Português

quarta-feira, 15 de junho de 2011

CV (exemplo 1)


(C) Ana R. Teixeira

Respostas «modelares» (VII)

          Há um par de meses, foi apresentado (mais) um trabalho aos alunos, correspodente, regra geral, ao grupo B do exame nacional, aquele em que é solicitado ao examinando que escreva um texto (entre 80 e 120 ou 130 palavras) sobre um conteúdo de leitura. Esse trabalho partia do seguinte enunciado:
          Tal como Álvaro de Campos, também em Alberto Caeiro as sensações são um elemento relevante.
          Fazendo um apelo à sua experiência de leitura, exponha, num texto de sessenta a cento e vinte palavras, a sua opinião sobre a importância das sensações na poesia de Caeiro.
          Das várias respostas elaboradas, a que a seguir se apresenta foi, de longe, a melhor. Um único senão: excedeu, violentamente, o limite de palavras estipulado.

          Alberto Caeiro, o "Mestre", assume-se como o poeta das sensações. Ele próprio diz "Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...". Esta filosofia está expressa, essencialmente, no conjunto de poemas intitulado "O Guardador de Rebanhos", onde se apresenta como um simples "pastor dos seus pensamentos que são todos sensações".
          E, nesta busca de sensações, opõe-se radicalmente a Fernando Pessoa ortónimo. Caeiro compõe os seus poemas apenas a partir das sensações, negando mesmo a utilidade do pensamento, enquanto que em Pessoa se passa precisamente o contrário, havendo uma intelectualização do sentir: "O poeta é um fingidor" ("Autopsicografia").
          Para Caeiro, "pensar é estar doente dos olhos", a sensação é a única realidade, logo há que substituir o pensamento pela sensação. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso pensa vendo e ouvindo. Os seus poemas são, por isso, a descrição da realidade tal como a entende através dos sentidos, em especial da visão e da audição.
          É, pois, um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações. Para Caeiro, o que importa é ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento: "Para além da realidade imediata não há nada".
          As sensações são, portanto, o suporte desta poesia livre, inovadora, próxima da prosa e do falar quotidiano e fazem de Caeiro um verdadeiro "Mestre" e o "Poeta da Natureza". É o mestre porque, ao contrário dos demais heterónimos e do ortónimo, consegue submeter o pensar ao sentir, o que lhe permite viver sem dor, envelhecer sem angústia e morrer sem desespero. Ele não procura encontrar um sentido para a vida e para as coisas que o rodeiam; sente sem pensar, o que faz dele um ser uno, não fragmentado, e da sua poesia algo simples e claro que transmite calma e serenidade.
                                                                                                           PC

terça-feira, 14 de junho de 2011

Respostas «modelares» (VI)

Exame de 2010 - 2.ª Fase

Grupo III


          Partindo da perspectiva exposta no excerto abaixo transcrito, apresente uma reflexão acerca das consequências da acção do Homem no planeta Terra.

          Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

          Escreva um texto, devidamente estruturado, de duzentas a trezentas palavras.

          «Na verdade, não são os avanços científicos e industriais que ameaçam o Homem e a Natureza, mas sim a maneira errada e inconsciente como a Humanidade aplica as suas conquistas tecnológicas.»
                                                                     Jacques-Yves Costeau, "Segredos do mar..."


Proposta de plano

INTRODUÇÃO - 1 parágrafo

     . Ponto de partida: definição de uma «tese» a partir do tema proposto (consequências
                                    acção do Homem na Terra), em conexão com a citação de
                                    Costeau (o uso deficiente e inconsciente do progresso tecnológico),
                                    que remete para os efeitos negativos.


DESENVOLVIMENTO - 2 / 3 / 4 parágrafos (= n.º de argumentos)

     » 1.º argumento: a relação entre o (mau) uso das tecnologias e o aumento da poluição.

          - 1.º exemplo: o progresso, o uso intensivo dos meios de transporte (o automóvel, o
                                  avião...) e o recurso a fontes de energia não renováveis aumentam as
                                  emissões de dióxido de carbono (efeito de estufa, mudanças climáti-
                                  cas...).

          - 2.º exemplo: os despejos de resíduos industriais em cursos de água (as suiniculturas,
                                  a lavagem de tanques dos grandes petroleiros em alto mar...).

     » 2.º argumento: a industrialização e a necessidade cada vez maior de recursos naturais
                                 contribuem para o desgaste do planeta e dos seus recursos, para a
                                 destruição do ecossistema...

          - 1.º exemplo: o acidente ocorrido com a plataforma petrolífera da BP ao largo da
                                  costa dos EUA e os reflexos que teve na vida (fauna e flora) da área
                                  afectada.

     » Contra-argumentos (não solicitados pelo enunciado):

          - o aproveitamento da tecnologia para uma melhoria da qualidade da vida do Homem
            (exemplos: os sistemas de aquecimento e / ou ar condicionado, a Internet, a video-
            conferência, a telemedicina, o e-learning, etc.);

          - o desenvolvimento de tecnologias e energias não poluentes (a energia solar, eólica,
            marés, biomassa...), MAS

          - também com impactos negativos (a nível da paisagem, desflorestação...).


