Português

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Autárquicas 2017: os leirienses agradecem, mas poderia ser com vírgula?


     Ó Fernando Costa, quando se faz uso do vocativo, deve isolar-se com uma virguleca. Entendeu, Fernando?

     Dê uma espreitadela aqui: vocativo.

Autárquicas 2017: muito tempo na roliça, falta tempo para ir À escola


     A língua portuguesa é tratada aos pontapés por todo o lado no dia a dia.

     Neste caso, verifica-se um dos erros mais comuns: a acentuação errada de "à". Ora, tratando-se da contração da preposição "a" com o determinante artigo definido "a", a palavra recebe um acento GRAVE e não agudo: à. Aliás, o uso do acento grave, hoje, na língua portuguesa, está limitado aos casos de contrações.

Autárquicas 2017: depois do cherne, o carapau


AutárTicas 2017: eleições paralelas


Autárquicas 2017: bora lá construir o anexo


Autárquicas 2017: a CEDILHA, esse empeÇilho


     As Andreias surgem aqui, neste cartaz, associadas a um erro ao nível do ensino pré-escolar.

     É certo que já não vamos a tempo de impedir aquela primeira cedilha marota, mas pode ser que tenha impacto daqui a quatro anos.


                A cedilha utiliza-se debaixo do c antes das vogais a, o ou u para representar o som [s]:
- caça
- terço
- muçulmano
- açúcar
- Açores
- rebuçado

Diacrítico

                Diacrítico (do grego “diacritikós”, que significa “capaz de distinguir”) é o sinal gráfico que se acrescenta a uma letra para (1) alterar o timbre das vogais, para (2) distinguir a grafia de certas palavras e para (3) assinalar a sílaba tónica.

Autárquicas 2017: continuar...


Protótipos textuais: texto descritivo

2.1. Definição: o texto descritivo é todo o texto ou sequência textual em que se atribuem predicados, qualidades ou características diversos a um referente (humano, não humano, objetos, espaços). Por outro lado, esse assunto ou objeto pode ser descrito de forma genérica / global, ou desdobrado e descrito nas suas partes constituintes.
                Podem ser objeto de descrição pessoas, personagens (os seus traços físicos e psicológicos), espaços (físicos, psicológicos ou sociais), fenómenos atmosféricos, animais e todo o tipo de objetos. As sequências textuais descritivas surgem frequentemente articuladas com sequências textuais de outros tipos. Por exemplo, é frequente surgirem, em textos narrativos, sequências descritivas que permitem caracterizar uma personagem ou um espaço social, por forma a motivar o desenrolar da ação.
                O texto descritivo pode concretizar-se de diferentes formas:
. num texto corrido (uma enciclopédia, por exemplo);
. numa introdução seguida de uma listagem de itens caracterizadores de algo;
. num texto narrativo ou num texto científico.
                Por outro lado, pode assumir a forma de um texto curto (por exemplo, adivinhas, enumerações, tatutologias, definições dos dicionários) ou a forma de sequências (a forma mais recorrente). Neste caso, as descrições surgem intercaladas entre outras sequências (narrativas, argumentativas, expositivas, explicativas, dialogais), em lugares estratégias, para que possam ser melhor registadas pela memória do leitor ou ouvinte.

2.2. Características
- a qualificação é feita através de adjetivos com valor qualificativo e predicativo (“a sala de aula é pequena”) e de verbos que veiculam modalização expressiva (“a sala de aula resplandecia de luz”);
- o uso de recursos expressivos como a comparação, a metáfora, a sinédoque, a hipérbole, etc.;
- a decomposição do referente descrito nas suas partes constitutivas: “A escola de Sesimbra [holónimo] tem quatro salas de aulas [merónimo] e cada sala [holónimo] possui quatro janelas [merónimo].”);
- o uso do verbo “ser” para predicar a totalidade do referente (“A Naomi Watts é linda.”) ou do verbo “ter” para predicar uma parte (“A Naomi Watts tem cabelo louro.”);
- características linguísticas:
. verbos de estado para a descrição estática (“ser”, “estar”, “parecer”, etc.) e verbos de ação para a descrição dinâmica (“correr”, “saltar”, etc.);
. predomínio do pretérito imperfeito, do presente e do futuro do futuro, que traduzem a simultaneidade;
. adjetivos e expressões caracterizadoras e de relacionação;
. conectores e marcadores discursivos (aditivos – “e”, “de seguida”, “também”, etc.; enumerativos – “primeiro”, “depois”, “finalmente”, etc.);
. advérbios e expressões com valor locativo (“aqui”, “na escola”, etc.) e temporal (“há minutos”, etc.);
. vocabulário expressivo e figuras de estilo;
. vocabulário expressivo relativamente ao mundo das sensações.


