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Fim do Romantismo:
» Almeida Garrett morre em 1854.
» Alexandre Herculano afasta-se da vida
pública e literária.
» António Feliciano de Castilho congrega
os defensores do Ultrarromantismo.
A geração ultrarromântica
liga-se ao período da Regeneração, fase de estabilização
aparente da vida social e política, conseguida através da:
. eliminação da ala esquerda do Liberalismo;
. criação duma oligarquia que deturpou as
reformas sociais de Mouzinho da Silveira, degradou os ideais do Liberalismo e
deu lugar a uma nova classe dominante.
Os membros da chamada Geração de 70, cujas
primeiras manifestações literárias datam de meados da década anterior, acabaram
de se formar numa fase posterior à consolidação do liberalismo em Portugal,
marcada pelo funcionamento regular das instituições parlamentares, pela noção
de progresso (identificado com os melhoramentos materiais) e uma maior comunicação
com o exterior, quer técnica, quer económica, quer cultural, bem como pela
consolidação de uma cultura laica, burguesa e dirigida a um já numeroso público
alfabetizado.
No entanto, novos problemas surgem: a sociedade
tinha estagnado sob o ponto de vista tecnológico, económico e social; as
condições da massa campesina não se alteraram; a enorme emigração para o Brasil
é sinónimo de dificuldades; a população industrial viu-se confrontada com a
produção mecanizada; o grupo político dirigente dependia cada vez mais do
capital bancário interno ou externo.
Por outro lado, esta geração romântica,
despojada da pureza dos ideais que tinha caracterizado a primeira geração,
vivia num compromisso assumido e proveitoso com o governo, ocupava cargos
privilegiados, dominava a administração pública, a imprensa, a política e a
literatura. Tudo parecia querer traduzir a vontade e os princípios
orientadores do governo. A Literatura é mais do que nunca um fenómeno oficial,
marcado pelo conservadorismo ideológico e pela deterioração duma estética cada
vez mais estereotipada.
O paternalismo/autoritarismo destes valores tem
em Castilho o seu representante máximo. Este poeta ultrarromântico,
com uma formação neoclássica e conservadora, é a figura venerada, o patriarca
dos ultrarromânticos a cuja apreciação sujeitam toda a produção literária com o
objetivo de obterem a sua adesão, a sua avaliação favorável, condição
suficiente para os impor junto dos editores e do público em geral. Castilho
alimentou este clima, este estado de espírito medíocre que nada tinha de
promissor e de fecundo, tornando-se um dos grandes responsáveis pela decadência
do Romantismo português e pela rutura polémica que lhe pôs fim.
Esta situação literária, que tem como suporte o
enfeudamento ao poder, o elogio mútuo, o protecionismo e a consequente falta de
qualidade e de criatividade, dá azo a que um grupo de jovens intelectuais,
ligados à Universidade de Coimbra assuma a coragem da "rebelião"
contra os literatos de Lisboa e o seu mestre e protetor. Este grupo ficou a ser
conhecido por Geração de 70.
A Geração de 70 é, basicamente, um grupo de
jovens intelectuais estudantes na Universidade de Coimbra, do qual fazem parte
Antero de Quental, Eça de Queirós, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro
e outros, que surge a contestar os excessos do Ultrarromantismo, representados
por uma plêiade de escritores sob a égide de António Feliciano de Castilho.
Em síntese:
● A Geração de 70 era constituída por muitos
intelectuais que, nas últimas décadas do século XIX, empreenderam uma
verdadeira revolução no modo de pensar o país, a sociedade, a política e a
literatura, e se afirmaram como elite intelectual entre 1865, data do
texto de Antero com Castilho (Bom senso e bom gosto), e 1871,
data das Conferências Democráticas do Casino.
● Entre os seus membros destacaram-se:
» Antero de Quental;
» Eça de Queirós;
» Teófilo Braga;
» Ramalho Ortigão;
» Oliveira Martins;
» Guerra Junqueiro.
● Apostados em modernizar o país, os membros da
Geração de 70 foram influenciados pelas novas ideias culturais europeias e pelos
novos modelos europeus (através de leituras de autores franceses e alemães e do
conhecimento de movimentos insurrecionais, como a Comuna de Paris), mais
precisamente:
» o Socialismo utópico de Proudhon e Saint-Simon;
» o Positivismo de Comte;
» o Idealismo de Hegel;
» o Realismo de Flaubert e Zola.
● O primeiro passo para o nascimento da
consciência da Geração de 70 foi a chamada Questão Coimbrã.
● A Questão Coimbrã é o nome pelo qual ficou
conhecida a polémica literária ocorrida em 1865, que opôs o então jovem Antero
de Quental e António Feliciano de Castilho.