Português: 17/11/22

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Função sintática do pronome que

O pronome que pode desempenhar diversas funções sintáticas, nomeadamente de sujeito e complemento direto.
Para a maioria dos alunos, é difícil identificar ou distinguir os casos em que desempenha uma ou outra função sintática, no entanto, a tarefa é simples. Basta aplicar o seguinte teste:
• pegamos na frase em que o que está presente e “tapamo-lo”;
• se houver concordância (entre o sujeito e o predicado)
correta, o “que” é sujeito:
- O padre que foi preso era pedófilo.
- O padre foi preso…
incorreta, o “que” é complemento direto:
- O padre que prenderam era pedófilo.
- O padre prenderam…

Estrutura interna de Hamlet

 
Situação inicial: o rei Hamlet morre; Cláudio, seu irmão, assume a coroa e casa-se com a cunhada, Gertrudes.
 
Peripécias:

• Hamlet é visitado pelo fantasma de seu pai.

• Laertes e Polónio alertam Ofélia para ficar longe de Hamlet.

• A peça A Ratoeira é encenada.


Clímax: Hamlet mata Polónio e é banido para a Inglaterra.
 
Resolução: Cláudio e Laertes conspiram para matar Hamlet; Ofélia morre.

Situação final: Gertrudes, Cláudio, Laertes e Hamlet morrem.

Significado de Hamlet


             Os estudiosos consideram Hamlet a única personagem do cânone shakespeariano que melhor exemplifica a capacidade do dramaturgo de expressar a consciência universal da existência humana. Ele personifica o génio de Shakespeare e, em virtude da natureza da sua presença enigmática, captura a imaginação humana melhor do que qualquer outra personagem literária antes ou depois.

            Hamlet possui uma natureza dupla: é sensível, poético, artístico e amoroso, mas também é um criminoso que esfaqueia os seus amigos pelas costas, trata a sua jovem namorada de forma insensível e não mostra qualquer remorso por assassinar um “bom velhinho invisível”. Nenhuma outra personagem é tão citada, imitada e emulada como Hamlet.

            Desde o início, o protagonista possui um imperativo claro para agir no seu feudo medieval sangrento: vingar a morte do pai, assassinando o rei Cláudio. As suas emoções rasgam-no em dois: por um lado, tem a necessidade masculina básica de afirmar a sua masculinidade e corrigir erros graves; por outro, a sua moral cristã diz-lhe que matar constitui um pecado, não importa qual seja a causa.

            Hamlet representa o oposto do seu tio. De facto, Cláudio personifica o vilão maquiavélico: justifica o seu erro, engrandecendo os fins causados pelo seu mal. Ele reconhece o seu próprio mal e reconhece o seu destino de perdição. Saber que será condenado ao Inferno, torna-o não menos ansioso para comer um crime após o outro, o fim de manter os seus despojos conquistados de forma errada. O desejo de resistir a odiá-lo move o público, e o facto de estar familiarizado com a sua incapacidade de procurar a absolvição impede que seja unidimensional. Em vez de o odiar, o espectador torce pela sua conversão, esperando que confesse e mostre arrependimento. Quando não o faz, o público torna-se menos indulgente. Por seu turno, Hamlet é a antítese de Cláudio. Ele sabe que tem uma dívida com o pai e com a velha ordem que dita que deve cometer um ato pecaminoso. No entanto, o seu medo de que a ação seja errada paralisa-o. Embora o fim justifique a própria existência do protagonista, não justificaria o seu desafio ao mandamento contra o assassinato.

            Os críticos argumentam que a incapacidade de Hamlet se decidir torna-o uma figura trágica. Como outros grandes heróis trágicos de Shakespeare, Hamlet deve encontrar uma maneira de transformar as suas ideias – as palavras perseverantes que nunca lhe permitem silêncio – em ação. Em Macbeth, o herói inverte os papéis com a sua esposa; ela, pronta para agir, torna-se vocal, pensadora, enquanto o marido se torna o imprudente, o homem de ação. No Rei Lear, a loucura rouba as palavras ao monarca, forçando-o a ouvir, a reconhecer a realidade para experimentar o seu reconhecimento e o reverso. Porém, em Hamlet, as palavras controlam o herói até ao fim – até que ele saiba que está morto e possa encerrar a discussão e finalmente agir.

            Por outro lado, grande parte do conflito que Hamlet deve superar resulta da sua luta interna, não de obstáculos externos, embora eles também existam. O facto de Cláudio possuir todas as cartas e expor Hamlet, nu, a toda a Dinamarca constitui um conflito completamente externo. O fantasma ordena-lhe que vingue a morte do velho rei, mas nenhuma testemunha atesta o facto de o rei Hamlet não ter morrido de causas naturais. O rei Cláudio é o monarca por direito divino e, ao matá-lo, Hamlet comete uma alta traição e, em simultâneo, despacha um emissário de Deus. Para o mundo que o rodeia, o jovem príncipe parece desafinado: é popular e admirado pelos súbditos dinamarqueses de Cláudio, mas aqueles não têm qualquer razão para acreditar que este seja outra coisa que não o que diz ser: um rei nobre. Se Hamlet sabe que o seu mundo está “fora do lugar”, que as coisas não são o que parecem ser, que há algo “podre no reino da Dinamarca”, a verdade é que não tem provas nem aliados. Cláudio até manipula a própria mãe do príncipe e o namoro com Ofélia. Assim, à exceção de Horácio, Hamlet está sozinho.

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