Português: 29/10/22

sábado, 29 de outubro de 2022

Resumo do capítulo III da Parte II de Madame Bovary


             Leon pensa em Emma constantemente. A prática médica de Charles na nova área de residência começa devagar, mas ele está animado com a chegada do filho. Finalmente, o bebé nasce. É uma menina, contrariando os desejos de Emma. Põem-lhe o nome de Berthe, e os pais de Charles ficam com eles durante um mês após a festa de batizado. Um dia, Emma decide visitar o bebé na casa da ama de leite, que lhe pede algumas comodidades extra. No caminho de regresso, Emma sente-se fraca e pede a Leon para a acompanhar. Entretanto começam a espalhar-se rumores pela vila de que os dois estão a ter um caso amoroso. Após a visita a casa da enfermeira, os dois dão um passeio junto ao rio, durante o qual se descobrem apaixonados um pelo outro.

Resumo do capítulo II da Parte II de Madame Bovary


            O correspondente de Charles em Yonville, um boticário pomposo e detestável chamado Homais, janta na pousada com os Bovary recém-chegados. O dono da pensão, um jovem advogado chamado Leon, é convidado a juntar-se-lhes. Enquanto Charles e Homais discutem medicina, Emma e Leon passam boa parte da refeição descobrindo as suas afinidades. Ela descobre que o interlocutor também adora romances e ideais elevados. Compartilhando essas inclinações, os dois sentem uma proximidade imediata e acreditam que a sua conversa é bastante profunda. Quando os Bovary chegam à sua nova casa, Emma espera que a sua vida mude para melhor e que a infelicidade finalmente diminua.

Resumo do capítulo I da Parte II de Madame Bovary


             A segunda parte da obre inicia-se com uma descrição de Yonville-l'Abbaye, a cidade para a qual os Bovary se estão a mudar. Os espaços mais importantes da cidade são a pousada Lion d'Or, a farmácia de Monsieur Homais e o cemitério, onde o coveiro, Lestiboudois, também cultiva batatas. O povo da aldeia aguarda a chegada da carruagem da noite, que de se dá já tarde, transportando Charles e Emma, dado que foi vítima de um atraso motivado pelo facto de o pequeno cão de Emma ter fugido durante a viagem.

Análise dos capítulos VII a IX de Madame Bovary


             A narrativa é contada totalmente pela perspetiva de Emma, o que permite ao narrador começar a desenvolver o conflito básico inerente à sua situação: ela é incapaz de aceitar o mundo como ele é, mas não pode mudá-lo para ser como deseja que seja. Agora que está casada com um idiota da classe média, não aceita o seu destino, por isso mergulha na fantasia, enquanto a pressão da sua constante revolta contra a realidade a deixa inquieta, mal-humorada e, eventualmente, fisicamente doente.
            A representação do baile por parte de Flaubert e os eventos que se seguem mostram o contraste irónico entre a experiência de Emma e a realidade. Flaubert apresenta, em simultâneo, a realidade externa de como Emma olha para o baile e a realidade psicológica de como o evento lhe parece. Ela está tão feliz que não percebe que ninguém no baile lhe presta atenção, e a sua dança insignificante com o visconde torna-se, na sua imaginação, um tremendo momento romântico. Na verdade, esta personagem continua a ignorar o amor bem-intencionado do seu marido bem-humorado, mas insípido, em favor das suas lembranças do baile passadas várias semanas depois de todos já o terem esquecido. Quando Charles decide mudar-se para Yonville na tentativa de salvar a saúde de Emma, esta, enquanto faz as malas, atira a sua coroa de noite para o lume. Este gesto simboliza a sua rejeição ao casamento e ao mundo complacente da classe média que, na opinião dela, a aprisionou.
Os olhos preconceituosos da personagem intensificam a atenção realista de Flaubert aos detalhes, nomeadamente os detalhes da estupidez de Charles são muito ampliados. Por exemplo, o narrador descreve cada barulho que faz quando come. Flaubert também dedica vários parágrafos a uma descrição da rotina diária extremamente aborrecida de Emma. O seu tédio torna-se um dos temas do romance e um meio de desenvolver a personagem. O foco do autor no tédio marca outro dos momentos em que o romance evolui do Romantismo.
A relação de Emma com as suas raízes agrícolas também é explorada nesta seção. Flaubert coloca uma lembrança do passado no meio da fantasia noturna de Emma, para mostrar que ela nunca poderá, realmente, fugir às suas origens. No baile, permite-se esquecer que não é um membro privilegiado do mundo da classe alta que está a «visitar», mas, quando um criado parte o vidro de uma janela, ela vê os camponeses do lado de forma, o que lhe traz à memória a vida simples no campo da sua juventude.

