A
partir da obra Os três mal amados (1943), a poesia de J. Cabral pauta-se
pela:
=- construção
=-
racionalidade
=-
objetividade
Estes
elementos estão presentes em obras como O Engenheiro (1945) e Psicologia
da Composição (1947).
Em Pedra
de Sono, o domínio do Surrealismo pode verificar-se em duas vertentes:
=-
alucinatória, pois o Surrealismo dá total liberdade à mente, às imagens tal
como elas vão surgindo;
=-
construtivistas: nesta vertente, o rigor da construção sobrepõe-se ao domínio
onírico.
Estas
duas vertentes já aparecem em Pedra de Sono, mas aqui a vertente alucinatória
sobrepõe-se à construtivista, mas não com o relevo que vai ter nos livros que
se seguiram.
No Engenheiro,
verifica-se ainda o embate das duas venturas; o problema não foram ainda
resolvido, mas o projeto construtivista começa a ganhar espaço e relevo na
construção dos poemas. Mas mantém-se ainda o clima surrealista, evidente na
abundância de palavras ligadas ao domínio onírico: sonho, sono, noite, morte.
Nesta
obra, temos que distinguir dois tipos de poemas:
. os poemas que são
escritos segundo o ritmo da expansão onírica;
.
os poemas que, embora mantendo as palavras derivadas da expansão onírica, já
estão sujeitos a um projeto de construção. Assumem, assim, uma forma mais racional
e objetiva.
Este
poema é um exemplo vido do primado da expansão onírica; continuamos a ter
presentes os três temas comuns, que são a noite, o sonho e a morte e uma
sucessão de imagens oníricas.
No
poema “Poesia”, a interrogação mostrava uma clara tentativa de racionalização;
aqui esta função de objetivar as coisas não é tão evidente.
Outra
característica do poema é o domínio da subjetividade. Mas esta característica
está igualmente presente na vertente construtivista. O poeta aparece à deriva
entre as sugestões com que se depara e relaciona-se com elas de forma
diferente: umas vezes, tenta separar-se e outras funde-se com elas.
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