Português

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

O abizo


"Salada de fruta" ou "salada de frutas"?

     Como se deve dizer: "salada de fruta" ou "salada de frutas"? A fruta deverá ser colocada no singular ou no plural? Ou ambas serão aceitáveis?

     A forma correta é salada de fruta, portanto no singular.

     De facto, a palavra «fruta» é um nome coletivo, ou seja, designa, no singular, um conjunto de frutos.

     Por esse motivo, devemos dizer "salada de fruta"-

domingo, 13 de janeiro de 2019

Conceção da História e método historiográfico de Fernão Lopes


. Fernão Lopes, na sua obra, apresenta uma conceção original de História, tanto em relação à tradição historiográfica como aos autores contemporâneos.
. Antes dele, todos os textos que se reportassem a acontecimentos do passado, independentemente de serem lendas, contos tradicionais, romances de cavalaria e narrativas de crónicas e de livros de linhagens, eram aceites como relatos históricos sem que a sua veracidade fosse averiguada.
. A experiência profissional de Fernão Lopes como notário e arquivista não só lhe incutiu a consciência da necessidade de fundar a verdade histórica num documento escrito, como também lhe proporcionou o acesso a documentos escritos e a testemunhos orais, que, caso contrário, lhe estariam vedados.
. No prólogo da Crónica de D. João I, o cronista expõe o seu ponto de vista sobre o trabalho do historiador, descrevendo o método utilizado para tentar manter a imparcialidade:
1. Recolher informação de numerosos testemunhos escritos, de modo a assegurar o rigor dos factos históricos avançados;
2. Apesar de seguir a historiografia anterior no processo de elaboração do texto, procedendo ao corte e montagem de textos de outros autores, sujeito as fontes a uma análise criteriosa, procurando verificar qual seria a mais verosímil ou a mais adequada à lógica interna dos factos; verificou também a verdade desses testemunhos escritos através do seu confronto com documentos oficiais.

Adaptado de Entre nós e as palavras 10, Editorial Santillana.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Zona concessionada de iletrados


"Adesão" ou "aderência"?


     Este é mais um daqueles casos de frequente confusão (e consequente uso errado) entre duas palavras e seu(s) significado(s), tidas por vezes como sinónimas(os), já que ambas exprimem a ideia de ligação, só que em contextos diferentes. Foi o que sucedeu a quem digitou o texto acima reproduzido.
     O nome adesão provém da forma latina "adhaesione" e significa "concordância", "aprovação", "apoio a uma causa", "união", "acordo", "manifestação de solidariedade", podendo ser utilizada em expressões deste género: adesão a um tratado, adesão a uma ideia, adesão a um partido político, adesão a uma moda, adesão a um desporto, adesão a um modo de vida, adesão a um princípio, etc.
     Normalmente, este termo é utilizado em relação a pessoas: A adesão dos sócios à campanha foi extraordinária.

     O vocábulo aderência provém da forma latina "adhaerentia" e designa "a qualidade do que é aderente", a "ligação de superfícies" ou a "ligação de uma substância a outra".
     O termo é usado em expressões do género "a aderência dos pneus", "a aderência do pó aos móveis", "a aderência da sujidade à pele": A polícia desconfia da aderência dos pneus ao pavimento.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

O leixa-pren da cantiga de amigo

  
▪ O leixa-pren aproxima-se das desgarradas populares (ou cantigas ao desafio) e consiste em começar cada estrofe repetindo o último verso de uma estrofe anterior.
 
▪ O 1.º verso do terceiro dístico retoma o 2.º verso do primeiro dístico = o 2.º verso da 1.ª estrofe é o 1.º verso da 3.ª estrofe – acrescentando um verso novo.
 
▪ O 2.º verso do quarto dístico retoma o 2.º verso do segundo dístico e repete, com variação, o 2.º verso do terceiro dístico = o 2.º verso da 2.ª estrofe é o 1.º verso da 4.ª; e assim sucessivamente.
 
▪ A progressão do pensamento verifica-se apenas no 2.º verso das estrofes ímpares.
 
            Através do paralelismo perfeito, é possível construir uma composição de 6 estrofes e 18 versos em que apenas há 5 versos semanticamente diferentes, incluindo o refrão.
 

Mutivos pessoais


Professor, o multifunções



sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Origem da letra A

     A vogal A, a primeira e a mais usada letra do nosso alfabeto, provém do grego alfa.
     Até chegar ao latim, é provável que tenha passado pelo etrusco, mas é inquestionável que o herdámos dos helénicos.
     No entanto, a origem da sua configuração, do seu desenho, reside nos Fenícios. De facto, o nosso A era uma letra fenícia, o aleph, que significava touro:
     Se virarmos o desenho da letra ao contrário, obteremos isto:
Imaginando que as duas pernas do A são dois chifres, é relativamente fácil «ver» ali um touro. Mais: o "aleph" sugere, quase na perfeição, um touro virado para a esquerda:
     E onde terão ido os Fenícios buscar este desenho? Muito provavelmente aos hieróglifos egípcios.

