A
descrição da comadre, madrinha do menino, é pretexto para a referência à
mantilha, característica espanhola e apresentada de forma diferente do
Romantismo.
A
comadre é uma mulher baixa, gorda e ingénua – ou tola – por um lado e fina por
outro. Além disso, é conhecida por ser beata e “papa-missas”. Usa por norma o
traje típico das mulheres da sua condição social: uma saia de lila preta (um
tecido que se fabricava na cidade francesa de Lila, capital do departamento do
Norte), que se vestia por cima de um vestido qualquer, um lenço branco ao
pescoço, outro na cabeça, um rosário pendurado no cós da saia, um ramo de
arruda atrás da orelha, tudo coberto por uma mantilha, com uma pequena fisga se
ouro ou osso presa na renda. O uso da mantilha era uma imitação da tradição
espanhola que o narrador considera algo poético, já que envolve as mulheres num
certo mistério e lhes realça a beleza. Na realidade, era algo prosaico, vulgar,
nomeadamente quando eram usadas por mulheres gordas e baixas ou nas festas
religiosas, dado que aqueles vultos negros cochichando entre si davam à igreja
um ar lúgubre. No entanto, o uso da mantilha facilitava um dos hábitos da época,
isto é, o da observação da vida alheia, já que permitia ver sem ser visto.
As suas
ocupações diárias – a de parteira, beata e curandeira – tomavam-lhe muito
tempo, de tal modo que fazia muito tempo que não via nem sabia nada dos
compadres e do seu afilhado. Certo dia, na Sé, ouve as beatas comentarem sobre Maria ter sido sovada por
Leonardo Pataca, ter fugido com o capitão de um navio e o filho, uma criança
traquina e mal educada, ter ficado aos cuidados do padrinho. Depois de ouvir a
história, visita o barbeiro e questiona-o, e este defende a criança, dizendo
que é sossegada e gentil e tenciona ser padre. A mulher discorda deste projeto para
a formação do menino e retira-se, mas desde esse dia visita o compadre
regularmente. O padrinho, por sua vez, não desiste dos sonhos que tem para o
afilhado e ensina-lhe o abecedário. A criança empanca no F.