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domingo, 15 de dezembro de 2019

Resumo e análise da Cena IV do Ato II de Romeu e Julieta

Resumo
Mais tarde naquela manhã, pouco antes das nove, Mercúcio e Benvólio perguntam-se o que aconteceu com Romeu na noite anterior. Benvólio soube por um servo de Montecchio que Romeu não voltou para casa; Mercúcio profere algumas palavras cruéis sobre Rosalina. Benvólio também conta que Tebaldo enviou uma carta a Romeu desafiando-o para um duelo. Mercúcio responde que Romeu já está morto, atingido pela flecha de Cupido; ele pergunta-se em voz alta se Romeu é homem o suficiente para derrotar Tebaldo. Quando Benvólio vem em defesa de Romeu, Mercúcio lança uma descrição extensa de Tebaldo. Ele descreve-o como um mestre espadachim, perfeitamente adequado e composto em grande estilo. Segundo Mercúcio, no entanto, Tebaldo também é um “vendedor de moda” vaidoso e afetado; ele despreza tudo o que Tebaldo representa.
Romeu chega. Mercúcio imediatamente começa a ridicularizá-lo, alegando que Romeu foi enfraquecido pelo amor. Como uma forma de zombar do que ele acredita ser o amor exagerado de Romeu por Rosalina, Mercúcio encarna o papel daquele e compara Rosalina a todas as belezas mais famosas da antiguidade, considerando-a muito superior. Mercúcio acusa Romeu de abandonar os seus amigos na noite anterior. Romeu não nega a acusação, mas afirma que a sua necessidade era grande e, portanto, a ofensa é perdoável. Daqui resultam justas verbais intrincadas, espirituosas e descontroladamente sexuais.
A enfermeira entra, seguida pelo criado Pedro. Ela pergunta se algum dos três jovens conhece Romeu, e este identifica-se. Mercúcio brinca com a enfermeira, insinuando que ela é uma prostituta, enfurecendo-a. Benvólio e Mercúcio despedem-se para jantar na casa de Montecchio, e Romeu diz que os seguirá em breve. A enfermeira avisa Romeu que é melhor ele não tentar "lidar em dobro" com Julieta, e o jovem garante que não é. Pede então à enfermeira que peça a Julieta que encontre uma maneira de assistir à confissão na cela de Frei Lourenço naquela tarde; lá, eles casar-se-ão. A enfermeira concorda em entregar a mensagem e também em montar uma escada de pano para que Romeu possa subir ao quarto de Julieta na noite de núpcias.

Análise
A questão de Rosalina continua nesta cena, quando Mercúcio começa a ridicularizar os modos apaixonados de Romeu, ao compará-la de forma trocista a todas as belezas da antiguidade (é interessante notar que uma dessas belezas, Tisbe, é encontrada num mito que se assemelha muito à trama de Romeu e Julieta). Os eventos da peça provam o amor constante de Romeu por Julieta, mas o amor imaturo de Romeu por Rosalina, o seu amor pelo amor, nunca é completamente apagado. Ele continua muito rápido para seguir os exemplos clássicos de amor, incluindo o seu suicídio.
Além de desenvolver o enredo pelo qual Romeu e Julieta se casarão, esta cena oferece um vislumbre de Romeu entre os seus amigos. Ele mostra-se tão habilidoso e punitivo quanto Mercúcio. Esse Romeu punidor é o que Mercúcio acredita ser o "verdadeiro" Romeu, subitamente livre da melancolia ridícula do amor. Noutra cena, Julieta tentou combater o mundo social através do poder do seu amor particular; aqui Mercúcio tenta afirmar a linguagem social da bravata e brincadeira sobre a introspeção privada do amor. Curiosamente, Julieta e Mercúcio acham que conhecem o Romeo "real". Um conflito emerge; até a amizade se opõe ao amor de Romeu, que deve manter-se tanto o amante privado quanto o Montecchio público e amigo, e ele deve, de alguma forma, encontrar uma maneira de navegar entre as diferentes reivindicações que os seus dois papéis exigem dele.


Traduzido de SparkNotes

Seinfeld: Temporada 01 - Episódio 04

Resumo e análise da Cena III do Ato II de Romeu e Julieta

Resumo
De manhã, cedo, Frei Lourenço entra, segurando uma cesta. Ele enche-a com várias ervas daninhas, ervas e flores. Enquanto reflete sobre a beneficência da Terra, demonstra um profundo conhecimento das propriedades das plantas que coleta. Romeu entra e o frade intui que o jovem não dormiu na noite anterior, pelo que teme que Romeu tenha dormido em pecado com Rosalina. Romeu garante que isso não aconteceu e descreve o seu novo amor por Julieta, bem como a sua intenção de se casar com ela e o seu desejo de que o frade os case naquele mesmo dia. Frei Lourenço está chocado com essa mudança repentina de Rosalina para Julieta. Ele comenta sobre a inconstância do amor jovem, em particular o de Romeu. Este defende-se, observando que Julieta retribui o seu amor, enquanto Rosalina não. Em resposta, o frade argumenta que Rosalina pôde ver que o amor de Romeu por ela "lia de maneira rotineira, que não podia soletrar". Permanecendo cético diante da súbita mudança de coração do jovem, Frei Lourenço, no entanto, concorda em casar o casal. Ele expressa a esperança de que o casamento de Romeu e Julieta possa acabar com a rixa que assola os Montecchios e os Capuletos.

