Português: Trabalhos
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quarta-feira, 15 de maio de 2013

«Angel in the snow», A-ha


               Tradução:

Anjo, anjo ou algo assim
Onde quer que tu vás
Eu seguir-te-ei
Onde quer que tu vás.

E estarei sempre lá / aí
Afastando as inquietações da tua cabeça
Estarei lá / aí
Sempre.

Anjo, anjo ou algo assinm
Onde quer que tu vás
Eu seguir-te-ei
Onde quer que tu vás.

Tu és o meu anjo na neve
Tu és o meu anjo na neve.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Trabalho - Leitura de imagem

1. Ir ao sítio www.artgalleryabc.com/next90.html.
.
2. Selecionar um dos 100 quadros aí disponibilizados.
.
3. Escrever um texto de apreciação crítica, de acordo com a seguinte estrutura:
          - Introdução:
                    . apresentação da imagem (imagem, autor - dados sobre o autor, data do
                      quadro, nome, história do quadro - se houver -, curiosidades (se houver),
                      local onde está exposto, etc.).
          - Desenvolvimento:
                    . descrição do quadro;
                    . apreciação crítica (simbolismo / significado dos elementos do quadro,
                      cores, texturas, explicação do título, etc.).
          - Conclusão:
                    . síntese da apreciação;
                    . apelo / conselho à apreciação do quadro por parte do leitor (2 / 3
                      razões).
.
4. Indicar a bibliografia consultado, incluindo sítios da Internet.
.
5. Data de entrega: até às mini-férias de Carnaval.
.
6. Extensão - limite máximo: 500 palavras.
.
7. Apresentação oral do trabalho realizado: a partir das mini-férias de Carnaval (incluir esquema da presentação - em suporte papel, power point, vídeo, etc.).
.
P.S. O quadro / a pintura selecionado(a) para análise pode ser outro(a) que não um(a) do(a)s constantes no sítio indicado.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Caeiro e as ovelhas


* * * * * * * * * *



     Observe os dois cartunes apresentados.

     Elabore um pequeno texto de apreciação crítica sobre uma das imagens.

     Se selecionar o primeiro, relacione-o com a poética de Alberto Caeiro.

     Se optar pela crítica do segundo, relacione-o com a ode de Ricardo Reis «Vem sentar-te comigo, Lídia...".


terça-feira, 2 de outubro de 2012

"Campo de Trigo com Corvos"

  • "Campo de Trigo com Corvos" é um quadro de 1890 (tela de 50 X 103 cm), da autoria do pintor holandês Vincente van Gogh (1853 - 1890) que se inscreve no contexto da pintura de paisagens.
  • Assunto: O quadro retrata uma revoada / um bando de corvos sobrevoando um campo de trigo, sob um céu carregado e ameaçador.
  • Elementos do quadro:
  • Campo de trigo:
  • O trigo dourado está pronto a ser colhido;
  • A luminosidade do amarelo revela indícios de alguns raios solares que rompem a densa camada de nuvens;
  • As linhas diagonais do trigal sugerem um efeito de movimento, efeito da ação do vento sobre o campo;
  • O trigal está ainda marcado por cercas verdes e três caminhos. 
  • Três caminhos:
  • São divergentes e perdem-se ao longe;
  • O primeiro, à esquerda, é escarpado, num terreno íngreme;
  • O do meio é sinuoso, perdendo-se no interior do trigal, mas conduz a algum lugar situado para além do campo;
  • O terceiro, à direita, está livre de obstáculos, seguindo para fora do trigal;
  • Estão pincelados sinuosamente em tons de verde e vermelho. 
  • Corvos:
  • O bando de corvos parece estar em debandada / fuga;
  • O preto das aves contrasta com o amarelo, com o azul e branco, acentuando a movimentação do seu voo, que indicia uma fuga em busca de um lugar seguro, na iminência de uma tempestade;
  • De facto, se a tradição encara a figura do corvo como símbolo de maus presságios e de morte, no Génesis é o símbolo da perspicácia: a ave vai verificar se a terra reaparecerá na superfície das águas depois do dilúvio.
  • Céu:
  • O céu escuro e ameaçador, conjuntamente com a presença dos corvos, reflete um ambiente profundamente negativo;
  • O contraste entre o amarelo do trigal, sugerindo volume e vivacidade, e o azul intenso do céu, misturado com o preto, sugere negatividade, tensão, inquietação, agitação;
  • O céu azul promove um efeito de profundidade;
  • As duas nuvens claras no céu, uma mais ao centro (encobrindo o sol?, dissimulando-o?) e outra mais à esquerda, fazendo contrastar o preto e o branco, realçam um céu tempestuoso.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Trabalho sobre o Primeiro Modernismo

I. Índice

II. Introdução
          . Objeto do trabalho;
          . Alusão à sua estrutura;
          . ...

III. Corpo
          . Primeiro Modernismo:
                    - Definição de Modernismo;
                    - Delimitação cronológica do Primeiro Modernismo;
                    - Movimentos literários que o antecederam;
                    - Figuras fundadoras (autores e textos);
                    - Tendências estéticas e literárias («ismos» de vanguarda);
                    - Temas;
                    - Revistas:
                             - Revistas e sua importância;
                             - «Orpheu»:
                                       . Razões que estiveram na génese do seu aparecimento;
                                       . Ano de publicação;
                                       . Colaboradores;
                                       . Números publicados;
                                       . Objetivos;
                                       . Reações ao seu lançamento;
                                       . Crítica;
                                       . Fatores de convergência;
                                       . Papel / Importância de Fernando Pessoa.
          . Importância da revista "Presença" (para o 1.º Modernismo).

