Como a vizinha
se queixa ao mestre-de-cerimónias, os meninos preparam nova vingança. O mestre
era português e mantinha uma relação secreta com a cigana que Leonardo Pataca
adorava. A vingança dos miúdos recai sobre esta figura, um padre de meia idade
formado em Coimbra. Eles não lhe tinham perdoado o facto de os ter humilhado na
frente da vítima. Durante uma missa em que o eclesiástico é o pregador, os
meninos vão a casa da cigana e dizem-lhe que é para o padre ir uma hora mais
tarde (isto é, dez horas e não nove), porque a festa tinha sido adiada. No dia
seguinte, às nove em ponto, a festa começa, mas do pregador nem sinal. Na sua
ausência, o sermão fica a cargo de um frade capuchinho, porém ninguém o
entende, porque é italiano. Quando o mestre-de-cerimónias chega, percebe que
caiu numa armadilha e ambos começam a disputar o púlpito. Mal termina, o padre
confronta Leonardo, que se defende dizendo que a cigana é testemunha de que ele
havia dito que o sermão seria às nove horas. Concluída a festa, a criança é
despedida, o que lhe é indiferente. Em virtude destes acontecimentos, a vizinha
continua a agoirar maus desígnios para o menino, mas o padrinho persiste na
ideia de o fazer padre.
quinta-feira, 13 de julho de 2023
Resumo do capítulo XIII de Memórias de um Sargento de Milícias
Ao
quinto dia de escola, o miúdo consegue convencer o padrinho de que já sabe ir
sozinho para a escola, mas, em vez de ir aprender, falta à escola e vai
brincar, nomeadamente junto da Sé, onde se reunia sempre muita gente, o que
permitia que ninguém o encontrasse, caso o procurassem. Nas aulas, Leonardo é
muito irrequieto, rebelde e desobediente, o que lhe granjeia muitos «bolos»;
por outro lado, vende tudo o que tem aos colegas (o tinteiro, a pasta, a lousa)
e gasta o dinheiro do pior modo possível. Em suma, acriança é o gazeta-mor e o
apanha «bolos»-mor.
Entretanto,
o barbeiro descobre e passa a acompanhá-lo novamente, o que não lhe dá hipótese
de ir para a brincadeira. Como sente saudades do tempo passado na Sé, pede ao
padrinho que o faça sacristão, alegando que isso o prepararia para a sua futura
vida eclesiástica. Para o compadre, este pedido constitui a maior alegria que
lhe podem dar.
Numa
bela manhã, sai de casa vestido de batina e sobrepeliz e toma posse da função. Quando
o vê passar, a vizinha mostra-se surpreendida de início, mas, ao compreender o
que se está a passar, solta uma gargalhada e chama-lhe “senhor cura”.
O
capítulo termina com a vingança que os dois meninos sacristãos (o segundo é uma
criança que Leonardo conhecera na Sé na época em que para lá ia quando faltava
às aulas) fazem à vizinha, que sempre agourara o herói desta história. Assim,
durante uma missa, aquela coloca-se junto dos dois e, enquanto um, depois de
encher o turíbulo de incenso, o balança fazendo com que as nuvens de fumo que se
desprendem batam na cara da pobre mulher, o outro, com a tocha, derrama nas
costas da sua mantilha cera derretida. Como a igreja está apinhada de fiéis, a
desgraçada tem de suportar a vingança até ao fim. Terminada a missa, queixa-se
ao mestre-de-cerimónias e os dois ouvem uma grande reprimenda.
Resumo do capítulo XII de Memórias de um Sargento de Milícias
O
compadre resolve colocar o menino numa escola, porque acha que ele já está
avançado na educação que lhe ministra. De facto, a criança mostra progressos de
aprendizagem: já lê sofrivelmente e aprendera a ajudar na missa. Preocupado com
o futuro do afilhado, o padrinho procura um mestre e encontra um dos mais
acreditados na cidade: um homem bastante baixo, magro, de cara estreita
chupada, calco, com óculos e pretensões de latinista e que oferece bolos aos discípulos.