Análise
Nesta cena, somos apresentados a Frei Lourenço enquanto ele medita sobre a dualidade do bem e do mal que existe em todas as coisas. Falando em plantas medicinais, o frade alega que, embora tudo na natureza tenha um propósito útil, também pode levar ao infortúnio se for usado de maneira inadequada. No final desta passagem, a ruminação do frade volta-se para uma aplicação mais ampla; ele reflete sobre como o bem pode ser pervertido para o mal e o mal pode ser purificado pelo bem. O frade tenta usar suas teorias quando concorda em casar Romeu e Julieta; ele espera que o bem do seu amor reverta o mal do ódio entre as famílias rivais. Infelizmente, mais tarde, ele faz com que o outro lado da sua teoria entre em ação: o plano que envolve uma poção indutora do sono, que ele pretende que preserve o casamento e o amor de Romeu e Julieta, resulta na morte de ambos.
É difícil definir o papel temático do frade em Romeu e Julieta. Claramente, Frei Lourenço é um amigo bondoso de Romeu e Julieta. Ele também parece sábio e altruísta. Mas, embora o frade pareça incorporar todas essas boas qualidades frequentemente associadas à religião, também é um servo desconhecido do destino: todos os seus planos dão errado e criam os mal-entendidos que levam à tragédia final.
Frei Lourenço também devolve o espectro de Rosalina à peça. O frade não pode acreditar que o amor de Romeu possa mudar tão rapidamente de uma pessoa para outra. A resposta do jovem, de que Julieta corresponde ao seu amor, enquanto Rosalina não o fez, dificilmente fornece evidências de que ele amadureceu.


Traduzido de SparkNotes

Resumo e análise da Cena II do Ato II de Romeu e Julieta

Resumo
Julieta aparece de repente a uma janela acima do local onde Romeu está parado. Ele compara-a ao sol da manhã, muito mais bonito que a lua que bane. Quase fala com ela, mas pensa melhor. Julieta, refletindo para si mesma e sem saber que Romeu está no seu jardim, pergunta por que Romeu deve ser Romeu – um Montecchio e, portanto, um inimigo para a sua família. Ela diz que, se ele recusasse o nome de Montecchio, ela entregar-se-lhe-ia; ou se ele, simplesmente jurasse que a amava, ela recusaria o nome de Capuleto. Romeu responde ao seu pedido, surpreendendo Julieta, já que ela pensava que estava sozinha. A jovem pergunta-se como ele a encontrou e Romeu diz que o amor o levou até ela. Julieta teme que o seu apaixonado seja assassinado se for encontrado no jardim, mas Romeu recusa sair, alegando que o amor de Julieta o tornaria imune aos seus inimigos. Julieta admite que sente tanto por Romeu quanto ele afirma que a ama, mas ela preocupa-se que ele talvez se mostre inconstante ou falso, ou pense que Julieta é fácil de conquistar. Romeu começa a jurar, mas ela impede-o, preocupada que tudo esteja acontecendo muito rapidamente. Ele tranquiliza-a, e os dois confessam o seu amor novamente. A enfermeira chama por Julieta, que entra por um momento. Quando reaparece, diz a Romeu que lhe enviará alguém no dia seguinte para ver se o amor dele é honroso e se ele pretende casar-se com ela. A enfermeira chama-a novamente e ela retira-se de novo. Porém, aparece à janela mais uma vez para marcar o horário em que o seu emissário o procurará: eles combinam às nove da manhã e exultam pelo seu amor por um momento antes de dizerem boa noite. Julieta volta para dentro do seu quarto e Romeu parte em busca de um monge que o ajude na sua causa.

Análise
O ato II é o ato mais feliz e menos trágico da peça. Nele, Shakespeare dedica-se a explorar os aspetos positivos, alegres e românticos do amor jovem. A cena I, a cena da sacada (assim chamada porque frequentemente é encenada com Julieta numa sacada, embora as instruções do palco sugiram apenas que ela está numa janela acima de Romeu), é uma das cenas mais famosas de todo o teatro, devido à sua bela e sugestiva poesia. Shakespeare explora as profundezas das personagens dos jovens amantes e captura as sutilezas da sua interação, como na luta de Julieta entre a necessidade de cautela e um desejo irresistível de estar com Romeu.
Muitas das cenas mais importantes de Romeu e Julieta, como a cena da sacada, ocorrem muito tarde à noite ou muito cedo, pois Shakespeare tem de usar toda a duração de cada dia para comprimir a ação da peça. em apenas quatro dias. O dramaturgo explora a transição entre o dia e a noite como um recorrente motivo claro / escuro, às vezes fazendo uma distinção nítida entre noite e dia, outras vezes obscurecendo os limites entre eles. A longa e apaixonada descrição de Romeu sobre Julieta na cena da varanda é um exemplo desse tema. Ele imagina que ela é o sol, nascendo do leste para banir a noite; na verdade, Romeu diz que Julieta está a transformar a noite em dia.

Romeu, é claro, está a falar metaforicamente aqui; Julieta não é o sol e ainda é noite no pomar. Mas o jovem estabelece a comparação com tanta devoção que deve ficar claro para o público que, para ele, não é uma metáfora simples. Para Romeu, Julieta é o sol, e já não é noite. Aqui está um exemplo do poder da linguagem para transformar brevemente o mundo ao serviço do amor.
E, no entanto, no mesmo discurso, Romeu e Julieta também questionam o poder da linguagem. Desejando que Romeu não fosse filho do inimigo do seu pai, ela diz:
É apenas o teu nome que é meu inimigo.
Tu és tu mesmo, e não um Montecchio.
O que é um Montecchio? Não é mão, nem pé,
Nem braço, nem rosto, nem qualquer outra parte
Que pertença a um homem. Oh, sê qualquer outro nome!
O que existe num nome? Aquilo a que chamamos rosa
Teria o mesmo perfume embora lhe déssemos outro nome.
Aqui, Julieta questiona por que Romeu deve ser seu inimigo. Ela recusa-se a acreditar que ele seja definido por ser um Montecchio e, portanto, implica que os dois podem amar-se sem medo das repercussões sociais. Mas a linguagem como expressão de instituições sociais como a família, a política ou a religião não pode ser descartada tão facilmente, porque nenhuma outra personagem da peça está disposta a descartá-las. Julieta ama Romeu porque ele é Romeu, mas o poder do amor dela não pode remover dele o sobrenome de Montecchio ou tudo o que ele representa. Na privacidade do jardim, a linguagem do amor é triunfante. Mas no mundo social, a linguagem da sociedade domina. Essa batalha da linguagem, na qual Romeu e Julieta tentam refazer o mundo para permitir o seu amor, é algo a observar-se.

