NOTAS:
1.ª) Salão despido, pouco confortável,
sem qualquer marca de humanização.
2.ª) Espaço mais sombrio, frio,
austero, escassamente iluminado e fechado, o que está em sintonia com o estado
de espírito das personagens, cada vez mais angustiadas e cercadas pelo Destino.
3.ª) Espaço opressivo, de confidências
e também de recordação e reencontro com o passado, contribuindo para o avolumar
do «pathos».
4.ª) Um trio de retratos ocupa um
espaço privilegiado, numa cumplicidade onde se misturam o idealismo, o
patriotismo, a desgraça e a fatalidade. Camões, grandioso épico que dedica a D.
Sebastião Os Lusíadas, pedindo-lhe
que dê matéria a outra epopeia, incentivando o jovem monarca a cometer grandes
feitos no Norte de África para concretizar ideais elevados (difusão do
Cristianismo e engrandecimento da Pátria); D. Sebastião não concretizará o seu
ideal, morrendo na batalha de Alcácer Quibir. D. João de Portugal, um dos
nobres que integrou o trágico exército, nobre honrado, patriota, fiel e
corajoso, também desapareceu naquele fatídico areal africano.
5.ª) O ambiente fechado parece
escassamente iluminado, evidenciando-se os reposteiros pesados de tecidos
espessos de amplas dimensões, por um lado, indiciando que ocultam algo, por outro
lado, remetendo para a ideia de que, uma vez descerrados, se passará para um
outro espaço, que estará ligado a uma qualquer desgraça ou fatalidade.
6.ª) A mudança de lugar, decorrente do
ato de Manuel deitar fogo ao seu palácio (traço histórico), é feita para um
mundo absolutamente fechado em si próprio (cenários dos 2.º e 3.º actos). O
palácio agora ocupado pertence ao marido que regressa, insufla vida ao passado.
As recordações transformam-se logo em pressentimentos. O
espaço anuncia a desgraça que se aproxima, tem uma ação fatal, opressiva,
ominosa.