IV. Conclusão

V. Bibliografia


* * * * * * * * * * * * * * * *

Dados a observar:
          - Data de envio: 15 de novembro;
          - Envio via «e-mail»;
          - Tipo e tamanho de letra: Arial 10;
          - Espaçamento; 1,5.

Bibliografia aconselhada:
          - Dicionário da Literatura;
          - Número 1 de Orpheu;
          - Número 2 de Orpheu;
          - ...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Poetas-paranoicos

     Alguns rapazes, com muita mocidade e muito bom humor, publicaram, há dias, uma revista literária em Lisboa. Essa revista tinha apenas de notável a extravagância e a incoerência de algumas, senão de todas as suas composições. Como a recebeu a imprensa diária? Com o silêncio que merecia? Com as duas linhas indulgentes e discretas que é de uso consagrar às singularidades literárias de todos os moços? Não. A imprensa recebeu essa revista com artigos de duas colunas, - na primeira página. A imprensa fez a essa revista um tão extraordinário reclame, que a primeira edição esgotou-se e já se está a imprimir a segunda. Ora semelhante atitude está longe de ser inofensiva ou indiferente. Em primeiro lugar, consagra uma injustiça fundamental; em segundo lugar, favorece e prepara uma seleção invertida. Eu bem sei que o reclame a certas obras é às vezes feito à custa da veemente suspeita de alienação mental que pesa sobre os seus autores. Mas n'este caso, como em outros muitos, é justo confessar que os loucos não são precisamente os poetas, mais ou menos extravagantes, que querem ser lidos, discutidos e comprados; quem não tem juízo, é quem os lê, quem os discute e e quem os compra.


Dantas, Júlio, "Poetas-paranoicos", in Ilustração Portuguesa

"Orpheu" e o Primeiro Modernismo

     O primeiro número de Orpheu, publicado em fins de março de 1915, foi largamente noticiado na imprensa, servindo de saboroso tema aos humoristas e sendo alvo das troças do senso comum. "Maluqueira literária", "Os poetas do Orpheu e os alienistas" e "Orpheu dos Infernos" eram títulos que encabeçavam os artigos - dezenas delas - publicados na capital e na província. "Somos o assunto do dia em Lisboa", escreveu Pessoa ao amigo e colaborador Cortes-Rodrigues, então nos Açores, donde era originário. "O escândalo é enorme. Somos apontados na rua, e toda a gente - mesmo extraliterária - fala no Orpheu." Deste modo, a revista, comprada para ler ou para escarnecer, esgotou a sua tiragem de 450 exemplares.
     O segundo número saiu três meses depois, de acordo com o plano editorial anunciado, agora com Pessoa e Sá-Carneiro como codiretores. Não houve uma cisão entre ele e Montalvão, que colaborou no novo número com um poema, Narciso, dedicado a Pessoa, mas queriam garantir a orientação "intersecionista" da revista tão longamente planeada. A tiragem subiu para 600 e esgotou de novo, pois a imprensa voltou a destacar, chistosamente, os doidos "paúlicos", que facilitaram o trabalho aos jornalistas fornecendo-lhes provas da sua maluquice literária e até extraliterária. Com efeito, o número dois abria com poemas inéditos de Ângelo de Lima (1872 - 1921), então internado em Rilhafoles, onde viria a morrer seis anos mais tarde. (...)
     O Orpheu 2, à semelhança do número de estreia, contou com uma colaboração brasileira, de outro amigo de Montalvor. Em vez de uma ilustração na capa (a do primeiro número tinha um desenho de José Pacheco), optaram por inserir quatro hors-textes com "trabalhos futuristas" de Santa-Rita. Entre os restantes colaboradores do Orpheu incluíam-se, no primeiro número, Alfredo Guimarães e Almada Negreiros e, nos dois números, Cortes-Rodrigues e Sá-Carneiro. Mais de um terço de cada número era preenchido por obras - obras-primas, aliás - de Pessoa: O marinheiro, os seis poemas "intersecionistas" da Chuva Oblíqua, Opiário, Ode Triunfal e Ode Marítima. As três últimas foram assinadas por Álvaro de Campos, o heterónimo mais exuberante de Pessoa e o primeiro a ser revelado publicamente.
     (...)
     Pessoa, entretanto, procurava levar o projeto de Orpheu por diante. Em setembro de 1916, anuncia numa carta a Cortes-Rodrigues que Orpheu 3 "deve sair por fins do mês presente", com colaborações que incluem "dois poemas ingleses meus, muito indecentes", versos de Pessanha, poemas inéditos de Sá-Carneiro, A cena do Ódio de Almada Negreiros e quatro hors-textes "do mais célebre pintor avançado português - Amadeu de Souza-Cardoso". A revista não sai nem naquele mês nem nos meses seguintes, mas em julho de 1917, e com um conteúdo algo diferente, Orpheu 3 fica quase totalmente composto numa tipografia, faltando-lhe apenas a colaboração de Álvaro de Campos. O projeto entrará então, misteriosamente, numa dormência prolongada.

