Português

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Título Os Lusíadas

            A palavra “lusíadas” deriva de Luso, filho de Líber ou companheiro de Baco, deus do vinho ou da alegria. Luso nasceu e povoou a zona ocidental da Península Ibérica, onde fundou um reino a que deu um nome derivado do seu: Lusitânia, como explica Camões:
“Esta foi Lusitânia, derivada
De Luso ou Lisa, que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros.”
Os Lusíadas, canto III, est. 21

            Historicamente, quando os Romanos conquistaram a Península Ibérica, dividiram-na administrativamente em três províncias, tendo designado por Lusitânia a que compreendia a região situada a sul do rio Douro.
            No século XVI, os autores portugueses renascentistas começaram a utilizar o termo “lusitanos” como sinónimo de “portugueses”. Luís de Camões foi buscar o nome Lusíadas a André de Resende, que a usa nas obras Vicentius Levita et Martyr (1545) e Erasmi Encomion e a uma epístola, provavelmente de 1561, dirigida ao poeta Pedro Sanches.
            De acordo com o autor, “A Luso unde Lusitânia dicta est, Lusíadas adpellavimus Lusitanos et a Lysa Lysiadas, sicut a Aenea Aeneadas dixit Virgilius”, isto é, “de «Luso», origem do termo «Lusitânia», criámos o apelativo «Lusitano», e de «Lusa», «Lusíadas», assim como de «Eneas», «Enéadas»”.
            Deste modo, ao aproveitar o termo criado por André de Resende, Camões atribui à sua obra, “não um nome através do qual entrevíssemos ações de um herói” (como Aeneada, Orlando Inamorato, Orlando Furioso, etc.); “não um nome que suscitasse a limitada evocação de uma ação militar, posto que grande” (Ilyada, Thebaida, Pharsalia, etc.), ou de uma grande viagem, como Odyssea, Argonautica, mas um nome que “anuncia a história de todo um povo – Os Lusíadas”.

Hernâni Cidade, Luís de Camões, o Épico (adaptado)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

«Persistência da Memória»

«Persistência da Memória», Salvador Dali

Uma imagem que perdura

“Persistência da Memória” é o título atribuído por Salvador Dali a uma das suas principais pinturas a óleo. Dali nasceu em Figueres, Catalunha, a 11 de maio de 1901 e faleceu a 23 de janeiro de 1989, na sua terra natal. Formou-se na Escola de Belas-Artes de San Fernando em Madrid, destacando-se sobretudo pelo seu trabalho surrealista. As suas obras atraem a atenção pelas incríveis combinações de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica. O seu trabalho mais conhecido, “Persistência da Memória” foi concluído em 1931 e está exposto no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque, desde 1934.
Na tela, encontram-se representados três relógios que marcam diferentes horas, cujas formas derivam de um queijo (camembert) que o autor observava enquanto pintava. O pintor mostra o tempo e a memória, através dos relógios moles e dependurados, sugerindo que o tempo é maleável, não é rígido, mas sim mutável, relativo, onde passado e presente se fundem. Observa-se nas formas dos relógios uma evidente conotação sexual, sobretudo no relógio central, estendido sobre uma pedra que simula a caricatura do próprio Dali, representado no quadro de olhos fechados e caído, sendo destacado, num fundo preto, como uma premonição do seu tempo futuro. O artista coloriu os relógios de azul, cor do espaço infinito, cuja perspetiva também se direciona ao infinito.
Na obra, estão também presentes formigas na parte de trás do relógio laranja e uma mosca no relógio derretido à esquerda. As formigas representam a decadência, e o ato de atacar o relógio como se ele fosse um produto orgânico é outro sinal da sexualidade inserida na obra, onde as formigas procuram satisfazer os instintos. A mosca em cima do relógio figurativamente indica que o tempo voa.
 Ao ver o terreno, percebe-se que não existe qualquer vegetação ou vida no solo ou até mesmo na água vista no horizonte. O artista retratou o tempo parado e a vida morta pela pausa do tempo, ou seja, sem o tempo não há vida, segundo Dali. O solo pintado de cor terra, pó da vida eterna, uma vez que tudo vira terra e se renova. As cores do anoitecer delimitam a linha do horizonte, encontro de terra e mar, fundidos no céu infinito, misto de sonho e realidade. A obra tem como fundo a paisagem de Porto Lligat, em Barcelona. Os penhascos e o mar são iluminados com uma luz transparente e melancólica, uma vez que este lugar faz relembrar Dali da sua infância. Pode notar-se também um contraste entre o macio e o duro, estando o primeiro representado pelos relógios e o segundo pelos rochedos.
A obra “A Persistência da Memória” foi assim nomeada devido ao facto de ser dificilmente esquecida. Segundo Dali, as formas e as cores da obra ficam gravadas na memória até mesmo de quem a observou apenas uma vez.
Esta obra centra-se na obsessão humana com tempo e a memória. Sendo uma pintura que desencadeia variadas interpretações e controvérsias devido a origem dos relógios derretidos, sendo portanto um desafio descodificá-la e uma imagem inolvidável.