Bibliografia:
. Domínios, de Zacarias Nascimento et alii;
. Gramática da Língua Portuguesa, de Clara Amorim;
. Itinerário Gramatical, Olívia Figueiredo e Eunice de Figueiredo;
. Nova Gramática Didática de Português, Santillana.

Autárquicas 2017: o candidato do chouriço


Autárquicas 2017: os independentes... tem dias


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Autárquicas 2017: com Valentim é sempre assim


Protótipos textuais: texto narrativo

1.1. Definição: o texto narrativo é um texto ou sequência textual em que se relata um evento, um facto ou acontecimentos ou uma cadeia dos mesmos.

1.2. Géneros (ou tipos de textos narrativos):
- romance
- conto
- lenda
- mito
- banda desenhada
- fábula
- parábola
- (auto)biografia
- notícia
- reportagem
- crónica
- relatório
- relatos históricos
- relatos orais
- etc.

1.3. Traços básicos da narração
                O texto narrativo possui cinco características específicas: uma ação ou ações, localizada(s) no tempo e no espaço, protagonizada(s) por uma pessoa ou personagem, que confere unidade à ação ou atravessa toda a narrativa, e contada por um narrador, que pode ser, ou não, uma das personagens.
                Por outro lado, os eventos representados encadeiam-se de forma lógica e orientam-se para um desenlace, desenvolvendo-se ao longo de três momentos, sobretudo no de texto de índole literária:
. Situação inicial: situação de estabilidade, em que se apresentam as personagens, situadas no tempo e no espaço. Habitualmente, são frequentes as sequências descritivas neste momento inicial.
. Complicação / problema: é o conjunto de eventos que geram um conflito, desequilibrando a situação inicial, e que constituem o núcleo da narração. Frequentemente, há textos narrativos que alternam situações de equilíbrio e desequilíbrio, correspondendo à ocorrência de vários episódios ou capítulos de uma obra.
. Resolução: é a solução do conflito e o regresso a uma situação de equilíbrio.

1.4. Características
. o uso predominante de verbos de ação;
. o predomínio do pretérito perfeito do indicativo (também o imperfeito, o mais-que-perfeito e o futuro marcam presença) ou do presente histórico;
. o uso do pretérito imperfeito para iniciar a narrativa;
. a abundância de marcadores e conectores temporais e espaciais (“quando”, “depois”, “um dia”, etc.);
. o recurso a advérbios de valor locativo e temporal, conjunções, locuções e expressões temporais, especiais e causais;
. o uso de marcadores discursivos explicativos e conclusivos (“assim”, “porque”, “por esse motivo”, etc.);
. marcas linguísticas que indicam o ponto de vista:
- deíticos de primeira pessoa (pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos, formas verbais e advérbios) no relato de enunciação de primeira pessoa;
- referências lexicais e anafóricas no relato de terceira pessoa.


Bibliografia:
. Domínios, de Zacarias Nascimento et alii;
. Gramática da Língua Portuguesa, de Clara Amorim;
. Itinerário Gramatical, Olívia Figueiredo e Eunice de Figueiredo;
. Nova Gramática Didática de Português, Santillana.


Protótipos textuais I - Correção (G 44)

1. 

