Português

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Valor do adjetivo

TEORIA

            Na língua portuguesa, a sequência substantivo + adjetivo é a mais usual no enunciado lógico, daí que o adjetivo posposto tenha um sentido objetivo. Coloca-se sempre posposto o adjetivo que refere uma classificação ou a designação de uma caraterística própria ‑ calças pretas, União Europeia.
            A língua portuguesa admite, também, a possibilidade de muitos adjetivos qualificativos se encontrarem antepostos, isto é, antes da expressão nominal que modificam:
. às vezes, a colocação é puramente opcional, trazendo como consequência uma maior ou menos enfatização da caraterística expressa ‑ um dia lindo / um lindo dia;
. em muitos casos, o adjetivo anteposto tem um sentido mais subjetivo, ou conotativo e, obviamente, o posposto terá um significado mais objetivo, ou denotativo ‑ dia escuro / escuro dia;
. alguns adjetivos adquirem significados diferentes, conforme a sua colocação ‑ velho amigo / amigo velho.

            Sempre à esquerda da expressão nominal colocam-se os adjetivos numerais ordinais (ex.: O Miguel ficou em primeiro lugar.).


Valor restritivo e não restritivo

. Possui valor restritivo, especificador ou predicativo o adjetivo posposto não separado por vírgula da expressão nominal.
- A aluna loura explicou-lhe o exercício. (não foi uma qualquer aluna, foi aquela especificamente).
. Quando separado da expressão nominal por vírgulas, possui sempre valor apositivo, não restritivo.
- A Cátia, simpática, explicou-lhe o exercício.
. Apresenta igualmente valor não restritivo o adjetivo anteposto que refira uma qualidade não intrínseca ao nome.
- Os interessados espetadores apreciaram a peça. (isto é, todos os espetadores estavam interessados) / Os espetadores interessados apreciaram a peça. (os espetadores interessados apreciaram a peça, os desinteressados não).


EXERCÍCIOS

1. Leia o texto seguinte.

            O Bom Inverno

            João Tordo, publicações Dom Quixote

            Sinopse
            Quando o narrador, um escritor prematuramente frustrado e hipocondríaco, viaja até Budapeste para um encontro literário, está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Prevendo uma viagem rápida e sem contratempos, acaba por conhecer Vincenzo Gentile, um escritor italiano, muito jovem e pouco sensato, que o convencer a ir da Hungria até Itália, onde um famoso produtor de cinema tem uma casa no meio de um bosque, escondida de olhares curiosos, onde passa a temporada de verão e à qual chama, enigmaticamente, O Bom Inverno. O produtor, Don Metzger, tem duas obsessões: cinema e balões de ar quente. Entre personagens inusitadas, estranhos acontecimentos, e um corpo que o atraiçoa constantemente, o narrador apercebe-se de que em casa de Metzger as coisas não são bem o que parecem. Depois de uma noite agitada, aquilo que podia parecer uma comédia transforma-se em tragédia: Metzger é encontrado morto no seu próprio lago. Andrés Bosco, o catalão enorme e ameaçador que constrói os balões de ar quente de Metzger, toma nas suas mãos a tarefa de descobrir o culpado e isola os doze convidados na casa do bosque. As personagens, assustadas, frágeis e egoístas, começam a desabar, atraiçoando-se e acusando-se mutuamente, sob a influência do misterioso Bosco, que desaparece no interior do bosque, dando início a um cerco. Um a um, os protagonistas vão ser confrontados com os seus piores medos, num pesadelo que parece só poder terminar quando não sobrar ninguém para contar a história.
imprensa on-line (texto adaptado)

1.1. Sublinhe os adjetivos das três primeiras frases do texto.

1.2. Complete a tabela.

Adjetivos pospostos
Nomes a que se associam
.
.
.
. italiano, muito jovem, pouco sensato
.
.
.
.
.
. escritor
.
.


.
.
Adjetivos antepostos
.
.

