Português

domingo, 22 de outubro de 2084

Professor

     "Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais." 

Rubem Alves

domingo, 22 de junho de 2025

Análise de O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos

 I. Vida de José Mauro de Vasconcelos


II. Obras


III. Obra


IV. Época


V. Ação

        1. Resumo

        2. Estrutura

        3. Resumo dos capítulos

                3.1. Primeira parte

                        3.1.1. Primeiro capítulo

                        3.1.2. Segundo capítulo

                        3.1.3. Terceiro capítulo

                        3.1.4. Quarto capítulo

                        3.1.5. Quinto capítulo


Resumo do capítulo V de O Meu Pé de Laranja Lima

    Zezé decide faltar às aulas, porque é terça-feira, o dia em que um vendedor ambulante de folhetos que é também músico, chamado Ariovaldo, costuma aparecer no bairro. Para passar o tempo, entra na igreja, onde encontra Zacarias, o sacristão, que troca as velas dos castiçais. A criança finge ter ido à escola e mente sobre a sua idade para conseguir os toquinhos de vela, dizendo que são para encerar a linha do seu papagaio, quando, na verdade, os quer para fazer alguém escorregar. Zacarias concorda e, como recompensa, o menino promete começar o catecismo.

    Zezé esfrega a cera no chão da calçada, na esperança de ver alguém escorregar. Após uma longa espera, vê Dona Corinha (amiga da sua mãe) cair e xingar, o que o diverte. No entanto, é descoberto por seu Orlando, que o repreende, mas não denuncia, pedindo-lhe apenas que não volte a repetir a travessura, pois alguém poderá magoar-se a sério.

    Zezé encontra finalmente Ariovaldo, que há já algum tempo o vinha encantando com a sua voz poderosa e com as suas versões de canções populares da época, cujas letras vende em folhetos. O pequeno fica especialmente emocionado com a canção “Fanny”, que o toca profundamente, A criança aproxima-se dele e mostra-se interessada em o acompanhar e vender os folhetos, sem qualquer pagamento em troca. Ariovaldo acha graça ao facto de o menino o abordar com tanta convicção e lucidez, por isso aceita que o acompanhe nas suas vendas e atuações, um dia por semana. Ariovaldo percebe que Zezé é esperto, sensível e educado. Leva-o a lanchar num boteco e divide com ele uma sanduíche e limonada.

    Zezé consegue convencer a irmã glória a deixá-lo faltar às aulas uma vez por semana, argumentando com o seu bom desempenho escolar e a sua dedicação, mostrando os cadernos impecavelmente mantidos, as boas notas e exaltando o facto de ser o melhor na leitura. Além disso, afirma que as aulas são repetitivas e que aprende muito mais a cantar e a ler os folhetos que Tio Edmundo lhe dá. Assim, todas as terças-feiras a criança encontra-se com Ariovaldo na estação de caminho de ferro. Os dois vendem folhetos de músicas pelas ruas. Zezé entusiasma-se com as canções, especialmente a nova, intitulado “Malandrinha”, que acredita ser um sucesso de vendas. Ao almoço, dividem sanduíches e refrigerantes num boteco. O menino, com os seus trocos, paga a refeição, o que deixa Ariovaldo impressionado com a sua honestidade e solidariedade. O vendedor ambulante decide, então, deixar que Zezé fique com o dinheiro que ganhar, considerando que, a partir daquele momento, passarão a formar uma dupla musical. O menino fica orgulhoso, sente-se valorizado e propõe cantar a parte mais sensível da canção “Fanny”. Esse momento acaba por ser interrompido por D. Maria da Penha, uma beata, que os acusa de indecência por Zezé estar a cantar letras que ela considera imorais e ameaça denunciar ao padre, ao juiz de menores e à polícia. Ariovaldo, indignado, defende-se com firmeza e chega a puxar uma faca para a intimidar, afirmando que odeia pessoas que se metem na vida dos outros. A mulher vai embora enfurecida, mas o episódio revela os preconceitos sociais e morais da época.

    De tarde, em conversa com o companheiro, Ariovaldo reconhece a sorte que Zezé lhe trouxe nos negócios. Posteriormente, dialogam sobre Maria da Penha e o homem entrega-lhe um folheto para Glória. A conversa prossegue com humor e cumplicidade, mostrando a amizade sincera e o afeto entre ambos. Quando se despedem, Ariovaldo chama a criança de «anjo», mas este ri, consciente de que não é tão inocente quanto parece.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Resumo do capítulo IV de O Meu Pé de Laranja Lima