Traduzido de SparkNotes

Seinfeld: Temporada 01 - Episódio 03

Resumo e análise da Cena I do Ato II de Romeu e Julieta

Resumo
Tendo deixado a festa, Romeu decide que não pode ir para casa. Ele deve tentar encontrar Julieta. Sobe um muro que demarca a propriedade Capuleto e salta para o pomar. Benvólio e Mercúcio entram, chamando por Romeu. Eles têm a certeza de que ele está por perto, mas Romeu não responde. Exasperado e divertido, Mercúcio zomba dos sentimentos do jovem por Rosalina num discurso obsceno. Mercúcio e Benvólio partem sob a suposição de que Romeu não quer ser encontrado. No pomar, o jovem ouve as provocações de Mercúcio e diz para si mesmo: "Ele brinca com cicatrizes que nunca sentiram feridas".



Resumo e análise do Prólogo do Ato II de Romeu e Julieta

Resumo
O Coro oferece outro pequeno soneto que descreve o novo amor entre Romeu e Julieta: o ódio entre as famílias dos amantes dificulta que eles encontrem tempo ou lugar para se encontrar e que a sua paixão cresça; mas a perspetiva do seu amor dá a cada um dos dois o poder e a determinação de iludir os obstáculos colocados no seu caminho.

Análise
O prólogo do segundo ato reforça temas que já apareceram. Um amor foi substituído por outro através do poder do "encanto dos olhares", e a força da influência dos pais está no caminho da felicidade dos amantes. Este prólogo funciona menos como a voz do destino do que o primeiro. Em vez disso, constrói suspense, expondo o problema dos dois amantes e sugerindo que pode haver alguma maneira de superá-lo: "Mas a paixão dar-lhes-á força e o tempo ocasião de se encontrarem, compensando extremos perigos com extremas delícias.”.


Traduzido de SparkNotes

Resumo e análise da Cena V do Ato I de Romeu e Julieta

Resumo
No grande salão dos Capuletos, tudo é agitado. Os criados trabalham febrilmente para garantir que tudo corre bem e reservam um pouco de comida para garantir que também desfrutam do banquete. Capuleto percorre grupos de convidados, brincando com eles e incentivando todos a dançar.
Do outro lado da sala, Romeu vê Julieta e pergunta a um criado quem ela é, mas este não sabe. Romeu está paralisado; Rosalina desaparece de sua mente e ele declara que nunca esteve apaixonado até esse momento. Movendo-se pela multidão, Tebaldo ouve e reconhece a voz de Romeo. Percebendo que está presente um Montecchio, envia um servo para trazer a sua espada. Capuleto ouve Tebaldo e repreende-o, dizendo-lhe que Romeu é bem visto em Verona e que ele não terá jovens feridos na sua festa. Tebaldo protesta, mas Capuleto repreende-o até que ele concorde em manter a paz. Enquanto Capuleto segue em frente, Tebaldo promete que não deixará passar esta indignidade.
Enquanto isso, Romeu se aproximou-se de Julieta e tocou na sua mão. Num diálogo pontuado por metáforas religiosas que representam Julieta como uma santa e Romeu como um peregrino que deseja apagar seu pecado, ele tenta convencê-la a beijá-lo, já que é somente através do beijo dela que ele pode ser absolvido. Julieta concorda em ficar parada enquanto Romeu a beija. Assim, nos termos da sua conversa, ela tira o pecado dele. Julieta dá o salto lógico de que, se tirou o pecado de Romeu, o pecado dele agora deve residir nos seus lábios e, portanto, eles devem beijar-se novamente.
Assim que o segundo beijo termina, a enfermeira chega e diz a Julieta que a sua mãe quer falar com ela. Romeu pergunta à enfermeira quem é a mãe de Julieta. A enfermeira responde que é Lady Capuleto. Romeu está arrasado. Quando a multidão começa a dispersar, Benvólio aparece e retira Romeu do banquete. Julieta está tão impressionada com o homem misterioso que beijou quanto Romeu está com ela. A jovem comenta consigo mesma que, se ele já for casado, ela morrerá. Para descobrir a identidade de Romeu sem levantar suspeitas, a jovem pede à enfermeira que identifique uma série de jovens. A enfermeira sai e volta com a notícia de que o nome do homem é Romeu e que ele é um Montecchio. Angustiada por amar uma Montecchio, Julieta segue a enfermeira.

