Português: Escrita
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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A importância da escrita manual

    Estudos mostram que escrever à mão ativa diversas regiões do cérebro, melhorando a capacidade de retenção da memória e a função cognitiva.

    Algumas escolas por esse mundo fora já deixaram de ensinar escrita cursiva. Uma boa ideia ou nem por isso?

    Vários estudos têm vindo a comprovar que escrever à mão traz benefícios cognitivos que as ferramentas digitais não conseguem substituir. «Em termos estatísticos, a maioria dos estudos sobre a relação entre a escrita e a memória [incluindo estudos realizados no Japão, na Noruega e nos Estados Unidos] mostram que as pessoas se lembram melhor das coisas que escreveram à mão do que num computador.» Quem o diz é a professora de linguística da American University, de Washington D.C., e autora de Who Wrote This? How AI and the Lure of Efficiency Threaten Human Writing, Naomi Susan Baron.

    As vantagens de escrever à mão podem ser parcialmente atribuídas à participação de vários sentidos no processo da escrita. «Segurar uma caneta com os dedos, encostá-la a uma superfície e deslocar a mão para criar letras e palavras é uma habilidade cognitivo-motora complexa que requer muita atenção», diz Melissa Prunty, professora de terapia ocupacional na Brunel University London, que investigou a relação entre escrever à mão e a aprendizagem. «Os estudos demonstraram que este nível mais profundo de processamento, que envolve transformar sons em letras, contribui para as capacidades de ler e soletrar nas crianças», diz Prunty.
    Os adultos também beneficiam da natureza laboriosa de escrever à mão. Um estudo com quarenta e dois adultos que estavam a aprender árabe concluiu que os participantes que aprendiam as letras escrevendo-as à mão conseguiam vocalizar melhor as letras recém-aprendidas do que as pessoas que aprendiam os novos caracteres datilografando-os ou simplesmente observando-os.
    «Achamos que os resultados podem ser parcialmente explicados pelo facto de escrever à mão ativar diferentes vias para o mesmo conceito», diz Robert Wiley, professor de psicologia na Universidade da Carolina do Norte e coautor do estudo. Ele explica que aprender uma nova palavra implica associar um símbolo abstrato a informação visual, motora e auditiva. «Escrever à mão pode ativar mais ligações nessas diferentes dimensões, comparado com datilografar", afirma.
    Através de inquéritos realizados a 205 jovens adultos na Europa e nos Estados Unidos, Baron descobriu que muitos alunos diziam ter mais concentração e melhor memória quando escreviam um texto utilizando um instrumento de escrita em vez de pressionando teclas num teclado, o que sugere que o sentido do tato desempenha um papel fundamental na forma como absorvemos a informação.
    Atividades como o toque e o movimento ativam as mesmas zonas do cérebro que participam na aprendizagem e na memorização, diz Lisa Aziz-Zadeh, professora no Brain and Creativity Institute da University of Southern California.«O cérebro humano evoluiu para processar informação sensorial e motora ao longo da evolução», diz, «e essas mesmas regiões do cérebro de processamento sensorial e motor estão agora envolvidas nos níveis mais altos da cognição.»

