Português: 12/07/23

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Resumo do capítulo VII de Memórias de um Sargento de Milícias


    A descrição da comadre, madrinha do menino, é pretexto para a referência à mantilha, característica espanhola e apresentada de forma diferente do Romantismo.
    A comadre é uma mulher baixa, gorda e ingénua – ou tola – por um lado e fina por outro. Além disso, é conhecida por ser beata e “papa-missas”. Usa por norma o traje típico das mulheres da sua condição social: uma saia de lila preta (um tecido que se fabricava na cidade francesa de Lila, capital do departamento do Norte), que se vestia por cima de um vestido qualquer, um lenço branco ao pescoço, outro na cabeça, um rosário pendurado no cós da saia, um ramo de arruda atrás da orelha, tudo coberto por uma mantilha, com uma pequena fisga se ouro ou osso presa na renda. O uso da mantilha era uma imitação da tradição espanhola que o narrador considera algo poético, já que envolve as mulheres num certo mistério e lhes realça a beleza. Na realidade, era algo prosaico, vulgar, nomeadamente quando eram usadas por mulheres gordas e baixas ou nas festas religiosas, dado que aqueles vultos negros cochichando entre si davam à igreja um ar lúgubre. No entanto, o uso da mantilha facilitava um dos hábitos da época, isto é, o da observação da vida alheia, já que permitia ver sem ser visto.
    As suas ocupações diárias – a de parteira, beata e curandeira – tomavam-lhe muito tempo, de tal modo que fazia muito tempo que não via nem sabia nada dos compadres e do seu afilhado. Certo dia, na Sé, ouve as beatas  comentarem sobre Maria ter sido sovada por Leonardo Pataca, ter fugido com o capitão de um navio e o filho, uma criança traquina e mal educada, ter ficado aos cuidados do padrinho. Depois de ouvir a história, visita o barbeiro e questiona-o, e este defende a criança, dizendo que é sossegada e gentil e tenciona ser padre. A mulher discorda deste projeto para a formação do menino e retira-se, mas desde esse dia visita o compadre regularmente. O padrinho, por sua vez, não desiste dos sonhos que tem para o afilhado e ensina-lhe o abecedário. A criança empanca no F.

Resumo do capítulo VI de Memórias de um Sargento de Milícias


    A narrativa volta ao herói da história, o “menino”, que foge e deixa o padrinho muito aflito. Ele vai acompanhando a procissão e termina junto dos ciganos. O narrador descreve, então, o oratório e a sociedade cigana.
    Assim que dá pela falta do afilhado, o padrinho, muito aflito, procura-o pela vizinhança, mas ninguém sabe dele. Lembra-se da Via Sacra, começa a percorrer as ruas e a inquirir todos com quem se cruza sobre o paradeiro da criança. Quando chega ao Bom-Jesus, alguém lhe diz que viu três crianças que foram expulsas da igreja pelo padre por mau comportamento. O barbeiro volta a casa e passa a noite em claro. Antes de pedir ajuda ao Vidigal, reflete e decide esperar mais um dia pelo seu regresso.
    De seguida, a atenção do narrador volta-se para a sociedade dos ciganos. Juntamente com os emigrados de Portugal, tinham ido também para o Brasil os ciganos, retratados como uma praga ociosa, sem escrúpulos e tão velhacos que quem tivesse juízo não faria negócios com eles. Vivem quase na ociosidade, em permanente festa, e moral normalmente nas ruas, em plena liberdade.
    As duas crianças com as quais Leonardo fizera amizade durante a Via Sacra pertencem a uma família cigana. Elas levam-no para casa dos seus pais. No acampamento, como acontecia quase todas as noites, ocorre uma festa. Quando o sono chega, Leonardo junta-se aos novos amigos e adormece a um canto, embalado pela música e pela dança.
    Mais tarde, acorda sobressaltado e pede aos companheiros que o levem para casa. Quando o padrinho se apresta para recomeçar as buscas, esbarra com o afilhado e questiona-o sobre o seu desaparecimento. Em resposta, Leonardo diz-lhe que, como o barbeiro quer que seja padre, tinha ido ver um oratório. O padrinho sorri e leva-o para casa.