Análise
Romeu vê Julieta e esquece Rosalina completamente; Julieta conhece Romeu e apaixona-se profundamente. O encontro de ambos domina a cena e, com uma linguagem extraordinária que capta a emoção e o espanto que os dois protagonistas sentem, Shakespeare mostra-se à altura das expectativas que criou ao adiar o encontro por um ato inteiro.
A primeira conversa entre Romeu e Julieta é uma metáfora cristã estendida. Usando essa metáfora, Romeu, engenhosamente, consegue convencer Julieta a deixá-lo beijá-la. Mas a metáfora possui muitas outras funções. As conotações religiosas da conversa implicam claramente que o amor deles só pode ser descrito através do vocabulário da religião, dessa pura associação com Deus. Dessa maneira, o seu amor associa à pureza e paixão do divino. Mas há um outro lado nessa associação de amor pessoal e religião. Ao usar a linguagem religiosa para descrever os sentimentos crescentes de um pelo outro, Romeu e Julieta andam na ponta dos pés à beira da blasfémia. Romeu compara Julieta à imagem de um santo que deveria ser reverenciado, um papel que Julieta está disposta a desempenhar. Enquanto a igreja católica sustentava que a reverência pelas imagens de santos era aceitável, a igreja anglicana dos tempos elisabetanos via-a como uma blasfémia, uma espécie de adoração a ídolos. As declarações de Romeu sobre Julieta raiam as fronteiras da heresia. A jovem comete uma blasfémia ainda mais profunda na cena seguinte, quando chama Romeu o "deus da sua idolatria", instalando-o efetivamente no lugar de Deus na sua religião pessoal. Este dado parece confirmar a ideia de que o amor de Romeu e Julieta parece sempre opor-se às estruturas sociais da família, à honra e ao desejo civil de ordem. Aqui também é mostrado que há algum conflito, pelo menos teologicamente, com a religião.
Quando Romeu e Julieta se encontram, falam apenas catorze versos antes do primeiro beijo. Essas catorze linhas compõem um soneto compartilhado, com um esquema de rima ababcdcdefefgg. Um soneto é uma forma poética perfeita e idealizada, frequentemente usada para escrever sobre o amor. Encapsular o momento de origem do amor de Romeu e Julieta num soneto cria uma combinação perfeita entre conteúdo literário e o estilo formal. O uso do soneto, no entanto, também serve um segundo propósito mais sombrio. O prólogo da peça é igualmente um soneto único com o mesmo esquema de rimas que o soneto compartilhado de Romeu e Julieta. O soneto-prólogo apresenta a peça e, através da sua descrição da eventual morte de Romeu e Julieta, também ajuda a criar a noção de destino que permeia a peça. O soneto compartilhado entre os dois cria, portanto, um vínculo formal entre o amor e o destino. Com um único soneto, Shakespeare encontra um meio de expressar o amor perfeito e vinculá-lo a um destino trágico.
Esse destino começa a afirmar-se no instante em que Romeu e Julieta se encontram: Tebaldo reconhece a voz de Romeu quando este mostra pela primeira vez o seu fascínio pela beleza de Julieta. Capuleto, agindo com cautela, impede Tebaldo de tomar uma ação imediata, mas a raiva deste último está definida, criando as circunstâncias que eventualmente banirão Romeu de Verona. No encontro entre Romeu e Julieta jazem as sementes da sua tragédia compartilhada.
A primeira conversa entre as duas personagens fornece também um vislumbre dos papéis que cada um desempenhará no seu relacionamento. Nesta cena, Romeu é claramente o agressor. Ele usa toda a habilidade à sua disposição para conquistar uma atingida, mas tímida Julieta. Note-se que ela não se mexe durante o primeiro beijo; simplesmente deixa-o beijá-la. É ainda uma jovem, e embora já no seu diálogo com Romeo se tenha mostrado inteligente, não está pronta para entrar em ação. Mas Julieta é o agressor no segundo beijo. É a lógica dela que força Romeu a beijá-la novamente e recuperar o pecado que ele colocou nos seus lábios. Numa única conversa, Julieta transforma-se de uma rapariga jovem e tímida numa mais madura, que entende o que deseja e é inteligente o suficiente para consegui-lo. O comentário subsequente de Julieta a Romeu ("Beijais com arte!") pode ser interpretado de duas maneiras. Primeiro, pode enfatizar a falta de experiência de Julieta. Muitas produções da peça fazem-na dizer essa fala com certo grau de admiração, de modo que as palavras significam "vós sois um beijador incrível, Romeu". Mas é possível ver um tom algo irónico nessa fala. O comentário de Julieta de que Romeu beija com arte/pelo livro é semelhante a notar que ele beija como se tivesse aprendido a beijar num manual e seguiu exatamente essas instruções. Por outras palavras, ele é proficiente, mas não original (observe-se que o amor de Romeu por Rosalina é descrito exatamente nesses termos, conforme aprendido na leitura de livros de poesia romântica). Julieta está claramente apaixonada por Romeu, mas é possível vê-la como a mais incisiva dos dois, e empenhada em levar Romeu a um nível mais genuíno de amor através da observação da sua tendência para ser envolvido nas formas do amor, em vez do próprio amor.


Traduzido de SparkNotes

Seinfeld: Temporada 01 - Episódio 02

sábado, 14 de dezembro de 2019

Resumo e análise da Cena IV do Ato I de Romeu e Julieta

Resumo
Romeu, Benvólio e o seu amigo Mercúcio, todos usando máscaras, reuniram-se a um grupo de convidados que usavam máscaras a caminho do banquete dos Capuletos. Ainda melancólico, Romeu pergunta-se como entrarão na festa dos Capuletos, já que são Montecchios. Quando essa preocupação é deixada de lado, afirma que não vai dançar no banquete. Mercúcio começa a zombar gentilmente dele, transformando todas as declarações de Romeu sobre o amor em metáforas descaradamente sexuais. Romeu recusa-se a envolver-se nessa brincadeira, explicando que num sonho ele aprendeu que ir ao banquete era uma má ideia. Mercúcio responde com um longo discurso sobre a rainha Mab das fadas, que visita os sonhos das pessoas. O discurso começa como um voo de fantasia, mas Mercúcio fica quase fascinado por ele, e uma tensão amarga e fervorosa instala-se. Romeu intervém para interromper o discurso e acalmar Mercúcio, que observa que os sonhos são apenas "os filhos de um cérebro ocioso".
Benvólio volta a atenção para a festa. Romeu expressa uma última preocupação: ele tem a sensação de que as atividades da noite acionarão a ação do destino, resultando em morte prematura. Porém, os espíritos de Romeu elevam-se e ele continua com seus amigos em direção ao banquete.

