O termo natal começou por
ser um adjetivo que significava «relativo ao nascimento», «onde se deu o
nascimento», «natalício».
A palavra
provém do adjetivo latino natalis (adjetivo que significava "do nascimento") - com o passar do tempo, caíram alguns sons e passou a dizer-se somente "natal" -, formado a partir do verbo «nascor»,
que queria dizer «nascer», que, por sua vez, tem na sua origem a raiz proto-indo-europeia *ǵenh₁-. Esta raiz antiquíssima deu origem a um conjunto de palavras gregas também relacionadas com o nascimento e que acabaram por fazer parte igualmente do português, como, por exemplo, «génese» e «génesis.
Da mesma raiz indo-europeia, surgiu o king inglês, embora a palavra que significa Natal tenha uma origem completamente diferente da do português. De facto, o nome Christmas provém de «Christ's mass», isto é, a missa de Cristo.
Do adjetivo
«natal», formou-se o nome «natal», subentendendo-se a palavra «dia»: o dia
natal significava o dia do nascimento e, daí, o próprio nascimento, mas esse
termo normalmente apenas é usado para designar o nascimento de Jesus Cristo,
iniciado por maiúscula (o Natal). Do latim natalis derivaram também as
designações de várias outras línguas, como o francês (noël) ou o
italiano (natale), entre outras.
Deste modo, o
vocábulo «Natal», escrito com maiúscula inicial, é o nome da festa religiosa
cristã que celebra o nascimento de Jesus Cristo, a figura central da religião
cristã; o termo «natal», com letra minúscula, significa «do nascimento» e
refere-se ao nascimento ou ao local onde se deu o nascimento. Escrevem-se,
igualmente, com maiúscula alguns topónimos, como o da cidade brasileira de
Natal.
Primitivamente,
nas igrejas do Oriente, o nascimento de Jesus celebrava-se a 6 de janeiro. No
entanto os Evangelhos não contêm qualquer referência à data exata desse
nascimento. Foi o clero romano, algures entre 243 e 336, que definiu o dia 25
de dezembro como o da celebração do nascimento de Jesus, possivelmente graças ao
papa Júlio I.
A teoria
mais aceite sugere que a comemoração do Natal teve origem em festas pagãs que
ocorriam no mês de dezembro, durante o Império Romano, relacionadas com o
solstício de inverno, para garantir a fertilidade e para celebrar o
«renascimento do Sol», uma vez que o solstício de inverno era o dia mais curto
do ano. De facto, a Roma pagã comemorava o Natale Solis Invicti, a festa
solsticial consagrada ao Sol, precisamente no dia 25 de dezembro. De acordo com
os cálculos da época, estava-se no solstício de inverno e esse era o dia em que
o Sol estava mais fraco e, portanto, pronto para recomeçar a crescer e a trazer
vida à natureza: era o nascimento do Sol invencível (Natale Solis Invicti),
que prevalecia sobre a noite. Após a decisão do clero romano, gradualmente a
celebração pagã deu lugar à cristã. Aliás, se tivermos em atenção as
Escrituras, Jesus é apresentado como a verdadeira «luz do mundo», sendo
frequente a associação de Deus ao Sol, Deus como a luz que ilumina a terra. De
Roma, a celebração de 25 de dezembro propagou-se a todas as terras cristãs.
Algumas
vozes colocam o nascimento de Jesus no mês de abril, outras na festa dos
Tabernáculos dos judeus, correspondente ao atual mês de setembro. Uma
declaração de Clemente de Alexandria aponta mesmo várias datas: 15 de abril, 20
de abril, 21 de abril, 20 de maio. Enquanto a Igreja católica não fixou a data
do Natal, este era comemorado em dias diferentes, dependendo da região, pois
não se sabia com exatidão o dia do nascimento de Jesus. No entanto, para que
passasse a constar do calendário litúrgico, bem como para marcar o ano I da
nossa era (depois de Cristo) e ainda para permitir a conversão dos novos pagão
sob o domínio do Império Romano, estabeleceu-se o dia 25 de dezembro, uma opção
que terá sido ditada enquanto estratégia da Igreja para enfraquecer as
comemorações pagãs que ocorriam nessa data, como, por exemplo, o Dies
Natalis Solis Invicti ou a Saturnália, uma festa de homenagem ao deus
Saturno. Assim, é muito provável que, gradativamente, durante os séculos III e
IV, a comemoração do Natal no dia 25 de dezembro se tenha popularizado a ponto
de o Papa Júlio I ter determinado que o nascimento de Jesus ocorrera, de facto,
nessa data. Supostamente, o anúncio do papa teve lugar em 350.
Relativamente
à origem, alguns historiadores situam-na na antiga Babilónia, numa festa que
comemorava o nascimento de Nimrode, um dos seus reis, e também no Egito, onde a
data marcava o nascimento da deusa Ísis. De modo semelhante, a época, ainda
antes do Cristianismo, era festejada no norte da Europa para marcar o fim dos
dias curtos e o retorno do Sol. As antigas comemorações de Natal duravam até 12
dias, pois foi este o tempo que os três Reis Magos demoraram até chegar à
cidade de Belém para entregarem os seus presentes (ouro, mirra e incenso) ao
recém-nascido Jesus. Hoje, os enfeites de Natal são iniciados no começo de dezembro
e terminam doze dias após o Natal.