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segunda-feira, 4 de maio de 2020

A Geração de 70



Fim do Romantismo:
» Almeida Garrett morre em 1854.
» Alexandre Herculano afasta-se da vida pública e literária.
» António Feliciano de Castilho congrega os defensores do Ultrarromantismo.

A geração ultrarromântica liga-se ao período da Regeneração, fase de estabilização aparente da vida social e política, conseguida através da:
. eliminação da ala esquerda do Liberalismo;
. criação duma oligarquia que deturpou as reformas sociais de Mouzinho da Silveira, degradou os ideais do Liberalismo e deu lugar a uma nova classe dominante.
Os membros da chamada Geração de 70, cujas primeiras manifestações literárias datam de meados da década anterior, acabaram de se formar numa fase posterior à consolidação do liberalismo em Portugal, marcada pelo funcionamento regular das instituições parlamentares, pela noção de progresso (identificado com os melhoramentos materiais) e uma maior comunicação com o exterior, quer técnica, quer económica, quer cultural, bem como pela consolidação de uma cultura laica, burguesa e dirigida a um já numeroso público alfabetizado.
No entanto, novos problemas surgem: a sociedade tinha estagnado sob o ponto de vista tecnológico, económico e social; as condições da massa campesina não se alteraram; a enorme emigração para o Brasil é sinónimo de dificuldades; a população industrial viu-se confrontada com a produção mecanizada; o grupo político dirigente dependia cada vez mais do capital bancário interno ou externo.
Por outro lado, esta geração romântica, despojada da pureza dos ideais que tinha caracterizado a primeira geração, vivia num compromisso assumido e proveitoso com o governo, ocupava cargos privilegiados, dominava a administração pública, a imprensa, a política e a literatura. Tudo parecia querer traduzir a vontade e os princípios orientadores do governo. A Literatura é mais do que nunca um fenómeno oficial, marcado pelo conservadorismo ideológico e pela deterioração duma estética cada vez mais estereotipada.
O paternalismo/autoritarismo destes valores tem em Castilho o seu representante máximo. Este poeta ultrarromântico, com uma formação neoclássica e conservadora, é a figura venerada, o patriarca dos ultrarromânticos a cuja apreciação sujeitam toda a produção literária com o objetivo de obterem a sua adesão, a sua avaliação favorável, condição suficiente para os impor junto dos editores e do público em geral. Castilho alimentou este clima, este estado de espírito medíocre que nada tinha de promissor e de fecundo, tornando-se um dos grandes responsáveis pela decadência do Romantismo português e pela rutura polémica que lhe pôs fim.
Esta situação literária, que tem como suporte o enfeudamento ao poder, o elogio mútuo, o protecionismo e a consequente falta de qualidade e de criatividade, dá azo a que um grupo de jovens intelectuais, ligados à Universidade de Coimbra assuma a coragem da "rebelião" contra os literatos de Lisboa e o seu mestre e protetor. Este grupo ficou a ser conhecido por Geração de 70.
A Geração de 70 é, basicamente, um grupo de jovens intelectuais estudantes na Universidade de Coimbra, do qual fazem parte Antero de Quental, Eça de Queirós, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro e outros, que surge a contestar os excessos do Ultrarromantismo, representados por uma plêiade de escritores sob a égide de António Feliciano de Castilho.

Em síntese:

A Geração de 70 era constituída por muitos intelectuais que, nas últimas décadas do século XIX, empreenderam uma verdadeira revolução no modo de pensar o país, a sociedade, a política e a literatura, e se afirmaram como elite intelectual entre 1865, data do texto de Antero com Castilho (Bom senso e bom gosto), e 1871, data das Conferências Democráticas do Casino.

Entre os seus membros destacaram-se:
» Antero de Quental;
» Eça de Queirós;
» Teófilo Braga;
» Ramalho Ortigão;
» Oliveira Martins;
» Guerra Junqueiro.

