Português

sábado, 7 de dezembro de 2019

Seinfeld: Temporada 07 - Episódio 01

A estranha queda do ensino privado no PISA 2018

Um dos dados mais surpreendentes do recente relatório PISA consiste na quebra, muito significativa, dos resultados do ensino privado em Portugal entre 2015 e 2018. Em média, os alunos do privado descem de 541 para 493 (-48 pontos), aproximando-se assim do valor registado em 2018 pelo ensino público (492), que por sua vez diminui apenas 2 pontos face a 2015. A queda do ensino privado verifica-se, além disso, em todas as dimensões de competências avaliadas: -42 pontos na leitura; -46 a matemática e -55 em literacia científica (quando no ensino público as variações são, respetivamente, de -3, +4 e -6 pontos). Em suma, os alunos do ensino privado revelam, entre 2015 e 2018, uma descida muito acentuada do nível de competências adquiridas nos domínios considerados.


A estranheza que esta evolução suscita é dupla: não só entre 2000 e 2015 o ensino privado sempre assumiu valores bastante acima dos registados no ensino público (ao contrário do que sucede em 2018), como o nível de competências dos seus alunos chegou a estar acima da média do privado na OCDE (entre 2009 e 2015), para se situar agora bem abaixo do valor obtido a essa escala. Ao contrário, de facto, do que sucede com o ensino público português, que não só tem vindo a melhorar consistentemente no PISA desde 2000, como supera a média da OCDE desde 2015.

A alteração relativa do perfil socioeconómico dos alunos do privado, entre 2015 e 2018, é uma das possíveis hipóteses explicativas desta evolução recente. E, de facto, alguns indicadores sugerem uma mudança nesse sentido, mantendo-se contudo a vantagem comparativa do perfil desses alunos face aos que frequentam a escola pública (que obtém, desse ponto de vista, resultados no PISA comparativamente melhores que os alunos do privado, em 2018).


Uma outra hipótese explicativa consiste em admitir que se tenham intensificado, em muitas escolas privadas, as lógicas de «preparação intensiva para os exames», em linha com a sobrevalorização desta modalidade de avaliação durante o consulado de Nuno Crato. Ou seja, de lógicas que em certa medida favorecem a obtenção de bons resultados nos exames (como os rankings sugerem, apesar das diferenças de perfil socioeconómico), mas que comportam o risco de uma menor preparação dos alunos quando se trata de avaliar competências (que é o que o PISA faz). Contudo, tal como a anterior, também esta hipótese parece ser curta para explicar a dimensão do descalabro. Uma coisa é todavia certa: a tese, há muito em voga, da suposta supremacia do ensino privado face à escola pública parece ter sofrido, com o PISA de 2018, um novo e forte abalo.


     Este post foi retirado do blogue Ladrões de Bicicletas.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A indisciplina prejudica a aprendizagem e os resultados escolares

É uma das leituras que se pode fazer do PISA 2018: os professores portugueses perdem demasiado tempo a pôr ordem na sala de aula, a advertir alunos mal comportados, a interromper as aulas para resolver problemas disciplinares. Sem surpresa, nota-se que quando professores e alunos trabalham em contextos mais propícios à aprendizagem os resultados escolares são substancialmente melhores.
Mais de metade dos alunos portugueses (53,5%) assumem não ouvir o que os professores lhes dizem em algumas aulas e cerca de um quinto em muitas aulas.
Outra ideia que foge ao consenso politicamente dominante e que a notícia do JN destaca: apesar de o contexto sócio-económico condicionar o sucesso dos alunos e ser, estatisticamente, um forte preditor do insucesso escolar, a verdade é que não é absolutamente determinante. Os alunos oriundos de meios desfavorecidos não estão condenados ao fracasso escolar, como o demonstram aqueles que, estando nesta condição, atingiram resultados de topo nos testes da OCDE.
Para estes alunos, o caminho não é o do facilitismo que, retirando obstáculos e aplanando o caminho, rouba oportunidades. Tem de ser o de um ensino exigente e estimulante que possa levar estes alunos até onde o seu esforço e as suas capacidades lhes permitirem chegar.

FONTE: Escola Portuguesa; Autoria: António Duarte.

