Português: Questionários
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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Correção do questionário sobre o conto "A chama obstinada da sorte" - 1.ª parte


1. Numa entrevista dada ao Diário de Notícias, publicada a 25 de outubro de 2008, Luís Sepúlveda explica a origem deste conto e a razão da epígrafe que o acompanha: “Na América do Sul quando conhecemos alguém dizemos o nosso apelido. E um dia, na Patagónia, cheguei a uma cabana onde viveram os famosos bandidos Butch Cassidy e Sundance Kid e vejo um homem muito velho, que me estende a mão e diz «Sepúlveda». Não porque me conhecesse, mas porque era o seu nome. Era óbvio que tínhamos o mesmo nome. Eu digo-lhe: «Devemos ser parentes, qual é o seu primeiro nome?» E ele diz: «Aladino.» Aladino Sepúlveda. Isto é uma maravilha. Isto dá um conto.”
 
2.1. O velho tinha oitenta e alguns anos e era o sustento de uma numerosa família que recorria a ele sempre que surgiam dificuldades.

 
2.2. As expressões que evidenciam a dimensão da família são as seguintes: “filhos, filhas, noras e genros”; “caterva indeterminada de netos”.

 
2.3.

a. Na expressão “erráticos como o vento da estepe”, está presente uma comparação, a qual evidencia o movimento constante das pessoas. A aproximação semântica ao “vento da estepe”, o segundo termo da comparação, procura transmitir a ideia de movimentação constante.

b. Na expressão “quando os ventos (…) faziam soar as tripas”, encontramos uma perífrase que denuncia a fome (“soar as tripas”) que, quando é muita, provoca ruídos no sistema digestivo. A perífrase surge ainda associada aos ventos do inverno, como se estes fossem a sua causa direta.

 
3.1. A outra personagem é Cachupín, o cão do velho. O canino é um animal preguiçoso e que dormia “com um olho aberto”, “sempre atento aos movimentos do dono”. Apesar de ser preguiçoso e pachorrento, era também um animal que, incitado pelo dono, assumia comportamentos de ferocidade.

 
3.2. A função do cão era acordar todos os membros da família que se encontravam em casa e expulsá-los.

 
4. A expressão “vacas magras” tem origem na história bíblica de José do Egito, presente no Génesis. Oriundo de uma família numerosa, José era o preferido do pai, por isso os irmãos decidiram livrar-se dele, vendendo-o como escravo a uns mercadores a caminho do Egito. Preso mais tarde, dedicou-se, na prisão, à interpretação de sonhos, atividade que o tornou famoso e o levou à presença do faraó, para interpretar um dos seus sonhos, no qual previu sete anos de abundância, simbolizados em sete vacas gordas, e sete outros de fome, simbolizados em sete vacas magras. Satisfeito, o faraó nomeou-o seu ministro. Quando a sua previsão de fome se concretizou, José perdoou aos irmãos.

 
5. A sua intenção era ficar apenas acompanhado de Cachupín.

 
5.1. O velho esperava que a família se afastasse bastante, ao ponto de as pessoas serem apenas “referências incertas no horizonte plano”, para entrar novamente na cabana e esperar pacientemente, enquanto Cachupín guardava o lugar.

 
5.2. O diminutivo “familória” tem um valor pejorativo.


5.3. A expressão “esperava pela chegada das sombras” pode remeter para a noite ou a escuridão.


6. O tipo textual predominante é o descritivo. De facto, o narrador descreve personagens, situações e ambientes, normalmente de forma dinâmica. Os recursos característicos do texto descritivo presentes são o pretérito imperfeito (“tinha”, “agarrava”, “faziam”), os adjetivos (“atento”, “colado”, “comprida e fina”) e expressões caracterizadoras, muitas vezes expressivas (“erráticos como o vento da estepe”, “que se agarrava a ele quando os ventos ainda mais frios…”).

