Português: 24/04/24

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Análise do poema "Os sonhos não podem ser", de Cláudia Dias Chéu

 
Os sonhos não podem ser
experimentados em conjunto.
Vamos sozinhos durante o sono.
Dormir é a prova irrevogável
de que somos individuais.
A viagem que fazemos de noite
ausculta bem o batimento
da solidão.

 
Os sonhos são “fenómenos” individuais e intransferíveis. Trata-se, pois, de uma experiência claramente solitário e não compartilhável com as outras pessoas no que respeita à sua experimentação. O sono é um estado fundamental para qualquer pessoa, pois possibilita a restauração do corpo e da mente. Por outro lado, é um momento em que o indivíduo se volta para o seu mundo interior, constituindo, portanto, um símbolo da individualidade humana.
O sono é também apresentado como uma evidência incontestável da individualidade de cada ser humano. O adjetivo “irrevogável” sugere a ideia de que essa espécie de verdade é imutável, constituindo um traço característico da condição humana.
Os três últimos versos do poema descrevem, metaforicamente, o sonho como uma viagem noturna que revela a solidão e que sugere a viagem que é a vida, que cada pessoa percorre, trilhando caminhos pessoais e inexplorados. Claramente, o “eu” poético recorre à linguagem da área da Medicina (“ausculta”, “batimento”), para nos sugerir a ideia de uma introspeção profunda que o ser humano faz sempre que se entrega ao sono, como se este permitisse um encontro íntimo com a nossa solidão quando dormimos e quando sonhamos.

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