Richard Zenith, Fotobiografias Século XX, Fernando Pessoa

Novas tendências artísticas modernistas

     Um grupo de poetas  e literatos com afinidades muito especiais começou a definir-se em 1912: Pessoa, Mário de Sá-Carneiro (1890 - 1916), Luís da Silva Ramos (1891 - 1947) (condiscípulo de Sá-Carneiro no liceu e posteriormente conhecido como Luís de Montalvor), Armando Cortes-Rodrigues (1891 - 1971) e António Cobeira (1892 - 1959) (colegas do curso de Letras depois de Pessoa o ter abandonado), Alfredo Pedro Guisado (1891 - 1975) (filho do proprietário do restaurante Irmãos Unidos, um dos sítios onde os jovens se juntavam), Mário Beirão (1890 - 1965) e o ainda muito jovem António Ferro (1895 - 1956). Não é que formassem uma tertúlia propriamente dita, mas sentiam - no meio dos muitos outros habitués dos cafés - uma afinidade de gostos e um comum desejo de renovar e internacionalizar as letras portuguesas, a começar pelas suas próprias produções literárias.
     A Águia, revista saudosista ligada ao grupo Renascença Portuguesa, representava, para os jovens o que de mais novo e interessante havia em Portugal. Pessoa, porém, depressa superou a estética da "nova poesia portuguesa", tão longamente analisada e elogiada nos artigos por si publicados em A Águia, nos quais citava versos de Teixeira de Pascoaes e Beirão como modelos de "subtileza e complexidade ideativas" graças à sua maneira analítica de "desdobrar uma sensação em outras" e à sua feição espiritual de "encontrar em tudo um além".
     (...)
     [Pessoa] Chegou a definir o paulismo como "o culto da artificialidade", e preteriu-o em favor do "intersecionismo", que pretendia ser mais construtivista, uma espécie de cubismo aplicado à literatura - se bem que Pessoa, nas suas teorizações, imaginasse o novo "ismo" aplicado a todas as artes. À semelhança do movimento seu precursor, o intersecionismo (escreveu ele numa carta assinada por Álvaro de Campos em 4 de junho de 1915 e dirigida ao Diário de Notícias, embora provavelmente não enviada) caracterizava-se por uma "subjetividade excessiva" e um "exagero da atitude estática", mas procurava ser mais incisivo, justapondo, de forma bem nítida, diversos planos ou dimensões em simultâneo.
     Empenhados nestes esforços de inovação, Pessoa e os seus discípulos - pois ele, embora reservado por natureza, era o mestre incontestável que guiava os outros - estavam sozinhos, sem terem onde se inserir no meio literário português. Tornava-se urgente criar uma revista que lhe desse voz. A ideia nasceu, inevitavelmente, de um projeto de Pessoa. No início de 1913, ou talvez ainda em 1912, Pessoa elaborou planos para uma revista mensal intitulada Lusitânia, que se debruçaria principalmente sobre os problemas políticos que a jovem república enfrentava e o lugar por ela ocupado na cena internacional.
     (...)
     Se Pessoa, sem sair de Lisboa, se conseguia manter a par das últimas tendências nas artes e letras, e em particular das correntes vanguardistas, era em parte graças às viagens de alguns camaradas desse grupo. Em outubro de 1912, Sá-Carneiro fora para Paris, dando início a uma animada correspondência literária com Pessoa, e no final do mesmo ano Montalvor partiu para o Rio de Janeiro, a fim de trabalhar como secretário de Bernardino Machado, nomeado embaixador de Portugal.
     Em Paris, Sá-Carneiro convivia com Santa-Rita Pintor (1889 - 1918), um jovem artista português cheio de ideias e audácia mas de valor artístico controverso (a seu pedido, a família destruiu toda a sua obra quando morreu, em 1918). Em todo o caso, Santa-Rita conseguira impor-se ao ponto de Marinetti, que então vivia na capital francesa, o ter autorizado a traduzir e publicar manifestos futuristas em Portugal. Sá-Carneiro regressa a Lisboa em junho de 1913, volta para Paris um ano depois e regressa novamente no outono de 1914, altura em que a guerra também trouxe de volta Santa-Rita e o seu amigo Raul Leal, que, como ele, conhecera os futuristas. Os três estavam muito ao corrente das novidades artísticas (Picasso, o cubismo) e literárias (Max Jacob, Apollinaire) que se refletiam no modernismo português.

