Português: 28/07/21

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Resumo do Canto III da Ilíada

             O exército troiano marcha em direção ao homónimo aqueu. Páris, o príncipe de Troia, avança corajosamente à frente das suas forças e desafia os Aqueus para um combate individual com qualquer um deles, mas, quando é confrontado por Menelau, o marido de Helena, acobarda-se e recua, escondendo-se nas fileiras do seu exército. Heitor, seu irmão e comandante das forças que defendem Troia, humilha-o, afirmando que é mais belo do que corajoso. Com o orgulho ferido por causa da ofensa do irmão, Páris concorda em duelar com Menelau, declarando que o desenlace do duelo corresponderá ao fim da guerra e à restauração da paz, pois decidirá de vez qual dos dois terá Helena como esposa.

            Enquanto os dois inimigos se preparam para o combate, a deusa Íris, disfarçada de Laódice, irmã de Heitor, visita Helena no palácio real e convida-a a assistir ao duelo entre Páris e Menelau. Ela junta-se então a Príamo e a outros anciãos da cidade, identifica e descreve os guerreiros aqueus mais fortes, nomeadamente Ulisses, Agamémnon e Ájax. O rei troiano fica impressionado com a força e o esplendor dos Aqueus, mas acaba por abandonar o local, pois não suporta ficar e assistir à morte do seu filho Páris.

            O combate tem início e nenhum dos dois consegue ferir o outro ao arremessar as suas lanças. Menelau acaba por quebrar a espada no elmo de Páris e, de seguida, agarra-o pelo capacete e começa a arrastá-lo pelo solo, procurando estrangulá-lo com a tira do capacete. Contudo, Afrodite, uma deusa aliada dos Troianos, intervém e rompe a tira para que se solte das mãos de Menelau, que, frustrado, pega de novo na sua lança e prepara-se para a espetar no inimigo, porém a deusa volta a interferir, levando o troiano para o seu quarto no palácio de Príamo. Além disso, ela convoca Helena, que censura Páris pela sua cobardia e, a seguir, se deita com ele.

            De volta ao campo de batalha, os Troianos e os Aqueus procuram Páris, que desapareceu magicamente da sua frente. Perante isto, Agamémnon declara Menelau o vencedor do duelo e exige o retorno de Helena.

Análise do Canto II da Ilíada

             Em ambos os seus poemas, Homero inicia a narração da ação «in medias res», ou seja, quando ela já vai a meio. O mesmo fará, por exemplo, Camões, muitos séculos depois, quando inicia a narração da viagem de Vasco da Gama à Índia quando ela já se encontra ao largo de Moçambique. O trajeto entre Lisboa e o país africano é relatado posteriormente sob a forma de analepse.