2. Alguns dos adjetivos que se encontram em posição pós-nominal não poderiam figurar antes do nome. Identifique-os.

2.1. Apresente a razão que está na base dessa impossibilidade. (consulte a teoria inicial)

2.2. Indique o valor desses adjetivos.

3. Considere, agora, os adjetivos em posição pré-nominal e avalie o efeito expressivo da sua colocação. (consulte novamente a teoria inicial)

4. «Olhares curiosos / curiosos olhares»

4.1. Enuncie a alteração de sentido provocada pela inversão na colocação do adjetivo.

5. «As personagens assustadas começam a desabafar. / As personagens, assustadas, começam a desabafar.»

5.1. Explique por que razão o adjetivo da primeira frase tem uma valor restritivo e o da segunda tem um valor não restritivo.

6. Redija duas frases em que inclua o adjetivo «enigmático», usado na primeira com um valor restritivo e na segunda com um valor não restritivo.

* * * * * * * * * *

Correção

1.1. e 1.2.
Adjetivos pospostos
Nomes a que se associam
. frustrado e hipocondríaco
. literário
. rápida
. italiano, muito jovem, pouco sensato
. curiosos
. quente
. escritor
. encontro
. viagem
. escritor
. olhares
. ar


. produtor de cinema
. inverno
Adjetivos antepostos
. famoso
. bom

2. São os adjetivos «literário», «italiano» e «quente».

2.1. Esses adjetivos referem características próprias e uma classificação.

2.2. Os adjetivos possuem valor restritivo.

3. A anteposição dos adjetivos enfatiza o seu sentido. No segundo caso, é a escolha do adjetivo «bom» que surpreende e chama a atenção, contribuindo a colocação para acentuar essa sensação de estranheza.

4.1. No primeiro caso, o adjetivo tem um sentido denotativo – os olhares são motivados pela curiosidade. No segundo, o sentido altera-se – os olhares são estranhos, invulgares.

5.1. O adjetivo com valor restritivo implica que nos referimos apenas às personagens assustadas; se houver outras não assustadas, elas não “começam a desabafar”. Possuindo valor explicativo, o adjetivo não restringe, logo todas as personagens estavam assustadas.

6.
1) As personagens enigmáticas prendem a atenção do leitor.
2) As personagens, enigmáticas, prendem a atenção do leitor.

Orações coordenadas e subordinadas

1. Delimite as orações que compõem as frases que se seguem e classifique-as.
a) Não só o Benfica perdeu a liga portuguesa, como também desperdiçou a Liga Europa.
b) Mesmo que Cardozo seja penalizado, a mancha permanecerá.
c) Caso haja greve, os exames não serão realizados.
d) A minha primeira namorada bebia demais, mas eu gostava dela.
e) Jorge Jesus perdeu tudo, portanto deve sair.

2. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações seguintes.
a) Na frase “Eu não faço cocó no meio da rua, porque acho feio.”, a oração subordinante é “Eu não faço cocó no meio da rua”.
b) Na frase “Ou desligas a televisão, ou não vais ao cinema.”, existem duas orações coordenadas disjuntivas.
c) Na frase “Enquanto a Inês discursava, o Valente revia mentalmente a sua última atuação.”, “o Valente revia mentalmente a sua última atuação” é uma oração subordinada adverbial temporal.
d) Na frase “O professor suplicou ao Rafa que se calasse.”, “que” é um pronome relativo.
e) Na frase “Como a minha avó morreu cedo, nunca fez tatuagens.”, a primeira oração é subordinada adverbial comparativa.
f) Na frase “O Silva admitiu que fez batota na sueca.”, existe uma oração subordinada adverbial completiva.
g) Na frase “Inseriu a chave na ranhura, rodou-a e deu à ignição.”, existe uma oração coordenada sindética.
h) Na frase “Nem namorei a Kim Basinger, nem conquistei a Kate Beckinsale.”, a expressão “nem… nem” é uma locução conjuntiva subordinativa copulativa.
i) Na frase “A Solange, que é muito simpática, desta vez não nos ajudou.”, existe uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