Richard Zenith, Fotobiografias Século XX, Fernando Pessoa

"Orpheu"

     Por diferentes que sejam entre si, as vozes poéticas do grupo Orpheu identificam-se por uma série de fatores comuns: a fragmentação ou multiplicação do Eu; a transgressão dos tabus éticos; a nova consciência do mundo provocada pela velocidade / poder da Máquina; o poder criador da Palavra, como concretizadora da Vida vivida; a recusa do código linguístico convencional e a descoberta da criação literária, como a grande aventura da Vida; a busca de uma obra poética que, a par de seu valor estético, apresentasse uma conceção filosófica do Ser, e fosse ela mesma um ato, um elemento criador da vida autêntica; a consciência heraclitiana de que a realidade não é um ser, mas um devir; não é um estado durativo e persistente, mas um ocorrer; e ligada a isso está a busca da «portucalidade», da essência da raça portuguesa; o repúdio pelas ideias feitas, pelo convencional, daí, nessa produção órfica, a presença constante da Locura, do clima onírico, da incoerência, etc....; a atração pelo Mistério, pelo Exótico, pelo Esteticismo (também como modo de ser, de existir), ou ainda pelos excessos de qualquer natureza; a análise, como processo criativo, e não mais a síntese que fora procurada pela literatura anterior; a predominância da perceção sensorial da realidade (nervos excitados pelas impressões recebidas do mundo exterior) (...).

Nelly Novaes Coelho, Escritores Portugueses do século XX

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O Modernismo na literatura portuguesa

     Entende-se aqui por «Modernismo» um movimento estético, em que a literatura surge associada às artes plásticas e é por elas influenciadas, empreendido pela geração de Fernando Pessoa (n. 1888), Mário de Sá-Carneiro (n. 1890) e Almada Negreiros (n. 1893), em uníssono com a arte e a literatura mais avançadas na Europa, sem prejuízo, porém, da sua originalidade nacional. Trata-se, pois, de algo delimitado no tempo, algo sobre que temos já uma perspetiva histórica, embora seja lícito, não só descobrir-lhe precedentes na própria literatura portuguesa (sobretudo na geração de Eça de Queirós, autor das atrevidas Prosas Bárbaras e criador, com Antero, do poeta fictício, baudelairiano, Carlos Fradique Mendes; em Cesário Verde, em Eugénio de Castro, em Camilo Pessanha, em Patrício), mas ainda assinalar os seus prolongamentos até aos nossos dias, a sua ação decisiva na instauração entre nós do que consideramos agora a «modernidade». O modernismo assim definido tem consequências mais profundas do que o simbolismo-decadentismo de 1890, a que os Espanhóis chamam «Modernismo»: implica uma nova conceção da literatura como linguagem, põe em causa as relações tradicionais entre autor e obra, suscita uma exploração mais ampla dos poderes e limites do Homem, no momento em que defronta um mundo em crise, ou a crise de uma imagem congruente do Homem e do mundo.
     Foi por 1913, em Lisboa, que se constitui o núcleo do grupo modernista. Ao invés dos movimentos literários anteriores (Simbolismo, Saudosismo), o Modernismo seria basicamente lisboeta, apenas com algumas adesões de Coimbra (o poeta e ficcionista Albino de Meneses, etc.) e ecos vagos noutros pontos da província. Pessoa e Sá-Carneiro haviam colaborado n'A Águia, órgão do Saudosismo; mas iam agora realizar-se em oposição a este, desejosos como estavam de imprimir ao ambiente literário português o tom europeu, audaz e requintado, que faltava à poesia saudosista. Nesse ano de 1913 escreveu Sá-Carneiro, aplaudido pelo seu amigo F. Pessoa, os poemas de Dispersão; ambos nutriam o sonho de uma revista, significativamente intitulada Europa; F. Pessoa dava início a uma escola efémera compondo o poema «Paúis» (publicado em Renascença, fevereiro de 1914); Pessoa e Almada travavam relações, graças à primeira exposição (de caricaturas) por este efetuada, e criticada por aquele nas colunas d'A Águia (...). Em 1914 os nossos jovens modernistas, estimulados pela aragem de atualidade vinda de Paris com Sá-Carneiro e Santa-Rita Pintor, adepto do Futurismo, faziam seu o projeto que Luís da Silva Ramos (Luís de Montalvor) acabava de trazer do Brasil: o lançamento de uma revista luso-brasileira, Orpheu. Dessa revista saíram com efeito dois números (os únicos publicados) em 1915; incluíam a colaboração de Montalvor, Pessoa, Sá-Carneiro, Almada, Côrtes-Rodrigues, Alfredo Pedro Guisado e Raul Leal; dos brasileiros Ronald de Carvalho (que, regressado ao Brasil, serviria de traço de união entre o Modernismo brasileiro e o português) e Eduardo Guimarães; de Ângelo de Lima, internado no manicómio; de Álvaro de Campos, heterónimo de Pessoa. Feitos, em parte, para irritar o burguês, para escandalizar, estes dois números alcançaram o fim proposto, tornando-se alvo das troças dos jornais; mas a empresa não pôde prosseguir por falta de dinheiro. Em abril de 1916, o suicídio de Sá-Carneiro privou o grupo de um dos seus grandes valores. Entretanto, a geração modernista continuou a manifestar-se, quer em publicações individuais, quer através de outras revistas (...). A revista Presença, aparecida em 1927, não só deu a conhecer e valorizou criticamente as obras dos homens do Orpheu, como lhes herdou o espírito por intermédio de alguns dos presencistas, pertencentes já a uma segunda geração modernista. Nela colaborou Fernando Pessoa. Entretanto, em conjunto, representa um recuo: é um modernismo assagi (1), psicologista, um parcial regresso à eloquência neorromântica (Régio, Torga).