Análise
Esta cena pode parecer desnecessária. Como público, já sabemos que Romeu e os seus amigos vão para uma festa. Já sabemos que Romeu é melancólico e Benvólio mais pragmático. A inclusão desta cena não contribui diretamente para a exposição ou progressão da trama.
No entanto, a cena aumenta o senso geral de destino através da afirmação de Romeu de que os eventos da noite levarão à morte prematura. O público, é claro, sabe que ele sofrerá uma morte prematura. Quando Romeu se entrega a “quem tem a direção do meu curso”, o público sente a presença do destino.
Esta cena também serve como introdução ao Mercúcio inteligente, rodopiante e fascinante. Soltando trocadilhos selvagens à esquerda e à direita, parecendo falar com tanta liberdade quanto os outros respiram, ele estabelece-se como um amigo que pode, gentilmente ou não, zombar de Romeu como ninguém mais pode. Embora pensativo, Benvólio não tem o raciocínio rápido para esse comportamento. Com o seu discurso selvagem e o seu riso, Mercúcio é um homem de excessos. Mas suas paixões são de outro tipo que não aquelas que levam Romeu a amar e Tebaldo a odiar. As paixões destas duas personagens são fundamentadas na aceitação de dois ideais diferentes veiculados pela sociedade: a tradição poética do amor e a importância da honra. Mercúcio não acredita em nenhum. De facto, ele contrasta com todos as outras personagens de Romeu e Julieta, porque é capaz de ver através da cegueira causada pela aceitação sincera dos ideais sancionados pela sociedade: ele abre buracos na adoção arrebatadora de Romeu da retórica do amor, enquanto zomba da adesão exigente de Tebaldo às modas do dia. Não é por acaso que Mercúcio é o mestre do jogo nesta peça. Um trocadilho representa derrapagem, ou torção, no significado de uma palavra. Essa palavra, que anteriormente significava uma coisa, agora de repente é revelada como tendo interpretações adicionais e, portanto, torna-se ambígua. Assim como Mercúcio pode ver através das palavras outros significados usualmente degradados, ele também pode entender que os ideais mantidos por aqueles que o rodeiam têm origem em desejos menos inteligentes do que alguém gostaria de admitir.
O discurso da rainha Mab de Mercúcio é um dos mais famosos da peça. A rainha Mab, que traz sonhos às pessoas adormecidas, parece basear-se livremente em figuras da mitologia celta pagã que antecederam a chegada do cristianismo à Inglaterra. No entanto, o nome tem um significado mais profundo. As palavras "quean" e "mab" constituíam referências a prostitutas na Inglaterra elisabetana. Na rainha Mab, Mercúcio cria uma espécie de trocadilho conceitual: ele alude a uma tradição mitológica povoada de fadas e anexa-a a uma referência a prostitutas. Atrai a diversão infantil das fadas para uma visão muito mais sombria da humanidade. O próprio discurso revela essa dicotomia. Uma criança adoraria a descrição de Mercúcio de um mundo de fadas repleto de carruagens de nozes e corcéis de insetos, as suas histórias de uma fada trazendo sonhos para as pessoas que dormem. Mas observemos mais de perto esses sonhos. A rainha Mab traz sonhos adequados para cada indivíduo, e cada sonho que ela traz parece descer para uma depravação e brutalidade mais profundas: os amantes sonham com o amor; advogados sonham com casos legais e ganham dinheiro; os soldados sonham em "cortar gargantas estrangeiras". No final do discurso, a rainha Mab é a “bruxa” que ensina as jovens a fazer sexo. O conto de fadas da criança transformou-se em algo muito, muito mais sombrio, embora essa visão sombria seja um retrato preciso da sociedade. Mercúcio, por mais divertido que seja, pode ser visto como oferecendo uma visão alternativa da grande tragédia que é Romeu e Julieta. "Não dizes senão tolices", diz Romeu a Mercúcio para o forçar a encerrar o discurso da rainha Mab. Mercúcio concorda, dizendo que os sonhos "são filhos de um cérebro ocioso". Mas as visões de amor de Romeu não se qualificam como sonhos? As fantasias de Tebaldo sobre as noções de perfeita posição social e propriedade não contam como sonhos? E o sonho de Frei Lourenço de trazer a paz a Verona? Na avaliação de Mercúcio, todos esses desejos "são filhos de um cérebro ocioso". Todos são ilusões. O seu comentário pode ser visto como um alfinete nas grandes paixões idealistas do amor e da lealdade da família que animam a peça. O discurso da rainha Mab não esvazia a grande tragédia e os ideais românticos de Romeu e Julieta, mas acrescenta-lhes o subtexto de um trocadilho, aquele lado negro que oferece uma visão alternativa da realidade.

Traduzido de SparkNotes

Resumo e análise da Cena III do Ato I de Romeu e Julieta

Resumo
Na casa de Capuleto, pouco antes do início do banquete, Lady Capuleto chama a enfermeira, pois precisa de ajuda para encontrar a filha. Julieta entra e a mãe dispensa a enfermeira para que possa falar a sós com a filha. No entanto, muda imediatamente de ideia e pede à enfermeira que permaneça e a aconselhe. Antes que Lady Capuleto possa começar a falar, a enfermeira inicia uma longa história sobre como, quando criança, Julieta sem entender se tornou cúmplice inocente de uma piada sexual. Lady Capuleto tenta, sem sucesso, parar a divertida enfermeira. Julieta, envergonhada, ordena-lhe que pare.
Lady Capuleto pergunta a Julieta o que ela pensa sobre casar-se. A jovem responde que nunca pensou nisso. A mãe observa que deu à luz Julieta quando tinha quase a idade atual da filha. E continua, animada, afirmando que Julieta deve começar a pensar em casamento, porque o valente Páris manifestou interesse nela. Julieta, obedientemente, responde que vai olhar para Páris durante o banquete para ver se poderá amá-lo. Um criado entra para anunciar o começo da festa.

