● Após a
partida de Manuel de Sousa, Maria e Telmo, D. Madalena está finalmente só – ou quase,
pois tem a companhia de Frei Jorge –, no local onde se dará, pouco depois, o
encontro fatal com o Romeiro: a sala dos retratos.
● Esta cena é
constituída por uma única fala, sob a forma de monólogo, de Frei Jorge. Nela, o
frade, que até ao momento se tinha mantido distante de agouros e sempre
racional, qual coro da tragédia clássica, deixa-se contaminar pelo clima
ominoso criado e também ele começa a adivinhar que se aproxima uma tragédia.
● Deste modo,
podemos concluir que a função deste monólogo é a seguinte: Frei Jorge transmite
os seus pensamentos mais íntimos, reafirmando, angustiadamente, o
pressentimento de uma iminente tragédia, que ele quer esconder a todo o custo
da sua família. Por outro lado, o monólogo, para o leitor, constitui uma
preparação, um indício trágico de uma desgraça futura.
● Frei Jorge
desempenha, de novo, uma função idêntica à do Coro da tragédia clássica. As
suas palavras lembram-nos mais uma vez a sua atuação moderada e sensata ao
longo da peça, procurando sempre minimizar as preocupações da família e moderar
as suas reações. A apreensão que, agora, manifesta é, inevitavelmente, de mau
agouro.