Português

sábado, 14 de outubro de 2017

Pastar rebanhos



     Rui Gaudêncio ganhou o Euromilhões.

     O autor da notícia candidata-se ao Nobel da Iliteracia. Convenhamos que confundir pastorear rebanhos com pastá-los vai uma enorme diferença

     Alguém, de facto, andou a pastar, mas foi na escola.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Palavras divergentes e convergentes I (G 46)

                Assinale as alíneas corretas, de modo a identificar pares de palavras divergentes.

1. A partir do étimo frigidu, formaram-se as palavras frígido e
a) frígico.
b) frio.
c) friacho.
d) frieira.

2. A partir do étimo alienare, formaram-se as palavras alienar e
a) aliar.
b) alhear.
c) alhanar.
d) alentar.

3. A partir do étimo área, formaram-se as palavras aérea e
a) areia.
b) areal.
c) eira.
d) arena.

4. A partir do étimo plenu, formaram-se as palavras pleno e
a) cheio.
b) plano.
c) chego.
d) plengo.

5. A partir do étimo lucru, formaram-se as palavras lucro e
a) luxo.
b) logro.
c) lodo.
d) lugre.

6. A partir do étimo palatiu, formaram-se as palavras palácio e
a) pala.
b) palavra.
c) paço.
d) palado.

7. A partir do étimo parábola, formaram-se as palavras parábola e
a) parvo.
b) palavra.
c) parabéns.
d) parável.

8. A partir do étimo atriu, formaram-se as palavras átrio e
a) atroz.
b) adro.
c) aido.
d) ator.


                Atente nos étimos apresentados e indique as palavras divergentes que cada um deles originou, a partir das definições apresentadas.

9. matre
a) ………………………… = freira superiora de um convento
b) ………………………… = mulher que deu à luz um ou mais filhos

10. seniore
a) ………………………… = alguém que é mais velho
b) ………………………… = tratamento de cerimónia dado ao homem

11. cogitare
a) ………………………… = refletir; meditar
b) ………………………… = supor; imaginar; julgar

12. oculu
a) ………………………… = instrumento equipado com lente que auxilia a vista
b) ……………………….. = órgão da visão constituído pelo globo ocular, situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo ótico

13. persicu
a) ………………………… = relativo à Pérsia
b) ………………………… = fruto comestível, sumarento e de pele aveludada

14. fabulare
a) ………………………… = ação de inventar ou criar estórias e factos
b) ………………………… = ter o dom da palavra; exprimir-se

15. flamma
a) ………………………… = ardor; entusiasmo
b) ………………………… = labareda; luz

16. teneru
a) ………………………… = que se pode cortar; partir ou mastigar facilmente; mole
b) ………………………… = meio; afetuoso

17. calidu
a) ………………………… = em que há calor; quente; entusiasmo; entusiasmado
b) ………………………… = alimento líquido que resulta da cozedura de certos alimentos em água

18. insula
a) ………………………… = porção de terra emersa rodeada de água
b) ………………………… = ilha


                Identifique os étimos das palavras convergentes sublinhadas. Em caso de necessidade, consulte um dicionário.

19. a) canto: ………………………… – O canto da sala está sujo.
        b) canto: ……………………….. – Eu canto como um rouxinol.

20. a) rio: …………………………….. – Quando vejo a série “Seinfeld”, rio como um perdido.
        b) rio: …………………………….. – O rio Águeda desagua no Douro.

21. a) roda: ………………………….. – A roda do triciclo partiu-se.
        b) roda: ………………………….. – Roda o painel para ficar direito.

22. a) ama: ……..……………………. – A ama do príncipe sacrificou o seu próprio filho.
        b) ama: …………………………… – A Joaquina ama o Álvaro.

23. a) sela: ……………………………. – A sela do cavalo desatou-se.
        b) sela: ……………………………. – Sela a carta, por favor!

24. a) verso: …….……………………. – Não verso sobre assuntos que desconheço.
        b) verso: …………………………. – As instruções estão no verso da embalagem.

25. a) cunhada: ………………………… – A cunhada do meu irmão é uma excelente pessoa.
        b) cunhada: ……………………….. – A cunhada que atingiu o Péricles na cabeça matou-o.

26. a) caso: ………………………… – Não, não caso contigo. És odiosa!
        b) caso: ……………………….. – O caso da corrupção política vai ficar em águas de bacalhau.

Análise da cantiga "Digades, filha, mha filha velida"

· Assunto: diálogo entre mãe e filha, em que esta se desculpa da demora na fonte culpando os veados, mas a mãe descobre a mentira, pois os veados não vêm às fontes da aldeia.

         De facto, estamos na presença de uma situação em que a mãe pretende saber a razão por que a filha se demorou na fonte quando aí foi buscar água. Questionada, a donzela responde que a sua demora se ficou a dever ao facto de ter encontrado veados que turvaram a água, por isso teve de esperar. No entanto, a mãe, sábia e experiente, conclui que a sua filha mente, pois os veados não revolvem a água das fontes / do rio, e acusa-se de se ter demorado porque esteve com o namorado.