 
6.1. No oitavo parágrafo, inicia-se uma sequência de tipo textual narrativo, apresentando eventos que configuram o desenvolvimento da ação global (“acendeu”, “levou”, “tirou”).


7. Dentro da cabana, o velho acendeu um candeeiro de azeite e fez o que “vinha fazendo há mais de trinta anos” (apesar de não se saber neste momento do que se trata). Cortou um pedaço de charque e, depois de o mastigar, deu-o ao cão para ele engolir. Saiu da cabana e foi-se afastando. Os seus familiares regressavam então ao abrigo. Já distante, o velho, seguro de que ninguém o seguia, apagou o candeeiro.

 
8. A ação do excerto decorre na Patagónia argentina (“Cholila”; “Patagónia”), durante a noite (“luminosidade cinzenta da estepe”); “vastidão da noite”).


Questionário 1: questionário.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Questionário sobre o conto "A chama obstinada da sorte" - 4.ª parte

4.ª parte (de “Passados dois meses, o velho e Cachupín III…” até “… porque a vida é assim.”)

 
1. O início deste excerto refere ainda acontecimentos da aventura passada do velho.

 
1.1. Justifica a afirmação.

 
2. O velho reencontrou a rapariga no mesmo lugar.

 
2.1. Reescreve os parágrafos 2 a 6, transformando o discurso direto em discurso indireto.

 
3. Comenta a atitude do velho relativamente ao valor das moedas e à forma como queria a sua parte na sociedade.

 
4. Apesar dos indícios anteriores, apenas neste momento da narrativa se percebe cabalmente o papel do cão. Refere-o.

 
5. Indica os atos ilocutórios presentes nas frases seguintes:

a) “– Não me diga que tem as moedas aqui?

– Eu não as tenho. (…)

– Agora, Cachupín. Agora. Faz caquinha.”

 
6. Transcreve a frase que marca o regresso à história mais recente do velho.

 
7. Tendo em conta o cruzamento das histórias, explica o décimo primeiro parágrafo do excerto.

 
8. Atenta no último parágrafo do texto.

 
8.1. Explica a repetição da oração subordinada adverbial causal.

 
8.2. Interpreta o valor do condicional.

 
8.3. Destaca o valor expressivo da metáfora «candeeiro da fortuna».


9. Procura, agora, ter presente todo o conto.


9.1. Classifica os narradores do texto quanto à sua presença na ação e justifica.

 
9.2. Sintetiza a história do velho numa perspetiva cronológica sequencial.

 
9.3. Explica o título do conto.


terça-feira, 10 de setembro de 2024

Questionário sobre o conto "A chama obstinada da sorte" - 3.ª parte

 
3.ª parte (de “– Pouco antes do amanhecer passou um camião…” até “Quando os seus parentes, os próximos e os não tanto (…) falava com os fantasmas dos bandidos gringos.”)

 
1. «Pouco antes de amanhecer», o velho e o cão conseguiram a boleia esperada.

 
1.1. Caracteriza o camionista.

 
1.2. Explica a atitude do velho perante as questões que lhe foram feitas até Esquel.

 
2. Já na cidade, o velho continua a contar a sua história a Cachupín VI. Indica a opção que completa corretamente as afirmações seguintes:

 
2.1. «Durante os cinco anos seguintes à descoberta do tesouro, de cada vez que tirou algumas moedas»

a. arranjou compradores e conseguiu bons negócios.

b. tinha medo que os malandros e até os militares achassem que ele estava pobre.

c. fez longas viagens que correram maravilhosamente.

 
2.2. Durante os dez anos posteriores nunca tocou nas moedas porque

a. a notícia se tinha espalhado e já não havia compradores para elas.

b. tinha medo que os malandros e até os militares achassem que ele estava pobre.

c. a notícia se tinha espalhado e havia sempre quem lhe batesse para lhas roubar.

