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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

'Dogmas do Desastre do Ensino'

Dogmas do Desastre do Ensino
Por GABRIEL MITHÁ RIBEIRO
Terça-feira, 30 de dezembro de 2003

O estado desastroso do nosso ensino básico e secundário só poderá ser invertido na medida em que formos capazes de desmontar o discurso pseudo-científico das pedagogias/ciências de educação. É preciso descodificar na linguagem comum do bom-senso, de preferência de forma simples e objectiva, aqueles que parecem ser os mandamentos que nas últimas décadas nos têm conduzido à escola medíocre que hoje temos. Esses princípios serão referidos como dogmas porque têm sido apresentados como verdades divinamente reveladas mas, na prática, não são mais do que manifestações de um pensamento totalitário que condena à partida outros caminhos. É isso que tem desprezado, oprimido e frustrado os professores, prejudicando alunos e pais, pondo desse modo em causa o nosso projecto de sociedade.

Dogma 1: “O ensino centrado no aluno” – irracional! Este dogma tem sido a nossa caixa de Pandora. Por que não centrar o ensino no conhecimento, a verdadeira razão de ser da escola, como tenho insistido?

Dogma 2: “O professor concebido enquanto animador de auto-aprendizagens dos alunos” – errado! O professor só o é se for um bom transmissor de conhecimentos. Isso é do mais elementar bom-senso.

Dogma 3: “As aulas expositivas são erradas” – falso. Não é assim que, com o tempo, os professores vão ganhando o dom da palavra, por si só sedutor, desenvolvem um saber racional e logicamente estruturado e a sala de aula passará a ser um espaço de silêncio, da imprescindível tranquilidade do saber? Desde que se inventou a escola, quantos milhões e milhões de seres humanos não aprenderam e não aprendem por esse método?

Dogma 4: “As interações humanas são sempre positivas, logo a escola não necessita de regular comportamentos, sendo a autoridade dispensável ou secundária” – falta de senso! Tanto aprendemos, no convívio com os outros, atitudes positivas (respeito, amizade, trabalho, rigor, disciplina, etc.) como negativas (má educação, insolência, preguiça, agressividade, delinquência, etc.), logo a escola deve regular comportamentos referenciados à moral social e que assumam carácter impositivo, em contracorrente com a actual permissividade.

Dogma 5: “É preciso diversificar a avaliação, se possível evitando a classificação quantificada e recusando os exames no básico” – irresponsável! Essa não é a fórmula perfeita para, por um lado, desvalorizar a escrita, a leitura e o cálculo, por outro lado, escamotear a verdade sobre o trabalho efetivo levado a cabo por professores e alunos e, por outro lado ainda, não impede que se corrijam desvios desde o 1.º ciclo do básico?

Dogma 6: “No ensino básico a avaliação tem de ter por referência os níveis de 1 a 5″ – mentiroso! Esse sistema de avaliação/classificação, germinado na conjuntura revolucionária dos anos setenta, tem permitido todo o tipo de manipulações dentro e fora da escola e falseia grosseiramente os resultados escolares dos alunos. Só quem nunca esteve em reuniões de avaliação é que não se apercebe dos “milagres” em catadupa que aí se produzem transformando o 2 (da reprovação) em 3 (do sucesso), sem que nada de sólido o justifique, a não ser o sempre disponível “discurso do coitadinho”. Haveria nas avaliações tanta injustiça, tanto facilitismo, tanta promoção do demérito se as notas fossem de 0 a 20 valores?

Dogma 7: “Os encarregados de educação são elementos decisivos no processo educativo dentro da escola” – demagogia barata! Quanto mais dentro da escola e da sala de aula estiverem os encarregados de educação, mais se enfraquece o corpo docente. Já somos suficientemente crescidos para saber que os bons pais se fazem em casa, educando os filhos e trabalhando com eles os assuntos escolares. A confusão entre a escola e essa coisa vaga que é “a sociedade” tem conduzido à perda da dignidade da escola. Ela tem, como sempre teve, na sua artificial (mas necessária) autonomia – construída em torno da leitura, da escrita, do cálculo e dos “agentes de dentro” – a condição sine qua non do seu sucesso.

Dogma 8: “As sensibilidades e opiniões dos professores são veiculadas pelos sindicatos, cientistas da educação e ministério da educação” – o tapete que esconde o lixo! Algum professor se sente representado por um sistema cujos representantes são o seu cancro? De onde viriam as depressões, as frustrações, os sentimentos de opressão se os que há décadas falam em nome de terceiros estivessem certos e ligados à realidade? Alguma das reformas a que temos assistido conseguiu penetrar na consciência dos professores e na intimidade da sala de aula, onde tudo se decide e onde tudo pode ser pervertido?