            No caso da Ilíada, é referido no início deste canto que a guerra entre Aqueus e Troianos já dura há mais de 9 anos. O motivo que esteve na sua origem é referido «en passant», presumindo-se que os ouvintes já conhecem toda a história: Zeus designou Páris, um príncipe troiano, para decidir qual das deusas – Hera, Atenas ou Afrodite – era a mais bela. Essa disputa teve origem numa velha lenda, segundo a qual o chefe dos deuses olímpicos e o seu irmão Poseidon desejavam desposas Tétis. No entanto, Prometeu profetizou que o filho da deusa seria maior do que o seu pai, por isso as divindades resolveram dá-la como esposa a Peleu, um homem já idoso, procurando, assim, que a profecia não se concretizasse. Desse enlace nasceu Aquiles. Tétis, sua mãe, mergulhou-o nas águas do rio Estige (o curso de água que atravessava o Inferno) ainda bebé para o tornar invulnerável. Tal de facto sucedeu, exceto no calcanhar por onde a mãe a segurou enquanto o mergulhava no rio (daí surgiu a expressão «o calcanhar de Aquiles», que designa o ponto fraco de cada pessoa). Aquiles tornou-se um poderoso guerreiro quando atingiu o estado adulto, porém era mortal, e foi alertado por sua mãe de que tinha dois destinos possíveis: por um lado, combateria em Troia e alcançaria a glória eterna, mas morreria jovem; por outro, permaneceria na sua terra natal e teria uma vida longa, contudo seria logo esquecido assim que perecesse. A escolha feita pelo líder dos Mirmidões é conhecida. Mas a lenda não se esgota aqui. Para o casamento de Tétis e Peleu, foram convidados todos os deuses exceto Éris, a deusa da Discórdia (a discórdia, naturalmente, não era bem-vinda a um matrimónio). Ofendida, marcou presença no enlace invisível e depositou na mesa um pomo de ouro com a inscrição «Para a mais bela». Hera, Atenas e Afrodite discutiram entre si qual seria a destinatária do fruto. Zeus, que não desejava atrair para si o odioso da decisão e a fúria das perdedoras, designou Príamo para resolver a contenda, no entanto, como já era idoso, o rei apontou o seu filho Páris, na altura um pastor de rebanhos, para proceder à escolha. Cada uma das três deusas procurou suborná-lo: Hera ofereceu-lhe o poder político e a oportunidade de ser o rei mais forte de todos os tempos; Atenas, habilidade na guerra e a possibilidade de ser o homem mais sábio de sempre; Afrodite, a mulher mais bela do mundo. Páris escolheu a oferta desta última e entregou-lhe o pomo, atraindo em simultâneo a fúria das outras duas deusas. Esse ser feminino era Helena, filha de Zeus e de Leda, esposa de Tíndaro (e irmã gémea da rainha Clitemnestra, de Castor e Pólux), rei de Esparta. A jovem possuía diversos pretendentes, e o seu pai adotivo hesitava em tomar uma decisão acerca do marido da sua filha, temendo ofender os demais. Ulisses, rei de Ítaca, resolveu a questão, levando a que todos os pretendentes jurassem proteger Helena e a sua escolha, qualquer que ela fosse. Em última análise, a jovem escolheu Menelau. Tempos depois, uma embaixada troiana deslocou-se a Esparta, cidade de que o dito Menelau era rei. Dessa embaixada diplomática fazia parte Páris, que, assim que viu Helena, se apaixonou por ela, graças à ação de Afrodite. Os dois acabaram por fugir para Troia, o que deixou enfurecido o marido da bela mulher, o qual relembrou aos antigos pretendentes o juramento feito. Agamémnon, irmão de Menelau, reuniu então um enorme exército de mil barcos e atravessou o mar Egeu, em direção à cidade de Troia, iniciando um cerco que durou dez anos.

            Se, no Canto I, o poeta destacou as figuras de Agamémnon, o seu orgulho e teimosia, e de Aquiles, homem corajoso, mas também orgulhoso e temperamental, e o seu conflito, no II são salientados Ulisses e Nestor, que são trazidos a primeiro plano a propósito da debandada dos soldados em direção aos seus navios, para regressarem a casa. Os discursos que ambos proferem a propósito desse evento destacam o seu papel de conselheiros sábios e previdentes, astutos e com clareza de espírito, características fundamentais para fazer retornar o exército ao cumprimento do propósito que o tinha trazido ali. Por outro lado, os seus discursos não deixam dúvidas de que são os mais talentosos dos Aqueus em matéria de oratória e retórica.