    A família muda para a nova casa. O trajeto é simples, mas cheio de pequenos momentos de alegria: a carroça desliza suavemente quando entra na estrada principal, passa por um carro bonito, o de Manuel Valadares, e Zezé reconhece ao longe o apito do Mangaratiba. Quando chegam à casa, a criança oferece ajuda, mas é dispensado com delicadeza para brincar. Assim, vai falar com Minguinho, o pé de laranja lima, e fala-lhe da viagem, promete enfeitá-lo e imagina o «valão» próximo, a que deram o nome Amazonas, cheio de canoas indígenas.
    Nos primeiros tempos após a mudança de casa, Zezé opta por não incomodar a nova vizinhança, mas certa tarde não resiste a construir uma figura semelhante a uma cobra, usando uma meia preta e linha de papagaio, com o objetivo de assustar alguém que passasse na rua. Ele põe o plano em prática e acaba por assustar uma mulher grávida, que entra em pânico e se sente tão mal que receia perder o filho. O alvoroço causado faz com que os vizinhos saiam de casa para procurar a cobra com paus e machados, mas logo descobrem que se trata de uma brincadeira. Ao perceberem que a «cobra» vem do quintal, a família desconfia da criança, que se esconde no cesto de roupa suja. Descoberto, leva uma valente tareia da mãe.
    Na manhã seguinte, vai procurar a «cobra», pois quer reutilizá-la, mas não a encontra, o que o deixa frustrado. De seguida, desloca-se até casa de Dindinha à procura de Tio Edmundo, convicto de que, por ser cedo, ainda não teria saído para as suas atividades quotidianas habituais: bicho e jornais. Encontra-o na sala a fazer paciências. Durante a conversa que entabulam, Zezé tenta explicar que recentemente se apercebeu de que não precisa de verbalizar em voz alta, por exemplo, uma cantiga, para que esta exista dentro de si, e quer saber se o homem é capaz de cantar por dentro, sem emitir som. Zezé acredita que dentro dele vivia um passarinho que cantava. Tio Edmundo compreende a metáfora e explica-lhe que esse passarinho simboliza a infância e a imaginação, acrescentando que, à medida que for crescendo, a ave se vai embora e dá lugar ao pensamento – um processo natural do amadurecimento. Deus, então, recolhe o passarinho e entrega-o a outra criança especial. O tio explica-lhe, assim, que está a desenvolver a sua capacidade para pensar, e a criança percebe, emocionado, que esses «pensamentos» fazem parte do crescimento e anunciam a chegada da “idade da razão”.
    Ao sair da casa de Dindinha, Zezé recorda um episódio triste: o dia em que Totoca se esqueceu do seu coleirinha – um passarinho real – ao sol e, por isso, ele morreu. Desde esse episódio, prometeram mutuamente nunca mais prender passarinhos. Dominado por essa recordação e pela conversa com o tio, a criança decide despedir-se do seu passarinho interior, vai falar com Minguinho e pede-lhe que esperem por uma nuvem que atravessa o céu. Ao avistá-la, abre a camisa como se soltasse o passarinho do seu peito, pedindo que voe até Deus e vá cantar para outra criança. Essa despedida representa a transição de Zezé da infância para o início da maturidade, que o deixa vazio por dentro e com uma grande tristeza com a partida do passarinho – a sua inocência, imaginação e infância.
    Acompanhado pela irmã Glória, Zezé matricula-se na escola, fingindo ter seis anos, e inicia uma nova etapa de descobertas. A irmã do protagonista explica à diretora que a mãe de ambos não pôde comparecer porque estava a trabalhar, e Zezé, orgulhoso, afirma que o nome completo da progenitora inclui «Pinagé», destacando, deste modo, as suas origens indígenas. A diretora apercebe-se da pobreza da família ao reparar nos remendos das roupas da criança e encaminha-o para receber dois uniformes, que o deixam muito feliz. Ele passa a viver com grande entusiasmo os seus dias, mantendo sempre Minguinho a par das novidades. É um bom aluno, atento e respeitador, muito valorizado pela professora, D. Cecília Paim. Certo dia, fica curioso ao ver uma menina a levar flores à docente e descobre que esse é um gesto comum entre alunos aplicados, por isso decide levar-lhe também uma flor. Apesar de não ser bonita, é a única que demonstra carinho por ele, oferecendo-lhe um tostão para comprar doces.
    Em nova conversa com o pé de laranja lima, Zezé conta-lhe uma nova «aventura»: apanhar boleia nos carros, agarrando-se ao pneu traseiro enquanto andam devagar perto da escola, uma brincadeira que ele apelida de “morcego de andar”. Por outro lado, revela igualmente o seu orgulho por ter sido elogiado pela professora, que o considerou o melhor leitor da turma, embora tenha dúvidas sobre a palavra «leitureiro». Na sequência, menciona um veículo especial que ninguém teve coragem de «morcegar»: o de Manuel Valadares.
    Zezé está cada vez mais envolvido com a escola e muito feliz com o carinho da professora, que presenteia com uma flor, o que a leva a chamar-lhe «cavalheiro». Ele tem um bom comportamento durante as aulas. Certo dia, aguarda ansiosamente o regresso da mãe do trabalho, pois tem um segredo para lhe contar. Quando ela chega, a criança pede-lhe para comprar um fato usado de um colega, Nardinho, pois já não lhe serve e Zezé quer ter uma “roupa de poeta”. Apesar das dificuldades financeiras da família, a mãe comove-se e promete-lhe fazer horas extraordinárias para comprar o fato. A criança fica emocionada e, mais tarde, veste a roupa nova (de poeta) com tanto orgulho que o Tio Edmundo o leva a tirar uma fotografia.
    No final do capítulo, Zezé é confrontado pela professora, após um colega, Godofredo, lhe contar que roubava flores do jardim de um vizinho para enfeitar a sala de aula. O menino admite o furto, alegando que queria que D. Cecília Paim tivesse flores como as outras. Como, em sua casa, não há nenhum jardim nem dinheiro para as comprar, teve de as «roubar». Além disso, acrescenta que, sendo as flores de Deus, elas pertencem a todos. A totalidade do diálogo revela a ingenuidade, a generosidade e a sensibilidade da criança: ele recusa receber o lanche da professora diariamente para que outros colegas também tenham a possibilidade – nomeadamente Dorotília, uma menina negra e muito pobre, com quem divide o lanche. Ele aprendeu com a mãe que deve compartilhar a pouca riqueza que possui com quem tem menos ainda. Sensibilizada pelas palavras e gestos de Zezé, a professora fica emocionada, pede-lhe que não volte a levar flores roubadas e garante-lhe que o copo nunca mais voltará a ficar vazio, pois, ao olhar para ele, imaginará sempre a flor mais bonita, dada pelo seu melhor aluno.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Resumo do capítulo III de O Meu Pé de Laranja Lima

