Português

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A semestralidade do calendário escolar



O presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, tem vindo a defender a “semestralidade” na organização do calendário escolar, tendo apresentado recentemente, em artigo no JN de 10 de agosto, as vantagens da organização semestral do ano letivo. Segundo ele, a organização semestral é preferível à trimestral porque: i) – dois períodos de duração equivalente motivam mais os alunos para a aprendizagem até ao final do ano; ii) - aumentaria o sucesso escolar uma vez que, no final do primeiro semestre, nenhum aluno estava condenado à retenção, como acontece agora a alguns alunos com negativa no primeiro e no final do segundo período; iii) - diminuiria o trabalho burocrático dos professores que deixariam de ter três reuniões de avaliação anual para passarem a ter duas e, finalmente, apresentou uma vantagem colateral: iv) - diminuir-se-ia a despesa da educação por força da redução do número de retenções (!).
São estas as vantagens que Filinto Lima vê no modelo de organização do ano letivo por semestres. Curiosamente, Filinto Lima só vê vantagens e não consegue vislumbrar nenhuma desvantagem. Nem sequer a desvantagem óbvia de querer aplicar o modelo de avaliação dos alunos do Ensino Superior aos alunos dos Ensinos Básico e Secundário, como se os objetivos da avaliação e a maturidade dos alunos fossem semelhantes.
Vamos por partes.
Desde logo, discordo que se queira associar a motivação e a avaliação dos alunos à duração de cada período letivo. De facto sendo a avaliação sumativa dos alunos uma avaliação contínua, tendo as avaliações do 1.º e 2.º períodos caráter informativo e sendo que, apenas, no final do 3.º período a avaliação se consubstancia em decisão definitiva sobre o percurso escolar do aluno em cada disciplina e no ano letivo, não se percebe de que forma a divisão administrativa do ano letivo em períodos ou semestres pode influenciar a avaliação final dos alunos.
Do ponto de vista da avaliação dos alunos, é absolutamente irrelevante o ano letivo ser dividido em dois, em três, quatro ou mais períodos. Será sempre a última avaliação do ano letivo a ajuizar do percurso do aluno em cada disciplina e no ano de escolaridade frequentado.
Pela mesma ordem de razões, não se alcança qualquer relação entre o número de momentos de avaliação existentes ao longo do ano e a avaliação que os professores fazem dos seus alunos. A avaliação final dos alunos resulta sempre do respetivo trabalho, empenho e desempenho ao longo do ano, independentemente das divisões administrativas ou pausas letivas definidas pelo calendário escolar. Defender que as taxas de sucesso escolar aumentam se diminuirmos os momentos de avaliação (dos três que existem atualmente para dois) leva-nos à conclusão óbvia de que se existisse apenas um momento de avaliação, as taxas de sucesso seriam ainda mais elevadas. Nesta linha de argumentação, estranha-se que não se defenda a eliminação de todos os momentos de avaliação, para que o sucesso seja de 100%.
O argumento de que a organização do ano letivo em dois semestres reduziria o trabalho burocrático dos professores também não colhe. Desde logo, porque a avaliação dos alunos não é um trabalho burocrático, antes pelo contrário, é um trabalho eminentemente pedagógico, da competência exclusiva dos professores. Portanto, libertar os professores das reuniões de avaliação é libertá-los de tarefas pedagógicas e não de tarefas burocráticas.
Quanto à redução da despesa de Educação e dos danos causados aos alunos pela diminuição do número de retenções, também me parece que Filinto Lima atira ao lado do alvo. Se a retenção é uma despesa a evitar e se provoca danos (psicológicos!?) aos alunos então – haja coragem – não se permita reprovar alunos.
Embora Filinto Lima não refira nenhuma, também existem desvantagens que convém identificar. A divisão do ano letivo em semestres exigirá, apenas, uma presença mínima dos pais nas escolas, uma ou duas vezes por ano. Poder-se-á objetar que pais vão à escola sempre que entenderem, tal como hoje, mas com tantas críticas à persistente ausência dos pais das escolas, não posso deixar de notar que a semestralidade terá o efeito negativo de os afastar ainda mais.
Acresce que uma avaliação realizada apenas no final de um semestre de aulas, reduzirá fatalmente a perceção que os alunos, os pais e os próprios professores terão da qualidade das aprendizagens realizadas, dasdificuldades evidenciadas e das medidas que será necessário adotar para as ultrapassar. Será tarde demais para qualquer ação corretiva consequente.

A tenra idade e ainda pouca maturidade dos alunos dos Ensinos Básico e Secundário e o previsível maior afastamento dos pais da escola desaconselham a aplicação de um modelo de avaliação semestral dos alunos, tal como é defendido por Filinto Lima.

(c) José Eduardo Lemos
Público on-line de 29 de agosto de 2017

Asteróide gigante visita hoje a Terra

     Com 4,4 km de diâmetro, o asteroide Florence é maior a aproximar-se da Terra nos últimos 100 anos.