As Misteriosas Cidades de Ouro - Episódio 14: "O Medalhão de Esteban"

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Resultados do PISA na imprensa: tudo e o seu contrário

     Curiosamente, parece que os resultados desceram em especial onde não havia provas…

PISA 2018: Desempenho dos alunos cai a ciências e mantém-se a matemática e leitura

Alunos portugueses pioram a leitura e a ciências, mas mantêm-se acima da média da OCDE

Alunos portugueses são os únicos da OCDE a melhorar o desempenho na última década

Apenas sete dos 79 sistemas educativos analisados no PISA tiveram melhorias significativas durante toda a sua participação no estudo internacional. Portugal é o único país da OCDE a registar uma trajetória de evolução positiva.

     Confusos?
     Não fiquem… todos vão reclamar o sucesso como seu e apontar os dedos aos outros por coisas como:

Avaliação da OCDE: estudantes pobres estão mais longe dos ricos

Mais de um quarto dos alunos portugueses falta à escola


     Sim, roubei este post, de forma descarada, ao Paulo Guinote [O Meu Quintal].

sábado, 30 de novembro de 2019

Análise da Cena IV do Ato I de Frei Luís de Sousa

Caracterização das personagens (a partir das cenas III e IV)

a. Maria:
. sebastianista fervorosa e nacionalista, crê que D. Sebastião está vivo e vai regressar;
. é uma espécie de porta-voz da sabedoria popular: “Voz do povo, voz de Deus”;
. lê muito (novelas de cavalaria e romances populares);
. manifesta interesse por temas impróprios para a sua idade: romances populares sobre D. Sebastião e a batalha de Alcácer Quibir;
. sofre ao observar o sofrimento da mãe, que não compreende;
. é bondosa, carinhosa e terna com a mãe;
. muito precoce, possui uma imaginação e curiosidade pouco próprias da sua idade: “Maria, que tu hás de estar sempre a imaginar nessas coisas que são tão pouco para a tua idade”;
. pensa muito (“passo noites inteiras em claro a lidar nisto”; “a pensar em tudo”): Maria passa as noites em claro, a rever as suas atitudes e as dos pais, para tentar descobrir as razões da sua preocupação, por considerar que há algo que não lhe é revelado;
. tem sonhos estranhos, em cuja interpretação revela poderes de profecia: lê nos olhos e nas estrelas;
. é muito intuitiva;
. é alegre, mas sente-se subitamente invadida por grande tristeza (“uma tristeza muito grande que eu tenho”): essa tristeza está relacionada com a constante preocupação dos pais com ela; o seu poder intuitivo e de observação permitem-lhe perceber a preocupação dos pais com a sua saúde e crenças; quando pergunta à mãe por que razão o pai não tinha permanecido na Ordem de Malta e deixara o hábito, parece expressar o desejo de que o pai nunca o tivesse feito, o que corresponderia à sua inexistência; ela compreende que há algo que lhe escondem;
. é visionária e muito sensível: “não quero sonhar, que me faz ver coisas lindas às vezes, mas tão extraordinárias e confusas…”;
. possui um conhecimento íntimo de si própria que escapa aos familiares: “O que eu sou… só eu o sei, minha mãe… E não sei, não: não sei nada, senão que o que devia ser não sou…”;
. é corajosa, de personalidade forte, destemida e idealista, dotado de caráter varonil, revelado no desejo de ter um irmão e de resistência aos governadores: “um galhardo e valente mancebo capaz de comandar os terços de meu pai”; “Tomara eu ver seja o que for que se pareça com uma batalha!”;
. insurge-se contra as injustiças sociais: “Coitado do povo!”; “… onde a miséria fosse mais e o perigo maior, para atender com remédios e amparo aos necessitados (cena V);
. Frei Jorge chama-lhe Teodora, nome que significa sábia (cena V);
. é idealista e patriota, manifestando toda a sua vontade de resistir aos governadores: “Fechamos-lhes as portas. Metemos a nossa gente dentro e defendemo-nos.” (cena VI);
. fica entusiasmada com a notícia trazida pelo pai, dando largas à sua imaginação, ao seu idealismo e ao seu patriotismo;
. sofre de tuberculose, a doença dos românticos – sintomas:
- a febre
- as mãos a queimar
- as rosetas nas facetas
- a audição a grandes distâncias (cena VI)
modelo da heroína romântica:
. ideais de liberdade
. exaltação de valores de feição popular
. crença na independência nacional
. atração pelo mistério
. intuição
. doença da época (tuberculose)
. linguagem:

NOTAS:
1.ª) A doença de Maria favorece ao longo da obra a sua extraordinária fantasia e a morte no final.
2.ª) Maria tem duas atitudes contrastantes: uma de crítica, outra de afeto para com sua mãe. A alteração deve-se à observação do aspeto doloroso da sua mãe.

b. D. Madalena:
. sofre (chora) com as palavras de Maria;
. evidencia uma grande tensão psicológica, agravada pela menção inconsciente de Maria a aspetos que a aterrorizam;
. manifesta grande preocupação perante a precocidade da filha.

c. Telmo Pais:
. tem uma presença silenciosa, mas identifica-se com os ideais de Maria;
. contribui para o clima de opressão;
. aparenta resignação e convencimento;
. manifesta preocupação com a debilidade de Maria.


Características da tragédia

Agón de D. Madalena:
- com Maria: para esta, há um enigma que nem a mãe, nem o pai, nem mesmo Telmo se prontificam a decifrar; são segredos e mistérios intuitivamente pressentidos que não consegue desvendar:
. a razão por que nem a mãe nem o pai, apesar do seu patriotismo (“… que ele não é por D. Filipe, não é, não?”) acreditavam no regresso de D. Sebastião;
. a razão por que, quando em tal se falava, o pai mudava de semblante, e a mãe se afligia e até chorava;
- com D. João de Portugal, nas reações de aflição, sublinhadas pelas lágrimas, sempre que Maria se refere à crença popular da sobrevivência e possível regresso de D. Sebastião – cena III.

Agón de Maria:
- com D. Madalena:
. a propósito da sobrevivência e do regresso de D. Sebastião (cena III) – D. Madalena não acredita, nem lhe convém acreditar nem uma coisa nem outra. Maria acredita firmemente;
. desconfia que a mãe oculta alguma coisa muito importante; por isso, está sempre atenta, a observar os sobressaltos, a ansiedade da mãe a seu respeito; por isso, lê nas palavras, nas ações e nos gestos da mãe (e do pai), à procura de indícios, de respostas para a sua curiosidade (cena IV);
. não pode cumprir as esperanças nela depositadas (cena IV);
. por isso, desejaria ter um irmão (cena IV);
- com Manuel de Sousa:
. duvida do patriotismo do pai (cena III), por causa das atitudes que ele toma, ao ouvir falar de D. Sebastião: “Ó minha mãe, pois ele não é por D. Filipe, não é, não?”;
. a hipótese não tem fundamento.
NOTA:
Este conflito de Maria com os pais, pois ambos não aceitam ouvir falar do regresso de D. Sebastião, tem razões óbvias: se o monarca não morreu, também não terá morrido D. João de Portugal; o segundo casamento de D. Madalena seria nulo.
- com D. João de Portugal (antes da mudança de palácio – cena IV):
. pressente intuitivamente que alguém, fazendo sofrer a mãe, também não a deixa ser feliz;
. por isso, procura uma resposta, com os meios ao seu dispor: “… leio… nas estrelas do céu também, e sei cousas…”; “… não quero sonhar, que me faz ver coisas… lindas às vezes, mas tão extraordinárias e confusas”.
NOTA:
É da essência do drama provocar situações e sentimentos incompatíveis no interior das personagens:
. Maria não consegue explicar a perturbação dos pais;
. D. Madalena não pode revelar a causa das suas preocupações, o que se passa no foro da sua consciência.

▪ D. Madalena parece caída nas garras de um destino inexorável: a última fala de Maria da cena IV lança nela a dúvida se teria valido a pena ter casado uma segunda vez.

▪ A constatação de algo misterioso que paira sobre a ação e as personagens.

Presságios:
. as flores murchas e os sonhos deixam antever a tragédia com que encerra a obra: a morte progressiva de Maria (ela colheu papoilas para pôr debaixo do travesseiro, por estas estarem associadas ao sono e ao sonho, acreditando que, assim, terá uma noite descansada; no entanto, as flores, que representam, entre outras coisas, a beleza efémera, murcharam rapidamente, indiciando a proximidade da morte;
. a contemplação do retrato do pai remete para a intuição do malogro do casamento dos pais.