· Tema: a mentira amorosa.


· Estrutura interna

s 1.ª parte (estr. 1-2) - Interpelação da donzela pela mãe:
. razão da demora da donzela.

s 2.ª parte (estr. 3-4) - Resposta simbólica da donzela, para iludir a pergunta:
. os veados revolveram e turvaram a água;
. a donzela teve de esperar que a água ficasse clara.

s 3.ª parte (estr. 5-6) - Desconfiança e acusação de mentira:
. a mentira é detectada por dois motivos:
- o veado, como animal selvagem, não vem às fontes da aldeia;
- como animal ágil, o veado não turva a água.



· Caracterização da donzela

         Esta cantiga retrata uma donzela calculista e manhosa, que se desculpa pela demora na fonte, mentindo.
         a) Ingénua: muitas cantigas mostram o contraste entre donzelas ingénuas que vivem convencidas de que o amigo morre de amores por elas, e a experiência da mãe, que lhe atribui sempre segundas intenções.
         b) Martirizada.
         c) Indiferente.
         d) Vingativa.
         e) Narcisista.
         f) Jovem.
         g) Bela.
         h) Apaixonada.
         i) Pronta a mentir pelo amigo.


· Caracterização da mãe:
- severa;
- experiente;
- esperta / sábia;
- vigilante e atenta;
- protetora;
- controla a vida amorosa da filha;
- funciona como opositora ao romance da filha.


· Função / papel da mãe: ela encarna a figura da mãe protetora que vigia a filha, para a proteger, e dela desconfia, procurando, assim, evitar que tome opções erradas na vida.


· Natureza

         A natureza é um potencial de recantos convidativos ao encontro amoroso. Nas fontes, por exemplo, os namorados refrescavam o seu amor, ouvindo o suave murmúrio das águas que lhes despertavam o sonho de um futuro tranquilo.
         Nesta cantiga, a Natureza é o lugar onde os apaixonados se encontram (local de encontro amoroso). De facto, o cenário campestre, constituído por uma fonte e vegetação (de onde surgiu o cervo), é o local propício ao amor.


· Personagens

         . Donzela, que tardou na fonte.
         . Mãe, que a interroga sobre essa demora.
. A ausência do pai, que se encontra normalmente no fossado com o rei. A mãe é, assim, o único juiz das acções da filha enamorada.



· Recursos estilístico-poéticos

         1. Nível fónico

. Estrofes: cantiga constituída por 6 estrofes heterométricas (um dístico e um refrão monórrimo).
. Rima: - AAR / BBR;
- emparelhada;
- toante ("velida" / "fria") e consoante ("louçana" / "fontana");
pobre ("velida" / "fria") e rica ("fria" / "volviam");
grave ou feminina.
. Métrica: versos decassílabos + refrão pentassílabo.
. Ritmo binário.
. Refrão: era uma espécie de coro que se cantava no fim de cada estrofe. Por vezes, eram mulheres que acompanhavam o jogral cantando e dançando. O facto de estar entre parêntesis pode interpretar-se como aparte dito pela donzela, que se recusa a dizer a verdade à mãe. Enquanto aparte, não é pronunciado em voz alta, antes representa o pensamento da donzela e traduz a verdadeira razão do seu atraso: está apaixonada e esteve com o amigo. Assim, a ausência do parêntesis na última estrofe traduz a revelação da verdade, confirma-a, após a mãe ter clarificado que não se deixou enganar pela mentira da filha. O refrão revela, em suma, o verdadeiro motivo por que a donzela tardou na fonte: "ei amores" = tenho amores / amigo.
         Por outro lado, combinando o refrão com outros elementos, chegamos à conclusão que esta cantiga contém elementos dos três géneros literários:
- género lírico:  - uso do verso;
                         - paralelismo;
                         - ritmo;
                         - predomínio do sentimento;
- género dramático:   - refrão (= aparte);
                                - carácter dialogado;
                                - interrogações;
- género narrativo:    - existência de uma ação, vivida por personagens num tempo e num espaço.
. Aliterações em f, t, m.
. Assonância: alternância i / a (nas palavras rimantes).


         2. Nível morfossintático

. Paralelismo:
- anafórico e semântico: os pares de estrofes apresentam versos com palavras diferentes, mas sentidos semelhantes;
- estrutural: alternância entre a vogal tónica i no primeiro dístico do par e a no segundo dístico.
. Paralelismo imperfeito.
. Sinais de pontuação:
- ponto de exclamação: revela emoção (linguagem / função expressiva);
- no refrão:
. parêntesis: indicação do aparte (espécie de coro interior, desabafo da alma);
. travessão: característica do discurso directo;
. ponto final: informação.
. Vocativos.
. Predomínio do discurso da mãe: a figura da mãe domina a cantiga, quer como interlocutora da donzela, quer como opositora. De facto, é este um mundo que desconhece a autoridade paterna. Nem uma só vez a sombra do pai vem perturbar este universo estritamente feminino, que apenas se excita com as proibições e concessões da mãe, único juiz das acções da filha enamorada. Uma das justificações para a ausência do pai é a sua estada no fossado.
                Por outro lado, a mãe, por vezes propícia aos amores da filha, é-lhes na maioria dos casos hostil, embora de nada sirva contrariar essas inclinações sentimentais.
. Substantivos: filha, o sujeito do amor;
  mãe, a oponente aos amores da filha;
                         
