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quarta-feira, 11 de março de 2009

Inês de Castro segundo Ary dos Santos

Soneto de Inês

Dos olhos corre a água do Mondego
os cabelos parecem os choupais
Inês! Inês! Rainha sem sossego
dum rei que por amor não pode mais.

Amor imenso que também é cego
amor que torna os homens imortais.
Inês! Inês! Distância a que não chego
morta tão cedo por viver demais.

Os teus gestos são verdes os teus braços
são gaivotas poisadas no regaço
dum mar azul turquesa intemporal.

As andorinhas seguem os teus passos
e tu morrendo com os olhos baços
Inês! Inês! Inês de Portugal.

José Carlos Ary dos Santos

Inês de Castro segundo Bocage

A lamentável catástrofe de D. Inês de Castro

Da triste, bela Inês, inda os clamores
Andas, Eco chorosa, repetindo;
Inda aos piedosos Céus andas pedindo
Justiça contra os ímpios matadores;

Ouvem-se inda na Fonte dos Amores
De quando em quando as náiades carpindo;
E o Mondego, no caso reflectindo,
Rompe irado a barreira, alaga as flores:

Inda altos hinos o universo entoa
A Pedro, que da morte formosura
Convosco, Amores, ao sepulcro voa:

Milagre da beleza e da ternura!
Abre, desce, olha, geme, abraça e c'roa
A malfadada Inês na sepultura.

Bocage

Romance entre Pedro e Inês


A ligação amorosa entre o futuro rei de Portugal e a aia de D. Constança não foi nada bem vinda. Todos tinham medo que D. Inês, filha de um poderoso nobre espanhol, pudesse influenciar negativamente o príncipe. Assim, quando D. Constança morreu, D. Afonso continuou a condenar o namoro dos dois apaixonados.
De início, D. Afonso tentou , simplesmente, afastá-los, proibindo D. Inês de viver em Portugal. Mas isto não resultou porque os dois apaixonados foram morar para a fronteira de Portugal e Espanha e continuavam a encontrar-se. Reza a lenda que se casaram nesta altura, mas não há provas documentais de que tal tenha acontecido.

Casamento de D. Pedro e D. Constança

O casamento de D. Pedro com a princesa espanhola D. Constança foi um casamento por conveniência. De facto, o enlace foi «arranjado» pelos pais, daí que não existisse amor entre ambos. Foi nessa altura que D. Pedro conheceu D. Inês de Castro, uma das aias (dama de companhia) de D. Constança, por quem se apaixonou.

Reinado de D. Afonso IV

O reinado de D. Afonso IV foi marcado por muitas dificuldades, nomeadamente pestes e maus anos agrícolas. Viveu também muitas guerras nas conquistas de África, por isso queria muito agradar ao povo. Por último, convém relembrar ainda os confrontos com o filho por causa do romance com D. Inês de Castro.

Cronologia de D. Pedro I

  • 1320: Em Coimbra, a 8 de Abril, nasce o príncipe D. Pedro, filho de D. Afonso IV, rei de Portugal.
  • 1340: D. Afonso IV participa na batalha do Salado ao lado de Afonso XI de Castela. O seu resultado constitui a vitória decisiva da cristandade sobre os mouros da Península Ibérica. Inês de Castro, dama galega, vem para Portugal no séquito de D. Constança, noiva castelhana de D. Pedro, com quem vive uma paixão adúltera e fulminante.
  • 1345: Nasce D. Fernando, filho de D. Constança e de D. Pedro.
  • 1349 (?): Morte de D. Constança.
  • 1354: Influenciado pelos Castro (irmãos de D. Inês), D. Pedro mostra-se disposto a intervir nas lutas dinásticas castelhanas.
  • 1355: A 7 de Janeiro, com o consentimento de D. Afonso IV, nos paços de Santa Clara (Coimbra), Diogo Lopes Pacheco, Pedro Coelho e Álvaro Gonçalves degolam Inês de Castro. Quando toma conhecimento, dá-se a revolta de D. Pedro contra o pai.
  • 1357: Morte de D. Afonso IV; D. Pedro sobe ao trono e manda executar os assassinos de Inês de Castro.
  • 1361: Do Mosteiro de Santa Clara (Coimbra) para o Mosteiro de Alcobaça, D. Pedro I manda trasladar os restos mortais de Inês de Castro.
  • 1367: A 18 de Janeiro morre D. Pedro I, em Estremoz.