Características românticas

▪ O sebastianismo de Telmo e Maria.

▪ O nacionalismo e patriotismo de Maria, visível na resistência aos governadores castelhanos.

▪ Linguagem: exclamações, interrogações, reticências, frases curtas, adequação ao íntimo e ao estado de espírito das personagens, etc.

▪ Caracterização de Maria:
. o modelo da mulher-anjo;
. os ideais de liberdade;
. exaltação de valores de feição popular;
. atração pelo mistério;
. intuição;
. tuberculose, a doença dos românticos.

▪ Crenças: agouros, superstições, sonhos, visões de Madalena, Telmo e Maria (cenas II e IV).



quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Análise da Cena III do Ato I de Frei Luís de Sousa

Diálogo Madalena – Maria

Tema: o possível regresso de D. Sebastião.


Perspetiva e reação das personagens sobre e ao tema

Maria, como personagem sebastianista, acredita piamente que D. Sebastião está vivo e vai regressar num “dia de névoa muito cerrada” e fundamenta a sua posição em argumentos como a fé e a crença do povo que, segundo ela, terá toda a razão de ser.
Curiosa e intuitiva, questiona por que razão o pai, sendo tão patriota, não gosta de ouvir falar no regresso do rei, que iria retirar do trono português o rei espanhol, e chega a alvitrar a possibilidade de ser pró-castelhanos, não obstante toda a sua postura patriótica, por ele revelada através de palavras e ações.
Note-se como, nesta cena, as palavras e atitudes de Maria revelam todo o seu extraordinário poder de observação e de análise de comportamentos.

Telmo Pais crê profundamente no regresso de D. Sebastião, mantendo viva igualmente viva a esperança no retorno do seu amo, D. João de Portugal.

Por seu turno, D. Madalena procura demover a filha e afastá-la dessas ideias, fazendo uso, inicialmente, de argumentos racionais: (a) os relatos dos tios Frei Jorge e Lopo de Sousa, homens cultos, sobre o que aconteceu na batalha e (b) a desvalorização das crenças populares, que apresenta como quimeras (ilusões).
Quando verifica que a sua argumentação não resulta, aflige-se a chora. As reações dos pais devem-se ao facto de a sobrevivência e o regresso de D. Sebastião e D. João de Portugal, cuja morte nunca fora confirmada, implicariam a nulidade do seu casamento e a ilegitimidade de Maria. Deste modo, as constantes referências ao assunto adensam os seus receios e terrores.

Segundo Maria, o seu pai, Manuel de Sousa, perante esta possibilidade, muda de semblante, fica pensativo e carrancudo, o que mostra que não estará totalmente certo da morte de D. Sebastião, e leva a filha a, por momentos, duvidar do seu patriotismo.


Visão de Maria sobre D. Sebastião

Para Maria, D. Sebastião é um herói por quem nutre grande admiração e em quem deposita todas as esperanças para resgatar Portugal das garras do domínio castelhano: “o nosso bravo rei”, “o nosso santo rei D. Sebastião”, etc.


Resumo e análise do prólogo de Romeu e Julieta

Resumo
Como prólogo da peça, o Coro entra. Num soneto de catorze linhas, o Coro descreve duas famílias nobres (chamadas “casas”) na cidade de Verona. As casas mantêm um "rancor antigo" (Prólogo.2) uma contra a outra, que continua a ser uma fonte de conflito violento e sangrento. O Coro afirma que dessas duas casas aparecerão dois amantes “cruzados de estrelas” (Prólogo.6). Esses amantes vão consertar a disputa entre as suas famílias, morrendo. A história desses dois amantes e o terrível conflito entre as suas famílias será o tema desta peça.