2.1. Corrija as afirmações falsas.

3. Transforme as frases simples que se seguem em frases complexas, recorrendo às conjunções ou locuções conjuncionais indicadas. Proceda a todas as alterações necessárias.
a) Estudei pouco. Tive negativa. (conjunção coordenativa conclusiva)
b) Estuda muito. Obterás bons resultados. (conjunção subordinativa condicional)
c) A bomba explodiu. As pessoas ficaram em pânico. (conjunção subordinativa temporal)
d) O teste de Português era fácil. Foi realizado sem dificuldade. (conjunção subordinativa consecutiva)
e) O Rafael trabalhou muito a voz. Ele queria cantar cada vez melhor. (locução conjuntiva subordinativa final)
f) O Benfica marcou o primeiro golo. A equipa não conquistou a Taça de Portugal. (locução conjuntiva coordenativa adversativa)
g) O desafio era difícil. Consegui superá-lo. (locução conjuntiva subordinativa concessiva)

4. Faça corresponder cada uma das orações destacadas na coluna A à sua classificação na coluna B.
A

B
a) Mal a aula começou, o alarme disparou.
b) Embora os exames se aproximem, a malta anda descontraída.
c) Se Jesus continuar, deixo de ser sócio do Benfica.
d) O Marco falou e a turma calou.
e) O Silva pediu à égua que não voltasse a derrubá-lo.
e) Já que és casmurro, ponho-te de castigo.

1. Oração coordenada
2. Oração subordinante
3. Oração coordenada copulativa
4. Oração subordinada adverbial concessiva
5. Oração subordinada adverbial concessiva
6) Oração subordinada substantiva completiva
7. Oração subordinada adverbial temporal

5. Delimite e classifique as orações que compõem as frases apresentadas.
a) Assim que a Julie lhe arregalou os olhos, o Zeca amochou ligeiramente.
b) A Daniela Fidalgo dança melhor do que escreve.
c) Quem feio ama bonito lhe parece.
d) Insultaram-no tanto que foram a tribunal.
e) O André perguntou se o Saramago era um conquistador.
f) O professor de Português disse que só tomava banho uma vez por mês.

* * * * * * * * * *

Correção

1.
a)
- «Não só o Benfica perdeu a liga portuguesa» ‑ oração coordenada copulativa.
- «como também esperdiçou a Liga Europa.» ‑ oração coordenada copulativa
b)
- «Mesmo que Cardozo seja penalizado» ‑ oração subordinada adverbial concessiva
- «a mancha permanecerá» ‑ oração subordinante
c)
- «Caso haja greve» ‑ oração subordinada adverbial condicional
- «os exames não serão realizados» ‑ oração subordinante
d)
- «A minha primeira namorada bebia demais» ‑ oração coordenada
- «mas eu gostava dela» ‑ oração coordenada adversativa
e)
- «Jorge Jesus perdeu tudo» ‑ oração coordenada
- «portanto deve sair» ‑ oração coordenada conclusiva

2.
a) V
b) V
c) F
d) F
e) F
f) F
g) V
h) F
i) V

2.1.
c) Na frase “Enquanto a Inês discursava, o Valente revia mentalmente a sua última atuação.”, “o valente revia mentalmente a sua última atuação” é uma oração subordinante.
d) Na frase “O professor suplicou ao Rafa que se calasse.”, “que” é uma conjunção subordinativa completiva.
e) Na frase “Como a minha avó morreu cedo, nunca fez tatuagens.”, a primeira oração é subordinada adverbial causal.
f) Na frase “O Silva admitiu que fez batota na sueca.”, existe uma oração subordinada substantiva completiva.
h) Na frase “Nem namorei a Kim Basinger, nem conquistei a Kate Beckinsale.”, a expressão “nem… nem” é uma locução conjuntiva coordenativa copulativa.

3.
a) Estudei pouco, portanto tive negativa.
b) Se estudares muito, obterás bons resultados.
c) Quando a bomba explodiu, as pessoas ficaram em pânico.
d) O teste de Português era tão fácil que foi realizado sem dificuldade.
e) O Rafael trabalhou muito a voz para que cante cada vez melhor.
f) O Benfica marcou o primeiro golo, no entanto a equipa não conquistou a Taça de Portugal.
g) Ainda que o desafio fosse difícil, consegui superá-lo.