    Zezé mostra-se preocupado com a possibilidade de o morcego Luciano, seu amigo imaginário, não o acompanhar na mudança de casa. Por isso, fala com Tio Edmundo, que o tranquiliza, dizendo que o bicho tem sentido de orientação e que, se não puder ir, enviará um parente no seu lugar, porém o menino continua inseguro, visto que o morcego não sabe ler e talvez se perca pelo caminho.
    Ao ser lembrado pelo seu amigo Biriquinho que, no dia seguinte, um camião, enviado pelo dono da fábrica, iria distribuir brinquedos a crianças mais pobres, numa zona distante da cidade, Zezé fica animado e quer ir, considerando que essa pode ser a possibilidade de haver presentes no Natal e tenta convencer Glória a acompanhá-los. A irmã não vai, pois não tem tempo, dado que está ocupada com a mudança, mas começa a ponderar uma solução: levá-los ao portão para ver se alguém conhecido pode ir com eles. Acabam por ser acompanhados pelo carteiro, seu Paixão, no entanto, a meio do caminho, alega estar com pressa e abandona as crianças, afirmando que dali em diante não há perigo. Zezé fica revoltado, mas continua o caminho, segurando a mão do irmão, já cansado. Quando este se queixa dos pés e da fadiga, aquela leva-o um pouco ao colo. Ao chegarem ao destino – a Rua do Progresso –, a distribuição de brinquedos já terminara, o que deixa Zezé devastado por não conseguir dar um presente a Luís. Senta-se com o irmão e tenta consola-lo, prometendo dar-lhe “Raio de Luar”, o seu cavalinho de brincar e que, um dia, quando crescer, lhe comprará um carro cheio de presentes só para ele. Luís tenta conter as lágrimas, mas a sua desilusão é grande. O irmão diz-lhe que os reis não choram, no entanto, interiormente, sente-se esmagado e culpa-se, considerando que o Menino Jesus não gosta dele e que o está a castigar por ser “afilhado do diabo”, enquanto Luís, um verdadeiro anjo, não merecia aquela tristeza. Por fim, cede ao choro e, consumido pela culpa e pela dor, diz que não é um rei como Luís, que é apenas “um menino muito malvado”.
    A cena seguinte compreende um diálogo entre Zezé e Totoca, que está a construir o novo corpo de um brinquedo, o “Raio de Luar”. A criança elogia a habilidade do irmão em construir coisas e lamenta não possuir o mesmo talento. O Natal aproxima-se e a ceia está a ser preparada com simplicidade: rabanadas molhadas em vinho. Isto só foi possível graças à ajuda financeira de Tio Edmundo, o que evidencia as condições precárias da família, que necessita da solidariedade alheia.
    Neste contexto, Zezé receia não receber nenhum presente de Natal e questiona-se se será uma criança má, como algumas pessoas dizem. Totoca responde-lhe com firmeza: o irmão não é malvado, mas tem “o diabo no sangue”, o que é uma forma popular de dizer que é arteiro. Com a chegada da noite de Natal, Zezé mantém a esperança do nascimento do Menino Jesus nele, e não o “Menino Diabo”, o que evidencia um conflito interno entre a sua natureza e seu desejo de ser amado e reconhecido como um menino bom. Totoca procura diminuir-lhe as expectativas, para amenizar a mais que provável desilusão do irmão, e compartilha a sua filosofia: não esperar nada, para não se dececionar. Em simultâneo, sugere que, apesar do discurso religioso, o Natal só parece ser bom para os ricos, exemplificando com casas vizinhas, cheias de fartura. De seguida, Totoca fica em silêncio, sentindo-se culpado por ter dito algo que pode ser um pecado. A dureza da vida que levam faz as crianças questionar até mesmo a bondade divina, o que constitui uma crítica implícita às desigualdades sociais e ao abandono das famílias pobres.
    Durante a ceia, o ambiente em casa de Zezé é tão triste que ninguém sorri ou fala, perante a evidência da miséria da família, que nem permite sequer uma refeição adequada. O pouco que é posto na mesa chega por meio de Tio Edmundo, que procura mitigar, sem sucesso, aquele ambiente de profunda tristeza. O pai mal prova a rabanada, está abatido e não se barbeia, acabando por sair de casa em silêncio, calçando os seus tamancos, sem desejar as boas festas. Dindinha, emocionada, pede a Tio Edmundo para se ir embora. A mãe retira-se silenciosamente para o quarto, provavelmente para chorar sozinha. Glória e Jandira lavam a louça. Aquela tem os olhos vermelhos, disfarça o choro e manda os irmãos mais novos para a cama. O clima é tão fúnebre que Zezé compara o momento a um velório, e não ao nascimento de Jesus.
    Já na escuridão do quarto, Zezé tenta iniciar uma conversa com Totoca sobre rabanadas e este revela não ter comido nada, por causa da tristeza que o consome. Apesar de todo o ambiente vivido, Zezé insiste em deixar os sapatos à porta, com a esperança de receber alguma coisa, na manhã seguinte.     Porém, ao despertar, constata que não recebeu qualquer presente e desabafa que é muito triste ter um pai pobre, sem reparar que este está perto e ouve aquele queixume. Este facto deixa o progenitor profundamente triste e magoado, enquanto Zezé fica cheio de remorsos ao observar a tristeza nos olhos do pai. Arrependido e desejando redimir-se, sai de casa com a sua caixa de engraxar, disposto a trabalhar para ganhar algum dinheiro, com o objetivo de conseguir comprar um presente para compensar o pai pela dor que lhe causara.
    Deste modo, enfrenta várias horas de calor, fome, cansaço e frustração, pois não consegue muitos clientes, em virtude de as ruas estarem quase desertas, só povoadas pelas crianças que brincavam com os seus presentes novos, circunstância que acentua mais a sua certeza de que está a ser castigado por ser ruim. Depois de conseguir muito pouco dinheiro, fruto sobretudo da caridade de quem percebeu as dificuldades por que Zezé passava (seu Coquinho compadece-se dele e paga bem pelo serviço; uma senhora rica sensibiliza-se também e manda o filho dar-lhe dinheiro), encontra Serginho, um colega de escola de Totoca muito rico, que exibe os seus presentes de Natal (uma bicicleta nova, uma vitrola, livros e jogos). Ao aperceber-se da tristeza de Zezé, procura ajudá-lo, convidando-o para sua casa para comer, mas a criança recusa, lembrando-se de experiências humilhantes passadas. Finalmente, ao saber que Zezé necessita apenas de dois tostões para algo importante, Serginho empresta-lhe o dinheiro que falta. O menino aceita, com a condição de pagar depois, mesmo que com bolas de gude, e corre para comprar um pacote de cigarros para o pai, que fica muito emocionado com o presente.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Resumo do capitulo II de O Meu Pé de Laranja Lima

