Português: 13/07/23

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Resumo do capítulo XIV de Memórias de um Sargento de Milícias


    Como a vizinha se queixa ao mestre-de-cerimónias, os meninos preparam nova vingança. O mestre era português e mantinha uma relação secreta com a cigana que Leonardo Pataca adorava. A vingança dos miúdos recai sobre esta figura, um padre de meia idade formado em Coimbra. Eles não lhe tinham perdoado o facto de os ter humilhado na frente da vítima. Durante uma missa em que o eclesiástico é o pregador, os meninos vão a casa da cigana e dizem-lhe que é para o padre ir uma hora mais tarde (isto é, dez horas e não nove), porque a festa tinha sido adiada. No dia seguinte, às nove em ponto, a festa começa, mas do pregador nem sinal. Na sua ausência, o sermão fica a cargo de um frade capuchinho, porém ninguém o entende, porque é italiano. Quando o mestre-de-cerimónias chega, percebe que caiu numa armadilha e ambos começam a disputar o púlpito. Mal termina, o padre confronta Leonardo, que se defende dizendo que a cigana é testemunha de que ele havia dito que o sermão seria às nove horas. Concluída a festa, a criança é despedida, o que lhe é indiferente. Em virtude destes acontecimentos, a vizinha continua a agoirar maus desígnios para o menino, mas o padrinho persiste na ideia de o fazer padre.

Resumo do capítulo XIII de Memórias de um Sargento de Milícias


    Ao quinto dia de escola, o miúdo consegue convencer o padrinho de que já sabe ir sozinho para a escola, mas, em vez de ir aprender, falta à escola e vai brincar, nomeadamente junto da Sé, onde se reunia sempre muita gente, o que permitia que ninguém o encontrasse, caso o procurassem. Nas aulas, Leonardo é muito irrequieto, rebelde e desobediente, o que lhe granjeia muitos «bolos»; por outro lado, vende tudo o que tem aos colegas (o tinteiro, a pasta, a lousa) e gasta o dinheiro do pior modo possível. Em suma, acriança é o gazeta-mor e o apanha «bolos»-mor.
    Entretanto, o barbeiro descobre e passa a acompanhá-lo novamente, o que não lhe dá hipótese de ir para a brincadeira. Como sente saudades do tempo passado na Sé, pede ao padrinho que o faça sacristão, alegando que isso o prepararia para a sua futura vida eclesiástica. Para o compadre, este pedido constitui a maior alegria que lhe podem dar.
    Numa bela manhã, sai de casa vestido de batina e sobrepeliz e toma posse da função. Quando o vê passar, a vizinha mostra-se surpreendida de início, mas, ao compreender o que se está a passar, solta uma gargalhada e chama-lhe “senhor cura”.
    O capítulo termina com a vingança que os dois meninos sacristãos (o segundo é uma criança que Leonardo conhecera na Sé na época em que para lá ia quando faltava às aulas) fazem à vizinha, que sempre agourara o herói desta história. Assim, durante uma missa, aquela coloca-se junto dos dois e, enquanto um, depois de encher o turíbulo de incenso, o balança fazendo com que as nuvens de fumo que se desprendem batam na cara da pobre mulher, o outro, com a tocha, derrama nas costas da sua mantilha cera derretida. Como a igreja está apinhada de fiéis, a desgraçada tem de suportar a vingança até ao fim. Terminada a missa, queixa-se ao mestre-de-cerimónias e os dois ouvem uma grande reprimenda.