Bibliografia:
          - www.artgalleryabc.com/next90.html;
          - http://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_Dal%C3%AD;
          - http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Persist%C3%AAncia_da_Mem%C3%B3ria;
          - http://www.infopedia.pt/$persistencia-da-memoria-(pintura);
          - http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/01/07/903289/conheca
            -persistencia-da-memoria-salvador-dali.html.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Redução do horário semanal de trabalho

     Um grupo de 100 académicos e políticos alemães estão a pedir um horário de 30 horas semanais sem um corte nos salários, noticia hoje o jornal alemão Tageszeitung, citado pela CNBC. Os peticionários argumentam que uma semana de trabalho mais curta é a melhor forma de lidar com o aumento da taxa de desemprego no país, contribuindo também para o aumento da produtividade dos trabalhadores.

Poesia universitária (I)

A um certo colega de ano:

          Por uma loura do quinto ano
          fiquei louco do tutano
          e quando com ela passeio na rua
          sinto-me mais alto que uma grua.

          E todo ufano
          pago-lhe um lanche no Bocage
          e não ligo aos colegas do ano
          e se lhes ligo logo lhes dou um ultraje.

          Porque eu sou um tipo digno
          e com uma classe sem igual
          e por isso não ligo ao parvalhão indigno

          Que me estraga o engate
          e me envergonha
          e por isso me perdoem sempre que eu os maltrate.

                                                  Bajus

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Do desespero

Uma professora de 47 anos atirou o filho autista da janela do 4º andar do hotel Ibis de Bragança e suicidou-se de seguida, escreve este domingo o Jornal de Notícias (JN).
Professora atira filho pela janela e suicida-se

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Aldrabice:

Doutoramento retirado à ministra alemã da Educação por plágio

     A Universidade de Düsseldorf, na Alemanha, decidiu retirar o doutoramento da actual ministra da Educação, Annette Schavan, 57 anos, depois de confirmar que as suspeitas de plágio levantadas por um blogue anónimo, em 2012, tinham razão de ser. A ministra defende a legitimidade da sua tese, defendida em 1980, e promete recorrer. Porém, o seu lugar no governo alemão da conservadora Angela Merkel (CDU) passou a estar em perigo.

Calendário de exames - Secundário (2.ª fase)


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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Calendário de exames - Secundário (1.ª fase)


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"Endless Love" - Diana Ross e Lionel Richie


     We are getting old...