    Este touro em Lascaux não é escrita, pois esta surgiu apenas quando começámos a associar o desenho ao som e não ao próprio objeto representado por ele.


     É esse o princípio de qualquer sistema de escrita: se o desenho de um touro representava um touro, a certa altura começou a representar a palavra «touro» e, com mais um salto, o som da palavra - tanto que, se os mesmos sons quisessem dizer também outra coisa qualquer, podíamos usar o mesmo desenho.
     Durante milénios, a larguíssima maioria da população não fazia ideia de que letra esta esta, mas o som está nos lábios de todos.
     Mas, já agora, qual era o som do aleph fenício? Já era o nosso A? O som original seria o de uma oclusiva glotal, um som que não existe em português (uma paragem do som na garganta, que ouvimos no árabe, por exemplo).
     O alfabeto fenício não tinha um símbolo próprio para o A. Os gregos, com uma língua cheia de vogais, precisavam de um símbolo para esse som. Foram então buscar o aleph fenício, que deixou de ser uma consoante e passou a representar a vogal que hoje conhecemos.
     Na nossa cabeça, a ligação entre som e os rabiscos que usamos para o representar é tão forte que é difícil dizer A sem pensar num A. Para nós, a associação entre o som e o grafema / a letra é natural.
     No entanto, o som podia ser representado por outro símbolo qualquer, como aliás acontece em línguas como o georgiano, arménio, japonês... Não há nada na natureza do som A que o ligue a este desenho de dois chifres virados ao contrário.
     O som A é apenas uma vibração particular do ar criada pelas cordas vocais, pela língua e pelos lábios. Depois, há milénios, na Grécia Antiga, começámos a usar o desenho de um touro para representar este som.

O artigo original, da autoria de Marco Neves, pode ser encontrado aqui [ncultura].

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Fonema e grafema

                O fonema é a unidade mínima de som de uma língua que, ao comutar com outras unidades no mesmo contexto, permite distinguir palavras.
                Ao pronunciarmos, por exemplo, as palavras “bem” e “vem”, para as distinguirmos, não podemos trocar o b pelo v, caso contrário provocamos a não distinção dos significados.
                Se tomarmos o elemento –io, a comutação dos fonemas t, f, p permite que produzamos três palavras diferentes: tio, fio, pio.
                Podemos, assim, concluir que a comutação de um destes elementos fónicos mínimos existentes numa palavra pode ser suficiente para originar uma outra com significado próprio.
                A representação gráfica dos fonemas é feita por grafemas ou letras. Geralmente, a cada fonema corresponde uma letra, todavia nem sempre há uma relação direta entre fonema e grafema, podendo haver diferentes situações:
1.ª) o mesmo fonema pode ser representado por grafemas (letras) diferentes: chave – xaile;
2.ª) um fonema pode ser representado por duas letras: [∫] → ch → chave;
3.ª) uma letra pode representar mais do que um fonema: s → casa → saco.


domingo, 30 de dezembro de 2018

Translineação

                Quando escrevemos, por vezes temos de dividir uma palavra com duas ou mais sílabas através de hífen, ficando parte dela na linha superior e a parte restante na linha inferior / seguinte.

1. Regra geral

                Regra geral, a divisão da palavra faz-se por silabação, ou seja, separando as sílabas, respeitando a sua soletração: bas-que-te-bol. Existem, no entanto, alguns casos especiais.

2. Regras específicas

2.1. Não são divisíveis:

a) As vogais que formam ditongo:
. o-ra-ção
. cons-ti-tui
. de-bai-xo
. pon-tei-ro
. a-nui-da-de
. oi-ro
. lei-tão
. lei-te

b) As vogais ou ditongos que ocorrem depois dos grupos qu ou gu:
. á-gua
. pe-quei
. quan-do
. a-gua-re-la
. quin-ta

c) Os dígrafos ch, nh e lh:
. ca-cho
. o-ve-lha
. ni-cho
. ca-ri-nho
. ra-ma-lhe-te
. mo-cho
. le-nha
. Gui-lher-me

d) Duas consoantes diferentes que ocorram em início de sílaba (c, g, d, t, p, b, f, v + l ou r):
.abs-tra-ir
. le-tra
. re-pli-car
. re-gra
. lem-bran-ça
. ma-dru-ga-da
Se não há estes grupos, a divisão faz-se antes da última consoante: abs-tem-ção.

e) Os grupos consonânticos pn, ps e mn:
. pneu-má-ti-co
. psi-có-lo-go
. a-mné-sai
. bí-ceps (NOTA: não há sílaba sem vogal)

f) A sequência de vogais átonas em sílaba final –ia, –ie, –io, –ao, –ua, –eu, –uo:
. fan-ta-sai
. sé-rie
. ro-do-pio
. Lis-boa
. fa-lua
. té-nue
. vá-cuo

g) O s final de prefixos como bis-, cis-, dis-, des-, trans-, trans-, quando a sílaba inicial da forma de base começa por consoante:
. bis-ne-to
. cis-jor-dâ-nia
. des-con-ten-te
. dis-fó-ri-co
. tras-la-da-ção
. trans-la-da-ção
Pode separar-se, porém, o s final dos mesmos prefixos quando a forma de base começa por vogal:
. bi-sa-vô
. ci-sal-pi-no
. de-sa-li-nho