Análise
Chegado à terceira cena, o público finalmente conhece a segunda personagem inscrita no título da obra. Tematicamente, esta cena continua a desenvolver a questão da influência dos pais, particularmente a força dessa influência sobre as jovens. Lady Capuleto, ela mesma uma mulher que se casou em tenra idade, oferece total apoio ao plano do marido para a filha e pressiona Julieta a pensar em Páris como um marido antes da filha começar sequer a pensar em casamento. Julieta admite o quão poderosa é a influência dos seus pais quando diz sobre o pretendente: "Se o facto de olhar pode levar ao afeto, olharei para ele, para que isso aconteça; contudo as flechas dos meus olhos não irão mais além do que a vossa vontade o permita.”. De facto, Julieta está a dizer que seguirá o conselho da mãe exatamente ao pensar em Páris.
Enquanto fornece um momento de humor, a anedota tola da enfermeira sobre Julieta quando bebé também ajuda a retratar a inevitabilidade da situação da jovem. O comentário do marido da enfermeira sobre Julieta caindo de costas quando ela atinge a maioridade é uma referência ao seu envolvimento um dia num ato sexual. O seu comentário, portanto, mostra que Julieta tem sido vista como um objeto potencial de sexualidade e casamento desde que era criança. Em termos gerais, o seu destino de um dia ser dada em casamento foi definido desde o nascimento.
Além do desenvolvimento temático, esta cena fornece uma visão magnífica das três principais personagens femininas. Lady Capuleto é uma mãe impotente e ineficaz: ela dispensa a enfermeira, procurando falar sozinha com a filha, mas, assim que a enfermeira começa a sair, fica nervosa e chama-a de volta. A enfermeira, na sua hilariante incapacidade de parar de contar a história sobre a insinuação do seu marido sobre o desenvolvimento sexual de Julieta, mostra uma veia vulgar, mas também uma familiaridade com a jovem que implica que foi ela, e não Lady Capuleto, quem criou a miúda. De facto, foi a enfermeira, e não Lady Capuleto, que amamentou Julieta quando era bebé.
A própria Julieta é revelada nessa cena como uma jovem ingénua e obediente à mãe e à enfermeira. Mas há vislumbres de força e inteligência nela que estão totalmente ausentes na sua mãe. Onde Lady Capuleto não consegue que a enfermeira cesse a sua história; já Julieta interrompe-a com uma palavra. Já observámos que a frase de Julieta transcrita parece implicar uma completa concordância com o controle de sua mãe. Mas a frase também pode ser interpretada como ilustrando um esforço da parte de Julieta de usar uma linguagem vaga como meio de afirmar algum controle sobre a sua situação. Nesta frase, ao concordar em ver se pode amar Páris, ela está a dizer ao mesmo tempo que não colocará mais entusiasmo nesse esforço do que a mãe exige. A frase pode, portanto, ser interpretada como uma espécie de resistência passiva.
Nesta cena, mais uma vez, é feita uma comparação direta entre criados e senhores. No decorrer da história da enfermeira, fica claro que a sua própria filha, que teria a idade de Julieta, morreu há muito tempo. O marido da enfermeira também morreu. Essas mortes podem ser simplesmente coincidentes, mas parece igualmente provável que correspondam à posição mais baixa da enfermeira na vida.

Traduzido de SparkNotes

Resumo e análise da Cena II do Ato I de Romeu e Julieta

Resumo
Noutra rua de Verona, Capuleto caminha com Páris, um parente nobre do príncipe. Os dois discutem o desejo de Páris de se casar com a filha de Capuleto, Julieta. Capuleto está muito feliz, mas também afirma que Julieta – ainda com catorze anos - é jovem demais para se casar. Ele pede a Páris que espere dois anos, garante-lhe que o favorece como pretendente e convida-o para o tradicional baile de máscaras que irá realizar naquela mesma noite, para que Páris possa começar a cortejar Julieta e conquistar o seu coração. Capuleto envia um criado, Pedro, para convidar uma lista de pessoas para a festa. À medida que Capuleto e Páris se afastam, Pedro lamenta não saber ler pelo que, portanto, terá dificuldade em realizar sua tarefa.
Romeu e Benvólio surgem em cena, discutindo ainda se Romeu será capaz de esquecer o seu amor. Pedro pede a Romeu que lhe leia a lista de convidados; o nome de Rosalina é um dos que constam nela. Antes de partir, Pedro convida Romeu e Benvólio para a festa – assumindo, diz ele, que não são Montecchios. Benvólio diz a Romeu que o banquete será a oportunidade perfeita para comparar Rosalina com as outras mulheres bonitas de Verona. Romeu concorda em ir com ele, mas apenas porque a própria Rosalina estará lá.

Análise
Esta cena apresenta Páris como a escolha de Capuleto para marido de Julieta e também põe em movimento a eventual reunião de Romeu e Julieta na festa. No processo, a cena estabelece como a jovem está sujeita à influência dos pais. Romeu pode ser forçado a lutar por causa da inimizade do seu pai com os Capuletos, mas Julieta está muito mais constrangida. Independentemente de qualquer conflito entre famílias, o pai de Julieta pode forçá-la a casar-se com quem ele quiser. Essa é a diferença entre ser homem e mulher em Verona. Pode parecer pior ser-se apanhado pela violência de uma luta, mas o status de Julieta como jovem deixa-a sem poder ou escolha em qualquer situação social. Como qualquer outra mulher nesta cultura, ela passará do controle de um homem para outro. Nesta cena, Capuleto parece ser um homem de bom coração. Ele difere para a capacidade de Julieta escolher por si mesma ("Minha vontade de consentir é apenas uma parte"). Mas o seu poder de forçá-la a casar-se, se ele achar necessário, está implicitamente presente. Assim, a influência dos pais nesta tragédia torna-se uma ferramenta do destino: o casamento arranjado de Julieta com Páris e o tradicional conflito entre Capuletos e Montecchios contribuirão para a morte de Romeu e Julieta. As forças que determinam o seu destino são estabelecidas bem antes de as duas personagens se encontrarem.
O espectro da influência dos pais, evidente nesta cena, deve ser entendido como um aspeto da força exercida sobre os indivíduos por estruturas sociais como a família, a religião e a política. Todas estas estruturas sociais maciças irão, com o tempo, lançar obstáculos no caminho do amor de Romeu e Julieta.
Pedro, que não sabe ler, empresta um toque de humor à cena, especialmente na maneira como o seu analfabetismo o leva a convidar dois Montecchios para a festa, ao mesmo tempo que afirma expressamente que nenhum Montecchio é convidado. Mas a falta de educação de Pedro também faz parte das estruturas sociais arreigadas. Julieta não tem poder porque é mulher. Pedro não tem poder porque é um servo humilde e, portanto, não pode ler.
Romeu, é claro, ainda está apaixonado por Rosalina; mas o público pode concluir que ele encontrará Julieta no banquete, e as expectativas começam a aumentar. Através da engenhosa manipulação de Shakespeare da trama, o público começa a sentir o farfalhar do destino que se aproxima.