            Além de estar na origem dos dois discursos de Ulisses e Nestor, a fuga dos soldados gregos cumpre três propósitos no poema. Por um lado, evidencia o dramatismo da situação vivida pelos Aqueus: o seu líder, afinal, não tem consciência da baixa moral que se instalou entre as suas tropas, daí a incredulidade quando assiste à debandada e desistência da guerra. A celeridade e a ansiedade com que os soldados fogem exemplificam a dor e o sofrimento que vivem, mas demonstram igualmente como o prosseguimento futuro da batalha será mais difícil ainda, em razão da saudade e da falta de motivação para o combate que revelam. Por outro lado, ao dar conta, de forma tão enfática, do sofrimento dos Gregos, o poeta enfatiza, com antecedência, a glória que constituirá a vitória final dos Aqueus, já que estes estiveram muito próximos de abandonar o campo de batalha e regressar a casa cobertos de vergonha e caídos em desgraça. O facto de os homens mostrarem que são capazes de superar o seu sofrimento, o seu desespero e o desejo de retornar para casa, para junto dos seus, em direção à vitória na guerra indicia claramente a imensidão do triunfo grego. Em terceiro lugar, a fuga leva à enumeração das forças aqueias. Seguindo o conselho de Nestor, elas organizam-se por cidade e clã, o que garante a motivação dos soldados: ao lutarem lado ao lado com os seus amigos e familiares, o seu investimento emocional no combate estaria garantido e a distinção entre corajosos e cobardes seria mais fácil de fazer. Até a tarefa de construir o catálogo parece constituir um exercício grandioso, justificando a nova invocação das musas por parte do poeta. Embora a listagem possa constituir uma tarefa enfadonha para o leitor atual, ela seria, na época, motivo de orgulho, emoção e inspiração. A conquista de Troia foi um feito épico, glorioso, para o qual contribuíram muitos homens e muitas cidades, incluindo as menores. Cada grego que escutava a história e ouvia citar a sua cidade e os seus líderes e heróis antigos lendários como participantes desse triunfo histórico sentiria um orgulho desmedido, ao ver evocada a sua herança honrosa.

            Estilisticamente, neste canto voltam a destacar-se traços da oralidade, como as repetições. Por exemplo, no seu início, Zeus envia a Agamémnon uma mensagem através de um sonho, que é repetido ao rei grego quase integralmente e que este reproduz ao seu exército com as mesmas palavras. As descrições do ritual de sacrifício que encontramos noutras poemas são uma repetição parcial ou integral da que encontramos neste canto. Estas repetições são muito importantes, na medida em que destacam e reforçam ideias importantes junto dos ouvintes da obra que, por esta ser transmitida oralmente e não por escrito, não poderiam coltar atrás e reler um passo que não compreendessem à primeira leitura). Além disso, estas repetições davam tempo ao poeta/ao contador para pensar no trecho seguinte. Outro recurso que avulta neste canto é a comparação. O exército aqueu é comparado enxames de abelhas e a moscas, a um incêndio e a bandos de pássaros. Estas comparações evocam a vida para além da guerra, mas também contêm sugestões de agressividade, violência ou destruição trazidas pela guerra. O efeito geral das múltiplas comparações do Canto II sugere que a guerra e o conflito são parte integrantes da existência humana.

Resumo do Canto II da Ilíada

             Para cumprir a sua promessa a Tétis de ajudar os Troianos, Zeus envia um sonho falso a Agamémnon, no qual lhe aparece a figura de Nestor, que o convence de que poderá derrotar e conquistar Troia se atacar as muralhas da cidade. No dia seguinte, o comandante do exército aqueu reúne-o para dar início ao ataque, mas antes, para testar a coragem dos soldados e a sua vontade de lutar, mente-lhes, dizendo-lhes que desistiu da guerra e que vai voltar para casa. Ato contínuo, os soldados correm para os navios, mas Hera, ao ver isto, alerta Atenas, que inspira Ulisses, o mais eloquente dos gregos, a fazê-los regressar. Acolitado por Nestor, o rei de Ítaca dirige ao exército palavras de encorajamento e insultos, no sentido de despertar o seu orgulho e restaurar a sua confiança e vontade de guerrear. Por outro lado, relembra-os dos sinais que indiciavam a sua vitória na guerra, nomeadamente da profecia de Calcas, proferida aquando da primeira reunião do exército aqueu na Grécia, segundo a qual uma cobra de água deslizou até à costa e devorou um ninho de nove pardais. De acordo com o adivinho, a profecia significava que passariam nove anos até que os Aqueus conquistassem Troia. E aproveita para recordar aos soldados a sua jura de então de que não abandonariam a luta até que a cidade fosse conquistada.