    O capítulo abre com Zezé a explicar que, na sua família, os mais velhos tomavam conta dos mais novos e relembra com carinho a relação com os irmãos, especialmente com Lalá, que já não lhe dá tanta atenção desde que começou a namorar. Deste modo, a relação mais próxima atualmente é a que mantém com o mais novo, Luís, por quem Zezé demonstra grande carinho e responsabilidade.
    Os dois irmãos vão brincar para o quintal e Zezé, com a sua fértil imaginação, transforma o espaço num zoológico (que, na verdade, não passa de um galinheiro), na Europa e até num campo de aviação, imaginando que o morcego Luciano era um avião. A criança inventa histórias, dá nome a lugares e cria brinquedos com objetos simples, tudo para entreter o irmão, bem como para se proteger do mundo que o rodeia, já que é frequentemente punido pelas suas travessuras.
    Enquanto brincam, Zezé escuta a conversa entre Glória e Lalá sobre si e apercebe-se de que elas já têm conhecimento de uma das suas últimas travessuras – cortar uma corda de roupa com um pedaço de vidro. Ele sente-se culpado e, resignadamente, aceita a punição que certamente se seguirá.
    A mãe decide que todos devem ir visitar a casa nova, para onde se mudarão dois dias após o Natal, facto que desperta em Zezé a recordação da dura infância da progenitora, impedida de frequentar a escola e forçada a trabalhar desde os seis anos. Este passo suscita o tema do Natal, abordado num tom triste e melancólico, em virtude da pobreza da família. Zezé, não obstante, tem alguma esperança no nascimento do Menino Deus.
    Ao visitarem a casa pela primeira vez, cada irmão escolhe uma árvore do quintal. Zezé fica para trás e entristece, porque as melhores já foram escolhidas. Glória tenta animá-lo e indica-lhe um pé de laranja lima. Inicialmente, o menino rejeita-o, mas Glória destaca o facto de serem ambos muito jovens e de poderem crescer juntos, como irmãos. Depois de escolher a sua árvore, Zezé sente-se insatisfeito e frustrado, desejando ser muito rico no futuro para poder comprar uma selva inteira. Nesse momento, enquanto está sentado no chão, só e a choramingar, a árvore fala pela primeira vez com a criança, dizendo-lhe que concorda com Glória e que ela iria perceber que tinha feito uma boa escolha. Zezé reage com admiração, mas rapidamente se deixa encantar pela forma como a árvore lhe explica que a ligação entre os dois é única e especial. A partir desse momento e até a mudança de casa se concretizar, o menino visita o pé de laranja lima – que passa a chamar Minguinho – com regularidade. Rapidamente, cria um vínculo mágico com a árvore, imaginando que falam um com o outro. O pé passa então a representar um refúgio emocional para Zezé, um amigo secreto que o compreende e escuta. O capítulo termina com o menino a declarar que, mesmo se pudesse trocá-lo por outras árvores, não o faria.