Jacinto do Prado Coelho, Dicionário de Literatura

(1) assagi: ajuizado

O Modernismo

     Numa perspetiva de largo alcance, pode dizer-se que o Modernismo se estende desde finais do século XIX (cerca de 1890, segundo alguns autores) até depois da Segunda Guerra Mundial, mesmo até ao final dos anos 50, quando vão aflorando teorias e práticas culturais classificadas como pós-modernistas; numa perspetiva mais restrita, o Modernismo estende-se das vésperas da Primeira Guerra Mundial até à Segunda Guerra Mundial, sendo que os anos 20 e 30 são o seu tempo mais fecundo. Em Portugal, o aparecimento e a maturação do Modernismo relacionam-se com a relevância cultural assumida por algumas revistas e naturalmente pelos autores que nelas colaboraram; os marcos decisivos da afirmação modernista são constituídos, em 1915, pelos dois números da revista Orpheu (um terceiro, já em provas, acabou por não vir a público). A par desta, outras revistas servem de lugar de manifestação literária e doutrinária do Modernismo português: Centauro e Exílio (1916), Contemporânea (1922-1926) e Athena (1924-1925); entre 1927 e 1940 publica-se a revista Presença, que não só faz ecoar o legado cultural da chamada Geração de Orpheu como, segundo alguns autores, pode ser considerada o órgão cultural de um segundo Modernismo português.
     Se é problemático estabelecer as balizas cronológicas que ficaram sugeridas, [...] um outro aspeto problemático da caraterização genérica do Modernismo tem que ver com a confluência, nesse tempo histórico-cultural, de múltiplos movimentos de uma forma ou de outra envolvidos na dinâmica modernista. Deparamos aqui com uma importante componente da herança finissecular que se prolonga no Modernismo; com efeito, se no final do século XIX se multiplicam os "ismos" - uma multiplicação que é evidência de grande efervescência cultural e, simultaneamente, de uma certa crise ideológica -, no tempo do Modernismo essa tendência chega a assumir contornos de paroxismo ou então de provocação deliberada. O Ultraísmo, o Criacionismo, o Imagismo, o Vorticismo, o Construtivismo, o Expressionismo, o Cubismo e ainda (no contexto do Modernismo português), o Sensacionismo, o Interseccionismo, um incipiente Paulismo, o Neopaganismo e o Futurismo [...] são alguns desses "ismos". Deles ficou, nalguns casos, testemunho notório da vocação inovadora e experimental do Modernismo [...].
     A complexa e diversificada produção cultural que, nos inícios do século XX, se projeta sobre o Modernismo, condicionando indiretamente as suas linguagens artísticas e os seus temas dominantes, envolve outros componentes, nalguns casos de recorte ideológico. Não pode ignorar-se, no contexto dessa produção cultural, a relevância da psicanálise freudiana e da psicologia de William James; se a primeira vem permitir o acesso a instâncias profundas da psique humana, a segunda estabelece e difunde o conceito de corrente de consciência, assim se favorecendo a tematização literária de universos psicológicos extremamente complexos, instáveis e evanescentes, tematização que, no caso específico do romance, permite falar numa verdadeira revolução romanesca.
     Ela verifica-se, contudo, porque, do ponto de vista ideológico, o Modernismo incorpora e potencia valores que estimulam a reinterpretação da pessoa feita personagem, tendo em atenção um estádio civilizacional exteriormente pujante e eufórico, mas atravessado, no seu interior, por tensões e excessos de muito problemática harmonização. Noutros termos, dir-se-á que o tempo histórico-civilizacional do Modernismo é o de uma época de acentuada industrialização e de intenso desenvolvimento das comunicações que anulam distâncias, tudo congraçado num conceito quase obsessivo, traduzido na palavra mágica que na época se impõe: a modernização, semanticamente relacionada com o termoconceito Modernismo.
     Que essa modernização - pela sua desmesura e pela sua desumana intensidade - suscita dúvidas e ansiedades, sabemo-lo, pela via das representações poéticas, pelo menos desde Baudelaire e, entre nós, desde Guilherme de Azevedo, Cesário e Gomes Leal; ou então, nos termos de uma ironia de sabor tipicamente finissecular, desde que Jacinto, n'A Cidade e as Serras, se cansa das maravilhas da Civilização e se refugia nas Serras [...].
     Diretamente correlacionadas com este tempo de convulsões sociais, de conflitos armados, de regimes políticos autoritários, [...] os temas dominantes do Modernismo aprofundam os sentidos nucleares que o constituem. A euforia do moderno é, naturalmente, um desses temas, um moderno que é o de realidades civilizacionais trepidamente novas e pujantes, celebradas à maneira de Walt Whitman; em muitos casos, contudo, essa euforia desliza rapidamente para o tédio, situado, conforme ficou referido, no estádio final de uma evolução que chega a desembocar na dissolução do sujeito ("Não sou nada. / Nunca serei nada", dizem os versos de abertura da "Tabacaria") e no suicídio [...]; o que vem a ser o desenlace patético de um esforço de autoconhecimento, desenvolvido (muitas vezes de uma forma obscura, interiorizada e desligada do social) pelo homem e pela personagem do Modernismo. De um modo geral, o que estes sentidos temáticos denunciam é uma aguda crise do sujeito, projetada em tópicos como a máscara ("Quando quis tirar a máscara, / Estava pegada à cara", diz Campos na "Tabacaria"), o retrato, o espelho [...] e a procura labiríntica do outro, em si mesmo.