    Para compreendermos melhor como os nossos sentidos influenciam a nossa cognição, podemos pensar no cérebro como uma rede rodoviária, diz Audrey van der Meer, professora de neuropsicologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. As redes cerebrais das crianças são como trilhos ténues e serpenteantes numa floresta, afirma. Com experiência e prática, esses trilhos podem transformar-se em vias rápidas que ligam diferentes partes do cérebro, transportando a informação de forma rápida e eficiente.
    Num estudo publicado em janeiro de 202, van der Meer e o seu coautor Ruud van der Weel, examinaram exames cerebrais de trinta e seis jovens universitários enquanto executavam tarefas de escrita. Pediram aos estudantes que escrevessem palavras do Pictionary utilizando uma caneta digital e um ecrã sensível ao toque ou que as datilografassem num teclado. A atividade cerebral dos participantes durante cada tarefa foi captada através de técnicas de eletroencefalograma.
    «A coisa mais surpreendente foi que todo o cérebro estava ativo quando escreviam à mão, [enquanto] áreas muito mais pequenas estavam ativas quando datilografavam», diz van der Meer. «Isto sugere que, quando escrevemos à mão, estamos a utilizar a maior parte do nosso cérebro para executar essa tarefa.»
    Além disso, o estudo mostrou que as diferentes vias do cérebro ativadas pela escrita manual comunicavam umas com as outras através de ondas cerebrais associadas à aprendizagem. «Existe todo um corpo de investigação sobre as oscilações alfa e beta no cérebro que são benéficas para a aprendizagem e a memória», diz van der Meer. «Descobrimos que essas oscilações estavam ativas quando as pessoas escreviam à mão, mas não quando datilografavam.»
    Por esta razão, os investigadores estão agora a incentivar as pessoas a continuarem a escrever à mão. Na Noruega, várias escolas deixaram de ensinar escrita cursiva, preferindo que os alunos escrevessem e lessem num iPad, uma tendência que van der Meer espera mudar através da sua investigação.
    «Acho que devemos ter um mínimo de escrita à mão nos currículos da escola primária pelo simples facto de fazer muito bem ao cérebro em desenvolvimento», afirma.
    Nos Estados Unidos, a escrita cursiva foi removida do Common Core Standard, mas vários estados decidiram incorporá-la novamente nos currículos escolares devido aos seus benefícios para a aprendizagem.
    Quanto aos adultos, van der Meer também os aconselha a usar papel e caneta. «Continuar a escrever algumas coisas à mão é um exercício muito para o cérebro», diz. «É o equivalente a fazer obras de manutenção numa estrada movimentada.»

Fonte: nationalgeografic.com.

domingo, 27 de agosto de 2023

Exemplo de texto de opinião sobre o poder das palavras


 Planificação

- Título: O poder das palavras.

- Introdução:

. Apresentação da situação / tema: o poder das palavras.

. Apresentação da opinião / posição pessoal: as palavras que constroem e as que destroem.

- Desenvolvimento:

1.º argumento: há palavras boas, que fazem bem.

Exemplos: gastronomia e plano amoroso.

2.º argumento: há palavras más, que magoam e destroem.

Exemplo: exame médico.

- Conclusão: retoma da posição inicial.

 

O poder das palavras
 
    Ricardo Araújo Pereira deu-me a honra de prefaciar um livro meu. Nas primeiras linhas do seu prefácio, ele escreveu: “Faço com palavras tudo o que é importante. Por exemplo, se quero que uma pessoa saiba que gosto dela, recorro mais depressa a palavras do que, digamos, a beijos.” Meditei nestas suas palavras e adicionei a sua moral a esta equação: bom uso das palavras x uso bom das palavras ao quadrado = felicidade.
    As palavras têm um poder tremendo. Repito com assertividade: as palavras têm um poder tremendo. Há palavras que edificam, outras que destroem; umas trazem bênção, outras, maldição. E é entre estas duas balizas que a comunicação vai moldando a nossa vida.
    Comecemos pela gastronomia. Na hora da refeição, quem é que não saliva ao ler um crispy de peito de frango com emulsão de gengibre e limão? Ou um bacalhau lascado com puré de batata doce e goiaba confit? Antes de estes apetecíveis pratos chegarem à nossa mesa, já os pré-saboreamos mentalmente. E quantas vezes a sedutora descrição dos pratos é bem mais aprazível que o repasto propriamente dito?
    Há dias, num restaurante tradicional, um dos pratos da ementa era bife raspado. Soou-me bem e pedi. O que era? Um simples hambúrguer no prato. Estava apetitoso, sem dúvida, mas o prazer que senti ao degustar as sílabas bi-fe-ras-pa-do antes de o dito prato pousar na mesa foi infinitamente superior.
    No plano amoroso, as palavras têm também um poder incrível. Outrora, nas cartas de amor, as palavras voavam distâncias, marcadas pela saudade dos namorados; hoje, o impacto das palavras nas relações amorosas é tão ou mais forte porque é imediato, à distância de um clique. Casais apaixonados são unânimes em assumir que muitas vezes o flirt verbal é tão poderoso quanto o próprio beijo ou toque. Nuns casos, as palavras trocadas virtualmente são autênticos preliminares; noutros, conseguem ter ainda mais impacto do que o toque real.
    E o poder da palavra silenciosa? O silêncio é ouro, já ouviram dizer? Há palavras que deviam ser escondias num baú fechado a sete chaves. Porque não edificam, porque magoam, porque destroem… Há uns tempos fui fazer um exame médico. Após o questionário clínico habitual, a médica prosseguiu: “Agora, vou fazer-lhe umas maldades”. Nesse instante, o meu corpo sucumbiu e o desmaio tornou-se iminente. Ora, a palavra maldade magoou-me mais do que o próprio exame. Teria sido muito sensato ter escondido tal palavra num quarto escuro. Não teria magoado tanto.
    Se queremos relações pessoais e profissionais mais saudáveis e felizes, usemos e abusemos das palavras positivas na nossa vida. E não nos cansemos de elogiar. Palavras de louvor e honra trazem felicidade não só a quem as recebe mas também, e sobretudo, a quem as oferece.