segunda-feira, 9 de março de 2009

D. Pedro e Inês de Castro - Uma história de amor


(c) Fernando Patronilo D'Araújo

Niccolo Zingarelli

Esta é uma ária da ópera Inês de Castro, final do acto I, apresentada, pela primeira vez, em Setembro de 1803, em Milão. O seu autor foi o compositor Niccolo Zingarelli.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Biografia do romance

D. Pedro, filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, nasceu em Coimbra, em 8 de Abril de 1320, e faleceu em Lisboa, em 18 de Janeiro de 1367. Reinou por apenas 10 anos, de 1357 a 1367 (foi o oitavo rei de Portugal), como D.Pedro I. Como era da praxe na época, quando casamentos eram arranjados desde a tenra idade em função de estratégias e interesses políticos, D. Pedro I e D. Constança, princesa e filha do Infante de Castela, D. João Manuel, vieram a casar-se.
A noiva veio para Portugal em 1340, acompanhada por um séquito, do qual fazia parte uma aia galega, de seu nome Inês de Castro, que era filha do fidalgo Pedro Fernandez de Castro e, segundo os poetas, era uma mulher lindíssima, pelo que não é de estranhar que o príncipe D. Pedro se tivesse apaixonado perdidamente por ela, que correspondeu totalmente aos seus sentimentos de amor profundo. Por ela, D. Pedro deixou de lado as conveniências de Estado e as reprovações de todos, desprezando a corte e afrontando tudo e a todos.
De facto, a corte considerava uma afronta aquela ligação indecorosa pelos problemas morais e religiosos que levantava, bem como pelo perigo que a influência da família dos Castros (Galiza - Espanha) poderia trazer à coroa portuguesa. Apesar disso tudo, Inês de Castro e D. Pedro viviam trocando juras de amor eterno. No entanto, as intrigas que chegavam ao Rei D. Afonso IV apressavam o monarca a agir. Brando de costumes, mas firme de valores, o Rei enviou D. Inês para o exílio, próximo à fronteira espanhola, em 1344. A distância física, no entanto, em nada alterou a paixão de D. Pedro e D. Inês.
Pouco tempo depois, D. Constança faleceu ao dar à luz a D. Fernando, herdeiro do trono de Portugal. O Rei tentou, novamente, casar o seu filho com uma dama de sangue real, mas D. Pedro rejeitou a ideia e aproveitou para trazer Inês de Castro do exílio para com ela viver, despreocupadamente, o seu idílio nas bucólicas margens do Rio Mondego, no Paço de Santa Clara. Esta atitude criou grande tumulto na corte e deu um enorme desgosto a D. Afonso, tendo a relação entre os dois esfriado.
Desta relação de Pedro e Inês nasceram três crianças: D. Dinis, D. Beatriz e D. João, que só vieram a agravar o relacionamento entre Príncipe e Rei.
Para incendiar mais ainda a situação, fizeram crer a D. Afonso que os Castros queriam ver o Infante Fernando, filho de Pedro e Constança, assassinado, uma vez que era ele o legítimo sucessor de Pedro, e não os filhos resultantes da sua união com Inês. O monarca sentiu-se amargurado e no meio de uma trama que só ele podia resolver. Embora D. Afonso compreendesse as razões daquela ligação perigosa, todo o enredo político/social o levou a tomar uma decisão drástica, por influência de seus conselheiros Diogo Lopes Pacheco, Álvaro Gonçalves e Pêro Coelho. Assim, em reunião, na qual não esteve presente D. Pedro, ficou definida a execução de Dona Inês. Apesar de ser mãe de três filhos de D. Pedro, os executores régios, aproveitando a ausência de D. Pedro numa das suas habituais caçadas, entraram no Paço e, ali mesmo, apesar das suas súplicas, assassinaram-na. Era o dia 7 de Janeiro de 1355 e mela contava apenas 30 anos de idade.
Inconsolável com a perda de Inês, D. Pedro chegou a declarar guerra ao pai. Dois anos depois, aquando da morte de D. Afonso IV e da sua subida ao trono, aos 37 anos, D. Pedro I diligenciou a captura dos assassinos de D. Inês. Dois deles foram encontrados e executados, mas o terceiro logrou escapar.
Procurando dignificar o nome de Inês de Castro, D. Pedro declarou solenemente, apresentando como testemunhas Don Gil, Bispo da cidade de Guarda, e Estêvão Lobato, seu criado, que sete anos antes casara com ela em Bragança em dia “de que não se lembrava”, tendo esta afirmação pública sido proferida em 12 de Junho de 1360. Diz a lenda, não documentalmente provada e aparentemente obra de poetas da época, que D. Pedro fez coroar D. Inês como rainha, obrigando a nobreza, que tanto os tinha desprezado, a beijar-lhe a mão, depois de morta.
Cumprida a sua vingança, D. Pedro I ordenou a translação do corpo de Inês, da campa modesta no Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, onde se encontrava, para um túmulo delicadamente lavrado, qual renda de pedra, que mandou colocar no Mosteiro de Alcobaça. Mais tarde, D. Pedro I mandou esculpir outro túmulo semelhante ao da sua amada, colocando-o em frente ao da sua Inês, para, após a sua morte, permanecer ao lado do seu grande amor.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Inês de Castro - I