domingo, 15 de junho de 2025

Benfica é tetracampeão de basquetebol masculino!

Tetracampeonato

Regime iraniano sob ataque


                O cartune, da autoria de Christian Adams, aborda o ataque de Israel à República Islâmica do Irão, representando simbolicamente a destruição dos alicerces do regime teocrático. Através da imagem de uma estátua sendo atacada por mísseis, o cartunista critica a rigidez do poder religioso e aponta para a sua crescente instabilidade, diante de pressões externas e/ou internas. É uma representação política visual que sugere a fragilidade de um sistema que aparenta solidez, mas está sob ataque.

                Em primeiro plano, encontramos uma estátua imponente do líder iraniano Ali Khamenei. A figura está de pé, trajando vestes religiosas tradicionais — túnica longa e turbante — com expressão severa e uma das mãos levantadas em gesto de autoridade ou bênção, o que remete para o poder teocrático iraniano. A escultura é feita em pedra acinzentada, reforçando a ideia de rigidez, conservadorismo e culto à personalidade. Na base da estátua, lê-se parcialmente a inscrição "ISLAMIC REPUBLIC" (República Islâmica), que está rachada e a ser atingida por explosões. Vários mísseis atingem ou dirigem-se para a sua base, vindos de diferentes direções. As explosões são intensas, com cores quentes como vermelho, laranja e amarelo, em forte contraste com os tons frios do restante da imagem. Esses elementos criam uma sensação de tensão, destruição iminente e conflito direto. O facto de os ataques se concentrarem na base da estátua é simbólico: indica que os fundamentos do regime estão a ser atingidos na tentativa de os destruir, mesmo que sua “fachada” ainda permaneça em pé, embora inclinada.

Num plano mais afastado, deparamos com a cidade de Teerão, capital do Irão, identificável pela sua paisagem urbana e pela presença da Milad Tower, um dos marcos mais reconhecíveis da urbe. Os edifícios são modernos, sugerindo uma sociedade urbana, dinâmica e conectada ao mundo contemporâneo. As cores utilizadas são predominantemente frias e claras (tons de azul, cinza e branco), criando um contraste com as explosões vibrantes do primeiro plano. Esse fundo urbano representa a população civil, a modernidade e a vida real que existe paralelamente à estrutura teocrática representada pela estátua. Pode também simbolizar o contraste entre o desejo de progresso da sociedade iraniana e o conservadorismo do regime vigente.

Ao fundo, estão representadas as montanhas nevadas, que representam a cordilheira de Alborz, que cerca Teerão. Elas estão pintadas em tons de branco e azul claro, transmitindo uma sensação de solidez, permanência e tranquilidade natural. Esse elemento pode ter um duplo simbolismo: por um lado, reforça a geografia iraniana, situando o cenário de forma inequívoca; por outro, pode simbolizar a resistência do povo iraniano, ou até a ideia de que o país (a terra, o território) permanece, independentemente das estruturas de poder que nele se ergam ou desmoronem. A paz das montanhas contrasta diretamente com o caos e destruição do primeiro plano.