 
Sandra Duarte Tavares, in Visão do dia 17/02/2017
 

sábado, 26 de agosto de 2023

Exemplo de texto de opinião sobre o uso de telemóveis nas aulas


    A tecnologia faz parte do quotidiano da esmagadora maioria das pessoas. Um dos objetos mais usados neste contexto é o telemóvel.

    Elabora um texto de opinião, constituído por 200 a 300 palavras, no qual defendas o teu ponto de vista sobre o seguinte tema: O telemóvel tem lugar no ensino atual?
 
    O teu texto deve incluir:
. a apresentação do teu ponto de vista;
. a apresentação, no mínimo, de dois argumentos e de exemplos que justifiquem o teu ponto de vista;
. uma conclusão.

 

Planificação

- Introdução:

. Apresentação do tema – Ideias gerais sobre a presença e a importância da tecnologia na sociedade.

. Posição a defender: os telemóveis devem ser usados no ensino.

- Desenvolvimento:

1.º argumento: o telemóvel permite obter informação de forma imediata, consultar documentos didáticos, acessar a aplicações que possibilitam mais interatividade…

2.º argumento: o uso do telemóvel no ensino pode contribuir para uma maior responsabilização dos alunos.

3.º argumento – contra-argumento: o telemóvel pode constituir um fator de distração, prejudicando a aprendizagem.

- Conclusão:

. retoma da posição defendida

. síntese das ideias essenciais

 
O telemóvel na sala de aula
 
    A tecnologia está presente na vida do ser humano e veio para ficar, discutindo-se, neste momento, por exemplo, todo o impacto da inteligência artificial no nosso quotidiano presente e futuro. Neste contexto, faz todo o sentido que a tecnologia, nomeadamente os telemóveis, tenham lugar no ensino.
    Por um lado, os telemóveis permitem a consulta e a pesquisa imediatas, o que pode tornar as aulas mais dinâmicas e interativas. De facto, com eles os alunos podem visionar vídeos didáticos e imagens, obter informação de toda a espécie através da Internet para complementar as aulas e resolver tarefas sugeridas pelos professores. Além disso, é possível aceder a diversas aplicações (como, por exemplo, o iSpring) que permitem maior interatividade na resolução e na avaliação de atividades. Usando-as, os alunos têm acesso imediato aos resultados de um teste interativo, aos aspetos em que tiveram sucesso e àqueles em que falharam.
    Por outro lado, o uso autorizado de telemóveis na sala de aula pode constituir uma forma de responsabilização dos discentes, por exemplo, relativamente à sua não utilização sem permissão do professor. Além disso, deste modo, poderão interiorizar a necessidade de utilizar responsavelmente os materiais e gadgets tecnológicos, num contexto específico e regulado.
    De facto, sobretudo no caso de alunos mais jovens e que não possuem ainda maturidade suficiente para os utilizar nos momentos adequados e autorizados, os telemóveis, dado que colocam à sua disposição um mundo inteiro, podem constituir um fator de distração na sala de aula, sendo usados, por exemplo, para jogar, para enviar mensagens, para navegar na Internet e até para cabular nas provas de avaliação. Todos estes fatores acabarão por prejudicar a aprendizagem e, por consequência, a avaliação.
    Em suma, os telemóveis devem ser usados no contexto escolar, visto que podem ser uma ferramenta útil na aprendizagem, mas desde que tal seja feito de forma organizada e com autorização e supervisão dos professores. Proibir o seu uso não é solução, até porque eles estão cada vez mais presentes na vida de quase todos.

