Português

sexta-feira, 27 de maio de 2011

V, 92-100

1. Estância 92

     1.1. O que justifica a doçura dos louvores e a justeza da glória?

     1.2. Qual o fim último do esforço dos nobres?

     1.3. Comente o significado / a importância da inveja, de acordo com os últimos quatro
            versos da estância.


2. Estância 93

     2.1. Refira o que apreciava Alexandre e o que despertava a inveja de Temístocles?


3. Estância 94

     3.1. Sintetize a mensagem dos quatro primeiros versos.

     3.2. Refira o motivo por que Virgílio, o autor da Eneida, canta Eneias (além da grandi-
            osidade dos feitos).


4. Estância 95

     4.1. Explicite o valor da conjunção «Mas» que inicia o verso 3.


5. Estância 97

     5.1. Portugal é apresentado como excepção de algo. Explicite este raciocínio.


6. Estância 98

     6.1. Complete a paráfrase apresentada.
     Em Portugal, não há grandes _____, não por falta de ______________, mas por os portugueses desprezarem as _____. Se a situação não se alterar, dentro de algum tempo não haverá __________. Por outro lado, o _____ fê-los tão _____, _____ e _____, tão desleixados de _____, que poucos se importam com isso.

7. Estância 99

     7.1. O que justifica a fama do Gama?


8. Estância 100

     8.1. Refira o móbil da «acção» das Tágides.

     8.2. Explicite o apelo final do poeta.


9. Síntese

     a) Camões critica, nestas estâncias, os portugueses porque:
  • ______________________;
  • ______________________;
  • ______________________.
     b) Por outro lado, destaca a importância do registo futuro dos __________ como meio de
         _____ do povo português e incentivo ao surgimento de novos _____.

     c) Além disso, o poeta faz duas advertências:
       1.ª) ______________________;
       2.ª) ______________________.

Proposição - Correcção

Proposição

"Este descaso de assassinos", Jorge de Sena

Chega-se a um momento na vida
(e por coincidência a um momento do mundo
que seja por linguagem o nosso)
em que o poeta se interroga antes de escrever:
porquê, e para quê, e para quem?
De nós mesmos falar não é possível:
seria necessário que houvesse humano respeito,
delicadeza humana, e não este descaso
de assassinos que se pisam sem desculpas.
Falar do que vai por este beco do universo
onde as comadres se acotovelam para levantar a saia
no escuro dos portais? Seria preciso
que a tristeza e a amargura e a visão do abismo
fossem partilhadas mais a fundo que a retórica
de serem tão infelizes no conforto
do piolhoso que vê mais dois piolhos na cabeça do outro.
Pensar em melhores mundos? Haverá,
mas não aqui. Aqui é o fim da festa,
o fechar das luzes do último dia
da Exposição dos Centenários, o arriar das bandeiras,
o apodrecer dos barcos pela praia.
Aqui só há lugar para metáforas,
óbvios símbolos, jogos de prendas poéticas,
para a droga de um sexo reduzido a palavras.
Cantem a beleza que se esvai, da juventude
que se perde, dos prados e das árvores,
com doce melancolia. O leitor tremula,
sente-se irmão, enfia
sorrateiramente a mão no bolso das calças,
apalpa-se e fecha os olhos, que está salva a pátria.

                                             Jorge de Sena (30.08.1973)

I, 105-106 - Correcção

1. Identifique o acontecimento motivador desta reflexão.

          O acontecimento é a chegada da armada portuguesa a Mombaça, após várias vicissitudes ocorridas em Moçambique e Quiloa, urdidas por Baco.


2. Explicite o valor expressivo dos versos 5 e 6 da estância 105.

          Os referidos versos traduzem a insegurança da vida humana, decorrente dos grandes perigos ("Oh! grandes e gravíssimos perigos..." - v. 5) e da incerteza ("... caminho da vida nunca certo..." - v. 6) que a caracterizam.


3. Comente o efeito expressivo da exclamação final da estância e do tom hiperbólico dos últimos quatro versos.

          Os referidos recursos acentuam o carácter trágico da condição humana. De facto, na vida, à maior esperança ("que aonde a gente põe sua esperança") sucede, geralmente, o maior perigo e grande insegurança ("tenha a vida tão pouca segurança!").


4. Releia a estância 106 e complete o quadro dado.



5. Clarifique a conclusão a que o Poeta chega nos últimos quatro versos da estância 106.

          O Poeta conclui que o ser humano dificilmente pode encontrar segurança e tranquilidade ("Onde pode acolher-se hum fraco humano") num universo hostil que contra ele se arma, dada a sua fragilidade ("Onde terá segura a curta vida") e a condição de "bicho da terra".


6. Reescreva a interrogação que finaliza a estância 106 (máximo de 22 palavras).

          Poderá o Homem, "bicho da terra tão pequeno", ultrapassar a sua pequenez face ao universo, muito mais poderoso do que ele?


7. Tendo em conta o conteúdo da Proposição relativamente ao herói de Os Lusíadas, refira uma possível intenção do Poeta com a reflexão feita nestas duas estâncias no que diz respeito aos feitos cometidos pelos portugueses.

          O Poeta pretenderá exaltar a valentia dos portugueses, que, mesmo sendo pequenos ("bicho da terra tão pequeno"), venceram os maiores desafios.


8. Para terminar, aponte o tema da reflexão de Camões.

          O tema da reflexão é a fragilidade e a efemeridade da vida humana, face aos grandes perigos enfrentados no mar e na terra e as circunstâncias da vida.