            De seguida, Nestor encoraja Agamémnon a organizar os combatentes por cidade e clã, para que pudessem lutar ao lado dos seus amigos, conhecidos e familiares. De seguida, o poeta invoca as musas para auxiliarem a sua memória e enumera as cidades que contribuíram com tropas para formar o exército grego, o número e homens com que cada uma contribuiu e quem lidera cada contingente. No final da enumeração, o poeta realça os mais bravos dos Aqueus, nomeadamente Aquiles e Ájax. Então, Agamémnon dá início aos preparativos para a batalha e faz sacrifícios em honra de Zeus. Das tropas que se preparam para o combate não fazem parte Aquiles e os Mirmidões, por causa da sua jura de que não mais tomaria parte na guerra.

            Zeus envia um mensageiro a Troia, avisando os Troianos sobre os preparativos do exército aqueu. Aqueles reúnem as suas tropas sob o comando de Heitor, filho de Príamo, o rei da cidade. Depois o poeta cataloga as forças troianas, à semelhança do que tinha feito com os Gregos.

Análise do Canto I da Ilíada

             O primeiro verso da Ilíada apresenta-nos desde logo o tema do poema: a cólera/a fúria de Aquiles, evidenciada pela primeira palavra da obra – menin. E qual é a sua causa? Nada mais nada menos do que o orgulho e a honra, este último um conceito central na Antiguidade. Por outro lado, a palavra menin também significa «preço» ou «valor», o que significa que a perda de um prémio muito valioso por parte de Agamémnon constitui igualmente uma perda significativa de honra. No entanto, parece que abdicar de algo muito valioso para resguardar o seu exército constituiria também um gesto de honra e valor. Todavia, o orgulho de Agamémnon impossibilita isso, mesmo tendo como contrapartida a promessa de valiosas recompensas futuras.

            Agamémnon só aceitará devolver a sua escrava se receber, em troca, Criseida, um «prémio igual», portanto, o que origina o conflito com Aquiles: cada um insulta a honra e o orgulho do outro – o filho de Tétis e Peleu apelida o rei de ganancioso e cobarde, enquanto este menospreza as qualidades guerreiras daquele. Quando Agamémnon retira Briseida a Aquiles, desonra-o, bem como a sua mãe, por extensão, o que significa que agravou o seu maior guerreiro e os deuses do Olimpo. Note-se que Agamémnon já tinha cometido o crime da sua filha Ifigénia, cuja vida sacrificou para beneficiar do favor dos ventos nas velas dos seus navios que tinham encalhado a caminho de Troia antes do início da guerra, gesto que causará a sua própria morte, às mãos da sua esposa, após o seu regresso da batalha, em parte como vingança pelo sacrifício da jovem. Nada disto faz parte da ação da Ilíada, mas ajuda a compreender a postura de Agamémnon, que tudo sacrificou (incluindo a sua filha, o que configura a sua hybris, o desafio pelo qual irá pagar o máximo preço: a vida) para atender ao seu orgulho e alcançar os seus objetivos.

            Assim sendo, a Ilíada, no Canto I, centra-se na fúria de Aquiles, nomeadamente na sua origem/causa, no modo como incapacita o exército aqueu e como, posteriormente, é redirecionada para os Troianos. Assim sendo, é possível supor que a guerra propriamente dita serve mais como pano de funo da obra do que como seu assunto principal. É uma hipótese de análise que se pode colocar em cima da mesa. Parecendo confirmar esta ideia, temos o facto de, aquando do enfrentamento entre Agamémnon e Aquiles, o conflito entre Troianos e Aqueus durar há quase dez anos; além disso, a ausência do filho de Tétis do campo de batalha dura apenas alguns dias e o poema termina pouco depois do seu regresso. Por outro lado, a obra de Homero não enuncia as origens nem o desenlace da guerra, antes se debruça sobre as origens e o fim da fúria de Aquiles.

