Português: 21/01/24

domingo, 21 de janeiro de 2024

Resumo da ação de Assassinos da Lua das Flores

    Assassinos da Lua das Flores narra a história da tribo osage em três partes.

    Nos anos 1920, a população mais rica per capita não era a parisiense ou a nova-iorquina, mas a dos índios osage, no Oklahoma, EUA, graças à descoberta de uma imensa jazida de petróleo debaixo da terra que lhes fora designada quando deslocados do seu território original. Os cerca de 2000 osage recebiam uma percentagem dos lucros das companhias petrolíferas. A tribo, cuja riqueza foi largamente reportada em revistas e jornais, desafiava todos os estereótipos relacionados com os americanos nativos: andavam de Cadillac com motorista, construíam mansões e mandavam os seus filhos estudar na Europa.

    Então, misteriosamente, os osage começaram a ser assassinados: alguns, envenenados, outros, mortos a tiro ou espancados. De um momento para o outro, passaram a ser, em simultâneo, a comunidade mais rica e com o maior índice de assassínios do planeta. Muitos dos que tentaram investigar estes crimes encontraram um destino semelhante: foram mortos a tiro, estrangulados, tendo um advogado sido mesmo atirado de um comboio em andamento.

    Desesperados, os osage viraram-se então para o Bureau de Investigação (BI) que tinha sido acabado de criar, e o seu caso – um dos muitos, mas cheio de ramificações – tornou-se o primeiro grande caso de homicídios do FBI. Porém, o dinheiro do petróleo estava infiltrado no próprio FBI e até na Casa Branca.

    A primeira parte da obra detalha os acontecimentos à medida que se desenrolavam durante a década de 1920, localizando as mortes de mais de vinte e quatro membros da nação osage no contexto da época. A primeira seção centra-se numa mulher osage chamada Mollie Burkhart, que perde a maior parte da sua família durante o período que ficou conhecido como o Reinado do Terror. A segunda secção foca-se na investigação dos assassinatos por parte do governo dos EUA, a qual é liderada pelo agente Tom White, do emergente Bureau of Investigation. A equipa de agentes que ele dirige consegue solucionar alguns dos assassinatos, e a secção acompanha os seus esforços para apurar os factos e levar os perpetradores à justiça. Na sua secção final, o livro avança para o século XXI enquanto o autor investiga crimes que não foram resolvidos quase um século antes, trabalhando para esclarecer os crimes e trazer paz às famílias osage que ainda sofrem com as suas perdas.

    No meio das várias mortes ocorridas, os falecimentos da mãe, das irmãs e do cunhado de Mollie Burkhart constituem o objeto da primeira parte. Em 1921, Anna Brown, irmã mais velha de Mollie, é baleada dentro de um carro, após ter sido levada para casa depois de uma reunião na casa da mana. Pouco tempo depois, outros membros da família encontram igualmente a morte: Lizzie, a mãe de Mollie, definha repentinamente, enquanto Rita, outra irmã, e o seu marido Bill Smith são mortos quando a casa onde vivem explode. A terceira irmã de Mollie, Minnie, também faleceu abruptamente de uma doença desconhecida antes do início da ação relatada no livro. Apoiada pelo marido Ernest, Mollie promete descobrir o que está a acontecer à sua família. Esta passagem da obra torna clara a forma como a aplicação da Lei na área rural do estado de Oklahoma durante a década de 1920 é extremamente deficiente. Por exemplo, a investigação das mortes fica a cargo de amadores ou de detetives contratados. Por outro lado, a corrupção no condado e que se espraia pelo sistema de Justiça do estado impede a investigação.

    William Hale, tio de Ernest e um importante empresário local, oferece apoio à investigação. Deste modo, contrata detetives a expensas pessoais detetives com o único objetivo de descobrir a verdade e fazer justiça. A expansão da nação norte-americana para oeste despojara sistematicamente os osage e outros povos indígenas do seu território e das condições básicas necessárias para sustentar o seu modo de vida tradicional. Assim, os osage acabaram por comprar um pequeno lote de terras rochosas imprestáveis no Oklahoma. A sua sorte madrasta muda aparentemente quando é descoberto petróleo nas terras que tinham adquirido. Ao arrendar as suas terras aos pesquisadores de petróleo, os membros da tribo tornaram-se as pessoas mais ricas do mundo no início do século XX, considerando o seu rendimento per capita. Porém, em simultâneo, essa riqueza faz deles alvo perfeito para a ganância e o crime: vinte e quatro pessoas morrem num período de tempo que ficou conhecido como Reinado do Terror. Ninguém consegue explicar as mortes e muito menos descobrir o que se passou, pelo que representantes dos osage deslocam-se a Washington, com o intuito de dirigir uma petição ao governo federal.