Análise
Este discurso de abertura do Coro serve como uma introdução a Romeu e Julieta. Recebemos informações sobre o local da peça e algumas informações básicas sobre as suas personagens principais.
A função óbvia do prólogo como introdução à Verona de Romeu e Julieta pode obscurecer a sua função mais profunda e importante. De facto, o prólogo não define apenas o cenário da peça, mas diz ao público exatamente o que vai acontecer nela. Assim, refere-se a um casal fatalmente condenado à partida com o uso da palavra "estrela cruzada", que significa, literalmente, contra as estrelas. Pensa-se que as estrelas controlam o destino das pessoas. Mas o próprio prólogo cria essa noção de destino, fornecendo ao público, mesmo antes do início da peça, o conhecimento de que Romeu e Julieta morrerão. Aquele, portanto, assiste à peça com a expectativa de que ela cumpra os termos estabelecidos no prólogo. A estrutura do texto em si é o destino do qual Romeu e Julieta não podem escapar.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Resumo de Romeu e Julieta

Nas ruas de Verona, começa outra briga entre os servos de duas famílias nobres rivais: os Capuleto e os Montecchio. Benvólio, um Montecchio, tenta parar a refrega, mas envolve-se quando o preguiçoso Capuleto, Tebaldo, chega ao local. Depois que os cidadãos, indignados com a violência constante, repeliram as fações em guerra, o príncipe Della-Scala, o governante de Verona, tenta impedir mais conflitos entre as famílias, decretando a morte de qualquer indivíduo que perturbe a paz no futuro.
Romeu, filho de Montecchio, encontra seu primo Benvólio, que já havia visto Romeu lamentando-se num bosque de plátanos. Depois de alguma insistência de Benvólio, Romeu confidencia que está apaixonado por Rosalina, uma mulher que não retribui os seus afetos. Benvólio aconselha-o a esquecer essa mulher e encontrar outra mais bela, mas o amigo permanece desanimado.
Enquanto isso, Páris, um parente do príncipe, procura obter a mão de Julieta em casamento. Seu pai Capuleto, embora feliz com a partida, pede a Páris que espere dois anos, já que Julieta ainda não tem catorze. Capuleto envia um criado com uma lista de pessoas para convidar para um baile de máscaras que ele tradicionalmente realiza. Convida Páris para a festa, esperando que este conquiste o coração de Julieta.
Romeu e Benvólio, ainda discutindo Rosalina, encontram o servo Capuleto com a lista de convites. Benvólio sugere que participem, pois isso permitirá que Romeu compare a sua amada com outras mulheres bonitas de Verona. Romeu concorda em ir com o amigo à festa, mas apenas porque Rosalina, cujo nome ele lê na lista, estará lá.
Na casa de Capuleto, a jovem Julieta conversa com sua mãe, Lady Capuleto, e a sua enfermeira sobre a possibilidade de se casar com Páris. A jovem ainda não considerou o casamento, mas concorda em olhar para o pretendente durante o banquete para ver se ela pensa se poderá apaixonar-se por ele.
O banquete começa. Um Romeu melancólico segue Benvólio e o seu amigo espirituoso Mercúcio até à casa de Capuleto. Uma vez lá dentro, Romeu vê Julieta à distância e instantaneamente apaixona-se por ela e esquece completamente Rosalina. Enquanto Romeu observa Julieta, extasiado, um jovem Capuleto, Tebaldo, reconhece-o e fica enfurecido por um Montecchio se esgueirar para um banquete capuleto. Ele prepara-se para atacar, mas Capuleto impede-o. Romeu fala com Julieta, e os dois experimentam uma atração profunda. Eles beijam-se, mesmo não sabendo o nome um do outro. Quando ele descobre, pela enfermeira de Julieta, que ela é filha de Capuleto, o inimigo de sua família, fica perturbado. Quando Julieta descobre que o jovem que ela acabou de beijar é filho de Montecchio, fica igualmente perturbada.
Quando Mercúcio e Benvólio deixam a propriedade dos Capuleto, Romeu salta pela parede do pomar para o jardim, incapaz de deixar Julieta para trás. Do seu esconderijo, vê-a numa janela acima do pomar e a ouve dizer o nome dele. Ele a chama e eles trocam votos de amor.
