Português

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Education and Training Monitor 2014

     Se há algo de profundamente errado na área da Educação, se há algo efetivamente mau, muito mau mesmo, são os ministérios sucessivos do setor e os políticos que nela / nele intervêm.
     Porquê?
     Porque:
          a) Motiva-os a descredibilização da Educação pública;
          b) Motiva-os a oferta ao privado do maior número possível de escolas
               públicas;
          c) Motiva-os a desorçamentação do setor, visto como uma fonte de
               despesa a evitar a todo o custo e não como um investimento e um
               fator de desenvolvimento das pessoas e, por arrasto, do próprio
               país;
          d) Motiva-os uma ideologia ortodoxa que já (não) provocou noutros
               países.

     E de que meios se socorre esta gente para atingir os seus fins?
          1) Mentira;
          2) Falsidades várias e sucessivas;
          3) Adulteração de dados e números;
          4) Manipulação da «opinião pública».

     Porém, de vez em quando, têm de sair de mansinho pela porta baixa ao levarem na tromba - se quisermos ser polidos, ao serem confrontados) - com dados e números que evidenciam estas manobras miseráveis. Nesses momentos, a catedral escangalha-se e cai como um baralho de cartas.

     A última areiazita na engrenagem, neste caso, do ministro Crato foi o relatório identificado no título desta postagem, que, pasmem senhor ministro, senhores secretários de estado, senhor Passos Coelho e seus acólitos, proclama que os alunos portugueses, embora servidos por professores miseráveis (tão miseráveis que, mesmo possuindo licenciaturas efetivas e devidamente obtidas, mestrados e doutorandos, são obrigados a realizar uma charada para terem acesso à profissão) e por estas públicas ainda piores, obtiveram um desempenho, em 2012, que se situa acima da média da União Europeia em todas as áreas: Leitura, Ciências e Matemática.



Fernando Machado Soares: RIP


Fernando Machado Soares
(1930 - 07/12/2014)

sábado, 13 de dezembro de 2014

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Autorretrato com a musa" (parte 3)

quem amo tem cabelos
castanhos e castanhos
os olhos, o nariz
direito, a boca doce.
em mais ninguém conheço

tal porte do pescoço
nem tão esguias mãos
com aro de safira,
nem tanta luz tão húmida
que sai do seu olhar,

nem riso tão contente,
contido e comovente,
nem tão discretos gestos,
nem corpo tão macio
quem amo tem feições

de uma beleza grave
e música na alma
flutua nas volutas
de um madrigal antigo
em ondas de ternura.

é quando eu sinto a musa
pousando no meu ombro
sua cabeça, assim
me enredo horas a fio
e fico a magicar.

                         Vasco Graça Moura, Poesia 2001-2005

"Autorretrato"

Estado civil casado
nacionalidade portuguesa
triste se alegre e sorridente quando triste
muito mais egoísta se se veste de altruísta
chefe só de família olhar cansado
calva prometedora e tendência obesa
à beira dos quarenta anos de idade
e ajoujado ao peso de vários passados
tímido e trágico e capaz de crueldade
tanta quão tamanho o arrependimento
temendo hoje não tanto já fazer o mal
como fazer algumas ou pior uma só vítima
incoerente e instável ora dado a bons bocados
como logo açoitado pelos ventos dos cuidados
poeta para mais por condição
homem que só pensar sabe afinal fazer
que vive a arte o amor a vida até como destruição
digam vossas mercês como devia ele ser
pois sempre assim seria inútil mesmo renascer

                             Ruy Belo, Todos os Poemas III

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Número de jovens que não querem frequentar a Universidade aumenta

     «A percentagem de estudantes que dizem querer ficar só com o 12.º ano, abdicando da formação superior, está a aumentar. Os resultados do 4.º Barómetro Educação em Portugal 2014, realizado pela EPIS – Empresários pela Inclusão Social, mostram que os jovens estarão a acreditar menos nos estudos académicos e terão “uma percepção errada” sobre quem são as principais “vítimas do desemprego”, as pessoas com menos qualificações, alerta o presidente da associação, Luís Palha da Silva. Mas a falta de dinheiro das famílias também não será alheia à tendência.»

     Ver notícia aqui. »»»

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Na aula (XVIII)

     Aula de 12.º ano sobre Álvaro de Campos. Trabalho de síntese de um texto informativo sobre este heterónimo pessoano. Pergunta saída lá da penumbra:

          «Professor, 'subversivo' escreve-se com S de Cão?»

Na aula (XVII)

     Abnegadamente, o aluno procura exemplificar uma parlapatice qualquer que está a proferir a propósito das noções de «esforço», «trabalho» e «estudo» e sai-se com esta pérola:

          "Por exemplo, estamos a fazer uma maratona de 100 metros..."