 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Exemplo de texto expositivo sobre o Auto da Índia


    Num texto expositivo, constituído por 150 a 250 palavras, apresenta uma personagem do Auto da Índia, de acordo com os seguintes tópicos:
a) identificação da personagem;
b) apresentação de dois traços marcantes;
c) alusão a uma situação caracterizadora da personagem.

 
. Planificação

- Introdução:

. personagem: Moça

. obra: Auto da Índia

. autor: Gil Vicente

. papel / função: comentar as atitudes da Ama

. traços: fidelidade e crítica da Ama

- Desenvolvimento – traços:

1) fidelidade à Ama – ajuda-a a concretizar os seus desejos – encontros amorosos com o Lemos;

2) ironia e crítica à Ama, denunciando o seu comportamento.

- Conclusão: personagem fundamental para a caracterização da Ama.

 
A importância da Moça

 
    A Moça é uma personagem secundária do Auto da Índia, uma das peças mais importantes de Gil Vicente. Na obra, ela contribui fortemente para a caracterização da protagonista, a sua ama. Podemos destacar dois traços caracterizadores da peça: a fidelidade e a feição crítica.
    Por um lado, a personagem mostra-se fiel à Ama, ajudando-a a concretizar as suas ações e objetivos e nunca a denunciando (por exemplo, ao marido). Este traço fica evidente quando a auxilia nos encontros com o Lemos, indo inclusivamente às compras para o jantar de ambos.
    Por outro lado, a Moça mostra-se irónica e crítica, pois, apesar da fidelidade, comenta criticamente as atitudes da Ama e a dos seus pretendentes, o que contribui para desmascarar o caráter falso, hipócrita e dissimulado da protagonista, bem como a pelintrice do Lemos e a fanfarronice e a falsidade do Castelhano.
    Em suma, a Moça é uma personagem fundamental para o conhecimento da verdadeira natureza da Ama.

 

Normas da citação


    A citação consiste na reprodução de um discurso noutro discurso. Quando fazemos uma citação, devemos observar o seguinte:

• identificar o autor do texto / da obra citado(a);

• contextualizar a citação;

• transcrever as palavras citadas, tal como o original;

• colocar as citações entre aspas;

• assinalar eventuais cortes (por exemplo, quando o excerto citado é extenso e só nos interessa parte dele) com reticências dentre de parênteses (retos ou curvos);

• identificar a fonte da citação entre parênteses, indicando:
- o apelido do autor;
- o ano da publicação da obra a que pertence o texto citado;
- a(s) página(s) em que o texto citado se encontra;

indicar a referência completa de todas as obras citadas.

 
Exemplos:

 
                De acordo com Diniz Braga, “devido à evolução tecnológica […], o mundo mudou bastante e as pessoas precisam de se adaptar a essa nova realidade.” (Diniz; Braga, 2016, p.98)

 

                Segundo Martins et al., “O consumidor […], antes de fazer uma compra, pesquisa informação sobre a empresa na Internet.” (Martins et al., 2016, p.12

[Neste caso, trata-se de uma citação de um texto com vários autores.]

 

Exemplo de texto expositivo


    Elabora um texto expositivo sobre o seguinte tema: Os níveis de organização do corpo humano.


Revisão textual

    A revisão do texto constitui o terceiro passo do processo de produção escrita.
    Depois de o escrever, há ainda alguns passos a seguir:

 
Primeiro: reler o texto, para detetar erros e/ou imperfeições relativamente ao tema, ao tipo ou ao género textual, à estrutura e à correção linguística.

