Português: 22/05/20

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Classificação tipológica de Aparição

. Romance-ensaio:
. reflexão sobre a condição humana, a existência, o sentido da vida e da morte, a “morte” de Deus, a angústia e a solidão que marcam as personagens, impondo-se uma visão humanista: o Homem é o senhor de si e do seu destino;
. consciência progressiva que o “eu” vai assumindo de si e da sua vida/realidade, em “aparições” sucessivas, num processo de amadurecimento e de crescimento;
. a lição da descoberta de nós próprios.


. Romance de personagem:
. a personagem Alberto Soares ocupa a centralidade da obra e à sua volta tudo e todos gravitam;
. a intriga consiste no combate que a personagem-narrador tem de travar para vencer determinados condicionalismos, limitações e contradições até ao desnudamento de si próprio, nos limites do possível. O narrador não se apresenta como individualidade pura, mas como o modelo do ser humano.


. Romance de espaço:
. a obra é dominada por dois grandes espaços: Évora e a aldeia do narrador-personagem, que, por sua vez, se subdividem noutros espaços (interiores e exteriores), espaços esses que acompanham e contribuem decisivamente para a descoberta do eu encetada por Alberto Soares.

Contexto histórico de Aparição

CONTEXTO HISTÓRICO: Aparição (1959)
¯
. transformação das relações humanas
. luta árdua e irracional pelo poder e pela fama
. desenvolvimento da técnica e da tecnologia
. desenvolvimento de fenómenos culturais
. perda da individualidade
. maior distância entre as pessoas
. esfriamento das relações humanas
. grande solidão, nomeadamente nos grandes centros urbanos e com as pessoas menos afortunadas
. Deus tornou-se para muitas pessoas insuficiente para explicar o mundo e o destino humano
ß
® este panorama leva o Homem:
. a refletir sobre o problema da sua existência;
. à conclusão de que é ele que se constrói a si mesmo e o seu destino;
. face ao questionamento da figura de Deus, só pode recorrer a si próprio para assumir a responsabilidade da sua existência, de construir o seu destino.
ß
® Aparição – romance-ensaio / romance-problema:
. reflexão sobre a condição humana, a existência, o sentido da vida e da morte, a “morte” de Deus, a angústia e a solidão que marcam as personagens, impondo-se uma visão humanista: o Homem é o senhor de si e do seu destino;
. consciência progressiva que o “eu” vai assumindo de si e da sua vida/realidade, em “aparições” sucessivas, num processo de amadurecimento e de crescimento;
. a lição da descoberta de nós próprios.

Vida de Vergílio Ferreira

. 1916 ® Nasce, a 28 de janeiro, na aldeia de Melo, concelho de Gouveia, região da Serra da Estrela, distrito da Guarda.

. 1919 ® Os pais (António Augusto Ferreira e Josefa de Oliveira) emigram para os Estados Unidos e Vergílio Ferreira fica a viver com duas tidas e a avó maternas.

. 1926 ® Entra para o Seminário do Fundão.

. 1932 ® Abandona o Seminário, em novembro.

. 1935 ® Conclui o curso liceal, no Liceu Afonso de Albuquerque da Guarda.

. 1936 ® Ingressa na Faculdade de Letras de Coimbra, frequentando o curso de Filologia Clássica.

. 1939 ® Escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe.

. 1940 ® Conclui o curso de Filologia Clássica.

. 1942 ® Termina o estágio no Liceu D. Pedro III, em Coimbra, nas disciplinas de Português, Latim e Grego.
® Inicia a sua vida profissional no Liceu de Faro.
® Publica o ensaio “Teria Camões lido Platão?”.

. 1944 ® Começa a lecionar no Liceu de Bragança, em outubro.

. 1945 ® É colocado no Liceu de Évora, onde permanecerá catorze anos.

. 1946 ® Casa com Regina Kasprzykowsky, professora liceal de origem polaca.

. 1954 ® Publica Manhã Submersa.

. 1959 ® Publica Aparição.
® Ingressa no Liceu Camões, onde permanece até à reforma.

. 1960 ® Ganha o Prémio Camilo Castelo Branco, da Sociedade Portuguesa de Autores, com Aparição.

. 1965 ® Publica Alegria Breve, obra com que obtém o Prémio da Casa da Imprensa.

. 1968 ® Comemora os vinte e cinco anos de actividade literária com a publicação de Aparição em edição ilustrada por Júlio Pomar.

. 1971 ® Participa nos Cursos para Estrangeiros, na Faculdade de Filosofia e Letras de Salamanca, com uma conferência intitulada “Para un auto-analisis literário”.
. 1977 ® A Editora Inova organiza, no Porto, um colóquio em sua homenagem.

. 1979 ® Publica Signo Sinal.
® Participa na longa metragem de Lauro António, Manhã Submersa.

. 1981 ® É jubilado como professor do Ensino Secundário.

. 1983 ® Publica Para Sempre.
® Conquista os prémios do Pen Club, da Associação Internacional de Críticos Literários, do Município de Lisboa e o Prémio D. Dinis da casa de Mateus.

. 1984 ® É eleito para a Academia Brasileira de Letras.

. 1988 ® Ganha o Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, com o romance Até ao Fim.

. 1990 ® Ganha o Prémio Férina com Matin Perdu, a tradução francesa de Manhã Submersa.

. 1991 ® É galardoado com o Prémio Europália pelo conjunto da sua obra.

. 1992 ® É eleito para a Academia das Ciências de Lisboa.
® É-lhe atribuído o Prémio Camões.

. 1993 ® Realiza-se, na Faculdade de Letras do Porto, um colóquio sobre Vergílio Ferreira, em homenagem aos cinquenta anos de actividade literária.
® É-lhe conferido o grau de Doutor Honoris Causa, pela Faculdade de Letras de Coimbra.

. 1996 ® É homenageado em Viseu e em Évora, no aniversário dos 80 anos.
® A 1 de março, morre, vítima de uma crise cardíaca, na sua casa de Fontanelas, curiosamente à mesma hora em que decorria o funeral do irmão, enquanto escrevia Cartas a Sandra.
® Foi sepultado, em campa rasa, em Melo, sua terra natal.

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