 
3. Atenta no seguinte excerto: «Espalhara-se a notícia e cada vez que me afastava de Cholila tinha, ou os malandros ou, pior, os militares, à minha espera para me levarem até a roupa do corpo. Se soubesses a quantidade de gente que me viu em pelo. Mas, como te digo, decidi ser inteligente e ensinei ao Cachupín II as manhas que tu também sabes.»


3.1. Transcreve todos os deíticos pessoais.


4. Explica o estratagema engendrado pelo velho para não sofrer as consequências de levar consigo moedas e a evolução que se verificou nos cães que foi tendo.

 
5. Na continuação da sua conversa com o cão, o velho revela a estratégia do candeeiro.


5.1. Apresenta-a por palavras tuas.

 
5.2. Relaciona este estratagema do velho com o título do livro em que se inclui o conto.


6. Chegamos a um ponto da narrativa em que as aventuras do presente do velho e do seu passado se cruzam. Justifica a afirmação.

 
7. Num tempo de ditadura militar, em que é forçoso que tudo seja feito às escondidas, o velho encontrou a solução para o seu problema numa rapariga no meio de uma praça-

 
7.1. Reconta o que aconteceu e comenta a sua atitude em relação à rapariga.


sábado, 7 de setembro de 2024

Questionário sobre o conto "A chama obstinada da sorte" - 2.ª parte

 1. O velho e o amigo continuaram a sua viagem e a sua “conversa”.

 
1.1. Assinala como verdadeiras (V) ou falsas (F) as frases seguintes, corrigindo as falsas.

a. O velho encarava Cachupín como o seu confidente.

b. O nome Cachupín VI foi dado ao cão em memória de um velho índio.

c. Na viagem que encetaram, ambos (velho e cão) caminhavam de forma insegura, uma vez que não conheciam bem o terreno.

d. Começaram por dirigir-se à estrada de cascalho, onde esperariam por uma boleia que os levaria a Cholila.

 
1.2. Identifica as modalidades de reprodução do discurso presentes no primeiro parágrafo do excerto. Exemplifica com segmentos textuais.

 
2. A partir de determinado momento, o velho vai assumir o papel de narrador da sua aventura passada, partilhando a função de narrador com o narrador do texto que, muitas vezes, reproduz indiretamente as suas palavras.

 
2.1. Transcreve a frase que marca o início dessa narração.

 
2.2. Refere o efeito que este “jogo narrativo” representa no conto.

 
3. Ordena as sequências seguintes, tendo em conta a evolução cronológica dos acontecimentos da vida do velho.

 
a. Quando procedia a algumas reparações necessárias nas paredes, encontrou uma fenda de rebordos suaves.

b. Pensando inicialmente que se trataria de botões de uniformes militares, quando tirou a primeira peça metálica logo percebeu que tinha encontrado um tesouro, fruto de um assalto realizado em 1905 pela Quadrilha Selvagem.

c. Lembrava-se da longa caminhada com a família de Las Heras a Cholila, em busca de melhores condições de vida.

d. Apanhou a primeira sova da sua vida e passou vários dias pendurado de cabeça para baixo, enquanto os gendarmes vasculhavam a cabana em busca do tesouro que nunca encontraram.

e. Passou pelos tempos duros em que a produção de lã terminou porque os ingleses abandonaram a Patagónia e abriram novas fazendas lanares na Austrália.

f. Ocupou a cabana com a sua família.

g. Não resistiu a correr até à venda de Cholila para vender aquela moeda e passou um mau bocado.

h. Em Cholila tinha ouvido falar de uma cabana vazia, que tinha sido de bandidos estrangeiros, na qual diziam haver fantasmas.

i. O vendeiro viu a moeda em cima do balcão e chamou o chefe da polícia, que o levou até ao quartel.

j. Aproximou-se um dia da cabana, que lhe pareceu ter condições muito boas.

 
4. Explica o sentido da expressão “foi para o galheiro”.

 
5. Atenta na expressão “Aí, ouvira falar da cabana vazia dos bandidos gringos – diziam que havia fantasmas que penavam…”.

