Este nome ganhou relevância histórica graças a Pierre Abélard (c. 1079-1142), filósofo e teólogo francês cujo trágico caso amoroso com uma mulher de nome Heloísa acabou por se tornar uma história conhecida ao longo dos tempos.
sábado, 6 de dezembro de 2025
Origem e significado do nome Abelardo
A sua origem não é clara. Seja como for, estamos perante a forma portuguesa e espanhola de um nome de origem germânica (Adalhard ou Adellard), constituído pelas formas «adal» (nobre) e «hard» (forte, resistente, corajoso), associando-se, assim, ao significado «nobre», «nobremente corajoso», «firmeza de caráter».
Origem e significado do nome Abel
O nome próprio Abel tem origem hebraica: provém de «ablu» ("filho") ou «hevel» ("vapor" ou "sopro").
Na Bíblia, Abel era o segundo filho de Adão e Eva, tendo sido assassinado pelo seu próprio irmão, Caim, de acordo com o Génesis.
Por outro lado, a origem etimológica hebraica sugere uma conotação de fragilidade ou transitoriedade, refletindo a brevidade da vida humana, uma noção reforçada pela narrativa da sua morte prematura.
Já de acordo com a tradição judaico-cristã, Abel constitui uma figura representativa da inocência e da justiça, que o assassinou por ciúmes. A disputa entre ambos tem sido vista, ao longo dos tempos, como o símbolo da luta entre o Bem e o Mal.
Análise do poema "Chorosos versos meus desentoados", de Bocage
Chorosos versos meus
desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem
brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:
Vede a luz, não busqueis,
desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura
Se os ditosos vos lerem sem
ternura,
Ler-vos-ão com ternura os
desgraçados.
Não vos inspire, ó versos,
cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz a tirania.
Desculpa tendes, se valeis tão
pouco;
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado e rouco.
Estamos
perante um código óptico-grafemático que nos conduz para um texto poético. Há,
no entanto, a interação de vários códigos que vão configurar o texto literário.
a) Análise temática
O poeta
dirige-se aos seus versos num tom desiludido, reconhecendo a sua pouca valia,
mas desculpando-os ao mesmo tempo, quando afirma “Que não pode cantar com
melodia / Um peito, de gemer cansado e rouco.”
A própria
produção do poeta, o soneto, serve para ele se dirigir aos seus versos, o que
faz com que se crie um distanciamento do poeta em relação aos seus versos,
porque só com esse distanciamento os pode analisar e avaliar. Em relação aos
seus versos, reconhece que são “... sem arte, sem beleza e sem brandura...” e
ainda desentoados: o poeta faz aqui uma autocrítica e apresenta-se desiludido,
desilusão essa que, porém, é justificada.
O poeta
vai apelar à valia dos seus versos. De facto, para os desgraçados eles são
dotados de valor.
Apesar
de valerem pouco, exorta-os a não desanimarem e a continuar. Ao usar o
condicional, mostra que pensa que os ditosos também os podem apreciar. Na
verdade, se forem rejeitados pelos ditosos, o mesmo não acontecerá com os
desgraçados, ou seja, os ditosos podem também ler os versos com interesse, à
semelhança daqueles que tenham um espírito semelhante ao do poeta.
A temática
deste soneto tem sido colocada em vários grupos e Hernâni Cidade inclui-o no
grupo “como o poeta se retrata e a sua obra”.
Outra temática é a oposição entre a luz e a escuridão (sepultura).
Ao contrário do que é comum na literatura pré-romântica, não se apela aqui para... (para continuar a ler a análise, clica aqui »»»).
Bocage: pré-romântico (sua obra)
Não é por acaso que a crítica literária aponta Bocage como o maior poeta do século XVIII. A sua vida de permanente conflito reflete-se na sua obra. "A sua poesia é, em boa parte, a expressão rítmica de um tumulto interior e exterior, ao mesmo tempo que é a criação de um excecional artista."
Grande parte da sua poesia apresenta um tom confessional. A sua poesia revela acentuadamente um mundo subjetivo; Bocage retrata-se nos seus versos autobiográficos e, nesse retrato, apresenta-se como um ser perseguido pelo destino, pela desgraça e pelo infortúnio, daí sentir-se identificado com Camões. É uma espécie de má fortuna que também se estende ao campo amoroso, que se sente perseguido e marcado pelo "Fatum" e pela desventura, mas paralelamente sente-se um ser destinado ao culto da poesia.
Por vezes, este dramatismo interior objetiva-se na alegoria ou invenção alegórica: projeta os seus temores, receios, remorsos e pesadelos em figuras alegóricas (morte, noite) com quem fala e a quem confidencia esses tormentos interiores.
O conflito de Bocage, porque é íntimo, traduz-se através de sentimentos contraditórios e, por vezes, alternativos: ora de melancolia, ora de folia; ora de confiança eufórica, ora de desespero; ora de abatimento, ora de prazer delirante.
Um dos temas que reflete este conflito interior é o amor que, nas palavras de Jacinto Prado Coelho, em Bocage funciona como constelação, à volta da qual giram outros temas, como a morte, o ciúme, a ausência, o prazer. O tema do amor é o macro-tema, muito comum em Bocage.
Em Bocage, é particularmente nítida uma das características do Pré-Romantismo: o domínio do egotismo, hipertrofia do «eu», que faz com que a própria natureza sirva de projeção do «eu», ganhando a natureza um estado de ama e assim surgem, em alguns textos, testemunhos de uma sensibilidade atenta que as paisagens oferecem.
Por outro lado, Bocage sente necessidade de usar uma nova linguagem, uma linguagem que se adeque à violência das suas contradições interiores, dos seus impulsos. Apesar de alguns traços dessa linguagem manifestarem uma influência neoclássica, a maior parte dos temas denota uma sensibilidade nitidamente pré-romântica. Por exemplo, a paixão tortura-o e sente-se numa encruzilhada entre o amor, a culpa, o prazer carnal, etc.
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