perda de duzentos nossos (…) A Olivença nos recolhemos, com algum saque que tomámos em Barcarrota e pouco gosto para gozar dele (…)” – p. 35. Neste excerto, encontramos um narrador homodiegético, um narrador que é uma personagem da história, que revela as suas próprias vivências, que se insere na diegese e que, em determinada situação, reivindica o relato dos acontecimentos que viveu.

          Por vezes, a voz do narrador heterodiegético confunde-se com o pensamento de outra personagem: “Veio andando devagar. Não tem ninguém à sua espera em Lisboa, e em Mafra, donde partiu anos atrás para assentar praça na infantaria de sua majestade, se pai e mãe se lembram dele, julgam-no vivo porque não têm notícias der que esteja morto, ou morto porque as não têm de que seja vivo. Enfim, tudo acabará por saber-se com o tempo.” (p. 36).
          Noutros momentos, encontramos a união entre a voz do narrador e a de outra(s) personagem(ns) em substituição do discurso directo: “Num canto da abegoaria desenrolaram a enxerga e a esteira, aos pés delas encostaram o escano, fronteira a arca, como os limites de um novo território, raia traçada no chão e em panos levantada, suspensos estes de um arame, para que isto seja de facto uma casa e nela possamos encontrar-nos sós quando estivermos sozinhos.” (p. 90).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Prémios (alguns) de José Saramago

  • 1979 - Prémio da Associação de Críticos Portugueses
  • 1980 - Prémio Cidade de Lisboa
  • 1982 - Prémio do Pen Clube Português e Prémio Literário do Município de Lisboa
  • 1984 - Prémio do Pen Clube Português; Prémio D. Dinis; Prémio da Associação Portuguesa de Críticos
  • 1985 - Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada; Prémio da Crítica pelo conjunto da obra
  • 1987 - Prémio Grinzane-Cavour (Itália), pela obra O Ano da Morte de Ricardo Reis
  • 1991 - Grande Prêmio de Novela da Associação Portuguesa de Escritores; Prémio Brancatti (Itália); Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas
  • 1992 - Prémio Internacional Ennio Faiano (Itália), por Levantado do Chão, e Prémio Internacional Literário Mondello (Itália); Prémio Literário Brancatti (Itália)
  • 1993 - Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores; Membro do Parlamento Internacional de Escritores, em Estrasburgo; Prémio The Independent (Reino Unido) e Prémio Vida Literária da APE
  • 1994 - Membro da Academia Universal das Culturas (Paris); Sócio da Academia Argentina de Letras
  • 1995 - Prémio Consagração da Sociedade Portuguesa de Autores
  • 1996 - Prémio Camões
  • 1998 - Prémio Nobel da Literatura
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