Resumo do capítulo XII de Memórias de um Sargento de Milícias


    O compadre resolve colocar o menino numa escola, porque acha que ele já está avançado na educação que lhe ministra. De facto, a criança mostra progressos de aprendizagem: já lê sofrivelmente e aprendera a ajudar na missa. Preocupado com o futuro do afilhado, o padrinho procura um mestre e encontra um dos mais acreditados na cidade: um homem bastante baixo, magro, de cara estreita chupada, calco, com óculos e pretensões de latinista e que oferece bolos aos discípulos. No dia em que padrinho e afilhado o procuram, um sábado, encontram os alunos a cantar a tabuada de forma monótona que, no entanto, parece agradar às crianças.
    Na segunda-feira seguinte, Leonardo começa a frequentar as aulas, munido da sua pasta a tiracolo, da sua lousa e do seu tinteiro de chifre. No final do dia, leva quatro «bolos», pelo que, à saída, mal vê o barbeiro, diz-lhe que não voltará à escola, pois não quer ter de sofrer violência física para aprender. O barbeiro recebe com preocupação esta revelação, temendo que a vizinha fique a saber que o menino tinha apanhado no primeiro dia de aulas, porém este só concorda em regressar à escola se o padrinho dialogar com o professor no sentido de não lhe voltar a bater. O barbeiro, para o persuadir, concorda. Deste modo, Leonardo retoma as aulas, porém, como não consegue ficar quieto ou calado, é colocado de joelhos e posteriormente surpreendido a atirar uma bola de papel aos colegas. Como castigo, apanha doze «bolos», o que leva Leonardo a dirigir ao mestre todos os impropérios que conhece. Para o compadre, tudo se deve a uma praga da vizinha.
    Ao longo do capítulo, temos constantes intromissões do narrador e uma crítica à instituição escolar da época, tecida de modo irónico.

Resumo do capítulo XI de Memórias de um Sargento de Milícias


    O compadre continua a educação do menino, tratada em termos cómicos. Ele fica indiferente quando sabe da prisão de Leonardo Pataca. Também o tenente quer tomar conta do miúdo, mas o compadre não aceita.
    A criança já conhece o alfabeto até à letra P, onde empanca de novo, mas é incapaz de decorar o Pai Nosso (em vez de dizer “Venha a nós o vosso reino”, dizia “Venha a nós o pão nosso”) e detesta ir à missa ou ao sermão. Apesar disso, o padrinho continua a ver nele um futuro clérigo.
    Em sentido oposto, os vizinhos veem em Leonardo um grande peralta, nomeadamente uma mulher viúva e presunçosa que se gaba de não ter papas na língua e que aborrece as pessoas com as virtudes do seu defunto marido. Assim sendo, várias vezes procura mostrar ao vizinho a verdadeira faceta do rapazinho. Certo dia, quando o barbeiro chega à sua loja, esta vizinha, da sua janela, pergunta-lhe, de forma trocista, onde está o seu reverendo. O homem explode, nomeadamente após ela lhe perguntar se o petiz já sabe o Pai Nosso, e responde-lhe que o afilhado já o sabe e que ele, barbeiro, o faz rezar todas as noites para o seu marido, que dava coices no Inferno. A mulher retorque e chama-lhe “raspa-barbas”. Quando o compadre a questiona sobre o motivo de implicar tanto com uma criança que nunca lhe tinha feito mal, a vizinha responde que o afilhado atirava pedras ao telhado, lhe fazia caretas e a tratava como se fosse uma saloia ou a mulher de um barbeiro. A discussão desperta a atenção do pequeno Leonardo, que chega à porta e arremeda a vizinha, o que motiva o riso do padrinho, que, assim, se sente vingado.
    Terminada a discussão, o narrador informa o leitor que o barbeiro tem conhecimento da prisão de Leonardo Pataca, mas não se importa com o sucedido.