I, 105-106

1. Identifique o acontecimento motivador desta reflexão.

2. Explicite o valor expressivo dos versos 5 e 6 da estância 105.

3. Comente o efeito expressivo da exclamação final da estância e do tom hiperbólico dos últimos quatro versos.

4. Releia a estância 106 e complete o quadro dado.


5. Clarifique a conclusão a que o Poeta chega nos últimos quatro versos da estância 106.

6. Rescreva a interrogação que finaliza a estância 106 (máximo de 22 palavras).

7. Tendo em conta o conteúdo da Proposição relativamente ao herói de Os Lusíadas, refira uma possível intenção do Poeta com a reflexão feita nestas duas estâncias no que diz respeito aos feitos cometidos pelos portugueses.

8. Para terminar, aponte o tema da reflexão de Camões.

Estrutura - Correcção

Estrutura

Dedicatória

Cronologia de Camões - Correcção

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bob Dylan: "Tight Connection to my Heart"


Bob Dylan cumpriu, ontem, 70 primaveras.

Transgressão: código ficcional

          A nível ficcional, a transgressão ocorre, entre outros, nos seguintes aspectos:

  • a. A música vence a doença (a música tocada por Scarlatti no seu cravo tem poderes curativos bem evidentes na cura da misteriosa doença que afecta Blimunda após a árdua tarefa de recolher as duas mil vontades necessárias ao voo da passarola).
  • b. O padre Bartolomeu de Gusmão desafia o poder da Igreja, seguindo o seu sonho e acreditando na ciência.
  • c. A concepção das personagens, nomeadamente as figuras históricas, transgride aquilo que a História nos transmite. Por exemplo, o casal real é apresentado pelo narrador de forma caricatural; ao contrário do que seria de supor, é o casal Baltasar e Blimunda que assume o estatuto de protagonista do romance.
  • d. O voo da passarola conforme descrito no romance não é verídico. Por outro lado, o voo sai do domínio humano e entra no domínio de Deus, subvertendo as leis do universo.
  • e. O voo da passarola assenta na conjugação inusitada de saberes: o saber científico de Bartolomeu, associado ao saber artesanal de Baltasar, à magia de Blimunda e à arte de Scarlatti.
  • f. O narrador assume um estatuto pouco habitual: acompanha a acção, comentando-a e criticando-a, estabelecendo uma interacção permanente entre passado, presente e futuro.

Transgressão: código religioso

  • A sumptuosidade que rodeia a edificação do convento (pp. 365-366) vs a simplicidade e a humildade, essência dos valores cristãos;
  • O recrutamento de homens à força para as obras do convento;
  • A construção da passarola vs a proibição de ascender a um plano superior / divino (pág. 198) - os quatro pilares de solidez do projecto: Bartolomeu, Baltasar, Blimunda e Scarlatti;
  • A castidade vs a promiscuidade / as relações sexuais nos conventos que envolvem frades e freiras;
  • As estátuas dos santos (pág. 344) vs a santidade humana (pág. 342);
  • A missa enquanto espaço de vivência espiritual (pág. 145) vs a missa enquanto espaço de namoros e de encontros clandestinos (pp. 43, 162 e 236);
  • A bênção de Deus vs a bênção dos homens (por exemplo, a bênção dada por Bartolomeu de Gusmão a Baltasar e Blimunda);
  • O funeral do infante D. Pedro, um espectáculo de pompa e circunstância, vs o funeral do sobrinho de Baltasar, manifestação isolada de dor.

Transgressão: código sexual e amoroso

          A nível amoroso, a transgressão concentra-se na relação de Baltasar e Blimunda, que é vivido à margem das regras sociais da época: não são casados, uniram-se por um ritual de sangue e da colher, vivem uma relação de igualdade de papéis, guiando-se por um estado de perfeição que não é deste mundo.

          A nível sexual, a transgressão atinge o auge no contraste entre a relação carnal que o rei e a rainha mantêm - sexo ritual protocolar para procriação (pp. 11-13, 319-320), profusamente caricaturado pelo narrador - e a relação carnal entre Baltasar e Blimunda, caracterizada por uma entrega sexual permanente e mútua de corpos e almas, sem tabus ou limites, que não os que as próprias personagens definem (pág. 77).

          Outro momento da obra em que a transgressão sexual é bem evidente está relacionada com a proposta que o irmão de D. João V faz à rainha, bem como os sonhos eróticos que atormentam D. Maria Ana Josefa com aquele.

          Por último, o «desfile» que ocorre pelas ruas da cidade por alturas do Entrudo é outro momento de excesso e de transgressão sexual.

Transgressão: código escrito

          Memorial do Convento é uma obra dominada pela noção de transgressão, visível em vários domínios.

          Um desses domínios é o código escrito. Neste caso, a ideia de transgressão está presente nos seguintes aspectos:

     a. a desconstrução e reconstrução das regras da pontuação (vide linguagem):
» a supressão das marcas gráficas do discurso directo (diálogos);
» a substituição dos pontos finais por vírgulas, criando uma leitura contínua;
» o uso de maiúsculas no meio da frase para introduzir as falas das personagens;
» etc.
     b. a inversão de expressões bíblicas e de provérbios / adágios populares ("ainda agora a
         procissão vai na praça");

     c. a diversidade de registos de língua:
» o registo cuidado;
» o registo familiar;
» o registo popular, nomeadamente o calão ("merda", "puta", "mijo");
      d. os aforismos ("Não está o homem livre... com a verdade...");

      e. os jogos de palavras.
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