Apostados em modernizar o país, os membros da Geração de 70 foram influenciados pelas novas ideias culturais europeias e pelos novos modelos europeus (através de leituras de autores franceses e alemães e do conhecimento de movimentos insurrecionais, como a Comuna de Paris), mais precisamente:
» o Socialismo utópico de Proudhon e Saint-Simon;
» o Positivismo de Comte;
» o Idealismo de Hegel;
» o Realismo de Flaubert e Zola.

O primeiro passo para o nascimento da consciência da Geração de 70 foi a chamada Questão Coimbrã.

A Questão Coimbrã é o nome pelo qual ficou conhecida a polémica literária ocorrida em 1865, que opôs o então jovem Antero de Quental e António Feliciano de Castilho.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Editorial

1. Definição


     Através do editorial, à semelhança do que acontece com o comentário, a crítica e a crónica, são assumidas posições sobre os acontecimentos. Trata-se de um discurso de opinião, normalmente escrito por um indivíduo que adota um ponto de vista da globalidade da publicação. Se for assinado, o editorial é da responsabilidade do seu autor; se não for, a responsabilidade recai sobre toda a direção da publicação pelo seu conteúdo.

     Representando uma visão crítica sobre acontecimentos sociais, políticos e/ou económicos da atualidade, o editorial é um importante meio de intervenção na formação da opinião pública.

     As funções essenciais do eitorial são, dependendo dos casos, explicar os factos, apresentando os seus antecedentes e as suas relações, predizer o futuro e formular juízos de valor.


-----O editorial:
  • é um texto de dimensão variável;
  • geralmente situa-se nas primeiras páginas de um periódico;
  • exprime as ideias dos editores do jornal (daí chamar-se editorial) sobre um assunto actual em destaque, eventualmente polémico, com o objectivo de influenciar as atitudes e as opiniões dos leitores;
  • pode vir ou não assinado e ocupa um lugar destacado e fixo no jornal.
.
2. Estrutura
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-----» Apresentação do tema - problema, facto ou ideia que se pretende discutir.
.
-----» Exposição das suas (do tema) implicações e consequências:
-----------> argumentos;
-----------> exemplos;
-----------> consequências.
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-----» Conclusão - tomada de posição pessoal:
-----------> resumo da opinião dos editores;
-----------> proposta de solução(ões);
-----------> exigência de actuação dos responsáveis pelo problema.
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3. Estratégias
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-----. Identificar os factos.
-----. Analisar os factos ou problemáticas de interesse da opinião pública.
-----. Contextualizar (comparar com situações similares).
-----. Retirar conclusões.
-----. Formular juízos.
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4. Características do discurso
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-----. «técnica livre» de redacção;
-----. estrutura livre;
-----. linguagem concisa, directa, clara.
-----. reflecte a subjectividade do autor.
-----. discurso subjectivo.
-----. geralmente, o editorial não é escrito na 1.ª pessoa, pois representa a opinião colectiva dos responsáveis pela publicação do jornal;
       . deíticos temporais e espaciais que situam o acontecimento;
       . formas verbais no presente, pretérito perfeito e futuro do indicativo;
       . verbos auxiliares modais como querer, dever, ser preciso, etc.;
       . frases de tipo declarativo;
       . conectores e organizadores discursivos com valor argumentativo;
       . pronomes pessoais.

5. Tipos

  • Editorial polémico: tomando uma posição polémica relativamente a alguém ou a algo, apresenta ideias contrárias e procura convencer pela via da argumentação.
  • Editorial interpretativo: a partir de dados científicos, o editorialista apresenta em pormenor o tema, favorecendo a sua compreensão ou a formulação de um juízo, expondo, de seguida, as conclusões que considera as mais acertadas, para as quais orienta os leitores.
  • Editorial objetivo e analítico: próximo do anterior, expõe os dados e os factos de forma objetiva, procurando explicar mais do que sentenciar ou formular opinião sobre o tema avançado.
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