    A segunda parte debruça-se sobre a atuação do Bureau of Investigation, de J. Edgar Hoover, seu diretor, e de Tom White, o agente que o primeiro incumbe de investigar e solucionar o crime, numa fase em que o Bureau se vê abalado por escândalos e por uma péssima reputação. Neste contexto, Hoover espera que a resolução dos assassinatos dos osage contribua fortemente para reparar a sua imagem. Embora White, um ex-ranger do Texas, não corresponda ao modelo de agente que Hoover pretende para o Bureau moderno que ambiciona construir, a sua integridade e o seu conhecimento daquela área do país tornam-no a pessoal adequada para liderar a investigação. Acresce o facto de White ser originário de uma família texana de homens da lei e se sentir confortável com uma arma na mão, apesar de preferir não a usar. Deste modo, o agente forma uma força-tarefa constituída por agentes secretos e dá o sinal de partida para a investigação.

    Deste modo, procura separar cuidadosamente os factos da ficção, construindo lentamente a perceção da existência de uma conspiração no seio do condado de Osage, no centro da qual moram William Hale e os seus sobrinhos, Ernest e Bryan, acolitados por vários outros cidadãos caucasianos importantes, incluindo médicos e comerciantes locais. Reunidas as provas, procura levar Hale a julgamento, mas há forças poderosas que se interpõem no seu caminho, como o racismo ou a influência do réu. A promotoria tenta, sem sucesso, levar o caso ao tribunal federal, quando o primeiro julgamento termina num empate do júri. No entanto, o governo insiste e, desta vez, Ernest Burkhart, provavelmente movido pela morte da sua filha mais nova, Anna, declara-se culpado da sua participação nos crimes e testemunha contra Hale e Ramsey, o braço direito deste, que são considerados culpados e condenados a prisão perpétua. A esposa de Burkhart, que o apoiara ao longo de todo o processo, após a condenação divorcia-se dele e conquista o direito a conduzir a sua própria existência. Com o caso aparentemente resolvido, White abandona o Bureau e torna-se diretor da prisão de Leavenworth, onde supervisiona o encarceramento de Hale e Ramsey durante algum tempo, até se ver forçado a mudar para outra penitenciária depois de ter sido ferido durante uma tentativa de fuga.

    Depois de colaborar com os descendentes das vítimas, David Grann apercebe-se de o número de mortos durante o Reinado do Terror é, com certeza, muito superior à contagem oficial e que os crimes começaram antes da década de 1920 e se prolongaram até à seguinte, portanto depois da prisão de William Hale em 1926. Depois de analisar os registos e os arquivos da investigação, Graan conclui que os padrões de moralidade em Osage na época em questão superam largamente a média nacional, o que significa que a conspiração extravasou a teia tecida por Hale. O escritor crê que poderá decifrar o que aconteceu a algumas vítimas, porém não consegue reunir provas que iluminem o que sucedeu a algumas delas. A obra termina com Grann a prometer a mais uma pessoa que irá tentar solucionar um mistério que moldou a sua vida, citando o Livro do Génesis.

Obras de David Grann

    A sua primeira obra, intitulada A Cidade Perdida de Z, foi publicada em fevereiro de 2009 e conta a aventura de Percy Fawcett, que, em 1925, se embrenhou na Amazónia em busca da antiga cidade perdida de Z. Durante séculos, os europeus acreditaram que a maior selva do mundo descondia um reino esplendoroso, o Eldorado. Milhares de pessoas, ao longo dos tempos, partiram à sua descoberta e pagaram com a vida a ousadia. Enquanto isso, vários cientistas começaram a questionar a sua existência e a olhar para a Amazónia como uma armadilha mortífera que jamais poderia esconder a existência de uma sociedade complexa. No entanto, Fawcett, cujas expedições aventurosas serviram de inspiração a Arthur Conan Doyle para escrever O Mundo Perdido, após anos de aturada investigação, partiu, juntamente com o seu filho de 21 anos, para a selva amazónica, determinado a provar que essa antiga civilização – que apelidou de «Z» Genéricos – existia. Nela mergulhou e desapareceu. Ao encontrar casualmente uma valiosa coleção de diários, David Graan foi tentado a desvendar «o maior mistério de investigação do século XX»: o que terá acontecido a Percy Fawcett e à sua demanda pela Cidade Perdida de Z.