4.
a – 7
b – 4
c – 5
d – 1
e – 6
f ‑ 2

5.
a)
‑ Assim que a Julie arregalou os olhos – oração subordinada adverbial temporal
‑ o Zeca amochou ligeiramente – oração subordinante
b)
‑ A Daniela Fidalgo dança melhor – oração subordinante
‑ do que escreve. – oração subordinada adverbial comparativa
c)
‑ Quem feio ama – oração subordinada substantiva relativa
‑ bonito lhe parece – oração subordinante
d)
‑ Insultaram-no tanto – oração subordinante
‑ que foram a tribunal – oração subordinada adverbial consecutiva
e)
‑ O André perguntou – oração subordinante
‑ se o Saramago era um conquistador – oração subordinada substantiva completiva
f)
‑ O professor de Português disse – oração subordinante
‑ que só tomava banho uma vez por mês. – oração subordinada substantiva completiva

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Atos de fala

Atos de fala

1. Considere as seguintes falas.
a) Beresford – Excelências: não vim aqui para perder tempo com conversas filosóficas. Venho falar-lhes de coisas mais sérias.
b) Principal Sousa – O marechal Beresford sabe de alguma coisa mais séria do que a conservação do reino do Senhor?
c) Beresford – Poupe-me os seus sermões, Reverência.
d) Beresford – Como a vida num país pequeno acaba por atrofiar as almas!...
e) Beresford – Senhores, afirmo-vos em nome dos meus 16 000$00 anuais que farei tudo o que for necessário para os continuar a receber!
f) 2.º Polícia – É andar e depressa, ou vão ver o que lhes acontece!
g) Principal Sousa – Considero fundamental para a salvação das suas almas que os portugueses obedeçam aos princípios da Santa Madre Igreja.

1.1. Indique a intenção comunicativa de cada frase, fazendo corresponder cada uma à intenção comunicativa respetiva. Pode usar mais do que uma opção.

Frase
Intenção comunicativa
a
1. ordenar
b
2. pedir
c
3. prometer
d
4. informar
e
5. exprimir uma emoção
f
6. ameaçar
g
7. perguntar

1.2. Identifique o ato ilocutório predominante em cada uma das frases.

2. Observe os seguintes enunciados.

a. Matilde recorda:
‑ Na esteira do meu homem, percorri, sozinha, metade das estradas da Europa e nunca me senti tão só como hoje.
b. Ainda Matilde:
‑ Quero o meu homem! Quero o meu homem aqui, ao meu lado! Quero acabar os meus dias em paz!
c. Beresford para os delatores:
‑ Comprem quem for preciso, vendam a alma ao diabo, mas tragam-nos os nomes dos chefes…
d. Imaginemos que D. Miguel, com todo o seu poder, conclui categoricamente:
‑ O general Gomes Freire de Andrade é o chefe da rebelião.
e. Imaginemos que Frei Diogo diz ao general Gomes Freire de Andrade antes da excução o seguinte:
‑ Meu filho, eu te absolto de todos os teus pecados.
f. Matilde para Sousa Falcão:
‑ Vou enfrentá-los.
g. Matilde dirigindo-se hipoteticamente a António Sousa Falcão:
‑ Vai comigo falar com D. Miguel?
h. Ainda Matilde, na mesma situação:
‑ Gostaria que me levasses também ao Principal Sousa.

2.1. Identifique os atos ilocutórios diretos e os indiretos.

2.2. Indique os atos ilocutórios realizados através dos enunciados de a. a h.

3. Atente nas frases apresentadas.
a) Já sabe que temos novo ministro da Educação?
b) Com certeza, isso parece-me evidente.
c) Meus amigos, esta é a nossa última aula: a minha missão acaba aqui.
d) Zeca, obrigado por todas as tuas anedotas ao longo destes três anos.
e) Muito prazer em conhecer-vos, não esquecendo aqueles que já cá não estão, como o Márcio, a Rita, a Catarina ou o Emanuel.
f) Podem contar com a minha pessoa, sempre que necessitarem.
g) Ainda bem que realizaram estes exercícios.
h) A partir de hoje, seguirei atentamente a vossa carreira académica.
i) Vejo basquetebol todos os dias.
j) Qual de nós chora primeiro?
k) As vossas doenças – parvoíce, irreverência, amizade, loucura – não são fatais. (suponhamos que eu sou médico.)

