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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Resumo do capítulo VIII de Viagens na Minha Terra

O autor contempla a charneca, uma vegetação épica situada entre o Cartaxo e Santarém, descrevendo-a de forma poética como um lugar ímpar, quase chegando ao ponto de versejar. Não obstante, nega que seja romântico.
Para se distanciar do romantismo indesejado, conta que o companheiro de viagem lhe chamou a atenção para o facto de ali ter ocorrido a última revista do imperador D. Pedro ao exército liberal. Esta referência fá-lo recordar a guerra civil, e todas as guerras, reconhecendo que nenhuma delas tem um vencedor. De seguida, nega que seja um filósofo (que basicamente se opõe a qualquer guerra), e afirma que apenas sente tristeza ao pensar nesse assunto.
Desanimado pelos últimos temas focados, chega à ponte da Asseca.

Resumo do capítulo VII de Viagens na Minha Terra

O autor compara um passeio pelas ruas de Paris, com os seus monumentos e o seu movimento, dentro de um carro motorizado e suspenso por molas – o que já considera uma grande experiência, à sua chegada ao Cartaxo montado numa mula, e sustenta que esta é superior àquela. Explica que é um erro dos que não viajam, que não saem de Lisboa, acreditar que todas as praças são iguais às da sua cidade, ressaltando a singularidade do Cartaxo.
Ao chegar a um café discorre sobre as qualidades da bebida, afirmando que, de acordo com o tipo de café, é possível saber em que género de país está. Ironicamente, descreve o «magnífico» estabelecimento, do tamanho do seu quarto, com utensílios pendurados e moscas pousadas. Mantém um breve diálogo com o dono do espaço, que, quando questionado sobre as novidades da região, responde que só são novidades as notícias provenientes de Lisboa.
Enquanto passeia pelo Cartaxo, ressalta a sua importância – e de Portugal – pela produção de bebidas alcoólicas, como influenciadora de grandes acontecimentos, guerras e revoluções, pela Europa.

Resumo do capítulo VI de Viagens na Minha Terra

Neste capítulo, Garrett enceta um outro tipo de viagem, pelo mundo das ideias.
Assim, começa por ressaltar a sua identificação com Camões, que considera um escritor à frente do seu tempo, valorizando a mistura que fez da cultura cristã com a mitologia grega n’Os Lusíadas, nas suas palavras «a Ilíada dos povos modernos».
A seguir, compara outras obras grandiosas, como a Divina Comédia, de Dante, ou Fausto, de Goëthe, ao poema épico de Camões, destacando as semelhanças que contêm: a fé em Deus, no ceticismo e na pátria, respetivamente. Neste contexto, decide então que a sua se norteará pela sua fé em Camões e lamenta que os autores contemporâneos, vivendo numa época de maior liberdade, não sejam tão despojados quanto os que citou, que viveram em tempos de trevas e, não obstante, produziram obras grandiosas.
De seguida, toma a decisão de viajar para o inferno, ou melhor, para a região dos Elísios, da Estige e do Cócito citando Dante , onde «se pode parlamentar com os mortos sem comprometimento sério», visto que deseja fazer algumas perguntas ao Marquês de Pombal, figura controversa da política portuguesa e adepto do despotismo esclarecido. Lá encontra-o num jogo de cartas com aqueles que, antes, tinham sido seus inimigos políticos. Isto fá-lo observar que não há amigos ou inimigos políticos a partir sua entrada na «eternidade». O autor fracassa na sua tentativa de questionar o Marquês, que desconversa e sai.
Volta então ao mundo real e à sua viagem a Santarém, a qual está agora na região do Cartaxo.