Traduzido de SparkNotes

Resumo e análise da Cena I do Ato I de Romeu e Julieta

Resumo
Sampson e Gregory, dois serviçais da casa Capuleto, passeiam pelas ruas de Verona. Através de brincadeiras obscenas, Sampson exala o seu ódio pela casa de Montecchio. Os dois trocam comentários penosos sobre conquistar fisicamente homens Montecchio e conquistar sexualmente mulheres Montecchio. Gregory vê dois servos dos Montecchio a aproximar-se e discute com Sampson sobre a melhor maneira de os provocar a lutar sem violar a lei. Sampson morde o polegar para os Montecchio – um gesto altamente insultuoso. Um confronto verbal rapidamente se transforma em briga. Benvólio, um parente de Montecchio, entra e desembainha a espada na tentativa de parar o confronto. Tebaldo, um parente de Capuleto, vê a espada desembainhada de Benvólio e tira a sua. Benvólio explica que está apenas a tentar manter a paz, mas Tebaldo professa um ódio pela paz tão forte quanto o seu ódio por Montecchio e ataca. A luta espalha-se. Um grupo de cidadãos com tacos tenta restaurar espancando os combatentes. Montecchio e Capuleto entram, e apenas as suas esposas os impedem de se atacar. O príncipe Della-Scala chega e ordena que a luta pare sob pena de tortura. Os Capuletos e Montecchios deitam as suas armas no chão. O príncipe declara que a violência entre as duas famílias se prolonga há muito tempo e proclama uma sentença de morte contra qualquer pessoa que perturbe a paz civil novamente. E acrescenta que falará com Capuleto e Montecchio mais diretamente sobre esse assunto; Capuleto sai com ele, os desordeiros dispersam, e Benvólio é deixado sozinho com os seus tios, Montecchio e Lady Montecchio.
Benvólio descreve a Montecchio como a luta começou. Lady Montecchio pergunta se Benvólio viu seu filho Romeu, ao que o jovem responde que o tinha visto a passear por um bosque de plátanos fora da cidade, mas como lhe parecia perturbado, não falou com ele. Preocupados com o filho, os Montecchios dizem a Benvólio que Romeu tem sido visto com frequência melancólico, andando sozinho entre os plátanos. Eles acrescentam que tentaram descobrir o que o incomoda, mas não tiveram sucesso. Benvólio vê Romeu a aproximar-se e promete descobrir o motivo da sua melancolia. Os Montecchios partem rapidamente.
Benvólio aproxima-se do seu primo. Com ar triste, Romeu diz-lhe que está apaixonado por Rosalina, mas que ela não retribui os seus sentimentos e que jurou viver uma vida de castidade. Benvólio aconselha Romeu a esquecê-la, contemplando outras belezas, mas este afirma que a mulher que ele ama é a mais bonita de todas. Romeu parte, assegurando ao primo que este não pode ensiná-lo a esquecer o seu amor. Benvólio resolve fazer exatamente isso.

Análise
Numa abertura cheia de ação estimulante que certamente atrairá a atenção do público (e projetada parcialmente para esse fim), Shakespeare fornece todas as informações necessárias para entender o mundo da peça. Na luta, ele retrata todas as camadas da sociedade de Verona, desde as que detêm menos poder, os servos, até ao príncipe que ocupa o pináculo político e social. Além disso, fornece uma excelente caracterização de Benvólio como temente da lei, Tebaldo como cabeça quente e Romeu como distraído e apaixonado, enquanto revela o ódio profundo e de longa data entre os Montecchios e os Capuletos. Ao mesmo tempo, Shakespeare estabelece alguns dos principais temas da peça. A abertura de Romeu e Julieta é uma maravilha de economia, poder descritivo e emoção.
A origem da luta, como é comum nas bravatas sexuais e físicas, introduz o importante tema da honra masculina. Esta temática não funciona na peça como uma espécie de indiferença estoica à dor ou ao insulto. Em Verona, um homem deve defender a sua honra sempre que for atingida, verbal ou fisicamente. Esse conceito de honra masculina existe em todas as camadas da sociedade de Verona, desde os servos até aos nobres. Anima Sansão e Gregório tanto quanto Tebaldo.
É significativo que a luta entre Montecchios e Capuletos irrompa em primeiro lugar entre os servos. Os leitores da peça geralmente concentram-se nas duas grandes famílias nobres, como deveriam. Mas não se deve negligenciar a inclusão por Shakespeare dos serviçais na história: as perspetivas dos criados em Romeu e Julieta são frequentemente usadas para comentar as ações dos seus senhores e, portanto, da sociedade. Quando os servos aparecerem na peça, não devem ser encarados apenas como objetos destinados a fazer o mundo de Romeu e Julieta parecer realista. As coisas que os criados dizem muitas vezes mudam a maneira como podemos ver a peça, mostrando que, embora os Montecchios e os Capuletos sejam gloriosamente trágicos, também são extremamente privilegiados e estúpidos, já que apenas os estúpidos trariam a morte sobre si mesmos quando não há necessidade disso. As preocupações prosaicas das classes mais baixas mostram a dificuldade das suas vidas; dificuldade que os Capuletos e Montecchios não teriam de enfrentar se não fossem tão cegos pela honra e pelo ódio.
Através figuras da segurança civil e do príncipe, a luta apresenta ao público um aspeto diferente do mundo social de Verona que existe além dos Montecchios e dos Capuletos. Esse mundo social contrasta constantemente com as paixões inerentes às duas famílias. O contraste entre as exigências do mundo social e e as paixões particulares dos indivíduos é outro tema poderoso da peça. Por exemplo, observe-se o modo como os criados tentam alcançar os seus desejos enquanto permanecem do lado certo da lei. Observe-se como Sansão é cuidadoso ao perguntar: "A lei está do nosso lado, se eu disser 'Ei' '", antes de insultar os Montecchios. Depois de o príncipe instituir a pena de morte para quem voltar a perturbar a paz, as hipóteses de as paixões privadas se sobreporem à sobriedade pública aumentam bastante.