REIS, Carlos, 2008, O Conhecimento da Literatura - Introdução aos Estudos Literários

"Orpheu"

     Revista lançada em 1915, cujos dois únicos números publicados, em abril e julho, marcam o início o modernismo em Portugal. Com direção, no n.º 1, de Fernando Pessoa e do brasileiro Ronald de Carvalho, e, no n.º 2, de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, o escândalo provocado pela publicação de Orpheu deveu-se, entre outros motivos, à apresentação de práticas de escrita e correntes artísticas vanguardistas (paulismo, intersecionismo, simultaneísmo, futurismo, sensacionismo), embora surjam na revista ainda compaginadas com leituras e práticas simbolistas e decadentistas.
     O n.º 1 foi preenchido com a seguinte colaboração: Luís de Montalvor, "Introdução"; Mário de Sá-Carneiro, "Para os Indícios de Oiro" (poemas); Ronald de Carvalho, "Poemas"; Fernando Pessoa, "O Marinheiro" (drama estático); Alfredo Pedro Guisado, "Treze Sonetos"; José de Almada-Negreiros, "Frizos" (prosas); Côrtes-Rodrigues, "Poemas", e Álvaro de Campos, "Opiário" e "Ode Triunfal".
     O número dois recebeu os seguintes autores: Ângelo Lima, "Poemas Inéditos"; Mário de Sá-Carneiro, "Poemas sem Suporte"; Eduardo Guimarães, "Poemas"; Raul Leal, "Atelier" (novela vertígica); Violante de Cisneiros, "Poemas"; Álvaro de Campos, "Ode Martítima"; Luís de Montalvor, "Narciso" (poema); Fernando Pessoa, "Chuva Oblíqua" (poemas intersecionistas); Santa-Rita Pintor, "Quatro Hors de texte duplos".
     Para o projetado número três - cuja publicação esteve prevista para 1916 mas que, por razões financeiras, não foi posto à venda - Orpheu contaria com os seguintes textos: Mário de Sá-Carneiro, "Poemas de Paris"; Albino de Meneses, "Após o Rapto"; Fernando Pessoa, "Gládio" e "Além-Deus" (poemas); Augusto Ferreira Gomes, "Por Esse Crepúsculo a Morte de um Fauno..."; José de Almada-Negreiros, "A Cena do Ódio"; D. Tomás de Almeida, "Olhos"; C. Pacheco, "Para Além doutro Oceano", e Castelo de Morais, "Névoa". Mais tarde, deste número do Orpheu, chegaram ainda a ser publicados poemas de Fernando Pessoa, assim como algumas notas em Inglês. A revista Orpheu foi considerada por Pessoa "a soma e a síntese de todos os movimentos literários modernos".

Fonte: Infopédia

Sobre o aparecimento da revista "Orpheu"