 
5.1. Verifica se esta frase clarifica a resposta à questão 5.3. do questionário 1.

 
6. A certa altura, o narrador da aventura do velho abandona a analepse e centra a narração no presente da personagem.

 
6.1. Transcreve uma frase que comprove a afirmação anterior.

 
7. Atenta agora nas últimas palavras do excerto: “… a riqueza é o pior que pode acontecer aos pobres.”

 
7.1. Comenta o seu sentido, atendendo ao contexto que lhes deu origem.

 

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Questionário sobre o conto "A chama obstinada da sorte" - 1.ª parte

 1.ª parte (do início até “… e de que podiam, por isso, apagar o candeeiro.”)
 
1. Qual é a origem do conto e o significado da epígrafe (Para o senhor Aladino Sepúlveda, primeiro “ocupa” da patagónia)?
 
2. O conto inicia-se com a situação inicial, isto é, com a apresentação da personagem principal e da sua família.
 
2.1. Indica os principais aspetos da vida do velho e dos seus familiares a partir das informações presentes no primeiro parágrafo.
 
2.2. Transcreve as expressões textuais que evidenciam a dimensão da família.
 
2.3. Identifica os recursos estilísticos presentes nas expressões seguintes e refere o seu valor expressivo.
a. “erráticos como o vento da estepe”.
b. “quando os ventos (…) faziam soar as tripas”.
 
3. Além do velho e da sua família, o narrador apresenta-nos outra personagem.
 
3.1. Identifica-a e procede à sua caracterização.
 
3.2. Menciona a função principal que, neste início de texto, lhe era atribuída.
 
4. Explica o sentido da expressão “quando as vacas magras se tornavam realidade”.
 
5. O velho tinha uma intenção ao ordenar a Cachupín que expulsasse toda a gente de casa. Apresenta-a.
 
5.1. Descreve os acontecimentos que se seguiam.
 
5.2. Aponta o valor do diminutivo “familória”.
 
5.3. Procura explicar o sentido da expressão “esperava pela chegada das sombras, atendendo ao valor polissémico da palavra sublinhada.
 
6. Refere o tipo textual predominante nos sete primeiros parágrafos do texto e justifica a tua resposta recorrendo a expressões textuais que o comprovem.
 
6.1. Indica o tipo textual da sequência que se inicia no oitavo parágrafo e transcreve três expressões que fundamentem a tua opção.
 
7. Sintetiza os acontecimentos apresentados até ao final do excerto.
 
8. Localiza a ação do excerto no tempo e no espaço, recorrendo a expressões comprovativas.


Correção do questionário: correção.

domingo, 28 de agosto de 2022

Correção do questionário do conto «Asclépio, o "Caçador de Eclipses"»


 1. e – b – g – a – d – h – c – f.
 
2.
a. V
b. V
c. F – O pai de Asclépio ocupava esse cargo: “o Comandante Lupino decidiu-se, pois, em virtude do acidente acima descrito, a ir morar com o irmão, à data Governador-Geral de Colónia”.
d. F – “Pio, como desde petiz era conhecido entre familiares e amigos (…). Com os pais e as suas sete irmãs, vivia”.
e. F – “O Doutor Lupino, tio de Asclépio, morava também, havia meia-dúzia de anos, com a prestigiada família Euclides Semedo e fora ele o «culpado» da verdadeira paixão do sobrinho pelas «coisas da ciência»”.
f. V
g. F – “Estava-se em 1968, o país travava-se de razões com o segundo grande eclipse solar do século”.
h. F – “quando chegou à idade universitária, já em Coimbra”; “Terminado o curso, o então já Doutor Asclépio percorreu o mundo”; “Em Moçambique, onde regressava regularmente”.
i. V
j. V
k. V
l. V
 
3.
A – Primeiro parágrafo.
B – Desde o início do segundo parágrafo até “o primeiro eclipse total do Sol em terras de Moçambique”.
C – Desde “O fenómeno dos eclipses” até ao final do mesmo parágrafo.
D – Desde “Foi esse dia o espoletar de uma paixão” até ao final do mesmo parágrafo.
E – Desde “Em Moçambique, onde regressava regularmente” até ao final do mesmo parágrafo.
F – Desde “No dia do eclipse” até ao final do mesmo parágrafo.
G – Último parágrafo.
 