Filme: Inês de Castro
Ano: 1945
Realizador: Leitão de Barros
Produção: Filmes Lumiar & Faro Films (Espanha)
Elenco:
António Vilar
Alícia Palácios
Maria Dolores Pradera
João Villaret

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Cronologia

O período de vida de D. Pedro I foi marcado por diversos acontecimentos. Aqui deixamos uma cronologia desses factos...
. 1320: Nascimento do infante D. Pedro (a 8 de Abril), filho do infante D. Afonso e de D. Beatriz).
. 1322: Ataque a Granada e a Marrocos pela armada de Manuel Pessanha.
. 1325:
  • Morte de D. Dinis.
  • Ascensão de D. Afonso IV ao trono (7 de Janeiro).
  • Cortes de Évora.
  • Execução de João Afonso, filho bastardo de D. Dinis.
. 1327: Reforma judicial empreendida por D. Afonso IV.
. 1331: Cortes de Santarém (Maio).
. 1335: Inquirições em Trás-os-Montes e na Beira.
. 1336: Morte da rainha D. Isabel.
. 1338: Paz entre Portugal e Aragão.
. 1339: Paz com Castela (Julho).
. 1340:
  • Vinda para Lisboa de D. Constança Manuel, acompanhada, entre outros, por D. Inês de Castro.
  • O infante D. Pedro e D. Constança recebem bênção na Sé de Lisboa (Agosto).
. 1342: Nascimento da infanta D. Maria (6 de Abril), filha de D. Pedro e de D. Constança.
. 1344: Nascimento do infante D. Luís, filho de D. Pedro e de D. Constança.
. 1345: Nascimento de D. Fernando (31 de Outubro), terceiro filho de D. Pedro e D. Constança.
. 1348: Peste negra em Portugal.
. 1349: Morte (?) de D. Constança Manuel.
. 1350: Nascimento de Afonso, primeiro filho de D. Pedro e D. Inês de Castro.
. 1352: Nascimento de D. João, segundo filho de D. Pedro e D. Inês.
. 1353: Nascimento de D. Dinis, terceiro filho de D. Pedro e D. Inês.
. 1354: Nascimento de D. Beatriz, filha de D. Pedro e D. Inês.
. 1355:
  • Julgamento e execução de D. Inês de Castro (7 de Janeiro).
  • Hostilidades entre D. Afonso IV e D. Pedro, que culmina na assinatura de uma paz em Canaveses, a 5 de Agosto.
  • O infante D. Pedro assume, com o pai, o governo do reino.
. 1357:
  • Nasce D. João (11 de Abril), futuro rei de Portugal, filho bastardo de D. Pedro e de D. Teresa Lourenço.
  • Morte de D. Afonso IV (28 de Maio).
  • Subida ao trono de D. Pedro, I de Portugal.
  • Negociações para o regresso de dois dos carrascos de D. Inês de Castro a Portugal.
. 1360:
  • D. Pedro assume publicamente o seu casamento com D. Inês de Castro.
  • Trasladação provável dos restos mortais de D. Inês para o Mosteiro de Alcobaça.
  • Nascimento de D. Nuno Álvares Pereira.
. 1361: filhos de D. Pedro e D. Inês não são legitimados pela Santa Sé.
. 1364: D. João, filho bastardo de D. Pedro I, ascende à dignidade de mestre da Ordem de Avis.
. 1367: Morte de D. Pedro I em Estremoz a 18 de Janeiro.
Fonte: Reis de Portugal - D. Pedro I, Cristina Pimenta (Círculo de Leitores)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

1.ª Dinastia


D. Pedro I nasceu no já distante ano de 1320, em plena primeira dinastia, fundada por D. Afonso Henriques.

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