Finalmente, esta primeira cena também nos apresenta Romeu, o amante. Mas essa introdução vem com um choque. Numa peça chamada Romeu e Julieta, esperaríamos que o abandonado Romeu estivesse apaixonado por Julieta, mas, em vez disso, ele está apaixonado por Rosalina. Quem é ela? A questão permanece na peça, pois a jovem nunca aparece no palco, mas muitos amigos de Romeu, desconhecendo que se apaixonou e se casou com Julieta, acreditam que ele está apaixonado por Rosalina durante toda a peça. E Frei Lourenço, por um lado, mostra-se chocado por as afeições de Romeu poderem mudar tão rapidamente de Rosalina para Julieta. Dessa maneira, Rosalina assombra Romeu e Julieta. Pode-se argumentar que ela existe na peça apenas para demonstrar a natureza apaixonada de Romeu, o seu amor ao amor. Por exemplo, nos clichês, ele fala sobre o seu amor por ela: "… pena de chumbo, fumo resplandecente, fogo gelado, saúde doentia…". Parece que o amor de Romeu pela casta Rosalina decorre quase inteiramente da leitura de poesia de mau amor. O amor de Romeu por Rosalina parece, pois, um amor imaturo, mais uma afirmação de que ele está pronto para estar apaixonado do que o amor real. Um argumento alternativo sustenta que o amor de Romeu por Rosalina mostra que ele deseja sentir amor por quem que que seja bonito e queira compartilhar os seus sentimentos, manchando assim a nossa compreensão do amor de Romeu por Julieta. Ao longo da peça, a pureza e o poder do amor de Romeu por Julieta parecem superar quaisquer preocupações sobre a origem desse amor e, portanto, quaisquer preocupações sobre Rosalina, mas a questão do papel desta na peça oferece um ponto importante para consideração.

Traduzido de SparkNotes

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Processos irregulares de formação de palavras I - Correção (G 61)


Valor aspetual

Processos irregulares de formação de palavras

1. Identifique o valor aspetual expresso nos seguintes excertos do poema “Ode Triunfal”:
a) “Nos cafés – oásis de inutilidades ruidosas / Onde se cristalizam e se precipitam / Os rumores e os gestos do Útil” (vv. 44-46). Habitual ou imperfetivo
b) “Na nora do quintal da minha casa / O burro anda à roda, anda à roda”. Iterativo
c) “E o mistério do mundo é do tamanho disto.” Genérico
d) “E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os comboios”. Imperfetivo
e) “Engatam-me em todos os comboios”. Imperfetivo e habitual

2. Identifique os processos irregulares de formação de palavras presentes nas seguintes alíneas:
a) r-r-r-r-r-r-r (verso 5) Empréstimo
b) music-halls (verso 71) Truncação
c) híper (< hipermercado) Extensão semântica
d) leitor (de CD) Sigla
e) INEM Acrónimo
f) burquíni (< burca + biquíni) Amálgama
g) portunhol (< português + espanhol) Amálgama
h) manif (< manifestação) Truncação
i) Ascots (verso 54) Empréstimo
j) Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z (verso 241) Onomatopeia

3. Para responder a cada um dos itens de 3.1. a 3.6., selecione a única opção que permite obter uma afirmação correta.
3.1. A palavra OCDE, tendo em conta a sua constituição, designa-se por
(A) acrónimo.                                                         (C) empréstimo.
(B) amálgama.                                                        (D) sigla.

3.2. A palavra expo resulta da concretização do processo de
(A) empréstimo.                                                   (C) extensão semântica.
(B) truncação.                                                         (D) amálgama.

3.3. As palavras trailer e enciclopédia concretizam, respetivamente, os processos de
(A) truncação e extensão semântica.            (C) empréstimo e amálgama.
(B) truncação e amálgama.                               (D) empréstimo e truncação.

3.4. Quanto ao processo de formação, a palavra FIFA designa-se
(A) acrónimo.                                                         (C) onomatopeia.
(B) truncação.                                                         (D) sigla.

3.5. A palavra ão-ão é classificável, quanto à sua formação, como
(A) amálgama.                                                        (C) onomatopeia.
(B) truncação.                                                         (D) extensão semântica.

3.6. Em “A rede soltou-se do barco.” e “Não há rede na nossa sala, por isso não podemos aceder à internet.”, as palavras sublinhadas exemplificam o processo de
(A) amálmaga.                                                        (C) onomatopeia.
(B) truncação.                                                         (D) extensão semântica.

4. Sublinhe, nas frases seguintes, palavras que podem dar origem a truncações e identifique-as.
1. Amanhã, a Diana e a Sandra têm uma consulta no otorrinolaringologista, por causa dos piercings na língua.
otorrino
2. A professora de Matemática escorregou numa casca de banana e partiu os óculos.
profe
3. O Gonçalo comprou uma motorizada nova para fazer piões.
moto
4. A Isa não vai ter nenhuma negativa no final do período.
nega
5. Hoje, a Marta lanchou com a sua avó Miquelina.
6. A Fonseca vai fazer uma lipoaspiração ao seu gato.
lipo
7. O torneio de voleibol começará na próxima semana.
vólei
8. Já inscrevi a irmã da Rafaela na pré-escola.
pré
9. A Alice e a Laura têm uma consulta marcada para a próxima segunda-feira.
segunda
10. Sabiam que a Carolina e a Mariana jogam basquetebol?
básquete




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