CONCLUSÃO - 1 parágrafo

     » Síntese da argumentação / reflexão:

          - A acção humana e os progressos tecnológicos resultam em benefício da vida humana
            e, em simultâneo, em prejuízo do planeta e do seu equilíbrio ecológico;

     » Apresentação de soluções:

          - Necessidade de maior investimento nas tecnologias não poluentes e nas energias reno-
            váveis / alternativas;

          - Desenvolvimento de campanhas de sensibilização (uso dos meios de transporte colec-
            tivos em detrimento dos individuais; poupança de energia...);

          - ...

domingo, 12 de junho de 2011

Respostas «modelares» (V)

Exame de 2010 - 2.ª Fase

GRUPO  II


          Comente a importância de Blimunda na consecução do sonho de voar, em Memorial do Convento, de José Saramago, fazendo referências pertinentes à obra.


R -

     Introdução (1.º parágrafo):
  • O sonho de voar do padre Bartolomeu de Gusmão;
  • A concretização do sonho através da construção da passarola.

     Desenvolvimento (2.º / 3.º parágrafos) - Acção de Blimunda:
  • Recolha das duas mil vontades;
  • Dom de ver por dentro as pessoas e os objectos:
                    » acompanhamento da construção da passarola;
                    » verificação da (in)existência de falhas / defeitos de construção da
                       passarola, olhando periodicamente por dentro.


     Conclusão (último parágrafo):
  • O papel fulcral de Blimunda na construção da passarola;
  • A conjugação dos quatro saberes.

Santos Populares de 5 de Junho


Roubado aqui.

Respostas «modelares» (IV)

Exame de 2010 - 2.ª Fase

TEXTO  A


3. Indique um efeito expressivo da enumeração presente na estância 147.


R - Na estância 147, o Poeta enumera o conjunto de qualidades dos vassalos portugueses, como se pode verificar no seguinte extracto, em que aqueles são comparados a leões e a touros bravos: "Olhai que ledos vão, por várias vias, / Quais rompentes liões e bravos touros..." (est. 147, vv. 1-2- ss.).
          Com a enumeração, o Poeta pretende, por um lado, enfatizar a superior qualidade dos vassalos do Rei, que tudo suportam e vencem (fome, guerras, condições climatéricas adversas, confrontos religiosos, naufrágios...), e, por outro, destacar os inúmeros perigos enfrentados, na guerra e no mar, durante a aventura dos Descobrimentos.

sábado, 11 de junho de 2011

"O Homem que matou Liberty Valance"

"O Homem que matou Liberty Valance", de John Ford

Ransom Stoddard: You're not going to use the story, Mr. Scott?
Maxwell Scott: No, sir. This is the West, sir. When the legend becomes fact, print the legend.

          A mensagem de Ulisses, de Fernando Pessoa (in Mensagem)...

Respostas «modelares» (III)

Exame de 2010 - 2.ª Fase

TEXTO  A


2. Justifique a interpelação ao Rei, relacionando-a com o sentido das estâncias 145 a 148.


R - O Poeta interpela o Rei ("Por isso vós, ó Rei..." - est. 146, v. 5), que o é por desígnio de Deus ("... que por divino / Conselho estais no régio sólio posto..." - est. 146, vv. 5-6), considerando que este deve reconhecer o valor dos seus súbditos, que, como se verificou no passado, reúnem qualidades para o fazerem "vencedor", isto é, para reacenderem na Pátria o orgulho e a coragem ("Olhai que sois (...) / Senhor só de vassalos excelentes." - est. 136, vv. 7-8).
          Essa interpelação resulta do facto de o Poeta constatar que a Pátria vive mergulhada no desânimo e na abulia ("Dua austera, apagada e vil tristeza." - est. 145, v. 8), bem como num aviltamento de valores, factores que não permitem uma atitude colectiva, enérgica e optimista.
          Por outro lado, o Poeta exalta os heróis valorosos por si cantados (estância 147), por contraste com a inércia e a indignidade ("Não tem um ledo orgulho e geral gosto, / Que os ânimos levanta de contino / A ter pera trabalhos ledo o rosto." - est. 146, vv. 2 a 4) dos seus contemporâneos, perdidos "No gosto da cobiça..." (est. 145, v. 8).

Respostas «modelares» (II)

Exame de 2010 - 2.ª fase

TEXTO  A

4. No último parágrafo, o narrador assume uma atitude de comentador.
    Transcreva do texto dois excertos exemplificativos de tal atitude e explicite a intenção que pode estar subjacente a estes comentários.


R - Os dois excertos que exemplificam a atitude de comentador assumida pelo narrador são os seguintes: "Sem falar que a Vénus cantariam todos os galos do mundo se tivesse os olhos que Blimunda tem..." (ll. 35 e 36); "... sobre Vulcano também Baltasar ganha, porque se o deus perdeu a deusa, este homem não perderá a mulher." (linhas 37 a 39).
          O primeiro excerto destaca os dotes de Blimunda, nomeadamente o poder de ver por dentro as pessoas e as «coisas», dotes esses que a fazem exceder os de Vénus, deusa do amor.
          Por seu turno, o segundo excerto afirma a fidelidade e o amor que caracterizam a relação entre Baltasar e Blimunda, através do contraste que estabelece com o deus Vulcano, que "perdeu a deusa".

Respostas «modelares» (I)

Exame de 2010 - 2.ª fase

TEXTO  A

1. Considere o primeiro parágrafo do texto.
    Descreva o comportamento de Scarlatti imediatamente antes de ser iniciado no "segredo", fundamentando a resposta em três citações do texto.


R. No momento em que vai ser iniciado no "segredo", Scarlatti mostra-se indiferente ("Não parecia curioso..." - linha 1), calmo ("... olhava tranquilo..." - linha 2; "Sem precipitação, tão tranquilamente como antes estivera olhando as andorinhas..." - linhas 10 e 11) e cúmplice ("... disse, sorrindo, e o músico respondeu, em tom igual..." - linha 5).
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...