Diálogo Madalena – Maria
● Tema: o possível regresso de D. Sebastião.
● Perspetiva
e reação das personagens sobre e ao tema
Maria, como personagem sebastianista, acredita piamente que
D. Sebastião está vivo e vai regressar num “dia de névoa muito cerrada” e fundamenta
a sua posição em argumentos como a fé e a crença do povo que, segundo ela, terá
toda a razão de ser.
Curiosa e intuitiva, questiona por que razão o pai,
sendo tão patriota, não gosta de ouvir falar no regresso do rei, que iria
retirar do trono português o rei espanhol, e chega a alvitrar a possibilidade
de ser pró-castelhanos, não obstante toda a sua postura patriótica, por ele
revelada através de palavras e ações.
Note-se como, nesta cena, as palavras e atitudes de
Maria revelam todo o seu extraordinário poder de observação e de análise de
comportamentos.
Telmo Pais crê profundamente no regresso de D. Sebastião,
mantendo viva igualmente viva a esperança no retorno do seu amo, D. João de
Portugal.
Por seu turno, D.
Madalena procura demover a filha e
afastá-la dessas ideias, fazendo uso, inicialmente, de argumentos racionais: (a)
os relatos dos tios Frei Jorge e Lopo de Sousa, homens cultos, sobre o que aconteceu
na batalha e (b) a desvalorização das crenças populares, que apresenta como
quimeras (ilusões).
Quando verifica que a sua argumentação não resulta, aflige-se
a chora. As reações dos pais devem-se ao facto de a sobrevivência e o regresso
de D. Sebastião e D. João de Portugal, cuja morte nunca fora confirmada,
implicariam a nulidade do seu casamento e a ilegitimidade de Maria. Deste modo,
as constantes referências ao assunto adensam os seus receios e terrores.
Segundo Maria, o seu pai, Manuel de Sousa, perante esta possibilidade, muda de semblante,
fica pensativo e carrancudo, o que mostra que não estará totalmente certo da
morte de D. Sebastião, e leva a filha a, por momentos, duvidar do seu patriotismo.
● Visão
de Maria sobre D. Sebastião
Para Maria, D. Sebastião é um herói por quem nutre
grande admiração e em quem deposita todas as esperanças para resgatar Portugal
das garras do domínio castelhano: “o nosso bravo rei”, “o nosso santo rei D.
Sebastião”, etc.