Resumo do capítulo IX de Madame Bovary


             Fixada na sua caixa de charutos e nas revistas femininas da moda, Emma fantasia com a vida da alta sociedade em Paris, enquanto cresce o seu desânimo e frustração e se mostra mal-humorada e caprichosa com o marido. Embora os negócios de Charles prosperem, a esposa fica cada vez mais irritada com a sua falta de modos e estupidez. À medida que a sua inquietação, o tédio e a depressão se intensificam, ela fica fisicamente doente. Esforçando-se para a curar, Charles decide que se devem mudar para Yonville, uma cidade que precisa de um médico. Antes da mudança, porém, Emma descobre que está grávida. Enquanto faz as malas, ela deita o seu buquê de noiva seco no fogo e vê-o arder.

Resumo do capítulo VIII de Madame Bovary


             Embora encantada com a atmosfera de riqueza e luxo do baile, Emma fica constrangida com o marido, que perspetiva como um idiota desajeitado e sem sofisticação. Ela está rodeada por nobres e mulheres ricos e elegantes, entre eles um velho que foi um dos amantes de Maria Antonieta. Quando o salão de baile fica muito quente, um criado parte as janelas para deixar entrar o ar. Emma olha para fora e vê camponeses olhando boquiabertos; lembra-se da sua vida na quinta, que agora parece um mundo distante. Um visconde dança com ela, que se sente como se tivesse sido enganada da vida para a qual nasceu. A caminho de casa, o mesmo visconde passa por eles na estrada e deixa cair uma caixa de charutos, que Emma guarda. De volta a Tostes, mostra-se zangada com todos ao seu redor.

Resumo do capítulo VII de Madame Bovary


            Durante a lua de mel em Tostes, Emma sente-se dececionada por não estar num chalé romântico na Suíça. Ela considera que o marido é aborrecido e pouco inspirador e começa a ressentir-se da falta de interesse dele numa vida mais apaixonada. Por seu lado, Charles continua a amá-la. A sua mãe visita-os e odeia Emma por ter conquistado o seu amor. Depois de ela se ir embora, Emma tenta amar Charles, mas a deceção permanece, pelo que se questiona acerca do motivo por que se casou. Então, um dos pacientes do marido, o Marquês d'Andervilliers, convida o casal para um baile na sua mansão. 

Análise dos capítulos IV a VI de Madame Bovary


             A mudança do ponto de vista de Flaubert de personagem para personagem segue o padrão do enredo do romance. Após o casamento de Charles e Emma, o ponto de vista dela conta da narrativa. Esta mudança de perspetiva tem início no capítulo V e é coincidente com o contraste que se começa a notar entre o amor cego do esposo por ela e a desilusão desta, que esperava que o matrimónio fosse outra coisa diferente e lhe trouxesse o romantismo que lera nos romances. Na reflexão de Emma sobre a sua insatisfação conjugal, temos uma primeira visão real dos seus pensamentos, sendo fácil concluir que tudo está pronto para espoletar da crescente crise de personalidade que acabará por caracterizar a sua vida.
            A maior parte da ação de Madame Bovary é narrada por um narrador na terceira pessoa, centrado principalmente nos pensamentos e nas ações de Emma. No entanto, o ponto de vista do narrador flutua, adotando este vários tons. De facto, o narrador fala frequentemente como um outsider, comentando objetivamente os acontecimentos, mas também nos mostras as coisas de forma subjetiva através do olhar das personagens, informando-nos do que sentem e pensam. Por outro lado, Flaubert usa com alguma frequência o discurso indireto livre, uma técnica narrativa que permite que as palavras do narrador soem muito como os pensamentos e os padrões de fala de uma das personagens, mesmo quando ele não a cita diretamente. Por exemplo, quando Rouault se lembra do seu casamento no capítulo IV, Flaubert escreve: “Há quanto tempo tudo isso aconteceu! O filho deles já teria trinta anos. Então ele olhou para trás e não viu nada na estrada.” A narração passa diretamente da transcrição do pensamento de Rouault para a descrição de sua ação, sem separar o pensamento por aspas. Como resultado disso, muitas vezes temos de parar para considerar se estamos a ouvir a voz do narrador ou a de uma das personagens.
            Uma das características mais importantes de Emma é o conflito entre a sua natureza romântica e a tendência para o descontentamento. O seu flashback mostra até onde o gosto pelo romance se estende. Ainda com treze anos, ela foi incapaz de resistir à atmosfera melancólica e romântica do convento e mergulhou em romances e canções românticas, cujas histórias desejava desesperadamente que se realizassem na sua própria vida. Emma, no entanto, fica facilmente descontente. Coisas que ela acredita que a vão salvar, como o convento, a quinta do pai ou a vida de casada acabam por não estar à altura dos seus desejos. A sua euforia após o casamento, por exemplo, cai no momento em que encontra o buquê de noiva de Heloise na casa de Charles, e imediatamente começa a interrogar-se por que a sua vida não corresponde às ficções sentimentais que lera e esperava que se tornassem realidade.
            Flaubert é frequentemente considerado um escritor realista. Os realistas desafiaram os seus antecessores românticos escrevendo livros que se concentravam nos detalhes da vida quotidiana sem fechar os olhos para os seus aspetos sombrios. Ora, oescritor participa nesse movimento descrevendo as emoções, as ações e os cenários onde se movimentam as suas personagens de forma vívida e sem embelezamento romântico ou fantástico. A cena do casamento, que ocupa quase todo o capítulo IV, é um exemplo clássico do que torna Flaubert um realista. É o que sucede, por exemplo, quando desce ao pormenor: o enlace é descrito minuciosamente. O autor escreve sobre cada parte da celebração, por vezes listando apenas item atrás de item. Mais: narra o tipo de veículo que transporta os convidados, como usam o cabelo, de que tecidos são feitas as roupas e a sua aparência física. A descrição do banquete é tão elaborada que parece que há comida demais para apenas quarenta e três convidados degustarem. No entanto, Flaubert não nos dá conta apenas dos detalhes, dado que também tece comentários implicitamente sobre o seu valor social. Quando nos fala sobre as jovens raparigas presentes, sobre “os cabelos gordurosos com pomada de rosas e com muito medo de sujar as luvas”, podemos ver como elas são desajeitadas e pouco refinadas. Ao descrever as tentativas do povo do campo de se vestir, zomba dos seus esforços.
Tais comentários sutis sobre os traços das personagens menores constitui apenas uma das maneiras através das quais Flaubert pinta Madame Bovary como um retrato crítico da vida burguesa. No capítulo VI, afirma que Emma ama as flores e os ícones da sua religião, mas que a verdadeira fé espiritual é “estranha à sua constituição”. Esta nota mostra que a personagem, apesar de todas as suas pretensões de grandes sentimentos, é realmente incapaz de sentimentos profundos. A observação do narrador também satiriza os fiéis burgueses que se mostram profundamente religiosos, mas, na realidade, possuem pouca piedade genuína.