No dia em que padrinho e afilhado o procuram, um sábado, encontram os alunos a
cantar a tabuada de forma monótona que, no entanto, parece agradar às crianças.
Na
segunda-feira seguinte, Leonardo começa a frequentar as aulas, munido da sua
pasta a tiracolo, da sua lousa e do seu tinteiro de chifre. No final do dia,
leva quatro «bolos», pelo que, à saída, mal vê o barbeiro, diz-lhe que não
voltará à escola, pois não quer ter de sofrer violência física para aprender. O
barbeiro recebe com preocupação esta revelação, temendo que a vizinha fique a
saber que o menino tinha apanhado no primeiro dia de aulas, porém este só
concorda em regressar à escola se o padrinho dialogar com o professor no
sentido de não lhe voltar a bater. O barbeiro, para o persuadir, concorda. Deste
modo, Leonardo retoma as aulas, porém, como não consegue ficar quieto ou
calado, é colocado de joelhos e posteriormente surpreendido a atirar uma bola
de papel aos colegas. Como castigo, apanha doze «bolos», o que leva Leonardo a
dirigir ao mestre todos os impropérios que conhece. Para o compadre, tudo se
deve a uma praga da vizinha.
Ao
longo do capítulo, temos constantes intromissões do narrador e uma crítica à
instituição escolar da época, tecida de modo irónico.
Resumo do capítulo XI de Memórias de um Sargento de Milícias
O
compadre continua a educação do menino, tratada em termos cómicos. Ele fica
indiferente quando sabe da prisão de Leonardo Pataca. Também o tenente quer
tomar conta do miúdo, mas o compadre não aceita.
A
criança já conhece o alfabeto até à letra P, onde empanca de novo, mas é
incapaz de decorar o Pai Nosso (em vez de dizer “Venha a nós o vosso reino”, dizia
“Venha a nós o pão nosso”) e detesta ir à missa ou ao sermão. Apesar disso, o padrinho
continua a ver nele um futuro clérigo.
Em
sentido oposto, os vizinhos veem em Leonardo um grande peralta, nomeadamente
uma mulher viúva e presunçosa que se gaba de não ter papas na língua e que
aborrece as pessoas com as virtudes do seu defunto marido. Assim sendo, várias
vezes procura mostrar ao vizinho a verdadeira faceta do rapazinho. Certo dia,
quando o barbeiro chega à sua loja, esta vizinha, da sua janela, pergunta-lhe,
de forma trocista, onde está o seu reverendo. O homem explode, nomeadamente após
ela lhe perguntar se o petiz já sabe o Pai Nosso, e responde-lhe que o afilhado
já o sabe e que ele, barbeiro, o faz rezar todas as noites para o seu marido,
que dava coices no Inferno. A mulher retorque e chama-lhe “raspa-barbas”.
Quando o compadre a questiona sobre o motivo de implicar tanto com uma criança
que nunca lhe tinha feito mal, a vizinha responde que o afilhado atirava pedras
ao telhado, lhe fazia caretas e a tratava como se fosse uma saloia ou a mulher
de um barbeiro. A discussão desperta a atenção do pequeno Leonardo, que chega à
porta e arremeda a vizinha, o que motiva o riso do padrinho, que, assim, se
sente vingado.
Terminada
a discussão, o narrador informa o leitor que o barbeiro tem conhecimento da
prisão de Leonardo Pataca, mas não se importa com o sucedido.
Resumo do capítulo X de Memórias de um Sargento de Milícias
A ação
volta-se de novo para o velho tenente-coronel, que, embora seja uma pessoa de
bem e tenha uma idade inofensiva, tinha uma história de vida com alguns
episódios negativos. Por exemplo, aos 20 anos era um cadete desordeiro, viciado
no jogo e insubordinado e, aos 36, tinha deixado um filho em Lisboa.
