Português

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ensino nacional perdeu quase 100 mil alunos


     Agora, vejamos uma outra análise relacionada com este título sensacionalista:

     Consultar aqui.

"Porque" ou "por que"


     A frase correta seria «Rui Reininho explicou ao Sol e ao Jornal de Notícias POR QUE razão abandonou...».

     A explicação encontra-se aqui.

3. Oscar



domingo, 22 de junho de 2014

O rigor do Ministério da Educação e Ciência

                «A frase que os alunos do 12.º ano tiveram de classificar na questão 2.3 do grupo II do exame nacional de Português pode não pertencer a Lídia Jorge, como admite a própria escritora e autora de pelo menos a maior parte do texto, originalmente publicado na revista Camões.
                (...)
                No exame, o texto publicado no grupo II é atribuído a Lídia Jorge. Este sábado, no entanto, a escritora, quando contactada pelo PÚBLICO, admitiu não estar absolutamente certa de ter escrito as duas últimas frases do testemunho analisado pelos alunos do 12.º ano e originalmente publicado na página 108 da edição da revista Camões n.ºs 9-10, de Abril-Setembro de 2000. Já Almeida Faria, que escreveu igualmente sobre Eça de Queirós um texto publicado na página 107 da mesma revista, assegura ter “a certeza absoluta de que as duas frases são” da sua autoria.»

(c) Público

quarta-feira, 18 de junho de 2014

"Não gosto do brasileiro", Alexandre Martins

A minha rua estava deserta. Horas antes daquele jogo, o esqueleto, o peco, o bijas e outros ranhosos como eu tínhamos ocupado os nossos lugares cativos no passeio para arrasarmos aquela ideia estúpida de que no futebol tudo pode acontecer: o Brasil ia ganhar à Itália e não se falava mais nisso.
Eles tinham o calcanhar de Sócrates, os passes de Falcão e a força de Leovegildo Lins da Gama Júnior, ou apenas Júnior – um defesa que também jogava no meio-campo e que foi obrigado a resumir a imponência do seu nome completo a um modesto apelido só para caber nos cromos da Panini. Todos eles eram Zico dos pés à cabeça.
E nós, na Rua 3, tínhamos o esqueleto, o peco, o bijas e outros ranhosos como eu, à falta de uma selecção portuguesa para apoiar nesse Mundial. E também tínhamos o brasileiro.
Nascido em Angola e neto de portugueses, foi parar à minha rua da mesma forma que quase todos nós tínhamos ido parar à nossa rua. Mas isso era coisa de adultos: eles ainda discutiam se o Mário Soares era bom ou era mau, e nós discutíamos se o Serginho tinha lugar na selecção do Brasil. (É claro que não tinha).
O certo é que todos nós também éramos Zico. Uns nos pés, outros na cabeça, outros só quando adormeciam e começavam a sonhar.
Os pés do Zico eram do peco, que fintava toda a gente, ia lá à frente marcar um golo e ainda regressava a tempo de fintar a própria sombra; o esqueleto ficou com a cabeça, que levantava para ver onde ia pôr a bola enquanto rodopiava sobre si mesmo e nos mantinha à distância com os longos braços.
Eu estava no meio, só que no meio errado: tinha a precisão de passe do peco e a fantasia do esqueleto, precisamente a soma dos zeros de cada um deles. (Ainda hoje me gabo de ter sido a criança magra que mais vezes foi à baliza em toda a história do futebol de rua).
Mas agora a minha rua estava deserta. Por um qualquer fenómeno que ainda hoje resiste às leis da ciência e aos mistérios da religião, o Brasil acabara de perder com a Itália, em Espanha, e tudo na minha rua ficou diferente. Nem a rulote do Nando, que vendia as melhores pastilhas Gorila de Portugal, voltou a abrir nesse dia.
Eu e os meus amigos tínhamos acabado de receber a primeira lição de vida através do futebol. Uma lição que ainda hoje me acompanha sempre que me levanto da cama: faças o que fizeres, nunca vistas de amarelo.
Mal acabou o jogo, os pais do brasileiro pegaram nele e foram morar para o Brasil. Há quem diga que passaram quatro anos entre uma coisa e outra, mas não é essa a recordação que eu tenho da mentira que contei na frase anterior.
Eu, o esqueleto e o brasileiro éramos os melhores amigos. Separar aquele grupo foi como arrancar o Zico ao Sócrates e ao Falcão. Ainda hoje falo sobre futebol com o esqueleto, que perdeu o direito à alcunha em meados da década de 1990. Mas não falo muito com o brasileiro porque já não gosto dele. Não gosto do brasileiro porque ele se foi embora.


(c) Alexandre Martins, in Público
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