    Em 2010, publicou The Devil and Sherlock Holmes: Tales of Murder, Madness, and Obsession, um conjunto de 12 artigos (ensaios), publicados anteriormente entre 2000 e 2009 no The New Yorker, na The New York Times Magazine, no The New Republic e no The Atlantic, após terem sido objeto de revisão e atualização, e que se debruçam sobre mistérios da vida real.

    Em 2014, publicou Assassinos da Lua das Flores, uma obra que se debruça sobre a trigo Osage e os misteriosos assassinatos que se abatem sobre ela. Para adensar o mistério, vários investigadores desses crimes foram igualmente assassinados. Em desespero, a tribo procura o FBI, mas o dinheiro do petróleo e as ligações à Casa Branca vão interferir no decurso dos acontecimentos.

    Em 2018, deu à estampa The Wager: A Tale of Shipwreck, Mutiny and Murder, o quinto livro de não ficção de David Grann, que se debruça sobre a história do HMS Wager Mutiny, um navio da Marinha Real de sexta categoria, de cordame quadrado, com 28 canhões, construído como um East Indiaman por volta de 1734 e que fez duas viagens à Índia para a Companhia das Índias Orientais antes que a Marinha Real o comprasse em 1739. A embarcação fazia parte de um esquadrão comandado pelo Comodoro George Anson e naufragou na costa sul do Chile em 14 de maio de 1741. O naufrágio do Wager tornou-se famoso pelas aventuras subsequentes dos sobreviventes que se encontraram abandonados na desolada Ilha Wager no meio de um inverno patagónico e, em particular, por causa do Motim Wager que se seguiu.

    Em 2023, publicou A Escuridão Branca, um livro sobre Henry Worsley (1960-2016), um homem que, durante toda a sua vida, idolatrou Ernest Shackleton, o explorador que tentou ser o primeiro a atingir sozinho o Polo Sul, mas que nunca completou a empreitada. Worsley vivia fascinado com essas expedições e acreditava que as poderia completar com bastante estudo e treino, de forma a evitar os erros cometidos anteriormente. Em 2008, fez a primeira viagem, acompanhado por um descendente de Shackleton e pelo bisneto do seu homem de confiança. Depois de regressar a casa, quis voltar à Antártida, agora para a cruzar em solitário.

Biografia de David Grann

    
David Grann nasceu a 18 de março de 1967. É filho de Phyllis E. Grann, ex-CEO da Putnam Penguin e a primeira CEO de uma grande editora, e Victor Grann, oncologista e diretor do Bennett Cancer Center em Stamford, Connecticut, que foram pais também de outros dois filhos: Edward e Alison.
    Obteve um bacharelato na área da política no Connecticut College em 1989. Posteriormente, ainda na faculdade, Grann recebeu uma bolsa Thomas J. Watson e dirigiu investigações no México, onde iniciou a sua carreira como jornalista independente. Mais tarde, em 1993, obteve o mestrado em Relações Internacionais na Fletcher School of Law and Diplomacy da Tufts University. Nessa época, já demonstrava grande interesse pela escrita ficcional e sonhava em prosseguir uma carreira como romancista.
    Em 1994, foi contratado como redator do The Hill, um jornal com sede em Washington, DC, que cobre o Congresso dos Estados Unidos. No mesmo ano, Grann obteve o título de mestre em escrita criativa pela Universidade de Boston, onde ministrou cursos de escrita criativa e ficção. Mais tarde, foi nomeado editor executivo do The Hill em 1995. Um ano depois, tornou-se editor sénior do The New Republic. Ingressou na revista The New Yorker em 2003 como redator da equipe e foi finalista do Prémio Michael Kelly em 2005.
    Em 2009, foi galardoado com o Prémio George Polk e o Prémio Sigma Delta Chi pelo seu artigo da New Yorker "Trial By Fire ", sobre Cameron Todd Willingham. Noutro artigo de caráter investigativo publicado na New Yorker, intitulado "The Mark of a Masterpiece", levantou questões sobre os métodos de Peter Paul Biro, que afirmava usar impressões digitais para ajudar a autenticar obras-primas perdidas. Biro processou-o e à revista por difamação, mas o caso foi arquivado sumariamente. O artigo acabou por ser finalista do Prémio Revista Nacional de 2010.
    Atualmente, é casado, tem dois filhos e mora em Nova Iorque.

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