Resumo do capítulo X de Memórias de um Sargento de Milícias


    A ação volta-se de novo para o velho tenente-coronel, que, embora seja uma pessoa de bem e tenha uma idade inofensiva, tinha uma história de vida com alguns episódios negativos. Por exemplo, aos 20 anos era um cadete desordeiro, viciado no jogo e insubordinado e, aos 36, tinha deixado um filho em Lisboa.
    Poucos dias antes de embarcar para o Brasil, na companhia do rei, foi procurado por uma mulher velha, baixa, gorda e vermelha, vestida pobremente, nervosa e agitada. Esta figura era a mãe de uma jovem, de nome Mariazinha, com quem o filho do tenente, nessa época capitão de navio, namorava e engravidara. A mulher acrescentou que o filho do capitão prometera casar com ela. O homem refletiu uns instantes e concluiu que não poderia deixar o descendente casar com a filha de uma simples vendedora e, além disso, o que aquele ganhava como cadete não era suficiente para sustentar uma família, por isso disse à mulher que iria pensar no assunto. Mais tarde, procurou-a e ofereceu-lhe algo para a calar, no entanto, como a hora de partir chegara, não houve tempo para discutir o problema. Assim, deixou o filho ao cuidado de conhecidos e partiu.
    Anos depois, já estabelecido no Brasil, soube que Mariazinha se encontrava no Rio de Janeiro, na companhia de Leonardo Pataca: era, portanto, Maria da Hortaliça. Este episódio explica, pois, o motivo por que o velho tenente-coronel prometera ajudar Leonardo: procurava, assim, aplacar o seu espírito de pai honrado, ajudando a mulher que o seu filho havia desonrado anos antes. Para tal, fizera um pacto secreto com a comadre: ele supriria qualquer necessidade de Maria da Hortaliça, bastando para tal que aquela o informasse.
    Como a comadre o ajudava da forma descrita no parágrafo anterior, o tenente deveria retribuir o favor se fosse necessário, por isso, quando ela o abordou, dirigiu-se à cadeia, falou com Leonardo Pataca e, depois, dirigiu-se a casa de um amigo fidalgo.
    O velho tenente sentia-se responsável e foi procurar ajudar Leonardo, libertando-o. O recurso a pessoas influentes era já um traço da época.

Resumo do capítulo IX de Memórias de um Sargento de Milícias


    A narração centra-se na figura do compadre: como se criou, como arranjou emprego num navio negreiro e como conseguiu a sua fortuna de forma pouco honesta.
    O compadre nunca conhecera os seus pais e parentes; quando era jovem, achou-se na casa de um barbeiro, sem saber se estava lá na qualidade de filho ou outra qualquer, de quem cuidara e herdara o ofício.
    Quando atingiu a adolescência, sabia barbear e sangrar sofrivelmente e, como considerava que não conseguiria frutificar enquanto barbeiro, dado que a freguesia que tinha se devia ao seu mestre, abandonou a sua casa sem rumo. Durante as suas andanças, conheceu um marujo que o colocou a bordo de uma embarcação como barbeiro e sangrador. A bordo, ganhou fama quando sangrou e curou dois marinheiros doentes e não deixou morrer nenhum negro do carregamento. Neste passo, o narrador aborda o problema da escravatura, distanciando-se dela.
    Pouco antes de chegar ao Rio de Janeiro, o capitão do navio adoeceu e não houve sangramento que o salvasse. Moribundo e em segredo, o capitão, que confia no barbeiro, entregou-lhe uma caixa, deu-lhe o endereço e pediu-lhe que o entregasse à sua filha. Pouco tempo depois, o capitão morreu; o barbeiro decidiu não embarcar mais e, como a conversa que tinha mantido com o comandante fora secreta e sem testemunhas, instituiu-se como seu herdeiro e nada entregou à filha. Fora assim que ele se arranjara na vida.
    Em suma, este capítulo mostra o compadre como homem sem escrúpulos. Ele é bom e mau. Com isto, o narrador pretende provar que todo o ser humano tem um lado bom e um lado mau.

Resumo do capítulo VIII de Memórias de um Sargento de Milícias


    O narrador descreve o pátio dos bichos e das personagens que nele se movimentam, sobretudo de um velho. O espaço era um saguão, uma saleta que existia no palácio do rei, cujo nome derivava do facto de todos os dias passarem por ele três ou quatro oficiais  superiores velhos, incapazes para a guerra e inúteis para a paz, ou seja, não eram usados pelo rei, pelo que a maior parte do seu tempo era dedicado ao ócio. Dentre eles, destacava-se um português, tenente-coronel, a quem a comadre recorreu para obter a libertação de Leonardo Pataca. Depois de a ouvir, o velho militar coloca o chapéu armado, põe a espada à cinta e sai.

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