                Em suma, este cartune utiliza metáforas visuais potentes para retratar os ataques que Israel está a desferir sobre o regime da República Islâmica do Irão, a pretexto de destruir a ameaça que constitui o seu programa nuclear. A estátua representa o poder teocrático, rígido e autoritário, enquanto os mísseis e explosões indicam que esse poder está sendo desafiado e corroído, especialmente nas suas fundações. A cidade moderna ao fundo aponta para uma sociedade que deseja avançar, enquanto as montanhas evocam permanência e resiliência. A obra transmite uma mensagem clara: apesar da aparência imponente do regime, as suas bases estão sob ataque — e talvez prestes a ruir.


sexta-feira, 13 de junho de 2025

Estrutura de O Meu Pé de Laranja Lima

    O Meu Pé de Laranja Lima está dividido em duas secções relativamente proporcionais, dois momentos que caracterizam distintamente o crescimento de Zezé.
    A primeira parte da obra tem o subtítulo “No Natal, às vezes nasce o Menino Diabo”, é constituída por cinco capítulos (“O descobridor das coisas”, “Um certo pé de laranja lima”, “Os dedos magros da pobreza”, “O passarinho, a escola e a flor” e “Numa cadeia eu hei de ver-te morrer”) e apresenta as personagens que darão corpo ao enredo principal, permitindo, dessa forma, começar a desenhar o perfil do protagonista, o “descobridor das coisas”, conjugando a vulnerabilidade natural de uma criança de cinco anos com a determinação e a força de uma criança que crê que o mundo existe para ser entendido e explorado.
    Miguel Neves Santos (op. cit., pp. 7-11), subdivide esta primeira parte nas seguintes sequências: “A família e o «Descobridor de Coisas»”, “A Ilusão e a Desilusão: Sonho e Miséria”, “Imaginação e Crescimento”, “Memória e Esperança”, “A Sensibilidade e o Bom Coração do «Menino Diabo»”.
    A segunda parte, composta por nove capítulos (“O morcego”, “A conquista”, “Conversa para cá e para lá”, “Duas surras memoráveis”, “Suave e estranho pedido”, “De pedaço em pedaço é que se faz ternura”, “O Mangaratiba”, “Tantas são as velhas árvores”, “A confissão final”), tem como subtítulo “Foi quando apareceu o Menino Deus em toda a sua tristeza” e é nela que se desenvolvem os aspetos mais marcantes da narrativa. Deste modo, o leitor assiste ao crescimento de Zezé, cuja existência oscila entre a felicidade e a tristeza, a esperança e o infortúnio.
    O subtítulo remete para momentos de revelação e de transformação, que se revelam também dolorosos e que guiam o percurso de aprendizagem de Zezé, uma criança que, graças à experiência que vai adquirindo, deixa progressivamente de o ser, “principalmente aos olhos de um narrador adulto que parece também notar tal facto, à medida que compõe a história que quer contar.” A testemunha de tudo isso é o pé de laranja lima, o «amigo de todas as ocasiões” que se constitui como uma das mais importantes para a compreensão da obra.
    Miguel Neves (op. cit., pp. 13-19) subdivide esta segunda parte nas seguintes sequências: “Amigos Inesperados: a Importância das personagens secundárias”, “Pequenas e Grandes Conquistas: a Vida é feita de Mudanças”, “Entre o Céu e o Inferno: o Afeto dá Lugar à Violência”, “Sarar as Feridas e Reparar os Sonhos”, “A Dor e o Vazio Impostos pela Perda Irreparável”.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

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Resumo do capitulo I de O Meu Pé de Laranja Lima

