O
discurso é interrogativo e está ligado a um clima de mistério e também de
racionalização. O discurso parece ser o único elemento que permite chegar à
racionalização e nunca o conteúdo, apesar de haver palavras que só por si são racionais,
claras e objetivas: sol, luz, saúde (são palavras que fogem ao domínio da
noite, do escuro e do sonho). Mas toda a “luz” e “saúde” são subordinadas a um
mistério maior. Por isso, toda a tentativa de racionalização pelo uso de certas
palavras desaparece, ficando apenas o discurso interrogativo.
A
conquista de um território diurno esbarra com um território em que se produz a
poesia. Há uma desistência do real enquanto instância passível de organização
pela consciência. Apesar do poeta procurar ordenar o real, pela sua consciência
acaba rendido à evidência de o não conseguir. A poesia surge como ato de
criação, onde é valorizada a mente onírica, do sonho, da evasão do criador, que
não consegue ter uma atitude crítica perante o que cria.
Como
conclusão, poderemos dizer que a poesia é o resultado da mente do criador e,
como dizia o Surrealismo, é um conjunto de expansões oníricas. A interrogação
surge ao poeta como única forma de colocar em causa o que foi dito.