Resumo do capítulo VI de Madame Bovary


    Emma recorda a vida no convento onde foi educada. No início, entregou-se à vida religiosa, tratando a religião com a mesma paixão que dedicava à leitura de romances e a ouvir baladas de amor. Quando a mãe morreu, porém, mergulhou num estado de profunda dor. Agradava-lhe pensar em si mesma como um exemplo de pura melancolia. Todavia, logo se cansou do luto e abandonou o convento. Durante algum tempo, apreciou a vida na quinta do pai, mas logo se viu entediada e desgostosa com essa existência. É nesse estado de desilusão que se dá o encontro com Charles, contudo, ao contrário do que previra, ele não lhe proporciona a escapatória a esse sentir que ela esperava.

Resumo do capítulo V de Madame Bovary


             De volta a Tostes, Emma inspeciona a nova casa e obriga Charles a remover o buquê de noiva seco da sua ex-esposa morta do quarto. Enquanto planeia pequenas melhorias na casa, Charles mostra toda a sua adoração por ela num torpor de amor e felicidade. Emma, por seu turno, sente-se estranhamente insatisfeita com a nova vida. De facto, sempre esperou que o matrimónio fosse sinónimo de romantismo e felicidade, porém sente que a sua nova existência fica aquém das altas expectativas que bebeu nos romances românticos que leu: “Antes do casamento, ela imaginou-se apaixonada; mas como a felicidade subsequente não veio, ela deve, pensou, estar enganada. E Emma tentou descobrir o que significavam exatamente na vida as palavras felicidade, paixão, êxtase, que lhe pareciam tão bonitas nos livros.”

Resumo do capítulo IV de Madame Bovary


             Na primavera, quando o período de luto de Charles pela sua primeira esposa termina, casa-se com Emma. O casamento é um grande evento em toda a quinta de Rouault, e os convidados vêm vestidos com roupas extravagantes a que não estão habituados. Após o casamento, todos regressam à quinta numa longa e festiva procissão que se estende “como um longo lenço colorido que ondulava pelos campos”. O banquete prolonga-se pela noite e inclui um bolo de casamento de três camadas incrivelmente elaborado. No dia seguinte, depois da noite de núpcias, Charles está obviamente muito feliz. Emma encara a perda da sua virgindade de forma calma e fria. Enquanto o casal parte para a sua casa em Tostes, Rouault relembra a felicidade que sentiu no dia do seu próprio casamento.
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