Sobre o aparecimento da revista Orpheu

     Quando falamos sobre a revista Orpheu temos de, julgo eu, dar primeiro que tudo voz àqueles que a fizeram e a sonharam. Por isso perante a pergunta "o que foi a revista Orpheu?" responderemos em primeira linha com partes da introdução de Luiz de Montalvor ao número n.º 1 da mesma: "O que é propriamente revista em sua essencia de vida e quotidiano, deixa-o de ser ORPHEU, para melhor se engalanar do seu titulo e propôr-se. E propondo-se, vincula o direito de em primeiro lugar se desassemelhar de outros meios, maneiras de formas de realisar arte, tendo por notavel nosso volume de Beleza não ser incaracteristico ou fragmentado, como literarias que são essas duas formas de fazer revista ou jornal. (...) Nossa pretenção é formar, em grupo ou ideia, um numero escolhido de revelações em pensamento ou arte, que sobre este principio aristocratico tenham em ORPHEU o seu ideal esotérico e bem nosso de nos sentirmos e conhecermo-nos."
     Projecto portanto aparentemente pessoal, de poder ser uma montra para o "sentir" e o "conhecer" dos seus autores. Mas também algo em "dessemelhança"; ou seja representativo de uma rutpura com o status quo literário.
     É nas palavras do próprio Pessoa que podemos revelar o processo da génese desta invulgar revista, que revolucionou a literatura Portuguesa no início do século XX: "- O que quer Orpheu? - Criar uma arte cosmopolita no tempo e no espaço. (...) a verdadeira arte moderna tem de ser desnacionalizada - acumular dentro de si todas as partes do mundo. (...) feita esta fusão espontaneamente, resultará uma arte-todas-as-artes, uma inspiração espontaneamente complexa".
     Mas como apareceu a revista?
     Pessoa responde, com um longo texto que só viu a luz do dia em 1968, pelas mãos do Pessoano Francois Castex e que resumimos de seguida:
     - A ideia da revista foi originalmente de Luis de Montalvor, em princípios de 1915, quando regressou do Brasil. Em Fevereiro, no café Montanha, reunido com Pessoa e Sá-Carneiro, ele lançou a ideia de uma revista trimestral. - O título "Orpheu" veio também de Luis de Montalvor (Orpheu é uma figura mitica que vai ao mundos dos mortos socorrer a sua mulher, sem nunca poder olhar para trás). - A ideia avançou inicialmente pelo entusiasmo dos 3 e das possibilidades económicas de Sá-Carneiro (que recorreu ao pai). - Estaria latente em todos a vontade de "reagir em Leonino contra o ambiente", nas palavras do próprio Pessoa. - Ficaram como directores Luís de Montalvor e um outro poeta brasileiro, Ronald de Carvalho, mas a direcção era realmente compartilhada com Pessoa e Sá-Carneiro, bem como com Alfredo Guisado. - A tríade contactou então Alfredo Guisado e Cortes-Rodrigues para obter originais, bem como Almada Negreiros. Depois Pessoa trabalhou no poema "Opiário", para o incluir também. Aqui Pessoa revela que "Opiário" foi escrito depois da "Ode Triunfal", embora tenha "fingido" a prioridade posteriormente. - Como editor foi o nome de António Ferro - estritamente uma ilegalidade, mas que muito divertiu Pessoa e Sá-Carneiro (que desconhecia que Ferro era ainda menor quando colocou o nome daquele na revista). Outra "mentira" foi a designação da empresa editora: Orpheu ltda. Na realidade não tinha sido constituída nenhuma empresa por quotas Orpheu, e a designação ficou por insistência de Sá-Carneiro, perante as reservas de Pessoa. - Pessoa parece passar a imagem da revista ter uma base de "blague", de brincadeira levada a sério. É bom pensar neste ponto: na realidade era preciso uma coragem de brincalhão para inovar assim, corajosamente, sem pensar nas consequências. - Pessoa não considerava a revista futurista. Futurista - diz ele - nessa altura, do n.º 1, era apenas Santa-Rita Pintor. - Pessoa recusa o epíteto de mestre na revista. Ele diz que tanto ele quanto Sá-Carneiro eram "individualistas absolutos". - A intenção da revista era provavelmente dar voz a uma geração, mas não uma voz clara e inequívoca: aliás é bem claro pelas palavras de Pessoa que tanto ele como Sá-Carneiro tinham uma certa noção de que não iriam ser compreendidos, e por isso insistiam mesmo numa certa opacidade das suas intenções.
     Claro que "Orpheu" acabou por ser decisiva, mesmo só com dois números, precisamente porque não foi entendida. O seu testemunho ficou duradouro. Nas palavras de Pessoa em Novembro de 1935: "Orpheu acabou. Orpheu continua". E o que continuou foi esse rompimento com o passado, romântico e simbolista. "Os de Orpheu" eram o retrato de uma geração nova que se afirmava e que, à boa maneira das novas gerações, recusava com prazer a herança dos seus pais.
     Mas quiçá aparecida noutra altura não tivesse o mesmo peso. A verdade é que em 1915 Pessoa está precisamente no ponto decisivo da sua vida - o dia triunfal tinha acontecido no ano anterior e a sua enorme energia criativa começava a dirigir-se para os seus novos heterónimos. Haveria Orpheu sem Campos? Talvez, mas é porventura Campos o motor da modernidade da revista e do subsequente escândalo que a mesma causou. E depois da ruptura, pouco mais haveria a fazer do que deixar a "fenda" alargar-se a todos os espectros sociais, começando nas artes. Como fenómeno explpsivo, bem se compreende que Orpheu não tenha tido a necessidade de ter mais do que apenas dois números (mesmo com um terceiro planeado mas nunca publicado).
Estava aberto o horizonte para uma nova literatura, uma nova maneira de pensar e agir. Os loucos haviam ocupado o manicómio.

Fonte: Um Fernando Pessoa.

domingo, 10 de junho de 2012

'Companheiros do Medo', de René Magritte

          René François Ghislain Magritte foi um dos principais artistas surrealistas belgas. Magritte nasceu na Bélgica, no dia 21 de novembro de 1898, falecendo posteriormente no dia 15 de agosto de 1972. Em 1912, sua mãe cometeu suicídio por afogamento no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo foi retirado das águas do rio.
          O seu surrealismo vai evoluir, com os anos, para um estilo muito pessoal, que joga com os símbolos frequentes em torno da relação entre linguagem e objetos. As suas pinturas são comuns em jogos de duplicação.
          Esta foi uma obra na qual o pintor demonstra imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos. A escuridão e a utilização de cores frias permitem caracterizar o pintor e a sua forma de trabalho, em relação à sua vida artística. Esta obra é uma metáfora que se apresenta como representação realista, através da posição de objetos comuns e símbolos que aparecem na sua obra, tais como os pássaros, as folhas, todo aquele terreno degradado, uma visão triste para apreciarmos.
          Todas as obras de Magritte têm uma lição de moral, mas só para quem consiga decifrar o quanto são maravilhosas as suas pinturas e o que elas representam. Neste quadro, pretende transmitir que o nosso medo existe, porque temos coragem para ter medo. Quem não tem medo não tem coragem, pois só os corajosos têm medo.
          Concluindo, este quadro de René François Ghislain Magritte veio representar o medo que D. Madalena de Vilhena tinha dentro de si, faz lembrar a angústia que aquela mulher viveu ao longo da sua vida.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Texto de reflexão: "A crise económica atual - causas e soluções"

. INTRODUÇÃO

. TESE: Portugal vive um clima de austeridade por razões endógenas e exógenas.