Excerto textual
Protótipo textual
Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga – e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real […]
narrativo
Sobre literatura preciso de saber várias coisas.
Preciso de saber que a literatura não se reduz aos textos escritos: para além deles, a literatura foi e em certos momentos ainda é oral, ou seja, palavra dita, declamada e cantada, independentemente da fixação escrita.
expositivo
Moço – Co dinheiro que leixais
não comerei eu galinhas…
Escudeiro – Vai-te tu per essas vinhas.
Que diabo queres mais?
conversacional (ou dialogal)
Dose recomendada:
Adultos e crianças com idade superior a 12 anos: tome 1 ou 2 comprimidos, 1 a 3 vezes por dia.
Colocar os comprimidos dispersíveis num copo com água, agitar e beber em seguida.
instrucional (diretivo ou injuntivo)
Por outro lado, a televisão exerce uma influência negativa, ao exibir modelos cujas características são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são ampliadas, os defeitos físicos esbatidos, criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção gera sentimentos de insatisfação e frustração do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro.
argumentativo
Virgem
Plano amoroso: você terá uma semana rica em desafios que o levarão constantemente a aferir possibilidades e a escolher caminhos.
Plano material: haverá evoluções políticas e sociais que poderão ter implicação direta na sua vida.
preditivo
Maria era uma senhora de idade avançada, de cabelos brancos e pele coberta de rugas. Os seus olhos castanhos e cansados perdiam-se no vazio. Vestia uma saia e um casaco azuis da cor do céu primaveril.
descritivo



          . Ficha.

"Amigo Frei João, cuidas que é barro"






5





10
Amigo Frei João, cuidas que é barro
O fumoso tabaco por que berro?
Um nigromante me transforme em perro,
Se há coisa para mim como o cigarro!

Ele me arranca pegajoso escarro,
Que nas fornalhas deste peito encerro;
O frio, as aflições de mim desterro,
Quando lhe lanço mão, quando lhe agarro.

De vício, se é vício, não me corro,
E só tomo rapé, simonte ou esturro,
Quando quero zangar algum cachorro.

Amigo Frei João, não sejas burro;
Dize bem do cigarro; senão, morro;
Traze-me lume já, ou dou-te um murro.

                                               (I, 116)


         Este soneto aborda o vício do tabaco através de uma situação cómica: estando o autor na cela do seu amigo Frei João de Pousafoles, sucedeu apagar-se-lhe um cigarro, pelo que pediu lume, que ele lhe recusou. É por aí que o soneto se inicia: o sujeito poético refere o pormenor de pedir lume ao amigo Frei João, porque o cigarro se lhe tinha apagado. O amigo da cela, porém, nega-lhe o lume, querendo com isso talvez não favorecer o vício.
         Reconhecendo os malefícios do tabaco, como o catarro do fumador (vv. 5-6), o sujeito poético confessa, porém, que não lhe consegue resistir. Daí a formulação do desejo hiperbólico dos versos 3 e 4: que um bruxo ou pessoa dedicada à arte de evocar os mortos para predizer o futuro (“nigromante”) o transforme num cão (“perro”, palavra de origem castelhana, usada frequentemente no sentido pejorativo de “tratante”). O prazer do tabaco não tem paralelo. O gozo insubstituível de fumar, descrito com humorado ênfase (v. 8), permite-lhe esquecer, ainda que momentaneamente, a miséria e o sofrimento (v. 7).
         Seguidamente, faz a distinção entre o tabaco de fumo (cigarro), referido no verso 2, de conhecidas consequências para os pulmões do sujeito poético (v. 6), e o tabaco de cheirar, referido enfática mas depreciativamente no verso 10 (rapé, simonte, esturro). Estes tipos de tabaco moído para degustar através de aspirações nasais distinguem-se pela qualidade, sendo o simonte um tabaco da primeira folha, e o esturro ou esturrinho um tipo de tabaco torrado, ambos usados para cheirar, como o rapé.
         O fecho coloquial do soneto encerra admiravelmente o tom cómico que o perpassa desde o início: “Traze-me lume já, ou dou-te um murro!” (v. 14).
         A nível estilístico, repare-se no trocadilho com as palavras homónimas barro e berro (vv. 1 e 2), ou no uso continuado da vibrante /r/, a estruturar toda a rima alternada do soneto, que nos sugere, foneticamente, o nefasto efeito do catarro típico do homem fumador.


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