A obra abre com o relato de uma caminhada de Zezé e Totoca, seu irmão, que lhe dá instruções práticas para a vida e o afasta da imaginação e das ilusões que poderão colocar o protagonista em perigo ou fazê-lo sofrer. Por meio de comentários, breves memórias e curtas analepses, o leitor começa a conhecer as personagens e o contexto da ação.
    Os dois irmãos caminham de mãos dadas e Totoca ensina a Zezé coisas do mundo, como, por exemplo, o caminho para a escola ou como atravessar a rua em segurança, nomeadamente a movimentada Rio – São Paulo, explicando que, antes de o fazer, é necessário olhar para os dois lados. O protagonista sente medo, mas esforça-se para não o demonstrar, enquanto o irmão o incentiva a fazer o trajeto sozinho, afirmando que está a crescer e necessita de aprender.
    Enquanto caminham, conversam sobre diversos temas. Zezé evidencia uma grande curiosidade filosófica e poética sobre a vida. Por exemplo, questiona se a “idade da razão pesa” e mostra admiração por Tio Edmundo, um senhor aposentado que ele considera «sábio» e que gostaria de imitar quando crescesse, incluindo uma gravata de laço, porque todos os poetas que vê nas revistas usam esse acessório.
    Entretanto, chegam à nova casa para onde a família se vai mudar. Zezé gosta da habitação, mas não compreende o motivo da mudança. A conversa revela, então, um contexto familiar difícil: o pai está desempregado, a família enfrenta problemas financeiros, por isso terão que se mudar para a outra casa. Além disso,  a mãe começará a trabalhar fora, e até a irmã Lalá já está empregada. O próprio Totoca, apesar de ainda ser jovem, terá que ajudar na missa para contribuir financeiramente para o núcleo familiar.
    Mesmo sendo criança, Zezé percebe a dureza da vida e tenta lidar com as circunstâncias com criatividade e fantasia. Assim, pergunta sobre o seu «zoológico», uma brincadeira infantil que envolve a presença imaginária de animais como panteras e leoas. Totoca brinca de forma afetuosa, dizendo que será ele quem desmontará o zoológico da casa antiga para o remontar na nova.
    Totoca, de seguida, tenta descobrir como o irmão mais novo conseguiu aprender a ler sozinho, mesmo antes de completar seis anos, um acontecimento que causara o espanto de toda a família. Zezé insiste que não sabe como aprendeu e ninguém o ensinou. Recorda-se apenas de uma ocasião em que perguntou a Tio Edmundo se era possível alguém aprender a ler com cinco anos, ao que aquele respondeu afirmativamente, acrescentando que era, no entanto, incomum. Zezé recorda também um episódio em que surpreendeu Jandira, a irmã, ao ler uma oração afixada atrás da porta. Ninguém acreditava que ele realmente soubesse ler, por isso Jandira deu-lhe um jornal e a criança leu-o. Em poucos minutos, os vizinhos e os familiares estavam reunidos para assistir ao «fenómeno», concluindo que tinha aprendido a ler sem ajuda direta de ninguém, o que causou um misto de espanto, orgulho e desconfiança.
    Posteriormente, Zezé relembra uma conversa com Tio Edmundo, durante a qual lhe pediu um presente: um cavalinho de pau chamado “Raio de Luar”, como o do cinema. O homem aceita o pedido, mas em troca quer um abraço, um gesto a que a criança acede sinceramente, ao perceber que o Tio se sente só e falta dos filhos. Logo a seguir, promete-lhe que vai ler para ele, provando a sua habilidade recém-descoberta.
    No final do capítulo, Tio Edmundo cumpre a promessa e oferece-lhe o cavalinho. Ele testa Zezé com um jornal, e a criança lê corretamente até palavras difíceis como «farmácia». Em suma, ninguém entende como o pequeno aprendeu a ler, e nem este mesmo sabe explicar – é tratado quase como um «milagre». Emocionado, Tio Edmundo compara o seu nome ao de José do Egito, que também foi um menino especial, e prognostica que a criança será alguém especial. Zezé não entende as palavras do homem, mas afirma que quer ouvir essa história quando “crescer mais”, pois adora histórias difíceis.
    Neste contexto, Totoca fica impressionado, mas, em simultâneo, aborrecido por o irmão ter aprendido a ler tão cedo, acrescentando que agora ele terá que ir à escola, pois a irmã Jandira considerou que seria uma forma de manter a casa mais tranquila pela manhã. Além disso, avisa que não voltará a atravessar a rua com Zezé, que terá de aprender a fazê-lo sozinho.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Resumo de O Meu Pé de Laranja Lima

    O Meu Pé de Laranja Lima é uma obra narrativa autobiográfica que relata a infância sofrida e as desventuras de Zezé, um menino de cinco anos natural de Bangu, periferia do Rio de Janeiro, no final dos anos 20 do século XX. Muito esperto e independente, aprende a ler sozinho e, como qualquer criança deixada solta, “vive aprontando”, expressão que designa as asneiras e partidas que prega e que, regra geral, têm consequências desastrosas para quem as faz e as sofre: “Aprendia descobrindo sozinho e fazendo sozinho, fazia errado e fazendo errado, acabava sempre tomando umas palmadas.”

