▪ Um deles apresenta-se “bem
vestido”, é elegante, de modos agradáveis, sorridente e afável no trato. Ao
reparar que a casa do Batola tem energia elétrica (é a única na aldeia), vê, de
imediato, uma possibilidade de fazer negócio.
▪ Mostra também ser observador e
atento, seguro de si, convincente, hábil e calculista, características que se
adequam a um bom negociante, como o mostram as estratégias que usa para vender
a telefonia ao Batola: apresenta o aparelho, experimenta-o na presença do
potencial cliente e enumera as suas qualidades.
▪ Por isso, convence facilmente o
Batola a adquirir o objeto, usando diversas estratégias de persuasão, como as
seguintes expressões permitem deduzir: “poisa a mão sobre o ombro de Batola”,
“Sem dar qualquer tempo de resposta, ordena…”, “Mostra os papéis, gesticula e
sorri, sorri sempre”. Perante a reação negativa da mulher do vendeiro, adota
habilmente uma atitude conciliatória, dirigindo-se-lhe de modo mais formal, até
porque percebe que é ela quem decide, propondo que a telefonia fique à
experiência durante um mês. Se depois não o quisessem, poderiam devolvê-lo e
ele restituiria as letras que o Batola havia assinado como forma de pagamento.
Além disso, durante esse mês iriam usufruir do aparelho sem pagar nada.
▪ Note-se que toda a atividade de
vendedor por parte do sujeito «bem vestido» assenta no engano. De facto, por um
lado, alude a um pretenso problema mecânico para justificar a paragem na aldeia
e, por outro, aceita deixar o aparelho à experiência durante um mês (ao
constatar a oposição férrea da mulher do Batola), mas leva consigo as letras
assinadas pelo vendeiro.