Resumo do capítulo V de Viagens na Minha Terra

O autor e os seus companheiros de viagem chegam ao pinhal da Azambuja, cuja visão o deixa surpreendido, pois tudo era bastante diferente do que imaginara para aí colocar os seus heróis romanescos. De facto, a vegetação era rala e ocupava pouco espaço, o que iria comprometer a escrita do seu livro. A este propósito, perde-se numa tentativa de explicar ao leitor como eram construídos os livros na época, denunciando a sua falta de originalidade e o seu artificialismo. De facto, a literatura romântica seguia uma espécie de receita: uma ou duas damas, um pai, dois ou três filhos, um criado velho e um vilão eram as personagens; de seguida, utiliza-se um pouco do que existe nas obras antigas e está pronto o livro. Em contraste, argumenta que um romance construído de outra forma, mais detalhada e realista, implicaria um trabalho porfiado de pesquisa, algo e, que os escritores não teriam interesse. Trata-se, em suma, de uma forte crítica à literatura romântica cultivada em Portugal, que constituía uma imitação caricatural da má literatura europeia.
Posteriormente, enumera algumas hipóteses pelas quais o pinhal teria ido embora dali, concluindo que estava «consolidado», num óbvio trocadilho com o termo financeiro usado nos orçamentos públicos.
O choito (isto é, o trote de passo curto) de uma mula fá-lo recordar a figura excêntrica de um marquês que gostava desse movimento animal, tanto que, mesmo em Paris, abria mão do conforto de transportes com molas para «choitar» num veículo menos moderno, alegando que nele encontrava «propriedades tonipurgativas».

Resumo do capítulo IV de Viagens na Minha Terra

A propósito da inocência e da modéstia, que ele considera mais importante que a primeira, o narrador cita alguns filósofos, procurando imprimir um cunho de erudição à sua obra.
Nesta senda, considera não existir qualquer problema no facto de um político, um ministro, ser também filósofo ou poeta, contrariamente àquilo que o leitor poderia pensar.
Regressando à questão da modéstia, defende que o seu excesso num homem pode constituir um defeito, visto que lhe causaria acanhamento. No entanto, numa mulher será sempre uma qualidade, dado que realça a sua beleza.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Resumo do capítulo III de Viagens na Minha Terra

O autor dialoga com o leitor, afirmando que irá dececioná-la por não descrever a estalagem de acordo com os cânones literários da época, que exigiriam um estilo mais romântico.
De seguida, retoma a questão do materialismo predominante na sociedade, observando as desigualdades sociais e interrogando-se sobre “o número de indivíduos que se deve condenar à miséria para poder gerar um rico”.
Contrapõe então a literatura romântica, espiritualista, citada no início, à realidade materialista do mundo e constata que a literatura da época era hipócrita.
Por fim, decide que fará a descrição da estalagem simplesmente como a viu: cercada de pessoas repugnantes e com maus serviços – cita mesmo uma limonada feita com limões estragados e água suja que, no entanto, ainda não lhe havia feito mal. Acaba o capítulo referindo que se dirigirá a seguir para o pinhal da Azambuja.

Resumo do capítulo II de Viagens na Minha Terra

O autor congratula-se pelo ideal que norteia a sua obra: não fazer um mero relato geográfico, como diz ser costume da época, mas ir mais além, abordando vários temas.
De seguida, compara o romance de Miguel de Cervantes, D. Quixote, com uma teoria filosófica que divide o mundo entre espiritualismo e materialismo, sendo a figura de D. Quixote o representante do primeiro e Sancho Pança, o seu escudeiro, do segundo. Acrescenta que, na atualidade, o mundo é caracterizado pelo materialismo de Sancho, mas o progresso ocorre tendo por base a alternância entre os dois princípios.
Ao desembarcar em Vila Nova da Rainha, lamenta a feiura do local e contenta-se com uma carroça oferecida por certa figura, o que constitui um luxo, tendo em conta o local onde se encontra.
A propósito da virtude, cita um antigo filósofo, contrapondo-o a um dito de um pensador recente, que considera a sabedoria antiga um sofisma, ou seja, uma afirmação enganosa: para o autor, porém, se a sabedoria antiga se mantém, é porque alguma verdade nela existe.
De seguida, reflete de forma irónica acerca da situação das estradas da região, que se encontram malcuidadas, e afirma que uma solução para os problemas das estradas portuguesas seria obrigar os ministros a mudar de residência de três em três meses.
Os viajantes dirigem-se para a próxima localidade, a Azambuja, e mostram o seu incómodo com o caravançal, uma espécie de hospedagem, que está em estado de acentuada decadência, quase em ruínas, e com a aridez da região.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Resumo do capítulo I de Viagens na Minha Terra