 
Segundo: corrigir o texto, isto é, as falhas e os erros detetados.

 
Terceiro: reescrever o texto, dando-lhe a forma final.

 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Textualização


    Depois de elaborado o plano, passa-se à redação do texto, dando-lhe uma forma mais definitiva. Para esse efeito, o aluno deve:

 
1. Construir um texto coerente.

. Unir os tópicos que constam do plano, fazendo uso de conectores e articuladores do discurso que articulem corretamente as ideias do texto.

. Respeitar o tema proposto, evitando divagações desnecessárias. Por exemplo, se o enunciado indicar que a temática é a poluição dos mares, não se pode escrever um texto sobre a poluição em geral ou outros tipos de poluição (sonora, atmosférica, etc.).

. Não mudar de assunto durante o texto.

. Respeitar o fio condutor das ideias.

. Acrescentar novas ideias ao longo do texto, evitando, assim, a repetição desnecessária de informação.

. Não se contradizer (por exemplo, num texto de opinião, não se pode apresentar posições diferentes na introdução e na conclusão).

. Adequar o texto ao público e à sua finalidade comunicativa.

 
2. Estruturar o texto.

. Distribuir cada ideia nova por parágrafos: um novo parágrafo corresponde a uma nova ideia.

. Ligar as frases e as orações através de conjunções, locuções conjuncionais, advérbios, conectores.

. Não repetir vocabulário (substituir palavras por pronomes, hiperónimos / hipónimos, etc.); diversificá-lo e adequá-lo ao tema.

. Não alterar bruscamente o tempo verbal dominante do texto que está a ser escrito (se se opta pelo passado, escreve-se no passado ao longo do texto; se se escolhe o presente, mantém-se igualmente até ao final).

. Não mudar bruscamente de pessoa gramatical. Convém ter presente que, no caso do texto de opinião e do comentário, predomina a primeira pessoa, enquanto, no texto expositivo, há um predomínio da terceira.

. Respeitar as regras fundamentais da escrita:

- correção ortográfica;

-regras de acentuação;

- regras de pontuação;

- marcação de parágrafos;

- construção frásica:

. verificar se as preposições são usadas corretamente;

. verificar se as concordâncias estão corretas (sujeito-verbo, nome-adjetivo, etc.);

. diversificar o estilo de frases;

- seleção de vocabulário adequado ao tema e ao género ou tipo de texto.

. Respeitar o intervalo de palavras indicado no enunciado.

. Respeitar os princípios do trabalho intelectual, aplicando as normas para citação.

. Ter cuidado com a apresentação final do texto.

 

Planificação de texto


    Raramente alguém, quando tem de elaborar um texto, pega num papel e numa caneta ou liga um computador e começa a escrever de rajada. Normalmente, antes de se iniciar a redação, deve pensar-se no que escrever e planificar-se o texto.
    Para proceder a essa planificação, deve fazer-se o seguinte:

 
1. Ler atentamente as indicações dadas, de forma a identificar:

. o tema;

. o género ou o tipo de texto a produzir;

. o objetivo;

. o público-alvo;

. o limite de palavras (se houver);

. as indicações relativas a aspetos a incluir no texto.

 
2. Recordar e respeitar as características e estrutura típica do género ou tipo de texto que é solicitado.

. Num texto de opinião, deve apresentar-se a opinião pessoal sobre o tema e os argumentos e exemplos que a sustentem.

. Num texto expositivo, deve abordar-se, de forma organizada, as várias partes que constituem o tópico geral do texto.

. Num texto narrativo, devem incluir-se os elementos da narrativa e os momentos de evolução da ação.

. Num comentário, devem ser respeitados os tópicos apresentados ou selecionar os que são pertinentes para a apreciação do texto, expondo conteúdos relacionados com cada um deles.

 
3. Pensar no que se quer escrever, nas ideias a apresentar, nos exemplos a usar.

 
4. Registar as ideias e informações que se considerarem importantes.

 
5. Hierarquizar a informação, de acordo com o sentido do texto, a progressão temática e a coerência global do texto.

. Não se deve apresentar só uma ideia ao longo de todo o texto.