    A sua vida é tranquila e estável, habita uma casa confortável e vive com conforto material, até ao momento em que o pai perde o emprego e a mãe se vê forçada a trabalhar na cidade, mais especificamente no Moinho Inglês, uma fábrica de tecidos. Para agravar a situação, a família é extensa – Zezé tem cinco irmãos: Glória, Totoca, Lalá, Jandira e Luís. Operária na fábrica, a mãe passa o dia a trabalhar enquanto o pai, desempregado, fica em casa e começa a beber. Em virtude da nova situação para que é arrastada, a família vê-se forçada a mudar de casa e a levar uma vida modesta, por isso não é de espantar que os Natais outrora fartos sejam substituídos pela mesa vazia e por uma árvore sem presentes. No quintal da nova residência, existem diversas árvores, e cada membro da família escolhe uma para chamar sua. Zezé é o último a escolher e fica com um modesto pé de laranja lima, com o qual mantém longas conversas e a que chama carinhosamente Minguinho e Xururuca. Dadas a sua traquinice e as constantes travessuras, é frequente ser agredido fisicamente pelos pais e pelos irmãos, indo depois consolar-se com a árvore. Certa vez, foi sovado de tal maneira por uma das irmãs e pelo pai que ficou uma semana sem ir à escola.

    A outra grande amizade de Zezé é Manuel Valadares, também conhecido por Portuga, um emigrante português que trata a criança com o afeto, a atenção e paciência que não tinha em casa. Por uma fatalidade do destino, Valadares é atropelado pelo comboio e morre, evento que tem um fortíssimo impacto em Zezé, que fica doente. Outro acontecimento dramático marca negativamente a sua vida: o pé de laranja lima é cortado por ter crescido mais do que era suposto.

    Zezé recupera e recomeça avida, apesar de sentir um enorme vazio. Entretanto, a situação económica da família melhora quando o pai encontra emprego numa fábrica. Por outro lado, não há também motivo para temer o corte do pé de laranja lima, dado que tal não acontecerá tão cedo. É neste contexto que a história termina, com Zezé a assumir simbolicamente que a sua árvore amiga já fora cortada, associando-a ao desaparecimento do Portuga, sem o pai perceber.

    A ação termina com o narrador a ser um Zezé agora adulto que se dirige a Manuel Valadares, mais de quarenta anos depois, e lhe confessa o impacto que teve na sua existência. Por outro lado, desabafa a influência que teve em si o facto de ter sido precocemente atingido pela realidade dura e cruel, que choca com a inocência, a alegria e a esperança que deveriam caracterizar a infância.

Época de escrita de O Meu Pé de Laranja Lima

    O período de vida de José Mauro de Vasconcelos coincidiu com uma época marcada por algumas das transformações mais importantes ocorridos no mundo ocidental.
    Em termos históricos e políticos, o escritor viveu a sua adolescência e juventude no chamado Período (ou Era) Vargas, numa alusão ao governo liderado por Getúlio Vargas, entre 1930 e 1945. Esta fase da História do Brasil ficou marcada por um conjunto de reformas sociais e económicas que tiveram como foco principal a industrialização e a crescente urbanização, bem como pela forte centralização do poder e pelo nacionalismo.
    Posteriormente, surge o período histórico que coincide com a vida adulta do escritor e que diz respeito à fase compreendida, sensivelmente, entre a década de cinquenta e o início dos anos 80 do século XX. São anos marcados pela instabilidade política e pela alternância entre a democracia e a ditadura militar, que se estendeu de 1964 a 1985. Assim sendo, quando publicou O Meu Pé de Laranja Lima, o Brasil já estava sob o regime militar, caracterizado, entre outras coisas, pela censura e pela repressão política. Esta época de alternância ficou marcada por um surto de crescimento e progresso, acompanhado de grandes desequilíbrios sociais, que persistem e, de certo modo, se acentuam na vida quotidiana dos brasileiros. Ao tema da pobreza juntam-se, sistematicamente, os da injustiça e da opressão, por exemplo, e que inspiram muitas das suas obras. A taxa de pobreza era muito elevada, havia graves problemas de acesso à educação e saúde, especialmente no interior do país e entre as classes mais baixas, daí que muitas famílias migraram do campo para as cidades em busca de melhores condições. Além disso, havia também problemas de negligência infantil, com crianças de classes populares a enfrentarem abandono, trabalho precoce e violência, temas tratados em diversos livros de José Mauro de Vasconcelos.
    Culturalmente, a vida do escritor coincide com as diferentes fases do Modernismo, caracterizado pela liberdade criativa, pelo olhar atento ao comportamento humano, pela tendência para exibir traços nacionalistas e pela valorização dos aspetos que revelam a identidade de cada região.
    Por outro lado, novamente nas palavras de Miguel Santos (op. cit., p. 6), “Privilegia-se […] o espaço da imaginação, a exploração dos limites da consciência racional do indivíduo, o papel do sonho e até do delírio, mas, ao mesmo tempo, não se negligencia o real, a ciência, o conhecimento e promove-se uma visão reflexiva e inquiridora face ao mundo. São também estes alguns dos traços que tornam a sua obra não só uma viagem através da sensibilidade humana, mas também um relevante e esclarecedor testemunho acerca da realidade social, de que todos fazemos parte.”

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