O narrador começa por explicar a inspiração que recebeu do clima prazeroso da sua terra para, ao contrário de Xavier de Maistre, viajar além do seu quarto e relatar tudo o que lhe acontecesse.
A viagem tem lugar em 1843, inicia-se em Lisboa e termina em Santarém. Enquanto navela pelo rio Tejo, aprecia a vista de Lisboa e avalia características das localidades que vai atravessando. Numa atitude que, hoje, seria considerada como «politicamente incorreta» e prejudicial ao clima, acende um cigarro, valorizando o prazer de fumar a bordo um bom Havana, «uma das poucas coisas sinceramente boas que há no mundo”.
Durante a viagem gera-se uma discussão entre dois grupos de viajantes: os ílhavos, homens da região de Ílhavo, ligados à navegação no rio Vouga, e os campinos, ou Bordas d’Água, homens de Alhandra, região do Ribatejo (ou seja, região acima do Tejo), que praticavam o forcado, isto é, uma atividade semelhante à tourada. A disputa centrava-se em saber quem era mais forte e culminou com a «vitória» dos de Ílhavo, pois estes tinham de lutar com o mar, enquanto os campinos o faziam com um touro, e o mar era muito mais desafiador do que os animais.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Viagens na Minha Terra : contexto português

Nesta época, surgiu, em Portugal, uma burguesia de caráter rural que aspirava ao poder e a viver ao nível da burguesia já existente. Era uma burguesia de pequenos rurais, cujo poder que possuía advinha sobretudo do dinheiro e que desejava investir na terra, detida pelo clero. Esta classe social era, pois, a que possuía mais imóveis, fonte de poder que se estendia também às letras e ao ensino (poder intelectual).
No entanto, determinados fatores contribuíram para a perda desse poder por parte do clero:
- a ação de Mouzinho da Silveira;
- a ação de Joaquim António de Aguiar ("Mata-Frades").

Ao chegarmos à segunda década do século XIX (vésperas da Revolução Liberal), Portugal vivia uma situação de crise em diversos planos da vida nacional:
crise política, que se evidencia pela ausência do rei e da corte no Brasil, tornando-se o Rio de Janeiro a capital portuguesa, onde se sediaram os órgãos de administração. Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de reino e, em 1821, D. João VI embarcou para Portugal. Porém, o movimento separatista já se tornara muito forte no Brasil e, em 1822, deu-se a independência daquela colónia portuguesa;
crise ideológica, sobretudo graças à alteração das ideias políticas, considerando-se a monarquia absoluta como um regime obsoleto, opressivo;
crise económica, resultante designadamente da emancipação económica do Brasil que, após a independência, começou a estabelecer contactos económicos com outros países, quando anteriormente eram exclusivamente com Portugal;
crise militar, originada pela presença de oficiais ingleses em altos postos do nosso exército. Com essas presenças, os nossos oficiais veem-se preteridos nas promoções, o que causa uma sensação de mal-estar no exército e conduz à instabilidade.

Foi nesta conjuntura que surgiu a Revolução Liberal de 1820, por impulso de um conjunto de burgueses do Porto, homens politicamente doutrinados que frequentavam o Sinédrio, onde se reunia um grupo de intelectuais.
Na tentativa de modificar a situação, este grupo começou por receber a colaboração de militares das guarnições do norte e, mais tarde, de militares do sul e a revolução acabou por não encontrar resistência. Pelo contrário, foi bem aceite.
Surgem então novas classes e estabelecem-se novas relações sociais: a nova burguesia cria medidas protecionistas para os seus negócios. Mas as pessoas pertencentes ao povo rural eram, quase na totalidade, analfabetas, pelo que a revolução não trouxe igualdade cultural.
Estas transformações vinham na sequência da acumulação de novos temas discutidos por intelectuais, que se reuniam em tertúlias literárias. Uma das mais conhecidas foi a da Marquesa de Alorna, na qual participavam figuras como Alexandre Herculano e Filinto Elísio.
A partir daqui, reforça-se a ideia de que a literatura devia ser um instrumento de transformação de uma nação, transformação que carregava consigo um novo estilo, novas aspirações. Simultaneamente, há também um novo acesso das massas burguesas à cultura: passa a ler-se mais e aparecem novos periódicos.
É cerca da terceira década do século XX que surgem os primeiros poemas portugueses considerados como marco do nascimento do Romantismo pátria lusa; são os poemas Camões e D. Branca de Almeida Garrett, que tinha feito a sua formação na Europa, onde estivera exilado.
Mas será que deveremos considerar estes dois poemas acima citados como iniciadores do Romantismo português?
Não propriamente, porque não são obras com cariz totalmente romântico. Surgem isolados num contexto social e estético-literário, não estabelecendo por si uma corrente literária autónoma e sistematizada. Estes poemas não apresentam ainda um corte radical com os modelos arcádicos, sobretudo no campo formal. É mais correto escolher uma data posterior à da publicação destes poemas para marcar a data da verdadeira implantação do Romantismo em Portugal. Essa data é o período que decorre entre 1835 e 1837 e que coincide com a fase seguinte à do regresso dos emigrantes e exilados devido à guerra civil interna.