. Deve introduzir-se ideias novas que se relacionem com as anteriores e que permitam a evolução do texto.

. Deve ordenar-se e hierarquizar-se as ideias do texto.

 
6. Distribuir as ideias pela estrutura do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão.

 
7. Distribuir as ideias por parágrafos.

 

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Carta de apresentação (exemplo)


 
Joaquina Ascensão Almeida António
Rua Vasco da Gama, n.º 69
3530-125 Mangualde
Tel.: 999999999

Diretor de Recursos Humanos da Bento & Com
Avenida 25 de Abril, n.º 123
1000-002 Lisboa

 
Mangualde, 16 de agosto de 2023

 
Assunto: Resposta ao anúncio com a referência 1234567890

 
Ex.mo Senhor,

 
Em referência ao anúncio 1234567890 do jornal «O Caracol», de 10 de agosto, venho, por este meio, apresentar a minha candidatura ao cargo aí referenciado.
Concluí no passado mês de junho o mestrado em Comunicação Social, na Escola Superior de Coimbra, com 18 (dezoito) valores. Tenho conhecimento de que a vossa empresa lidera o mercado neste ramo de atividade, o que me dá garantias de ser o melhor local para desenvolver as competências que adquiri ao longo da minha formação académica.
Dada a minha formação em Comunicação Social, bem como a experiência profissional adquirida ao longo do estágio realizado na JP & Associados, considero que estou apta a desempenhar a função em causa. Sou fluente em inglês, francês e alemão e possuo boas capacidades de comunicação e de relacionamento interpessoal. Gosto do trabalho em equipa e estou disponível para trabalhar com horários flexíveis.
Gostaria de, numa entrevista pessoal, poder transmitir outras informações que penso serem de mútuo interesse.

OU

Estou à disposição de V. Ex.ª para qualquer esclarecimento que considere necessário.
Agradeço antecipadamente a atenção de V. Ex.ª, subscrevo-me com a mais elevada consideração.

 
Joaquina A. António

 
Anexo: currículo.

 

domingo, 24 de outubro de 2021

Exposição / Texto expositivo

             A exposição é um texto de caráter demonstrativo que visa divulgar informação sobre uma área ou domínio da realidade, de forma fundamentada e objetiva, ou seja, informar os leitores/ouvintes acerca de um determinado assunto.

            A exposição responde ao como e ao porquê, apresentando sempre informação fundamentada e ilustrada com exemplos adequados.

            Tendo em conta os seus objetivos, o texto expositivo caracteriza-se pelo rigor e pela pertinência dos factos que apresenta, pela clareza na justificação das ideias e pelo recurso a uma linguagem simples e direta.

            A exposição envolve processos como identificar, caracterizar, analisar, relacionar um assunto e as ideias que a ele estão associados.

 

Definição

É um texto de caráter demonstrativo sobre uma área ou domínio da realidade com base em explicações e fundamentações.

Exemplos

• Manuais escolares (História, Biologia…).

Marcas específicas de género

• Mobilização de informação significativa.

• Natureza informativa: dá a conhecer e caracteriza o tema/o assunto.

• Carácter demonstrativo: elucida acerca do tema/assunto, fundamentando-o.

• Encadeamento lógico dos tópicos tratados.

• Concisão e objetividade.

• Relevância de aspetos paratextuais.

• Valor expressivo das formas linguísticas (conectores, deíticos, …).

Estrutura e organização

Título: identificação objetiva, clara e sintética do tema.
 
Introdução: apresentação do tema/assunto a tratar.
 
Desenvolvimento: apresentação organizada e lógica da informação (presença opcional de subtítulos, secções) ilustrada/fundamentada com exemplos e/ou explicações relevantes (presença opcional de ilustrações e esquemas).
 
Conclusão: síntese e/ou recuperação das informações expostas mais significativas.
 
• Outros elementos paratextuais: subtítulo, epígrafe, prefácio, notas de rodapé, bibliografia, índice e ilustrações (opcional).