água, a causa (inventada) da demora da donzela, pois foi revolvida e suja pelos cervos;
simboliza também a pureza e inocência da jovem.
. Adjectivos velida, louçana: elementos encarecedores da donzela.
. Verbos no modo imperativo: traduzem a interpelação da donzela pela mãe, que procura conhecer a razão da sua demora.
. Anáfora.
. Sinonímia: amigo / amado;
 rio / alto.


         3. Nível semântico

. Símbolos / metáforas:
Elementos
Nível literal
Nível simbólico
Fontana
local onde a donzela lava a roupa e os cabelos
. local de encontros amorosos
. símbolo da maternidade, da origem da vida, do poder, da felicidade e da própria vida
Cervos
veados
. amigo, namorado
. símbolo da potência viril, da fecundidade e renascimento
. anunciador da luz do dia, símbolo da velocidade, do amor impetuoso
Volviam a água
turvavam a água
. a perturbação da donzela, que encontrou o amigo e se demorou a conversar com ele
Áugua
água
. a causa inventada da demora da jovem
. a pureza e inocência da donzela
. Antítese verdade (procura) / mentira.
. Apóstrofe: "filha, mha filha velida":
- acentua o caráter dialogado da cantiga e
- a presença de dois interlocutores (a mãe e a filha).
. Sinédoque: "Nunca vi cervo que volvess' o alto".


· Classificação

1. Cantiga de amigo.

1.1. Formal: cantiga de refrão;
cantiga dialogada / tenção;
cantiga paralelística imperfeita:
- constituída por 3 pares de dísticos, seguidos de refrão;
- o 2.º dístico repete a ideia do primeiro, alternando apenas a palavra rimante;
- a rima alterna em “i” (nas estrofes ímpares – “velida”, “fria”, “volviam”, “amigo”, “frio”) e “a” (nas estrofes pares – “louçana”, “fontana”, “áugua”, “amado”, “alto”).


sábado, 7 de outubro de 2017

A Universidade de Verão do PSD


     Chega-mos ao twitter? Chega o quê?

     Ou será que os jotinhas laranjas de Albufeira chegaram ao twitter? Chegamos?

     Se houve um primeiro-ministro e PR que não sabia o número de cantos de Os Lusíadas e o país não soçobrou, por que razão nos haveríamos de preocupar com futuros políticos / governantes que não sabem as mais básicas regras ortográficas?

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Processos fonológicos II - Correção (G 45)

Exemplos

Processos fonológicos
1. Pede > pee > pé
2. Feria > feira
3. Multu > muito
4. Locusta > lagosta
5. Ante > antes
6. Hodie > hoje
7. Regnu > reino
8. Sic > si > sim
9. Apicula > apicla > abelha

10. Corona > corõa > coroa
11. Soles > soes > sóis
12. Populu > pobo > povo
13. Apoteca > bodega
14. Inter > entre
15. Ego > eu
16. Amicu > amigo
17. Eno > no
18. Consiliu > conselho
19. Salit > sae > sai
20. Pensu > peso
21. Per + lo > pelo > pelo
22. Clamare > chamar
23. Fenestra > feestra > fresta
24. Stare > estar
25. Dolore > door > dor

Síncope do /d/, crase das vogais /e/
Metátese do /i/
Vocalização do /l/; assimilação da nasalidade pelo ditongo
Sonorização do /c/ em /g/; dissimilação do /o/ em /a/
Paragoge do /S/
Palatalização da sequência /di/ em /j/
Vocalização do /g/
Apócope do /c/; nasalização do /i/
Síncope do /u/; sonorização de /p/ para /b/; palatalização da sequência /cl/ em /lh/
Síncope do /n/ e nasalização do /o/; desnasalização do /o/
Síncope do /l/ e sinérese da sequência /oe/ em /oi/
Síncope do /l/; crase de /oo/; sonorização de /b/ em /v/
Aférese do /a/; sonorização de /p/ em /b/ e de /c/ em /g/
Redução vocálica de /i/ para /e/; metátese de /r/
Síncope do /g/
Sonorização do /c/ em /g/
Aférese do /e/
Palatização da sequência /li/ em /lh/
Síncope do /l/; apócope do /t/; sinérese de /ae/ em /ai/
Desnasalização
Assimilação do /r/ pelo /l/
Apócope do /e/; palatalização do grupo /cl/ em /ch/
Síncope do /n/; crase das vogais: metátese do /r/
Prótese do /e/; apócope do /e/
Síncope do /l/; apócope do /e/; crase das vogais /oo/


          . Ficha.
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