3.1. Refira os atos ilocutórios presentes nestas frases.

3.2. Explicite a intencionalidade comunicativa de cada um.

Fonte: Português + ‑ 12

* * * * * * * * * *
Correção

1.1.
a – 4
b – 7
c – 1
d – 5
e – 3
f – 6
g – 4

1.2.
a) Ato ilocutório assertivo.
b) Ato ilocutório diretivo.
c) Ato ilocutório diretivo.
d) Ato ilocutório expressivo.
e) Ato ilocutório compromissivo.
f) Ato ilocutório diretivo.
g) Ato ilocutório declarativo assertivo.

2.1.
a) Ato de fala direto.
b) Idem.
c) Idem.
d) Idem.
e) Idem.
f) Idem.
g) Ato de fala indireto.

2.2.
a) Ato ilocutório assertivo.
b) Ato ilocutório expressivo.
c) Ato ilocutório diretivo.
d) Ato ilocutório declarativo / Declaração.
e) Ato ilocutório declarativo assertivo / Declaração assertiva.
f) Ato ilocutório compromissivo.
g) Ato ilocutório diretivo.
h) Ato ilocutório diretivo ou assertivo.

3.1.
a) Ato ilocutório diretivo.
b) Ato ilocutório assertivo.
c) Ato ilocutório declarativo.
d) Ato ilocutório expressivo.
e) Ato ilocutório expressivo.
f) Ato ilocutório compromissivo.
g) Ato ilocutório expressivo.
h) Ato ilocutório compromissivo.
i) Ato ilocutório assertivo.
j) Ato ilocutório diretivo.
k) Ato ilocutório declarativo / declaração.

3.2.
a) Perguntar.
b) Afirmar.
c) Declarar.
d) Agradecer.
e) Cumprimentar.
f) Prometer.
g) Dar as boas vindas.
h) Prometer.
i) Informar.
j) Perguntar.
k) Declarar.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pastores de Nuvens

Esta imagem que apresenta ser um cartoon, foi desenhada por Biratan Porto. Este é um “cartoonista” brasileiro que intitulou a figura com o nome de “Pastores de Nuvens”. Esta imagem foi exposta em “Água com Humor, V Porto Cartoon World Festival, no museu Nacional da Imprensa/ASA” em 2003.
            Alguns dos elementos que constituem esta imagem são por exemplo as nuvens que têm uma cor escura e estão divididas em grupos, estas parecem estar a ser guardadas, cada grupo por um único homem. Estes homens estão pobremente vestidos, um com calças rasgadas e descalço, outro por uma túnica e sandálias, ambos possuindo a barba por cortar. Outros dos elementos da figura são as bengalas que esses homens seguram, estas são tão compridas que chegam às nuvens. Outras unidades representadas na figura são as gotas de água que surgem das nuvens, as gotículas são escassas contudo cada uma delas tem uma espécie de bidão onde se vão depositar. Uma outra particularidade da figura é o seu terreno, esse é apenas constituído por areia e pedras.
             A intensão do cartoonista é alertar para a falta de água e para o desperdício desta que leva à desertificação de zonas que outrora foram ricas e férteis. Ao pôr os bidões por baixo de cada gota para as recolher ao caírem das nuvens, o pintor, está a tentar sensibilizar as pessoas que utilizam a água para os seus próprios fins a não continuarem com essa conduta. Podemos suportar essa ideia devido aos “pastores”, estes não permitem que a chuva acabe com a desertificação existente no solo, pois não a deixam cair no terreno.
            No poema de Alberto Caeiro, o autor admite que ele próprio é um pastor e que os seus pensamentos, que são provenientes dos seus sentidos, são o seu rebanho e quando escreveu o verso “Sei a verdade e sou feliz”, penso que ele queria transmitir aos leitores que a realidade nem sempre é tão boa como parece, estando assim relacionado com o cartoon, este último passa para o espectador uma realidade não tão boa do mundo.
            Na minha opinião acho que o “cartoonista” possuí uma perspetiva realista, pois está de acordo com o que acontece hoje em dia pois nós, a humanidade, alterámos e continuamos a alterar o ambiente explorando-o ao máximo mudando-o assim para pior, pois ao utilizarmos os seus recursos naturais sem os repor modificamo-lo, neste caso em a falta de água dá lugar a zonas desérticas.