Recursos linguísticos

• Linguagem clara, objetiva e rigorosa marcada pelo uso de:

- 3.ª pessoa;

- frases declarativas;

- verbos como ser, ter, consistir, haver, pertencer, etc.;

- formas verbais no presente (e também no pretérito perfeito e futuro do indicativo);

- conectores e marcadores discursivos, sobretudo de causa e consequência e/ou adição;

- frase passiva, usualmente, sem complemento agente da passiva.

• Registo formal.

• Organizadores da informação: subtítulos, alíneas, travessões, parênteses, sublinhados, reformulações…

• Vocabulário do campo lexical do tema desenvolvido.

• Léxico especializado, com recurso a termos genéricos (hiperónimos) e/ou específicos (holónimos) ou das suas partes (merónimos).

• Combinação adequada dos recursos verbais com os recursos não verbais (postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade, silêncio, olhar).

• Ausência de juízos de valor

Etapas de elaboração da exposição

Pesquisa e seleção pertinente de informação em livros, revistas ou sítios credíveis da Internet.

Planificação das ideias através de tópicos, organizados segundo as marcas do texto expositivo, em três partes.

Textualização:

- escrever a exposição respeitando o tema;

- mobilizar a informação selecionada na fase da planificação e organizar as ideias de forma lógica;

- respeitar as normas de citação e indicar as fontes utilizadas e a bibliografia consultada.

Revisão:

- assegurar a correção ortográfica;

- verificar o cumprimento da estrutura e dos aspetos temáticos;

- verificar o uso pertinente e variado de expressões de ligação entre fases e parágrafos.

Registo da informação, das ideias e das citações das fontes de informação, organizando-as por tópicos, em esquemas, em tabelas ou em mapas de ideias.

 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Apreciação crítica

 Definição
 
         A crítica é um texto de caráter informativo e argumentativo, no qual o autor apresenta ao leitor um produto cultural (um filme, um livro, uma peça de teatro, uma exposição, uma pintura, um “artigo” televisivo, etc., com o objetivo de o analisar e avaliar. Assim, a sua função é informar com rigor e apreciar quer positiva quer negativamente.
 
 
Estrutura
 
         A estrutura de uma apreciação crítica é a seguinte:
 
Título: deve ser sugestivo e apelativo (o texto poderá possuir também um antetítulo e um subtítulo) ‑ anuncia a opinião sobre o produto cultural ou evento criticado.
 
Introdução ou Abertura: apresentação sucinta do objeto e da opinião do autor (tese).
 
Desenvolvimento:
» descrição sucinta do objeto;
» comentário crítico, com apreciações pessoais favoráveis ou desfavoráveis.
 
Conclusão: confirmação da tese defendida / apreciação final.
 
 
Marcas de género
- Descrição sucinta do objeto da apreciação crítica.
- Linguagem clara e objetiva.
- Linguagem valorativa, elogiosa ou depreciativa (adjetivação expressiva).
- Recursos expressivos: metáfora, comparação, hipérbole, ironia, etc.
- Uso da terceira pessoa.
 

Exemplo de texto de apreciação crítica: "A agonia dos «blockbusters»

Afinal de contas, é bem verdade que a história dos "blockbusters" está recheada de maravilhas. Começando logo por "Tubarão" (1975), precisamente o título que, em termos industriais e comerciais, inaugurou o tipo de exploração comercial (cada vez mais salas, rentabilização cada vez mais acelerada) que os caracteriza. E, sem qualquer preocupação exaustiva, poderíamos citar "Regresso ao Futuro" (1985), "O Rei Leão" (1994), "O Sexto Sentido" (1999)... São todos "blockbusters" e todos são excelentes espetáculos.

Resta saber se o "género" não está a fabricar a sua própria agonia, de tal modo se vai ficando com a sensação de que a maioria destes filmes passaram a resultar mais de uma gestão "tecnológica" do que propriamente de um desejo de construir personagens e encenar aventuras. "Homem de Ferro 3", dirigido por Shane Black, de novo com Robert Downey Jr. no papel principal, aí está como penosa ilustração disso mesmo.