Dogma 9: “As escolas são instituições democráticas, às vezes até com ‘democracia a mais’” – no mínimo, perverso! Na maior parte dos casos, sobretudo quando as situações são mais melindrosas, exigindo que se enfrentem, sem rodeios, alunos e pais, quantos professores se sentem verdadeiramente protegidos e dignificados por aqueles que elegeram? Não seria vantajoso impor um limite de mandatos aos órgãos de gestão das escolas de modo a garantir uma mais efectiva participação e representatividade dos professores, impedindo ao mesmo tempo que aqueles que têm mais peso na definição das políticas de cada escola e, por inerência do sistema de ensino, se afastassem e cortassem, muitas vezes em definitivo, com a sala de aula? Não era a forma de travar certos caciquismos dentro das escolas, alguns deles cristalizados há mais de uma década? Em vez de os enfrentar e resolver, eles vão aprendendo a conviver placidamente com os problemas.

Dogma 10: “As dificuldades do ensino e mesmo o mau ensino são espelho da sociedade que temos e, portanto, uma fatalidade” – a desculpa da incapacidade e da incompetência! Essa não é a fórmula-chave que usam os que se querem perpetuar nos seus cargos e universos mentais, mesmo que estejamos a um passo do abismo?

Nota final / Advertência: Não há reforma nenhuma sustentável se os professores não exigirem de si próprios algo. Seria demagógico pensar que tudo mudaria para melhor apenas mudando o que existe, isto é, abandonando a “pedagogice”. É preciso dar outro e decisivo passo: que os professores invistam no conhecimento científico ou académico da área em que se formaram. Esse tem de ser um compromisso não só do professor, mas da pessoa pela vida fora. O que se exige é que ele seja racionalmente direcionado para a Literatura e Língua Portuguesas, para as Línguas Estrangeiras, para a História, Filosofia, Geografia, Matemática, Física, Química, Biologia, Informática, Artes, Educação Física, Educação Musical e outros domínios do saber. O bom professor é o que domina o conhecimento e, no estado atual, além disso é recomendável que deite para o lixo a pedagogia hoje dominante.

Professor do ensino secundário, autor do livro A Pedagogia da Avestruz (Ed. Gradiva)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Mithá Ribeiro: uma entrevista polémica

Professor de História defende o silêncio de volta às escolas. É autoritário e não se importa que os alunos não gostem dele. Basta gostarem das aulas.

     Licenciado em História e especializado em estudos africanos, Gabriel Mithá Ribeiro gosta ainda de entrar em outras áreas como sociologia ou psicanálise para entender melhor o pensamento social.


(c) 

Asteróide em rota de colisão com a Terra


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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Quantificador interrogativo

1. Definição

                O quantificador interrogativo é a palavra que introduz uma frase interrogativa parcial (direta(1)) ou indireta(2)) e que formula uma pergunta quanto ao número ou à quantidade do que é designado pelo nome que precede, com o qual concorda em género e em número.
                A resposta a este tipo de pergunta implica o uso de um quantificador:
(1) Quantos livros requisitaste?
Dois. (quantificador numeral)
(2) Diz-me quanto tempo estudaste para o teste de Filosofia.
Pouco. (quantificador existencial)

                Em determinados contextos, o determinante interrogativo que pode funcionar como quantificador interrogativo, desde que a pergunta implique na resposta um quantificador:
P – Que fiambre compraste?
R – Duzentos gramas.

1.1. Formas

Quantificador interrogativo
Singular
Plural
Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
quanto?
quanta?
quantos?
quantas?

Coina para todos


Quantificador relativo

1. Definição

                O quantificador relativo exprime uma ideia de quantidade total em relação ao nome que o antecede, com o qual concorda em género e número, e que é acompanhado de um quantificador:
Utilizámos tantos copianços quantos quisemos.

                O quantificador relativo pode também ser precedido de tudo:
Fiz tudo quanto me pediste.

                Por outro lado, introduz uma oração subordinada adjetiva relativa, funcionando como conector entre a oração subordinante e a subordinada que introduz:
O José corrigiu o erro tantas vezes quantas as necessárias.

                Frequentemente, o antecedente do quantificador relativo é omitido:
Dá trela a quantos há na freguesia… (Miguel Torga, Contos da Montanha) = Dá trela a tantos rapazes quantos há na freguesia.

1.1. Formas

Quantificador relativo
Singular
Plural
Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
quanto
quanta
quantos
quantas

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