Poucos
dias antes de embarcar para o Brasil, na companhia do rei, foi procurado por
uma mulher velha, baixa, gorda e vermelha, vestida pobremente, nervosa e
agitada. Esta figura era a mãe de uma jovem, de nome Mariazinha, com quem o
filho do tenente, nessa época capitão de navio, namorava e engravidara. A
mulher acrescentou que o filho do capitão prometera casar com ela. O homem
refletiu uns instantes e concluiu que não poderia deixar o descendente casar
com a filha de uma simples vendedora e, além disso, o que aquele ganhava como
cadete não era suficiente para sustentar uma família, por isso disse à mulher
que iria pensar no assunto. Mais tarde, procurou-a e ofereceu-lhe algo para a
calar, no entanto, como a hora de partir chegara, não houve tempo para discutir
o problema. Assim, deixou o filho ao cuidado de conhecidos e partiu.
Anos
depois, já estabelecido no Brasil, soube que Mariazinha se encontrava no Rio de
Janeiro, na companhia de Leonardo Pataca: era, portanto, Maria da Hortaliça.
Este episódio explica, pois, o motivo por que o velho tenente-coronel prometera
ajudar Leonardo: procurava, assim, aplacar o seu espírito de pai honrado,
ajudando a mulher que o seu filho havia desonrado anos antes. Para tal, fizera
um pacto secreto com a comadre: ele supriria qualquer necessidade de Maria da
Hortaliça, bastando para tal que aquela o informasse.
Como a
comadre o ajudava da forma descrita no parágrafo anterior, o tenente deveria
retribuir o favor se fosse necessário, por isso, quando ela o abordou,
dirigiu-se à cadeia, falou com Leonardo Pataca e, depois, dirigiu-se a casa de
um amigo fidalgo.
O velho
tenente sentia-se responsável e foi procurar ajudar Leonardo, libertando-o. O
recurso a pessoas influentes era já um traço da época.
Resumo do capítulo IX de Memórias de um Sargento de Milícias
A
narração centra-se na figura do compadre: como se criou, como arranjou emprego
num navio negreiro e como conseguiu a sua fortuna de forma pouco honesta.
O
compadre nunca conhecera os seus pais e parentes; quando era jovem, achou-se na
casa de um barbeiro, sem saber se estava lá na qualidade de filho ou outra qualquer,
de quem cuidara e herdara o ofício.
Quando
atingiu a adolescência, sabia barbear e sangrar sofrivelmente e, como
considerava que não conseguiria frutificar enquanto barbeiro, dado que a
freguesia que tinha se devia ao seu mestre, abandonou a sua casa sem rumo.
Durante as suas andanças, conheceu um marujo que o colocou a bordo de uma
embarcação como barbeiro e sangrador. A bordo, ganhou fama quando sangrou e
curou dois marinheiros doentes e não deixou morrer nenhum negro do
carregamento. Neste passo, o narrador aborda o problema da escravatura,
distanciando-se dela.
Pouco
antes de chegar ao Rio de Janeiro, o capitão do navio adoeceu e não houve sangramento
que o salvasse. Moribundo e em segredo, o capitão, que confia no barbeiro,
entregou-lhe uma caixa, deu-lhe o endereço e pediu-lhe que o entregasse à sua
filha. Pouco tempo depois, o capitão morreu; o barbeiro decidiu não embarcar
mais e, como a conversa que tinha mantido com o comandante fora secreta e sem
testemunhas, instituiu-se como seu herdeiro e nada entregou à filha. Fora assim
que ele se arranjara na vida.
Em
suma, este capítulo mostra o compadre como homem sem escrúpulos. Ele é bom e
mau. Com isto, o narrador pretende provar que todo o ser humano tem um lado bom
e um lado mau.
Resumo do capítulo VIII de Memórias de um Sargento de Milícias
O
narrador descreve o pátio dos bichos e das personagens que nele se movimentam,
sobretudo de um velho. O espaço era um saguão, uma saleta que existia no
palácio do rei, cujo nome derivava do facto de todos os dias passarem por ele
três ou quatro oficiais superiores
velhos, incapazes para a guerra e inúteis para a paz, ou seja, não eram usados
pelo rei, pelo que a maior parte do seu tempo era dedicado ao ócio. Dentre
eles, destacava-se um português, tenente-coronel, a quem a comadre recorreu
para obter a libertação de Leonardo Pataca. Depois de a ouvir, o velho militar
coloca o chapéu armado, põe a espada à cinta e sai.
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