As considerações pessoais do poeta

            O poema épico de Camões destina-se a celebrar e a glorificar o povo português, em especial os heróis que tornaram a Pátria grande, a partir da viagem de Vasco da Gama à Índia. No entanto, o poeta, homem lúcido e experiente, demonstra, em diversos momentos, o seu desencanto e o seu pessimismo face a uma pátria em crise, “mergulhada numa austera, apagada e vil tristeza”. Este facto justifica-se se tivermos presente que Os Lusíadas foram publicados 74 anos após a viagem de Vasco da Gama, num momento em que o Império português se encontrava já em decadência e pressagiava um futuro negro.
            As reflexões apresentam uma estrutura semelhante, resultante do facto de surgirem, regra geral, no final dos cantos e após um acontecimento que os motiva. Para além disso, a linguagem é característica de um discurso judicativo (expressão de juízos de valor) e valorativo (expressão de juízos críticos e subjetivos) que se traduz no uso de adjetivação valorativa, frases exclamativas e apelativas, interrogações retóricas, interjeições, construções negativas, anáforas, apóstrofes e enumerações.
            Nas palavras de Zaida Braga e Auxilia Ramos, «Estes momentos constituem não só um reflexo da mentalidade do homem renascentista (pela sagacidade e análise crítica evidenciada), mas também contêm (pela intemporalidade que veiculam) uma intenção didática e interventiva.
            Com efeito, o espírito humanista de Camões não podia subestimar uma meditação sobre os valores, baseada nas suas experiências de vida e nas suas preocupações. É assim que, num texto de natureza épica, somos regularmente confrontados com momentos de reflexão e intervenção que desinstalam o leitor.»
            Resumindo, o poema procura cantar a grandeza do passado de Portugal e dos portugueses, um pequeno povo que “deu novos mundos ao mundo”, que dilatou a fé cristã, que abriu novos rumos ao conhecimento, mas fá-lo estabelecendo um contraste com o presente. De facto, ao cantar os feitos e os heróis do passado, Camões procura mostrar aos portugueses do seu tempo a sua falta de grandeza e, em simultâneo, procura incentivar D. Sebastião a conduzir o reino a um futuro de novas glórias, que se oferece para cantar.

            As reflexões são as seguintes:

. Canto I (105-106) – Reflexão sobre a fragilidade da condição humana:
. Acontecimento motivador da reflexão: a chegada da armada portuguesa a Mombaça, após a superação das armadilhas preparadas por Baco;
. Camões alude aos perigos que os portugueses enfrentarão durante a viagem, provenientes de enganos, ciladas e traições, bem como de guerras e tempestades;
. Reflete sobre a insegurança e a fragilidade da vida / condição humana;
. Note-se que esta reflexão surge no final do canto I, isto é, num momento em que os navegadores ainda têm um longo e difícil caminho a percorrer.

. Canto III (142-143) – Reflexão sobre a importância e o poder do amor:
. Acontecimento motivador: os amores de D. Inês de Castro e D. Pedro e de D. Fernando e D. Leonor Teles;
. Camões reflete sobre o poder do amor, que todos toca e transforma.

. Canto IV (95-104) – Reflexão sobre a ambição e a procura da fama:
. Acontecimento motivador: as despedidas em Belém;
. O poeta reflete sobre a procura insensata da fama e a ambição desmedida, que acarretam consequências dolorosas para o ser humano.

. Canto V (92-100) – Crítica à falta de cultura e de apreço pelos poetas por parte dos portugueses:
. Acontecimento motivador: o fim da narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde;
. Camões mostra como o canto dos heróis e dos seus feitos incita à realização de novos feitos;
. De seguida, dá exemplos do apreço que os antigos heróis gregos e romanos tinham pelos seus poetas e da importância que atribuíam à cultura e à poesia, compatibilizando as armas e o saber;
. Lamenta a falta de interesse pelas artes e pelas letras por parte dos seus contemporâneos;
. Adverte para a necessidade de imortalizar os feitos dos portugueses através da arte;
. Reitera, movido pelo amor à pátria, o seu propósito de continuar a cantar os feitos e os heróis portugueses.

