Português: 02/09/20

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O Fim da Aventura, de Graham Greene

     Henry Miles, um funcionário do Ministério do Interior, é casado com Sarah, que já foi amante do narrador. Após um encontro fortuito, Henry, desconfiado da mulher após uma denúncia anónima, combina com o narrador que este finja interesse em Sarah para descobrir quem é o seu eventual amante atual. O narrador, um escritor com algum sucesso, tendo como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, relembra, em vários flash-backs, o seu romance com Sarah durante quatro anos, que ela deu por findo para se dedicar a outra relação extra-conjugal. Enquanto isso, contrata um detetive privado, de nome Parkis, que, juntamente com o seu filho, passam a vigiar Sarah, e fornecem ao narrador relatórios periódicos sobre as suas andanças.
     Certo dia, o narrador, querendo magoar Henry, dominado por sentimentos de ciúme e de vingança mesquinhos, confessa-lhe que foi amante da mulher e que esta teve muitos outros. No entanto, Henry reage molemente, frustrando os intuitos do narrador.
     Seguidamente, temos acesso a páginas do diário de Sarah, que se revela uma mulher mal-amada pelo marido (que só se preocupa com a sua carreira política e a ascensão nos ministérios), desiludida e descrente. A sua grande esperança na possibilidade de alcançar a felicidade seria ao lado de Maurice, o amante e narrador da obra, que vive na expectativa de reencontrar. A aventura amorosa iniciou-se por volta de 1939 e terminou cerca de 1944 por iniciativa dela, após uma promessa feita de que não continuaria sua amante, na sequência da deflagração de uma bomba alemã perto da casa onde se encontravam, que ela pensava tê-lo morto.
     Em fevereiro de 1946, ela prepara-se para deixar o marido e juntar-se a Maurice, quando Henry chega a casa a chorar e diz-lhe que a ama, o que a leva a prometer-lhe que não o abandonará. Subitamente, Maurice é surpreendido pela notícia da morte de Sarah, vítima de uma constipação que se agravou. Ainda mais surpreendente é o facto de Maurice ter convidado Henry a morar consigo por algum tempo e este ter aceitado.

A Liga dos Homens Assustados, de Rex Stout

     Nero Wolfe recebe Andrew Hibbard, que lhe promete 500 dólares por semana para que o proteja de Paul Chapin, um ex-amigo que um grupo de compinchas aleijou grave mas acidentalmente, durante uma brincadeira, há 25 anos, e que agora se procura vingar, assassinando esse conjunto de homens. Wolfe não aceita a proposta e Hibbard é assassinado. Paul Chapin é presentemente um escritor de livros policiais onde, aparentemente, descreve os crimes que vai cometendo.
     Wolfe reúne, em sua casa, a Liga de Expiação, isto é, os homens responsáveis pela desgraça de Chapin, propondo-lhes a libertação da perseguição de que estão a ser alvo, mediante um determinado preço. A meio da reunião entra Chapin, o que constitui uma espécie de desafio a Wolfe, apresentando-se como inocentemente acusado. Após a sua partida, um dos homens recorda o acidente que marcou para sempre Chapin: Andrew Hibbard, um aluno de Harvard do segundo ano, deixa a chave do quarto do lado de dentro e, como era da tradição, escolhem um caloiro para, saindo por uma das janelas do corredor, caminhar por um rebordo estreito até à janela do quarto fechado e entrar por aí. Esse caloiro recusa a tarefa, pois o quarto situa-se no terceiro andar, mas é forçado pelos outros e acaba por cair, tendo estado posteriormente dois meses no hospital, onde é operado três vezes. No dia em que abandona o hospital, Chapin, o caloiro vítima dos trinta e cinco colegas, envia-lhes uma cópia de um poema por si escrito.
     Chapin era natural da mesma cidade de um dos homens, o Dr. Burton, e namorava aí com uma jovem. Esse namoro terminou após o acidente e essa jovem acaba por desposas esse Dr. Burton. Já em Nova Iorque, a Sr.ª Burton contrata uma criada, Dora Ritter, com quem Chapin casa. Dias depois, Dora Chapin, ex-Ritter, surge no escritório de Wolfe apresentando vários golpes no pescoço, afirmando ser o marido o autor da agressão, num momento de fúria. No entanto, o detetive, sem explicar como, descobre que a mulher auto-infligiu as feridas no pescoço.
     Um dos membros da Liga, o arquiteto Farrell, escreve um bilhete informando que parte para Filadélfia, no qual Wolfe descobre os «n» e «a» desalinhados que caracterizam os bilhetes que o assassino envia a todos os membros da Liga quando inflige uma morte. Archie Goodwin parte no seu encalço e, quando o encontra, é-lhe dito por Farrell que a máquina pertence ao Harvard Club e é utilizada por vários dos seus membros. Nero Wolfe solicita a Archie a compra de uma máquina de escrever nova para colocar no lugar da do Harvard Club, que trará para casa do detetive.
     Wolfe convoca, via Archie, um dos detetives que vigiam Chapin, desconfiando já que se trata do desaparecido Hibbard. Wolfe propõe-lhe que se mantenha isolado, em sua casa, para que possa dar todos os passos de forma a levar Chapin a confessar. No final desta conversa, um dos «assalariados» de Wolfe telefona, informando-o de que a polícia vai prender Chapin, acusado da morte, a tiro, do Dr. Burton.
     A Sr.ª Burton odeia Chapin pela sua monstruosidade, apesar de já ter sido sua noiva, e conta que ouviu tiros e, quando chegou ao local do crime, este estava às escuras e Chapin de joelhos no chão.
     Archie Goodwin vigia Dora Chapin e acaba por se fazer convidado da sua casa, acabando por ser drogado, juntamente com Pitney Scott, outro dos ex-alunos de Harvard, na atualidade um taxista alcoólico. Rouba o casaco e o táxi do taxista e a carteira de Archie, que envia a Wolfe, juntamente com um bilhete, ameaçando que matará Archie se o detetive não se encontrar com ela. Wolfe acede e entra no táxi roubado. O objetivo de Mrs. Chapin é obrigá-lo a confessar a manigância a que recorreu para estender a armadilha ao marido.
     Wolfe convoca os membros da Liga para sua casa, às 9 horas da noite. Nessa reunião, apresenta a confissão de Chapin de que não matou ninguém; a sua vingança pelo que lhe sucedera à 25 anos é executada nos livros que escreve. O único assassinado foi o Dr. Burton; os outros homens foram vítimas de casos acidentais. O seu único pecado foi o de se aproveitar dessas mortes para escrever os bilhetes com que pretendia aterrorizar os outros indivíduos.
     O criminoso é outro e assassinou o Dr. Burton pois, enquanto corretor, roubou a empresa deste e, quando foi descoberto, decidiu pôr-lhe termo à vida, armando ao mesmo tempo uma cilada a Chapin.