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Modificador do nome, complemento do nome e do adjetivo: exercícios

         Assinale a função sintática desempenhada pelos elementos sublinhados nas frases.

a) Não aprecio calças de ganga.
b) Vi o Manuel, primo da minha mãe.
c) O professor de Português está disponível para vos ajudar.
d) O Antunes, meu aluno, chegou da Austrália.
e) O cinema da vila foi encerrado por falta de espetadores.
f) O filho da tua cadela não sobreviveu.
g) Os cineastas defendem o apoio do ministério à atividade cinematográfica.
h) Os hotéis madeirenses estarão cheios na época natalícia.
i) A decisão do tribunal sobre José Sócrates será conhecida hoje.
j) Caros alunos, têm de entregar o trabalho sobre Ricardo Reis.
k) A Terra, um planeta verde e azul, está ameaçado.
l) Estou descontente com a exibição do Benfica.
m) O meu filho mais velho comprou uns ténis.
n) Joaquina, a minha prima, iniciou um novo negócio.
o) A festa de despedida do professor Rua foi muito participada.
p) O arquiteto mostrou-se interessado no projeto.
q) Dizem que este hospital é difícil de gerir.
r) A decisão da direção foi mal aceite pelos alunos.
s) José Sócrates, o réu, será julgado oportunamente.
t) Fumar é um vício prejudicial à saúde.

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Correção

a) Modificador do nome restritivo
b) Modificador do nome apositivo
c) Complemento do adjetivo
d) Modificador do nome apositivo
e) Modificador do nome restritivo
f) Complemento do nome
g) Complementos do nome (2)
h) Complemento do nome
i) Complemento do nome
j) Modificador do nome restritivo
k) Modificador do nome apositivo
l) Complemento do adjetivo
m) Modificador do nome restritivo
n) Modificador do nome apositivo
o) Modificador do nome restritivo
p) Complemento do adjetivo
q) Complemento do adjetivo
r) Complemento do nome
s) Modificador do nome apositivo
t) Complemento do adjetivo


Aulas de apoio e reuniões: componente letiva ou não letiva?

     Esclarecimentos do SPN aqui.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Na aula (XVI): problemas de localização geográfica

     «Em Lisboa há os estádios do Benfica, do Porto e do Sporting.»

     O centralismo da capital já chegou a este extremo?

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A fábula do burro e a Educação


A estória é bem conhecida mas lembro-a rapidamente: o dono de um burro teve que se ausentar e deixou dinheiro a um vizinho para ir comprando comida para o animal enquanto ele estava fora. O vizinho, para poupar dinheiro, foi dando cada vez menos comida ao burro até que ele morreu de fome. O comentário do desajeitado aforrador foi: “Que pena! O animal foi morrer logo agora, quando já estava quase habituado a não comer!”.
O orçamento proposto pelo Governo para 2014 corta – em cima dos cortes anteriores – mais 314 milhões de euros no Ministério da Educação. Os gastos com professores e auxiliares no ensino básico representam um corte de 13% em relação ao orçamento anterior.
Assim, reduzir professores e auxiliares, é uma poupança que nos vai custar muito caro. Cada vez mais as nossas escolas vão estar preparadas para educar alunos que têm ambientes familiares estimulantes e que lhes permitem seguir o currículo sem a necessidade de apoios. Para os outros, aqueles cada vez mais numerosos que não têm em casa, quem lhes dê apoio ou quem lhes possa pagar este apoio, a escola está cada vez mais pobre. Pobre porque não consegue criar ambientes de aprendizagem diferenciados que tenham atenção aos diferentes ritmos e condições de aprendizagem; pobre porque cada vez mais é encorajada a atuar como se os alunos se dividissem em “normais” – aqueles que aprendem da forma como tradicionalmente se ensina e os “especiais” aqueles que dão problemas e que não se tem possibilidades e recursos para ensinar.
E voltamos à fábula do burro. Todos estes cortes têm os seus efeitos: um dia perdemos uma auxiliar, daqui a meses um professor, para o ano mais duas auxiliares, e assim vamos… Tal como o burro vamo-nos desabituando de comer… A questão que é preciso recordar é o final da estória: o burro morreu. Quer dizer que estes cortes na educação vão-nos distanciando de uma escola para todos em cuja construção estivemos empenhados durante muitos anos. Não se trata só de racionalizar os gastos, o problema é que estamos a retomar uma conceção de escola – à semelhança da escola de má memória do “antigamente” – que ensine quem quer, quem está preparado, quem se comporta, quem ao fim e ao cabo se apresenta como um aluno “normal”.
Era muito bom que não nos conformássemos, que não nos habituássemos a esta dieta de recursos que fazem regredir a nossa educação e que leva a que muitos milhares de alunos – que podiam e são os nossos filhos – se sintam estrangeiros numa escola que foi feita para eles.

David Rodrigues
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