2.2. São divisíveis:

a) As vogais ou grupos de vogais, que ocorre em sílabas diferentes:
. co-or-de-na-ção
. sa-ú-de
. mi-ú-do
. en-sai-os
. cai-ais
. cons-tru-i-a (dois hiatos contíguos)

b) Duas consoantes iguais (consoantes dobradas) (1) e os grupos sc, , xc (2):
(1) as-so-ar
ar-ras-tar
co-mum-men-te
con-nos-co
(2) nas-cer
sec-ção
ex-ce-to

c) Duas consoantes diferentes que pertencem a sílabas diferentes:
. fac-to
. ob-ter
. pac-to
. pal-ma
. ab-so-lu-to

. Se um hífen coincide com o fim da linha, deve repetir-se no início da linha seguinte:
- guarda-/-roupa
- grão-/-de-bico ou grão-de-/-bico
. Deve evitar-se deixar uma só vogal na partição da palavra, isto é, em final e em início de linha.


Hong Gong


Emprego da LETRA MAIÚSCULA


Escrevem-se com letra maiúscula:

1. A primeira palavra de uma frase e, frequentemente, de um verso.

2. Os nomes próprios:

a) Antropónimos (nomes de pessoas), reais ou fictícios, e alcunhas: João, Luís, D. Quixote, Popeye.

b) Topónimos (nome de lugares – países, cidades, rios, montanhas, regiões, continentes…): Portugal, Sesimbra, Vouga, Serra da Estrela, Alentejo, Europa.

c) Etnónimos (nomes de povos e grupos regionais): Africano, Alentejano (vide Ciberdúvidas).

d) Nomes de entidades sagradas: Deus, a Virgem, Nossa Senhora, Alá.

e) Pronomes pessoais referentes a Deus e a Nossa Senhora: A Deus, amem-Lo.

f) Nomes de astros e divindades pagãs / da mitologia: Sol, Lua, Júpiter, Vénus, Zeus, Afrodite.

g) Nomes de épocas históricas e festividades públicas e tradicionais: Natal, Páscoa, Iluminismo, Renascimento, Ramadão.

h) Nomes de instituições, de empresas e de marcas: Ministério da Educação, Caixa Geral de Depósitos, Museu do Fado, Renault.

i) Nomes que referem valores e conceitos relevantes: Justiça, Liberdade, Estado, Pátria.

j) Títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo.

k) Pontos cardeais ou colaterais, quando empregados de modo absoluto / designam regiões, e nas suas abreviaturas:
. No Norte (= norte de Portugal), chove muito.
. O Nordeste (= nordeste do Brasil) é muito pobre.
. Meio-Dia (pelo sul da França ou de outros países).
. O Ocidente (= o ocidente europeu) está em crise.
. Jorge Jesus treina no Oriente (= o oriente asiático).
. N (Norte), S (Sul), E (Este), O (Oeste), NE (Nordeste).

l) Nomes de animais: Trovão, Bolinhas, Farrusco.

3. As siglas e os acrónimos, símbolos e abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas: SLB, PSP, UNESCO, NATO, H2O.

4. É opcional o uso de maiúsculas ou minúsculas, em início de palavra, nos seguintes casos:

a) Nomes de vias públicas ou lugares públicos (templos e edifícios), excetuando os nomes próprios neles incluídos: Igreja da Lapa ou igreja da Lapa, Largo de Camões ou largo de Camões, Igreja do Bonfim ou igreja do Bonfim, Palácio da Cultura ou palácio da Cultura).

b) Nomes de cursos e disciplinas escolares ou domínios do saber: Português ou português, Medicina ou medicina.

c) Títulos de livros ou obras equiparadas (o primeiro elemento deve ser sempre escrito com maiúscula inicial, bem como os nomes próprios que neles ocorram): A Ilustre Casa de Ramires ou A ilustre casa de Ramires.

d) Formas de tratamento: Exmo. Sr. ou exmo. sr., Vossa Santidade ou vossa santidade, Senhor Professor ou senhor professor.

e) Palavras usadas referencialmente, aulicamente ou hierarquicamente: Presidente Marcelo ou presidente Marcelo.

f) Nomes de santos (hagiónimos): Santa Maria Adelaide ou santa Maria Adelaide.

5. Com o Acordo Ortográfico, passaram a escrever-se com letra minúscula:
a) os nomes dos meses do ano: janeiro, setembro, maio;
b) as estações do ano: primavera, verão, outono, inverno;
c) os pontos cardeais e colaterais: norte, sul, este, oeste, noroeste…


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