Português: 08/12/19

domingo, 8 de dezembro de 2019

Pôr as barbas de molho

Noutros tempos, a barba era um sinal de prestígio, honra e poder.
D. João de castro, o quarto vice-rei da Índia, ficou registado nos livros de História como o protótipo do português antigo, de consciência reta e austera. No século XVI, enquanto exerceu o cargo mencionado, resistiu ao cerco montado a Diu em 1546 pelo sultão Mafamud, conservando assim a soberania portuguesa naquelas paragens do Oriente.
Após os confrontos, D. João de Castro teve de reconstruir a fortaleza de Diu para impedir novos ataques, mas faltava-lhe o dinheiro necessário pata executar a tarefa, por isso escreveu à câmara de Goa uma missiva em que solicitava um empréstimo de vinte mil pardaus, oferecendo em penhor as próprias barbas. E foi isso que aconteceu: o empréstimo foi-lhe concedido e a fortaleza refeita. Ora, na época, ter a barba cortada representava uma humilhação.
Note-se que a barba constituiu um atributo indispensável ao prestígio da magistratura. De facto, os magistrados usavam barba para conferir maior solenidade à função de julgar. Talvez por isso, em 17 de junho de 1716, o regedor do reino português ordenou que cada um dos desembargadores tivesse dez cruzados anuais para o barbeiro.
Várias línguas possuem provérbios que dão nota da importância da barba como sinal do valor de um homem. Um desses provérbios é de origem espanhola e reza o seguinte: «Cuando las barbas de tu vecino veas pelar, pon las tuyas a reojar», ou seja, “Quando vives as barbas do vizinho ficar sem pelos, põe as tuas de molho.”. Daí terá surgido o provérbio português, “Quando vires as barbas do vizinho a arder, põe as tuas de molho.», que significa observar o dano, o perigo na vizinhança e, em consequência, tomar precauções.
O uso popular adotou a parte final do provérbio: “pôr ou deitar as barbas de molho”, ou seja, acautelar-se, ficar de sobreaviso, precaver-se contra um perigo iminente.


Natal em Mangualde


Star Trek / O Caminho das Estrelas: Temporada 1 - Episódio 0

Pronúncia de molho

Molho e molho são palavras homógrafas, isto é, escrevem-se da mesma maneira, mas pronunciam-se (e têm significados diferentes).
Assim, pronunciamos molho
com o o aberto (ó) quando é sinónimo de “feixe”, “punhado”:
- um molho de grelos
- um molho de erva
com o o fechado (ô) quando nos referimos a um tempero culinário:
- molho de carne
- molho de tomate

Quando a palavra surge no plural, a distinção de sons mantém-se:
- molhos (mólhos) de erva
- molhos (môlhos) de tomate

Plural de abaixo-assinado

Qual é o plural de abaixo-assinado? Abaixo-assinados ou abaixos-assinados?

Abaixo-assinado é uma palavra composta pelo advérbio abaixo e pelo particípio passado assinado. Só este segundo elementos deve ser flexionado no plural, visto que o primeiro elemento é um advérbio, logo é invariável.

Assim, a forma correta de plural é abaixo-assinados.
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