     O asteroide passará a uma distância de 7 milhões de quilómetros do nosso planeta já hoje, sexta-feira. Não obstante a distância ser reduzida em termos de dimensão cósmica, não há qualquer risco de colisão com a Terra.
     Estamos na presença do maior objeto celeste a passar tão perto de nós desde a descoberta do primeiro asteroide nas proximidades do planeta, há mais de um século. Outros asteroides conhecidos já se cruzaram com a Terra a distâncias mais curtas, no entanto eram de menores dimensões.
     O Florence voltará a visitar-nos em outubro de 2024, mas não passará tão perto do nosso planeta nos próximos cinco séculos.

     A cada 2000 anos, sensivelmente, um meteorito do tamanho de um campo de futebol colide com a Terra, devastando a área de impacto e os seus arredores.

     Há cerca de 66 milhões de anos, um meteoro colidiu com o nosso planeta, causando a extinção dos dinossauros, contudo este tipo de fenómeno é extremamente raro. A NASA afirmou que pelo menos um asteroide com as dimensões de um automóvel atinge a atmosfera da Terra por ano, mas normalmente os objetos celestes desintegram-se ao atingirem o solo.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A ignorância geográfica do Sporting Clube de Portugal

     A 'malta' que gere o Twitter do Sporting é profundamente conhecedora e criativa em matéria de geografia. Vejam como conseguem colocar Budapeste na Roménia:


     Saberão os húngaros que, afinal, são romenos?

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Escola investigada após passar alunos chumbados


     Qual é o escândalo? Não é isso que o poder político deseja e "tem vindo a impor sem o fazer"?

     Como está o caso da fuga de informação referente ao exame de Português do 12.º ano?

domingo, 20 de agosto de 2017

RIP: Jerry Lewis

hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

     Foram muitas tardes de férias de Natal e Páscoa na sessões de cinema da antiga RTP2.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Autárquicas 2017: uma campanha com meios do tempo da Padeira


«Um» SMS ou «uma» SMS ?

     SMS é a sigla da expressão inglesa Short Message System.

     De acordo com o Ciberdúvidas, se nos referirmos ao sistema, a sigla é do género masculino: um sistema de pequenas mensagens: o SMS.

     Porém, se nos referirmos à mensagem propriamente dita, o género é feminino: a SMS.

     Assim, quando nos referimos à mensagem, deveremos dizer "enviar / receber uma SMS" e "enviar / receber uma mensagem pelo SMS". O que não será o mais adequado é dizer "enviar / receber um SMS", pois o que se envia ou recebe caso a caso são mensagens e não o sistema que se usa.

Autárquicas 2017: mais maior grande


     Maior ou mais grande?

     O adjetivo "grande" tem duas formas de comparativo de superioridade: a irregular - maior - e a regular / analítica - mais grande.

     Porém, a forma "mais grande" tem um uso restrito. De facto, segundo Celso Cunha e Lindley Cintra, ela é usada exclusivamente "quando se confrontam duas qualidades ou atributos do mesmo adjetivo" ( o mesmo sucede com outros adjetivos: muito mau / pior; muito bom / melhor; muito pequeno / menor):
  • "Esta casa é mais grande do que bonita." (* "Esta casa é maior do que bonita.")
  • "O cão do Pinto da Costa é mais grande do que perigoso." (* "O cão do Pinto da Costa é maior do que perigoso.")
  • "Ele foi mais mau do que desgraçado." (* "Ele foi pior do que desgraçado.")
  • "Aquela tese está mais grande do que boa." (* "Aquela tese está maior do que boa.")
  • "Bruno de Carvalho [não] é mais bom do que inteligente." (* "Bruno de Carvalho é melhor do que inteligente.")

Em todas as outras situações, ou seja, «quando se comparam qualidades de dois seres ou objetos, não se deve dizer "mais bom", "mais mau" nem "mais grande", mas, sim, as formas especiais melhor, pior e maior»:
  • "Esta casa é maior do que a tua."
  • "O cão do Pinto da Costa é maior do que o meu."
  • "Ele foi pior do que o colega."
  • "Aquela tese é maior do que a do Madureira."
  • "Bruno de Carvalho [não] é melhor do que qualquer um de nós."

Bibliografia:
          . Ciberdúvidas;
          . Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra.

Documento Orientador das Aprendizagens Essenciais

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Tom Sawyer - Episódio 25: "Um rapaz obstinado"

SLANT

     Não sabe o que é?

     O António Duarte explica aqui: Michaela: o sucesso da velha escola no século XXI.

Jornalismo da treta


     Este é um excerto de uma notícia do jornal Record on-line. É também mais um exemplo de gente que escreve e desconhece as mais elementares regras da língua portuguesa, neste caso da colocação do pronome pessoal em adjacência verbal.

     Fariam-no?

     Fá-lo-iam, caríssimo "jornalista". 

     Modestamente, passe por aqui para evitar escrever baboseiras.
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