Daniela E

Persistência da memória

                Salvador Domingo Felipe Jacinto Dali i Doménech, 1º Marques de Dali de Púbo, foi um importante pintor catalão surrealista cujo trabalho mais conhecido foi “A persistência da memória”.
                Neste quadro, observamos em primeiro plano, uma espécie de ave no chão, uma oliveira seca, sem folhas e três relógios derretidos a marcar horas diferentes, enquanto que um quarto relógio permanece fechado e sólido, porém a ser devorado por pequenos insetos. Este é caracterizado pela sua cor vermelha, enquanto que os outros três apresentam cores douradas e prateadas. Este plano encontra-se á sombra e os relógios desvanecem-se numa ligeira escuridão. A luz solar está projetada no segundo plano, onde observamos os rochedos mais iluminados, onde predominam os tons amarelos, castanhos e azuis claros.
                As imagens flácidas dos relógios que se dobram mostram a abcessão humana com a passagem do tempo e com a memória, na medida em que, esta não é permanente e apenas  é constituída por algumas partes e representações. Os relógios a dilatarem-se e a ave que está no chão também a dissolver-se, o quarto relógio a ser devorado e a oliveira seca e sem folhas são premonições de morte que podem revelar o inconsciente do pintor, concluindo eventualmente que este tem medo da morte.
                Assim, através da linguagem imaginaria da memória e dos sonhos, Dali distorce a realidade, retira os objetos do seu contexto real tentando libertar-se da racionalidade e ultrapassar os limites da matéria em busca do abstrato e do insólito, tal como, o espaço e o tempo que se deformam e desvanecem, á medida que a mancha escura vai tomando conta do quadro.


Filipa P.

A irónica entrevista

Herman José, humorista da RTP, num dos seus programas representou juntamente com o ator Victor de Sousa, uma entrevista a el-Rei D.JoãoV. Nesta conversa entre o entrevistador (Victor de Sousa) e o Rei (Herman José), estão presentes várias características de D.JoãoV defendidas por José Saramago no “Memorial do convento”.
            Logo na entrada do absolutista estão presentes as seguintes características, a irresponsabilidade e a inconsciência, consequências da pouca idade deste senhor. Sendo estas visíveis no descer das escadas, de uma forma descomposta e desordeira e, quando chega ao pé do apresentador e pede comida, agindo como que se não estivesse sendo entrevistado.
            Ao longo da conversa vão surgindo outras características, tais como, a sua infidelidade e a vida dissoluta que levava. O facto de el-Rei ao observar a rapariga que lhe vai levar o pedaço de bolo, ele toma-lhe a mão e pede-lhe que se sente no seu colo, sendo este uma prova da sua libertinagem.
            Quase no fim da conversa, o apresentador chama à atenção do rei para o facto de este ter gasto, de uma forma desmedida, todo o ouro vindo do Brasil. Salientando assim, o seu gigantismo, o seu lado menos empreendedor e o seu luxo.
            Concluindo, nesta representação caracterizadora do rei, semelhante à forma como José Saramago caracterizou o absolutista no seu romance, de uma forma irónica e de modo a ridiculariza-lo, querendo com isto criticar o rei. Provavelmente o humorista queria relembrar José Saramago, tal e qual como um humorista faz, fazendo rir os espectadores, utilizando a descrição do jovem e irresponsável rei absolutista.

Inês A.

domingo, 26 de maio de 2013

Jorge Jesus... Benfica... e melões


     Quatro anos X 16 milhões € ordenados + carradas de jogadores = 1 liga nacional

     Para isto, é preferível mandar este Jesus embora e trazer o Diogo Morgado.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Arquétipo da época