4.1. Asclépio é «especialista em eclipses”, divertido/bem-disposto (“O Doutor Euclides brinca.”) e experiente (“a sua experiência na matéria”).
 
4.2. A ação decorre em 1968.
 
4.3. “Certo, muito certo, mas a Dr.ª Catarata enganava-se”; “o professor Asclépio Euclides, mal-grado toda a sua experiência na matéria, que inclusive lhe valera o cognome de ‘caçador de eclipses’, teria ainda muito com que se espantar.”
 
5.1. A analepse consiste num recuo temporal, marcado no texto pelas passagens “Pio, (…) começou a interessar-se por acontecimentos raros, fenómenos científicos e afins, teria aí os seus cinco, seis anos.” e sobretudo “vivia nesses tempos do princípio do século”, entendidas como retrocessos temporais depois de se ter marcado o início da ação, no parágrafo anterior, com a expressão “Estava-se em 1968”.
 
5.1.1. O recurso à analepse prende-se com a necessidade de o narrador dar a conhecer mais profundamente, nas suas características e fatores que as motivaram, a personagem principal, Asclépio, mas também os acontecimentos anteriores ao presente da ação que contribuem para o seu entendimento mais cabal.
 
5.2. As aspas aplicadas ao adjetivo marcam não apenas a reprodução de uma palavra de Thomás Euclides Semedo, mas assinalam um sentido suavizado do vocábulo. Embora surja habitualmente como sinónimo de «criminoso», o adjetivo «culpado» realça, neste contexto, apenas a conceção que a família, nomeadamente o pai de Asclépio, tinha da influência de Lupino sobre a criança, vista como algo diferente e inabitual para a sua idade.
 
5.3. As palavras do narrador na última frase do segundo parágrafo indiciam o conhecimento de acontecimentos futuros relativamente aos apresentados, que serão expostos num momento posterior.
 
5.4.1. O uso do pretérito mais-que-perfeito, simples e composto, do indicativo (“servira”, “tinha envolvido”, “caíra”, “passara”) surge ao serviço do relato dos acontecimentos da vida passada do Tio Lupino anteriores ao momento em que se instalou em casa da família do irmão. Deste modo, confirma-se o valor semântico-funcional do tempo verbal, destinado a relatar fatos passados anteriores a outros também verificados em momentos precedentes ao presente da narração.
 
5.5. A expressão é a seguinte: “a prestigiada família Euclides Semedo”.
 
5.6.1. Após uma vida dedicada ao serviço militar, o Comandante Lupino Euclides Semedo sofreu um acidente durante uma operação de salvamento, o que lhe deixou mazelas ao nível da memória. Tal facto determinou o seu afastamento quase compulsivo do exército, atenuado apenas pela atribuição de um louvor em nome das altas patentes militares e da própria rainha portuguesa D. Maria Pia. Não sendo casado, após o abandono da vida de combatente resolveu passar a residir com o irmão e respetiva família.
 
5.7. Lupino Euclides Semedo é apresentado como comandante pronto e “célere”, caracterizado pelos seus “brios e valentia insuperáveis” e “louvável filantropia”.
 
5.8.1. Juntos, iam “inventariando fauna e flora” e dedicavam-se “a catalogar os espécimes apanhados” e a organizar uma coleção apelidada pela família de “Museu de História Natural”.
 