. DESENVOLVIMENTO - ARGUMENTAÇÃO

     . Argumento 1) A corrupção em Portugal.
          . Exemplo 1) Os desvios de dinheiro: nas estradas, nas obras públicas...

     . Argumento 2) A adesão ao Euro.
          . Exemplo 2) A baixa da taxa de juros levou à expansão da despesa pública.

     . Argumento 3) Pouca produtividade interna.
          (Falta o exemplo)

     . Argumento 4) Adoção de medidas que aprofundam a crise.
          . Exemplo 3) Corte nos salários e subsídios dos trabalhadores.
          . Exemplo 4) Empobrecimento generalizado.
          . Exemplo 5) Aumento das falências de empresas.
          . Exemplo 6) Aumento do desemprego.
          . Exemplo 7) Maior desconfiança dos mercados conduz ao aumento dos juros.

     . Argumento 5) Subida da inflação.
          . Exemplo 8) Aumento do IVA na restauração, na cultura...


. CONCLUSÃO

     Soluções:
          1.ª) Cortes na despesa pública e diminuição do número de funcionários públicos.
          2.ª) Dinamização das exportações.
          3.ª) Diminuição das importações.
          4.ª) Melhoria da gestão dos dinheiros públicos.
          5.ª) Emigração.
          6.ª) Auto-emprego.
          7.ª) Recuperação da banca.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Reclamação - «Cartoon» (Correção)


          Findo o prazo estabelecido para a realização do trabalho em torno desta imagem e lidas as respostas dadas, pode concluir-se que, no que diz respeito a descrição, quase todos «viram» o essencial.

          No entanto, relativamente à intencionalidade crítica... zero. De facto, apenas uma alma iluminada conseguiu associar a figura central (a do homem de punho no ar e ar agressivo que incentiva os manifestantes ao protesto) à do ponto das representações teatrais, mas... foi só. Faltou concluir que ela representa a instrumentalização da massa que protesta, agindo na sombra e sob pretextos desconhecidos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Respostas «modelares» (VII)

          Há um par de meses, foi apresentado (mais) um trabalho aos alunos, correspodente, regra geral, ao grupo B do exame nacional, aquele em que é solicitado ao examinando que escreva um texto (entre 80 e 120 ou 130 palavras) sobre um conteúdo de leitura. Esse trabalho partia do seguinte enunciado:
          Tal como Álvaro de Campos, também em Alberto Caeiro as sensações são um elemento relevante.
          Fazendo um apelo à sua experiência de leitura, exponha, num texto de sessenta a cento e vinte palavras, a sua opinião sobre a importância das sensações na poesia de Caeiro.
          Das várias respostas elaboradas, a que a seguir se apresenta foi, de longe, a melhor. Um único senão: excedeu, violentamente, o limite de palavras estipulado.

          Alberto Caeiro, o "Mestre", assume-se como o poeta das sensações. Ele próprio diz "Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...". Esta filosofia está expressa, essencialmente, no conjunto de poemas intitulado "O Guardador de Rebanhos", onde se apresenta como um simples "pastor dos seus pensamentos que são todos sensações".
          E, nesta busca de sensações, opõe-se radicalmente a Fernando Pessoa ortónimo. Caeiro compõe os seus poemas apenas a partir das sensações, negando mesmo a utilidade do pensamento, enquanto que em Pessoa se passa precisamente o contrário, havendo uma intelectualização do sentir: "O poeta é um fingidor" ("Autopsicografia").
          Para Caeiro, "pensar é estar doente dos olhos", a sensação é a única realidade, logo há que substituir o pensamento pela sensação. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso pensa vendo e ouvindo. Os seus poemas são, por isso, a descrição da realidade tal como a entende através dos sentidos, em especial da visão e da audição.
          É, pois, um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações. Para Caeiro, o que importa é ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento: "Para além da realidade imediata não há nada".
          As sensações são, portanto, o suporte desta poesia livre, inovadora, próxima da prosa e do falar quotidiano e fazem de Caeiro um verdadeiro "Mestre" e o "Poeta da Natureza". É o mestre porque, ao contrário dos demais heterónimos e do ortónimo, consegue submeter o pensar ao sentir, o que lhe permite viver sem dor, envelhecer sem angústia e morrer sem desespero. Ele não procura encontrar um sentido para a vida e para as coisas que o rodeiam; sente sem pensar, o que faz dele um ser uno, não fragmentado, e da sua poesia algo simples e claro que transmite calma e serenidade.
                                                                                                           PC

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Texto expositivo-argumentativo (2)

          Comente a opinião, a seguir transcrita, sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, referindo-se a poemas relevantes para o tema em análise.

          Escreva um texto de oitenta a cento e vinte palavras.
          "É na poesia ortónima que o Pessoa 'restante', o que não cabe nos heterónimos laboriosamente inventados, se afirma e 'normaliza': é então que ele 'faz' de si e os seus poemas são 'chaves' para compreender o seu extraordinário universo literário."
António Mega Ferreira, Visão do Século
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