D. João V (1689-1750), filho de D. Pedro II e D. Maria Sofia, governou Portugal de 1707 a 1750. Casou com D. Maria Ana Josefa da Áustria com quem teve 6 filhos legítimos. A época do seu reinado é marcada por um grande desenvolvimento económico (ouro e pedra preciosas do Brasil) e pela megalomania do próprio rei que se nota na promessa de construção de um convento mais grandioso que o Escorial de Madrid ou o Palácio de Versalhes se a sua esposa lhe desse um herdeiro.
Com a visualização do vídeo, deparamo-nos com algumas características do rei D. João V, também enunciadas por José Saramago na obra Memorial do Convento. Dentro dessas características destacam-se: os prazeres da carne, a sua doença (flatulência), a megalomania, a vaidade, o egocentrismo e o devoto fanático.
D. João V, apesar de casado, não esconde o seu gosto por mulheres, ao ponto de ter varias relações extraconjugais, destacando-se a relação com a Madre Pauda do Convento de Odivelas. Destas relações resultaram inúmeros filhos bastardos. Este traço é evidenciado na entrevista, quando o rei pega no braço da assistente e a senta no seu próprio colo, acariciando-a, e dando-lhe um cartão para um possível futuro encontro. Este era um rei que se dedicava pouco ao reino, pois o seu maior interesse estava centrado nas mulheres.
O monarca é ridicularizado tanto no vídeo como na obra, devido à doença de que sofria, a flatulência. Esta doença admitida por ele mesmo na entrevista deve-se ao seu gosto excessivo por comida, revelado logo no início do vídeo, quando o rei pergunta, antes de mais nada, por comida. Ao longo da conversa o soberano irá sofrer as consequências deste primeiro ato, ao ponto de ficar com o seu aparelho digestivo alterado, sendo isto evidente nos inúmeros flatos ao longo do tempo.
No vídeo é notório o gosto do rei pelo luxo e ostentação, sendo isto visível no seu próprio vestuário (peruca, vestimenta bem trabalhada…), e a na construção de um grandioso, exuberante e luxuosos convento. O propósito desta construção terá sido o cumprimento de uma promessa pessoal, sendo esta a edificação de um convento, se Deus lhe desse um herdeiro, garantindo assim a sucessão do trono. Para esta mesma construção, o rei sacrificou todo um povo por uma questão meramente pessoal, sendo destacado nesta atitude o seu egocentrismo, a sua vaidade e megalomania. O monarca é egocêntrico, até ao ponto de decidir que a sagração do edifício se realizasse na data do seu aniversário, 22 de outubro.
Em conclusão, depreende-se facilmente que o verdadeiro herói da construção do convento e da obra estudada é o povo, um povo miserável, sofrido, sem horizontes nem sonhos, vergado ao destino e a vontade omnipotente do rei. Um rei cujo único objetivo é assumir um papel gerativo de um filho e de um convento. O monarca é ridicularizado por Herman José e Saramago por protagonizar cerimónia de solenidade e por situações que revelam as suas fragilidades que descascaram facetas pouco dignificantes.

M.Y.

Pastores de Nuvens

Pastores de nuvens” é o título do cartoon criado por Biratan Porto e pulicado in Água com humor. O título é escolhido é este, porque podemos ver vários índivíduos expectantes e com cajados a guardar as nuvens e a agrupá-las, tal como se faz com os animais, daí ser esse título.
Assim que observamos o cartoon, salta-nos logo á vista os índivíduos que são representados com um aspeto de idosos, uns mais que outros, e as roupas que têm vestidas estão muito velhas e rasgadas. O índivíduo que se encontra em primeiro plano está a olhar para as nuvens de uma forma expectante. Todos os índivíduos têm cajados na mão para direcionar as nuvens, para que a água da chuva caia dentro dos bidons de que cada um dispõe.
O autor representou o chão com aspeto de um deserto, tudo muito seco e com algumas pedras espalhadas.
As nuvens têm um tom de cinzento muito carregado, que dá a ideia de que está um tempo mau e muito provavelmente vai chover.
A intencionalidade crítica do cartoon é a harmonia entre os homens, uma vez que eles se encontram todos distantes e sem contacto; a falta de água, porque os homens estão a tentar guardar a água das nuvens em bidons e a desertificação, porque o chão não tem nada, só areia e há poucas pessoas.
Assim, o cartoon pode relacionar-se com o poema intitulado “IX” de Alberto Caeiro, porque ambos falam de ser pastores, ou seja, alguém que guarda algo.
Em síntese, o autor crítica o facto de as pessoas não estarem em harmonia umas com as outras e a falta de água, e isso junto causar desertificação, tanto a nível populacional como a nível de plantas e animais.

S.T.

Carlos Abreu Amorim: a estupidez ruminante


     E é isto deputado da nação.
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