Em síntese, podemos afirmar que a introdução do Romantismo em Portugal se ficou a dever sobretudo a dois emigrados: Alexandre Herculano e Almeida Garrett.


Síntese – Contextualização



. Finais do século XVIII, início do século XIX:


a) Europa – Revolução Industrial
– Revolução Francesa – Alemanha
– Romantismo europeu – Inglaterra
– França (mais tarde)


b) Portugal    – Invasões francesas e fuga da família real para o Brasil;
– Revolução Liberal (1820);
– Decadência dos ideais liberais, devido aos interesses da burguesia (materialismo) – Liberalismo de fachada;
– Afirmação do Romantismo: românticos vintistas (Garrett e Herculano).


c) Autor       – Adesão ao Liberalismo;
(Garrett)      – Exílios (em França e Inglaterra);
– Adesão ao Romantismo;
– Crise afetiva e moral: desilusão amorosa; desilusão política; desilusão estético-literária.


d) Obra     – Génese: 1843 (na revista "Universal Lisbonense", em folhetins);
– Publicação em livro: 1846.


e) Assunto – Viagem de Garrett a Santarém a convite de Passos Manuel.


f) Intenção – Fazer uma crónica sobre a viagem, refletindo sobre a sociedade portuguesa, sobretudo sobre a situação do país na primeira metade do século XIX.


De forma mais simples, na sequência das Invasões Francesas (1807-1810), as ideias liberais começaram a difundir-se e a ganhar adeptos.
A família real, fugindo das tropas napoleónicas, deslocara-se para o Brasil e, expulsos os franceses, o poder ficou nas mãos dos ingleses, que tinham vindo para Portugal para auxiliar no combate àqueles.
Em 1820, deu-se a revolta militar no Porto, a favor do liberalismo.
Ainda em 1820, eclode a Vilafrancada, a favor do Absolutismo.
Inicia-se então uma guerra civil entre liberais e absolutistas.

Em 1851 iniciar-se-á um período designado Regeneração.

Viagens na Minha Terra : contexto europeu

a) Antecedentes filosóficos:
Por detrás do Romantismo está uma conceção filosófica que se apoia na teoria de vários filósofos, como Kant, para o qual o conhecimento não podia apreender a verdadeira realidade das coisas; o conhecimento da realidade era um conhecimento mediatizado, deformado, porque não captava a realidade em si mesma.
Esta teoria de Kant foi explorada por Schlegel e Schelling e, em termos literários, estas ideias traduzem-se como menosprezo da realidade objetiva e têm como consequência a valorização do devaneio, da evasão. Valoriza-se a empatia entre o homem e o universo, aceita-se a dimensão do sonho e do inconsciente; valoriza-se o misticismo, que se funde com o natural e o sobrenatural.


b) Antecedentes sociais:
Rousseau (1712-1778) foi um dos teóricos que influenciou a mentalidade do final do século XVIII, através das ideias expressas em obras como Contrato Social (1762), em que procura conciliar a natureza livre do homem com a orgânica da sociedade – há uma espécie de contrato entre o indivíduo e a sociedade, que tinha que preservar os direitos do homem; e Emile, obra em que propõe uma nova pedagogia fundamentada na livre espontaneidade da criança sem coartar os seus instintos naturais.
No entanto, a sua teoria principal e mais marcante é aquela, segundo a qual o homem é bom por natureza, a sociedade é que o corrompe. Deste modo, é necessário que volte ao contacto com a natureza.
O Romantismo propicia uma nova visão da natureza, com ênfase para o pôr do sol; o poeta fá-la confidente e participante dos seus sentimentos e, portanto, o estado da natureza, tal como o Romantismo a descreve, favorece a implantação e o devaneio, "a livre expressão da sensibilidade".