Romeu apressa-se em ver o seu amigo e confessor Frei Lourenço, que, embora chocado com a repentina reviravolta operada no coração do jovem, concorda em casar os jovens amantes em segredo, pois vê no amor deles a possibilidade de acabar com a antiga luta entre Capuleto e Montecchio. No dia seguinte, Romeu e Julieta encontram-se na cela de Frei Lourenço e são casados. A enfermeira, que conhece o segredo, adquire uma escada, que Romeu usará para subir à janela de Julieta para a noite de núpcias.
No dia seguinte, Benvólio e Mercúcio encontram Tebaldo, primo de Julieta, que, ainda enfurecido por Romeu ter participado no banquete de Capuleto, desafiou Romeu para um duelo. Romeu aparece. Agora parente de Tebaldo por casamento, o jovem implora ao Capuleto que adie o duelo até que ele entenda por que Romeu não quer lutar. Desgostoso com este pedido de paz, Mercúcio diz que ele lutará contra Tebaldo. Os dois começam a duelar. Romeu tenta detê-los saltando entre os combatentes. Tebaldo apunhala Mercúcio por baixo do braço de Romeu e Mercúcio morre. Romeu, furioso, mata Tebaldo e foge da cena. Logo depois, o príncipe declara-o banido para sempre de Verona por causa do seu crime. Frei Lourenço faz com que o jovem passe a noite de núpcias com Julieta antes de partir para Mântua na manhã seguinte.
No seu quarto, Julieta aguarda a chegada do seu novo marido. A enfermeira entra e, depois de alguma confusão, diz a Julieta que Romeu matou Tebaldo. Perturbada, de repente vê-se casada com um homem que matou o seu parente. Mas recupera e percebe que o seu dever pertence ao seu amor: Romeu.
Este entra no quarto de Julieta nessa noite e, finalmente, consuma o seu casamento e o seu amor. A manhã chega e os amantes despedem-se, sem saber quando se verão novamente. Julieta descobre que seu pai, afetado pelos acontecimentos recentes, agora pretende que ela se case com Páris em apenas três dias. Sem saber como proceder – incapaz de revelar aos pais que é casada com Romeu, também não quer se casar com Páris, agora que é a esposa de outro – Julieta pede conselhos à enfermeira. Esta aconselha-a a proceder como se Romeu estivesse morto e a casar-se com Páris, que é a melhor opção de qualquer maneira. Desgostosa com a deslealdade da enfermeira, a jovem Capuleto desconsidera os seus conselhos e corre para Frei Lourenço. O franciscano inventa um plano para reunir Julieta com Romeu em Mântua. Na noite anterior ao casamento com Páris, Julieta deve tomar uma poção que a fará parecer morta. Depois que ela for deixada para descansar na cripta da família, o frade e Romeu resgatá-la-ão secretamente, e ela estará livre para morar com o seu amor, longe da discórdia dos seus pais.
Julieta volta para casa e descobre que o casamento foi adiado um dia. Nessa noite, bebe a poção e a enfermeira descobre-a, aparentemente morta, na manhã seguinte. Os Capuletos sofrem e Julieta é sepultada de acordo com o plano. Mas a mensagem de Frei Lourenço explicando o plano para Romeu nunca chega a Mântua. O seu portador, frei João, fica confinado a uma casa em quarentena. Romeu ouve apenas que Julieta está morta.
Ele tem conhecimento apenas da morte da amada e decide matar-se, ao invés de viver sem ela. Compra um frasco de veneno de um boticário relutante e depois volta para Verona, para tirar a sua própria vida no túmulo de Julieta. Do lado de fora da cripta Capuleto, Romeu depara com Páris, que está espalhando flores no túmulo da jovem. Eles lutam, e Romeu mata o rival. Depois entra no túmulo, vê o corpo inanimado de Julieta, bebe o veneno e morre ao seu lado. Nesse momento, Frei Lourenço entra e percebe que Romeu matou Páris e a si próprio. Ao mesmo tempo, Julieta acorda. Frei Lourenço ouve a chegada do guarda. Quando Julieta se recusa a sair com ele, foge sozinho. Julieta vê Romeu e percebe que este se matou com veneno. Ela beija os lábios envenenados e, quando isso não a mata, enterra a adaga no peito, caindo morta sobre o corpo do amado.
O guarda chega, seguido de perto pelo príncipe, pelos Capuletos e por Montecchio. Este declara que Lady Montecchio morreu de tristeza pelo exílio de Romeu. Vendo o corpo dos seus filhos, Capuleto e Montecchio concordam em encerrar sua longa disputa e erguer estátuas de ouro dos seus filhos lado a lado, numa recém-pacífica Verona.