Ben Kingsley, compondo a personagem de um terrorista condenado à sua própria caricatura, será a única variação que nos pode levar a pensar que talvez pudesse existir aqui, ao menos, algum sentido de autoironia. Mas não. A proliferação gratuita de cenas ditas de ação, incluindo o "obrigatório" duelo final, vai-se reduzindo a uma acumulação de proezas mais ou menos digitais que, estranhamente, já nem conseguem rentabilizar o valor dramático do espaço.

Do ponto de vista da gestão industrial, estamos perante mais um exemplo de ocupação da produção pelos grandes conglomerados da banda desenhada (Marvel, neste caso). Não vem mal ao mundo por causa dessa aliança económica. Resta saber se nela, e através dela, ainda se procura alguma coisa que tenha a ver com o cinema. E com o gosto tão primitivo (mas tão essencial) de contar histórias.

 Fonte: RTP on-line


Análise do texto

Título:
▪ expressivo e apelativo;
▪ antecipa a tese do autor do texto o fim (previsível) dos “blockbusters”.
 
Abertura:
identificação sumária do objeto de crítica: terceiro capítulo da saga “Homem de Ferro”;
tese do autor: os realizadores atuais preferem mostrar efeitos especiais em vez de contar histórias.
 
Desenvolvimento:
 
Argumento favorável aos “blockbusters”: alguns são “excelentes espetáculos” (2.º      par.);
- Exemplos: filmes “Tubarão”, “Regresso ao Futuro”, “O Rei Leão”, “O Sexto Sentido”.
 
- Argumentos que sustentam a tese e exemplos (3.º par.):
1.º) os filmes valorizam a exibição de tecnologia, desvalorizando a ação credível e a construção de personagens coesas;
Exemplo: filme “Homem de Ferro 3”;
 
2.º) a ação do filme consiste numa acumulação de cenas “ditas de ação” (ex.: o obrigatório duelo final), que consistem numa mostra de habilidades digitais, não explorando categorias como o espaço (4.º par.);
Exemplo: filme “Homem de Ferro 3”.
 
Conclusão (5.º parágrafo): reforço da tese inicial este tipo de realização cinematográfica nega o cinema enquanto arte de narrar histórias ‑ interrogação.
 

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Texto expositivo: o Barroco


A partir dos tópicos que se seguem, elabore uma exposição sobre o tema do Barroco.

I. Aceções do termo:
a)      Período histórico (séculos xvi-xvii);
b)      Categoria intemporal (parte final de um determinado movimento artístico).
II. Origem do termo:
Alemanha, século xviii

III. Aceção original:
Movimento artístico que nega o bom gosto ou
o equilíbrio da arte renascentista.
IV. Características que vários teóricos atribuem ao Barroco:
a)      Primado da cor e da profundidade;
b)      Turbulência e desequilíbrio;
c)      Religiosidade panteísta;
d)      Sobrecarga decorativa;
e)      Liberdade criadora;
f)       Irregularidade/extravagância.
V. O Barroco em Portugal:
a)      Concílio de Trento (Contra-Reforma);
b)      Restauração da Independência;
c)      Período de prosperidade, devido ao ouro
 aos diamantes
do Brasil.
VI. O Barroco em Portugal — características:
a)      Estética da imitação;
b)      Gosto pelo burlesco (categoria próxima da sátira e da paródia, proporcionando a deformação da realidade representada);
c)      Apreciação do lúdico;
d)      Aproveitamento máximo da Retórica, evidenciado, por exemplo, nos sermões de Vieira (exuberância estilística);
e)      Mistura de artes (a música, o azulejo e a palavra do pregador);
f)       Importância do discurso moralizador.

 ž Aspetos que deve ter em consideração na elaboração do texto:

a)   Correção linguística (acentuação, ortografia, sintaxe);
b)   Estrutura e planificação:
     Divisão em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão);
     Marcação correta de parágrafos;
     Utilização adequada de conectores (consultar a página 330 do manual).

ž Início possível:
        Podemos compreender o termo «barroco» em duas aceções…


 Fonte: ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.o ano

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