            Um outro foco de análise da Ilíada prende-se com a figura dos deuses, as suas ações e motivações. São eles que conduzem os humanos. Note-se, por exemplo, que, no fundo, o responsável do conflito entre Agamémnon e Aquiles é Apolo e a praga enviada sobre o acampamento aqueu, não obstante a importância da natureza humana. Para os gregos antigos, quer as motivações internas quer os acontecimentos que estão fora do controle humano são obra dos deuses. Por exemplo, Aquiles só não mata Agamémnon porque Atenas o impede. De modo muito genérico, podemos dizer que os deuses intervêm nos assuntos mortais de duas formas. Por um lado, agem como forças externas no curso dos acontecimentos. Exemplo disto é o facto de ser Apolo a enviar a praga sobre os Aqueus. Por outro lado, eles constituem forças internas que agem sobre os indivíduos, como se pode comprovar pelo facto de ser Atenas, a deusa grega da sabedoria, a impedir Aquiles de matar Agamémnon, um ato distante de qualquer racionalidade, vencendo-o antes através das palavras. Além disso, as ações dos deuses funcionam ainda como forma de alívio cómico. Por exemplo, a querela entre Zeus e Hera configura um conflito bem mais leve do que a disputa entre Aquiles e Agamémnon.

            Isto não impede que o poeta apresente as divindades próximas da mundividência humana. Zeus compromete-se a auxiliar os Troianos não por uma questão moral, mas apenas para pagar um favor que deve a Tétis. De modo semelhante, a hesitação em cumpri a promessa não tem a ver com a intenção de não interferir no curso dos acontecimentos, mas com o seu receio de irritar Hera. Quando esta fica realmente irritada, o esposo só a consegue silenciar quando ameaça estrangulá-la. Estes exemplos de partidarismo, orgulho ferido e conflitos domésticos, bastante comuns entre os deuses olímpicos, sugerem uma imagem das divindades como figuras mais «humanas» do que se poderia esperar.

            Em suma, o Canto I da Ilíada deixa, desde logo, bem visível a importância do orgulho e da honra pessoal no contexto do sistema grego de valores da Antiguidade. Exemplo disso são as atuações de Aquiles e Agamémnon, que colocam o seu «eu», o seu orgulho, a sua glória individual acima do bem-estar do seu exército. O comandante aqueu acredita que, enquanto chefe do exército, tem direito ao maior prémio disponível – Briseida –, por isso não hesita em hostilizar o seu guerreiro mais destacado, para garantir que possuirá o que acredita ser-lhe devido. Por seu turno, Aquiles opta por defender o seu direito a Briseida, o despojo que lhe coube após a vitória e o saque da cidade aliada de Troia, em vez de acalmar a situação. Orgulhosos, cada uma das personagens considera que submeter-se à vontade do outro constituiria uma humilhação, em vez de um gesto de honra ou dever. Isto significa que ambos colocam o seu interesse à frente do do seu povo e dos seus comandados, colocando, em última análise, em risco todo o esforço de guerra.

            Note-se, por último, que é possível observar características da tradição oral logo no Canto I, como, por exemplo, o recurso a epítetos. Cada personagem ou objeto podem ser referidos ou descritos de diferentes maneiras. É o caso de Aquiles, frequentemente descrito como «de pés velozes», «divino», etc. Por vezes, a escolha do vocabulário é condicionada pelo respeito pela métrica. Por outro lado, a repetição de epítetos ou determinadas expressões ajudava os ouvintes a identificar de imediato personagens e objetos.

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