5.8.2. b
 
5.9.
1. d
2. f
3. a
4. e
5. b
6. c
 
5.10. A expressão é “na realidade”.
 
5.10.1. O mecanismo é a coesão interfásica.
 
5.11. Para Asclépio, os eclipses constituiriam verdadeiros “milagres” naturais, pelo que lhe despertavam grande “ansiedade”. No dia do fenómeno, ele e o tio “deslumbravam-se” com o acontecimento. Os restantes habitantes da região sentiam-se “desprevenidos e temerosos” face à ocorrência.
 
5.12. Os dois vocábulos são “desatino” e “pandemónio”.
 
5.13.1. Enquanto na segunda oração o verbo é usado no seu sentido mais comum, o de ‘dizer orações, orar’, na primeira ele surge com uma aceção menos vulgar, que remete para a ação de ‘narrar, referir’.
 
5.14. A enumeração, entendia com um sentido gradativo, especifica os sentimentos e as atitudes daqueles que, receando o eclipse, começavam por se lamentar, passando, depois, a solicitar auxílio num crescendo de intensidade que culmina no entendimento do fenómeno como um castigo de que se procuram libertar, solicitando perdão pela razão que o possa ter determinado.
 
5.15. Uma vez que o eclipse era entendido pela população moçambicana em geral como manifestação de entidades superiores (“deuses”), o narrador comenta, ironicamente, que seria compreensível que todos os agentes dedicados às ciências ocultas se mantivessem disponíveis para assistir as pessoas nos seus “medos e crendices”.
 
5.16. A ação decorre em plena época de colonialismo português em Moçambique, pelo que a metrópole constituía o recurso das famílias de estatuto social elevado para suprir a falta de meios que se sentia na colónia.
 
5.17. A oração desempenha a função sintática de complemento direto.
 
5.18. O processo morfológico é a derivação por sufixação.
 
5.19.1. A sequência inicia-se com o regresso ao momento do presente da ação, já apresentado no início do conto: “ano de 1968”.
 
5.20.1. A frase é a seguinte: “As pessoas saíram confiantes, gargalhando os medos e os temores.”
 
5.20.2. O gerúndio da forma “gargalhando” coloca em destaque a duração da ação (aspeto lexical imperfetivo), dando a entender que durante largos momentos e com persistência as pessoas, “confiantes”, superaram os seus “medos” e “temores”.
 
5.21.1. Considerando o número da perfeição, o três remete para a completude e a inteireza. Prepara-se o eclipse para que se complete, no céu, a ordem, ao terceiro dia. O homem, Asclépio, será o intermediário entre a terra e o céu, ligando-os. Note-se que o eclipse durou “três minutos”, associando-se esta referência também à simbologia do número.
 
5.21.2. O conector transmite uma ideia de conclusão relativamente à descrição das consequências do eclipse anteriormente discutida.
 
5.22.1. A sequência descritiva inicia-se no começo do parágrafo e prolonga-se até à primeira oração da frase “Aguardavam expectantes, e quando o Sol começou a vestir-se de negro uma onda de suspiros ressoou no silêncio instalado”. A segunda oração da mesma frase marca o início da sequência narrativa.
 
5.22.2. Na descrição predominam as formas verbais no pretérito imperfeito (“reinava”, “encontrava-se”, “sentiam”, “Aguardavam”), enquanto na narração predomina o pretérito perfeito (“começou”, “ressoou”, “foram”, “reparou”).
 
5.23.1. O verdadeiro prodígio do dia foi o “desaparecer como se por magia” do Dr. Asclépio Euclides, depois de ter sido envolvido por “uma densa sombra negra” e de se ter incinerado. Deste modo, as aceções 3., 4. e 5. do verbete serão as mais adequadas, remetendo para o obscurecimento e posterior desaparecimento da personagem.
 
5.23.2. O eclipse de Asclépio, provocando inicialmente um enorme “espanto”, fez ressurgir o “corrupio” da população.
 
5.24. c
 
5.24.1. À palavra solo, que está na origem, foram acrescentados simultaneamente um prefixo e um sufixo, fundamentais para a existência do vocábulo.
 