O Americano Tranquilo, de Graham Greene

     Pyle, um oficial norte-americano destacado no Vietname, colónia francesa, é assassinado em Saigão.
     Thomas Fawler é o repórter, "amigo" de Pyle, que recorda episódio da guerra que se desenrola naquele país, episódios relativos ao próprio Pyle e o triângulo amoroso que se estabelece entre os dois e uma jovem vietnamita, Phuong.
     Relativamente à guerra, uma das questões é a forma como o comando francês destaca as vitórias (pequenas ou grandes) no terreno e as baixas do inimigo, sonegando qualquer informação sobre as derrotas ou as suas próprias baixas; outra é a falta de material aéreo de combate, nomeadamente helicópteros; uma terceira passa pela falta de primeiros socorros, o que faz com que mesmo os feridos ligeiros corram perigo de vida.
     Entretanto, Fawler é nomeado editor para os assuntos internacionais, por isso terá de regressar a Londres, apesar de esse não ser o seu desejo. Escreve à mulher, pedindo-lhe o divórcio, por causa do seu «affair» com Phuong.
     Durante um ataque noturno de que são vítimas, Pyle acaba por salvar Fawler, ferido, transportando-o às costas. Entrementes, este recebe a resposta negativa da mulher ao pedido de divórcio, numa carta onde está bem vincada a amargura dela; seguidamente, Fawler escreve a Pyle comunicando-lhe o oposto, isto é, que a esposa aceitara a separação.
     A verdade acaba por vir à tona e Phuong vai morar com Pyle, que revela o seu envolvimento em atentados, cometidos ao serviço da designada Terceira Força do general Thé, distinta dos Franceses e dos Comunistas. Certo dia, Fawler vê-se envolvido num desses atentados, que originalmente tinha como finalidade uma parada militar, entretanto cancelada, e que acaba por apenas vitimar civis inocentes. Posteriormente, é-lhe comunicado que permanecerá mais um ano no Vietname.
     No final, recebe um telegrama da mulher concedendo-lhe o divórcio, ficando assim disponível para Phuong.

O Natal de Mr. Krank, de John Grisham

     Luther Krank e a esposa despedem-se da filha Blair, que parte para o Peru no contexto de uma ação humanitária. Cansado da rotina e dos gastos excessivos, por exemplo em objetos inúteis de Natal, Luther propõe à mulher um Natal diferente: uma viagem às Caraíbas.
     Antes de partir, procura fugir às tradições natalícias, como a de colocar um boneco de gelo no telhado de cada casa, ou o donativo habitual, através da compra de um calendário, para a Associação de Polícia, no valor de cem dólares, ou a venda de bolos de frutos pelos bombeiros. Luther Krank tudo recusa, não obstante a crescente irritação surda da mulher e as provocações dos vizinhos, que tudo fazem para o vergar e humilhar.
     Na véspera de Natal, Blair telefona aos pais, informando que está em Miami e vem passar o Natal a casa e traz consigo o noivo, um médico peruano. O cruzeiro fica, assim, anulado e os Krank dispõem de meia dúzia de horas para preparar a tradicional festa de Natal. Porém, quando Luther sobe ao telhado para nele instalar o boneco de neve de 20 kg, feito de plástico, escorrega no gelo. O boneco cai ao chão e desfaz-se, enquanto Krank é salvo da morte graças ao facto de as suas pernas se terem enrolado nas cordas e nos fios elétricos. Depois, os vizinhos e os bombeiros acorrem e retiram-no da posição de suspenso, de cabeça para baixo, a 2, 5 metros do solo.
     Ao conhecerem os motivos que levaram os Krank a anular o cruzeiro e a fazer a festa de Natal, os vizinhos solidarizam-se e cada um contribui com o necessário para que a celebração aconteça. Quanto aos bilhetes de cruzeiro de dez dias às Caraíbas, Luther oferece-os a um casal vizinho, cuja mulher está doente com cancro, restando-lhe apenas seis meses de vida.
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