. Canto VI (95-99) – Reflexão sobre o caminho para a fama e a glória:
. Acontecimento motivador: a Tempestade e o agradecimento de Vasco da Gama a Deus pela proteção recebida;
. Camões defende um novo conceito de nobreza, espelho do modelo de virtude renascentista, segundo o qual a fama e a imortalidade, o prestígio e o poder se alcançam pelo esforço individual, pelo sacrifício e pela coragem, revelados na guerra, enfrentando os elementos da natureza, sacrificando o corpo ou sofrendo a perda de companheiros;
. O heroísmo não se herda nem se obtém vivendo no luxo e na ociosidade, ou à custa de favores.

. Canto VII (2-15) – Elogio do espírito de cruzada:
. Acontecimento motivador: a chegada da armada portuguesa a Calecute;
. O poeta elogia o espírito de cruzada dos portugueses, a divulgação da fé cristã por todo o mundo;
. Exorta-os a prosseguirem esse caminho, criticando, em simultâneo, outros povos europeus (“Alemães, soberbo gado”, o “duro inglês”, o “Galo indigno” e os italianos), que não seguem o exemplo luso no combate aos infiéis, antes se interessam apenas pelo ócio e pela cobiça.

. Canto VII (78-87) – Crítica aos contemporâneos:
. Acontecimento motivador: pedido do Catual a Paulo da Gama para que lhe explique o significado das figuras desenhadas nas bandeiras da nau;
. Num discurso marcadamente autobiográfico, alude à sua vida cheia de adversidades (a pobreza, os perigos do mar e da terra, etc.);
. Lamenta-se da ingratidão dos que tem cantado em verso e dos grandes senhores de Portugal por não prezarem as artes, por não reconhecerem o seu talento e por não o saberem prezar e recompensar;
. Alerta para a inibição do surgimento de outros poetas para cantarem os feitos do futuro em consequência da ingratidão;
. Manifesta a sua recusa em cantar os ambiciosos, os que sobrepõem os seus interesses ao bem comum e do Rei, os dissimulados e os que exploram o povo;
. Alude ao herói como aquele que arrisca a vida por Deus e pelo Rei.

. Canto VIII /96-99) – Crítica ao poder do dinheiro:
. Acontecimento motivador: as traições sofridas por Vasco da Gama em Calecute (o seu sequestro, do qual é libertado graças à entrega de valores materiais);
. Camões reflete sobre o poder do dinheiro e enumera os seus efeitos perniciosos: leva à corrupção e à traição, deturpa o conhecimento e as consciências, condiciona as leis e a justiça, ocasiona difamações e a tirania.

. Canto IX (90-95) – Reflexão sobre o caminho para a fama:
. Acontecimento motivador: a explicação a Vasco da Gama, por parte de Tétis, do significado alegórico da Ilha dos Amores;
. O poeta adverte os portugueses relativamente à ambição desmedida e à tirania, vícios que quem quer alcançar o estatuto de herói tem de desprezar;
. Exorta os portugueses a despertar do adormecimento e do ócio, a abandonar a cobiça e a tirania, a serem justos e a lutarem pela Pátria e pelo Rei.

. Canto X (145-146) – Nova crítica do poeta aos seus contemporâneos:
. Acontecimento motivador: a chegada da armada de Vasco da Gama a Portugal;
. O poeta lamenta a decadência da Pátria, submersa no “gosto da cobiça” e que não reconhece o seu talento artístico nem o seu “honesto estudo” nem a sua experiência, daí o seu desalento, o seu desânimo e o seu cansaço e a recusa de prosseguir o seu canto;
. Porém, enaltece os que são leais ao Rei (“os vassalos excelentes”), símbolo coletivo dos portugueses valorosos;
. Exorta o rei D. Sebastião a dar continuidade à glorificação do “peito ilustre lusitano” e a dar matéria a novo canto.
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