Traduzido de SparkNotes

Resumo de Romeu e Julieta em vídeo

Os puritanos

Quando a rainha Isabel tornou obrigatória a participação nos cultos da Igreja Protestante da Inglaterra, os católicos não foram o único grupo religioso a recusar. Um grupo pequeno, mas influente, conhecido como puritanos, acreditava que a Igreja da Inglaterra de Isabel não era protestante o suficiente. Eles desaprovavam muitas coisas na sociedade elisabetana, e uma das coisas que mais odiavam era o teatro. Por exemplo, consideravam imoral a convenção de que atores masculinos interpretassem papéis femininos e não gostavam de todas as formas de entretenimento que distraíam as pessoas de adorar a Deus. Sem surpresa, os dramaturgos elisabetanos frequentemente zombavam dos puritanos. A personagem puritana mais famosa de Shakespeare é Malvólio em Noite de Reis. Shakespeare retrata Malvólio como um desmancha-prazeres e um hipócrita com ambições de ascensão social. No entanto, o dramaturgo também mostra simpatia pelo ponto de vista desta personagem. Ao longo da peça, ela está em conflito com Sir Toby Belch e Sir Andrew Aguecheek, e Shakespeare retrata-os como bêbados, egoístas e irresponsáveis. Embora gostemos de os ver, podemos entender por que razão Malvólio quer pôr um fim à sua diversão.

Os católicos

Durante a vida do avô de Shakespeare, a maioria das pessoas na Inglaterra era católica, e, no tempo de vida do dramaturgo, muitas, secretamente, permaneceram leais à Igreja Católica. É provável que John Shakespeare, pai de William, tenha sido criado como católico, e há evidências de que ele permaneceu católico mesmo depois que a rainha Isabel I tornou obrigatória a participação nos serviços protestantes. A divisão geracional entre pais que continuaram praticando o catolicismo e filhos que se converteram à fé protestante foi muito profunda. Muitos protestantes acreditavam que quem morresse católico iria para o inferno. Em Hamlet, que foi escrito na época em que o pai de Shakespeare morreu, o fantasma do pai de Hamlet explica que ele está preso no purgatório. Hamlet, que estudou na Universidade Protestante de Wittenberg, primeiro aceita o que o fantasma diz, embora o purgatório fosse uma ideia católica na qual os protestantes não acreditavam. Mais tarde, no entanto, começa a preocupar-se que o fantasma do seu pai pode ter sido enviado do Inferno pelo diabo.

A crença protestante

O protestantismo mudou a maneira como os ingleses pensavam sobre si mesmos. A Igreja Católica ensinou que o caminho para alcançar a salvação era viver uma vida boa. Um crente que obedecia a todos os ensinamentos da Igreja, fazia confissões regulares, fazia penitência e fazia doações generosas aos pobres, podia confiar que iria para o Céu. O fundador do movimento protestante, Martinho Lutero, argumentou que o único caminho para a salvação era a verdadeira fé em Deus. Ao contrário dos atos de bom comportamento adotados pelo catolicismo, a verdadeira fé não podia ser vista de fora. Só poderia ser experimentada por dentro. Isso significava que, para os protestantes, a única maneira de saber se alguém alcançaria a salvação era examinando a sua própria fé, para descobrir se era genuína ou não. Por este motivo, vários protestantes dedicaram muito tempo a examinar as suas próprias consciências. Alguns mantinham diários, onde anotavam os seus pensamentos para os examinar mais de perto.
As peças de Shakespeare são moldadas por esse novo interesse pelo autoexame. Os solilóquios do dramaturgo mostram as suas personagens discutindo consigo mesmas, questionando os seus motivos e adivinhando os seus próprios pensamentos. Muitas das personagens mais famosas de Shakespeare, incluindo Ricardo II, Brutus (Júlio César), Macbeth, Lady Macbeth, Ricardo III e Iago (Othello), dedicam solilóquios a examinar as suas consciências em busca de sinais de culpa, fraqueza e má fé. Hamlet, a personagem-título da peça mais conhecida de Shakespeare, estudou na Universidade de Wittenberg, o local onde Martinho Lutero lançou o movimento protestante. Os solilóquios de Hamlet, que estão entre os discursos mais famosos da história teatral, mostram-no lutando com os seus próprios pensamentos enquanto tenta responder a questões morais urgentes sobre assassinato, sexualidade e suicídio. Hamlet é torturado pela insegurança. Ele pergunta-se repetidamente se realmente acredita no que pensa que acredita.

Bibliografia:
     . SparkNotes.
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