Despacho n.º 83562022: calendário escolar 2022-2023 e 2023-2024

Circular Conjunta 20975-2023 (adoção de manuais escolares)

Resumo do capítulo V de Memórias de um Sargento de Milícias


    Neste capítulo, o narrador ocupa-se da caracterização do Vidigal, que leva Leonardo Pataca preso, expondo-o a uma enorme vergonha na casa da guarda. Vidigal é polícia e juiz ao mesmo tempo.
    Na época em que a ação decorre – início do século XIX no Brasil –, a polícia da cidade ainda não estava organizada, pelo que a figura do Vidigal detinha um poder absoluto, sendo em simultâneo o guarda que perseguia e prendia os criminosos e o juiz que julgava e determinava a pena. Frequentemente, nos casos de que era responsável, não havia testemunhas, nem provas, nem razões, nem processos; tudo se concentrava nele e a sua justiça era infalível. Das sentenças que dava, não havia recurso – fazia o que bem entendia, sem ter de prestar contas a ninguém.
    O Major Vidigal é um homem alto, não muito gordo, com ar de molengão, o olhar sempre baixo, os movimentos lentos e a voz descansa e adocicada. Além disso, é uma pessoa calma, inteligente e muito temida. Juntamente com uma companhia de soldados escolhidos por si, patrulha a cidade de noite, enquanto de dia a tarefa cabe à polícia. Todos o temem, por isso, quando bate à porta da tapera do velho feiticeiro e pede que a abram, os seus ocupantes ficam em pânico e procuram fugir pelos fundos da habitação, porém esta está cercada por todos os lados, pelo que são presos em flagrante, acusados de nigromancia.
    Já dentro da casa, o Vidigal solicita-lhes que prossigam com a cerimónia, pois deseja ver como se faz. Como é impossível resistir-lhe, após uma hesitação inicial, recomeçam o ritual. Após cerca de meia hora, param, porém o major pede que continuem, e a cena repete-se mais algumas vezes, até que, já exaustos, o Vidigal lhes ordena que parem. Depois pede aos granadeiros que toquem, o que faz os soldados pegar nas suas chibatas e o grupo feiticeiro dançar muito mais.
    Segue-se o interrogatório. Vidigal pergunta a todos a sua ocupação, mas nenhum lhe responde. Quando chega a vez de Leonardo Pataca, reconhece-o e, depois de o desgraçado lhe ter explicado a razão de todo aquele espetáculo, o major prontifica-se a curá-lo. Assim, arrasta-o para a casa da guarda no largo da Sé, uma espécie de depósito onde eram guardados aqueles que fossem presos durante a noite até lhes dar um destino.
    Ao amanhecer, já toda a cidade tem conhecimento do acontecido e Leonardo é encarcerado na prisão, o que, de início, deixa tristes os seus conhecidos, mas depois contentes com a situação, visto que, enquanto Pataca estiver preso, serão eles procurados para os negócios. Ou seja, a sua prisão equivale a um concorrente a menos.

Resumo do capítulo IV de Memórias de um Sargento de Milícias


    Este capítulo centra-se de novo na figura de Leonardo Pataca, envolvido em atos de feitiçaria por causa de um novo amor. Não sendo bem sucedido nos seus propósitos, recorre à feitiçaria e é surpreendido pelo Vidigal, que o leva preso.
    De facto, o narrador leva-nos até à tapera de um feiticeiro: trata-se de uma casa coberta de palha da mais feia aparência, com dois cómodos e uma mobília bastante rudimentar – dois ou três assentos de paus, algumas esteiras e uma grande caixa de madeira que servia, simultaneamente, de mesa de jantar, cama, guarda-roupa e prateleira. Este episódio é usado por Jorge Amado para criticar as práticas de feitiçaria, a que recorriam com grande frequência tanto as gentes do povo como parte da alta sociedade.
    Uma das pessoas que procura o velho caboclo feiticeiro é, pois, Leonardo Pataca, por causa das contrariedades de um novo amor. De facto, apaixona-se por uma cigana que conhecera após a fuga de Maria, porém, tal como sucedera com esta, que fugira com o capitão de um navio de Lisboa sob o pretexto de sentir saudades da pátria, também a nova paixão lhe é infiel e o abandona. Assim, Pataca recorre aos serviços do feiticeiro para conseguir a cigana de volta, a troco de dinheiro e da realização de diversas ações: submissão a fumigações de ervas sufocantes; tragar de bebidas enjoativas; decorar de milhares de orações, que repete várias vezes ao dia; depósito quase todas as noites de determinadas quantias e objetos em lugares determinados, tudo com o objetivo de colher a ajuda de certas divindades. No entanto, a cigana parece imune a tudo e não há maneira de voltar para os braços de Pataca. A derradeira prova acontece à meia noite de certo dia: Leonardo desloca-se a casa do feiticeiro, é forçado a trajar como Adão e a envergar um manto imundo; depois, ajoelha e reza em todos os cantos da casa do velho. De seguida, aproxima-se da fogueira, enquanto quatro figuras saem do quarto, juntam-se-lhe e, todos juntos, começam a dançar ao redor do lume. Subitamente, batem levemente à porta: é o Major Vidigal.
    Neste capítulo, Jorge Amado critica também o vocabulário romântico, a propósito da figura de Leonardo Pataco: “… mas o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo.” A comicidade é uma das características fundamentais do discurso, o que marca já uma oposição ao Romantismo, de que é exemplo Iracema.

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