c) Antecedentes históricos e políticos:
Por esta altura, começam a sentir-se as repercussões da Revolução Francesa: exaltam-se os princípios da liberdade e surge uma mentalidade que favorece a revolta contra a ordem estabelecida. Surgem também movimentos em defesa dos direitos do homem e da sua livre expressão, que passa pela livre expressão dos sentimentos. Valoriza-se a sensibilidade e a imaginação.
O ambiente de liberdade causa nas pessoas ambições desmesuradas e, paralelamente, surgem também os primeiros indícios de instabilidade social e política, o que gera no indivíduo um sentimento de frustração e desalento.

Deste ambiente social, político e histórico resulta a consciência de que está em formação um novo homem, que acredita em si e nas suas capacidades, que procura realizar o seu destino, que goza a sua liberdade e os seus direitos, mas é simultaneamente um homem que se sente limitado, porque não consegue realizar algumas das ideias por que lutou.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Retrato de Frei Jorge

▪ Confidente.
▪ Desempenha também a função de coro: comentários, profecias (presságios).
▪ Prenuncia o desfecho do conflito dramático.
▪ Tem a função de despertar a revelação dos pensamentos escondidos das personagens principais.
▪ Contribui para que os acontecimentos trágicos sejam suavizados por uma perspetiva cristã.
Frei Jorge Coutinho, irmão de Manuel de Sousa, amigo da família e confidente nas horas de angústia, ouve a confissão angustiada de D. Madalena. Vai ter um papel importante na identificação do Romeiro, que, na sua presença, indicará o quadro de D. João de Portugal.

Retrato de Telmo Pais

▪ Não nobre: é um escudeiro.
▪ Liga sempre à nobreza (primeiro à família de D. João e depois de Manuel de Sousa).
▪ Confidente de D. Madalena.
▪ Elo de ligação das famílias (de D. João e de Manuel de Sousa).
▪ Chama viva do passado: alimenta os terrores de D. Madalena.
▪ Desempenha três funções do coro das tragédias clássicas:
- diálogo;
- comentário dos acontecimentos (apartes);
- profecia (agouros/presságios).
▪ Conflito interior: dividido entre a fidelidade a D. João e a fidelidade a D. Madalena.
▪ Sebastianista.
▪ Ligado à lenda romântica sobre Camões.
Telmo Pais, o velho criado, confidente privilegiado, define-se pela lealdade e fidelidade. Não quer magoar nem pretende a desgraça da família de D. Madalena e Manuel, mas como verdadeiro crente no mito sebastianista, acredita que D. João há de regressar. No final, acaba por trair um pouco a lealdade de escudeiro pelo amor que o une à filha daquele casal.

Retrato de Maria de Noronha

▪ Treze anos.
▪ Nobre: sangue dos Vilhenas e dos Sousas (I, 2); o epíteto de “dona bela” (I, 2).
▪ Precocemente desenvolvida, física e psicologicamente (I, 2,3 e 6).
▪ Doente: sofre de tuberculose (a doença dos românticos).
▪ Culto de Camões: evoca constantemente o passado (II, 1).
▪ Sebastianista: culto de D. Sebastião, o que martiriza a mãe involuntariamente (II, 1).
▪ Vive no pressentimento de que qualquer coisa terrível estava iminente sobre a família.
▪ Perspicaz, dotada de poderosa intuição e do dom da profecia (I, 4; II, 3; III, 12).
▪ Marcada pelo Destino: a fatalidade atinge-a e destrói-a (III, 12).
▪ Modelo da mulher romântica: a mulher-anjo bom.
▪ Ao idealizar esta personagem, Garrett estaria a pensar na sua filha Maria Adelaide, igualmente não legitimada por um casamento válido.
Maria de Noronha tem 13 anos, é uma menina bela, mas frágil, com tuberculose, e acredita com fervor que D. Sebastião regressará. Tem uma grande curiosidade e espírito idealista. Ao pressentir a hipótese de ser filha ilegítima sofre moralmente. Será ela a vítima sacrificada no drama.
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