6.1.1. O sufixo diminutivo, usado com valor depreciativo, retira valor à figura representada pela estátua e ironicamente remete para o objetivo mesquinho da sua construção, destinada essencialmente a atingir fins eleitoralistas.
 
6.1.2. O escultor conseguiu reproduzir na própria estátua de Asclépio o fenómeno do eclipse que levara ao seu desaparecimento, alternando fases de escuridão sob a luz solar e de luminosidade à noite. Como se por magia, Asclépio eclipsara-se e, também com alguma magia, se recordava a sua figura através desta estátua.
 

Ligações:
    👉 Texto.
    👉 Questionário.

sábado, 27 de agosto de 2022

Questionário sobre o conto «Asclépio, o "Caçador de Eclipses"»

 1. Ordene cronologicamente os acontecimentos relatados no texto.
a. Primeiro eclipse total do Sol em Moçambique.
b. Mudança de Lupino Euclides Semedo para casa da família de Asclépio.
c. Palestra de Asclépio e Letícia Catarata.
d. Vida académica de Asclépio em Coimbra.
e. Campanhas militares do Comandante Lupino Euclides Semedo em Lourenço Marques.
f. Eclipse solar em 1968.
g. “Expedições científicas” de Lupino e Asclépio, durante a infância deste.
h. Périplo de Asclépio pelo mundo, dedicado ao estudo de eclipses.
 
2. Após uma primeira leitura do conto, classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações que se seguem, corrigindo devidamente as que considerar inexatas.
a. A ação do conto decorre em Moçambique.
b. O protagonista, Asclépio Euclides, é perito particularmente em eclipses solares.
c. Lupino Semedo, tio de Asclépio, ocupava o cargo de Governador-Geral de Colónia.
d. Asclépio era filho único e conhecido entre as pessoas mais próximas como Pio.
e. O protagonista despertou para os fenómenos científicos por influência paterna.
f. Asclépio frequentou, na universidade, o curso de Direito.
g. A ação principal desenrola-se em torno do único eclipse solar do século XX.
h. Asclépio viveu toda a vida no seu país natal.
i. Na época em que decorrem os acontecimentos relatados no conto, os eclipses eram entendidos pela generalidade da população como prodígios naturais ameaçadores.
k. O narrador do conto é heterodiegético.
l. As sequências alusivas à infância e juventude são encaixadas na narrativa principal.
 
3. Delimite no texto as suas sete sequências narrativas, considerando os seguintes momentos:
 

Introdução

A

Apresentação do protagonista e da situação inicial: preparação para o eclipse solar.

Desenvolvimento

B

Primeiro momento

Descrição, em analepse, da vida do Tio Lupino e das vivências partilhadas com Asclépio durante a sua infância.

C

Segundo momento

Explicação do surgimento do fascínio de Asclépio por eclipses.

D

Terceiro momento

Relato do percurso académico e profissional de Asclépio

E

Quarto momento

Narração do regresso de Asclépio a Moçambique e dos preparativos para o eclipse.

F

Quinto momento

Apresentação dos acontecimentos do dia do eclipse.

Conclusão

G

Exposição das consequências do eclipse.

 
4. Atente na Introdução do conto.
 
4.1. Mencione as três características da personalidade de Asclépio Euclides apresentadas.
 
4.2. Identifique o tempo cronológico em que decorre a ação.
 
4.3. No final do primeiro parágrafo, o narrador antecipa acontecimentos futuros, posteriormente narrados. Comprove.
 
5. Atente no Desenvolvimento do texto.
 
PRIMEIRO MOMENTO
5.1. Prove, a partir de elementos textuais, que o início do desenvolvimento corresponde a uma analepse que se prolongará até ao final do terceiro momento desta parte.
 
5.1.1. Refira a importância deste recurso narrativo de apresentação temporal no contexto do conto.
 
5.2. Destaque o valor das aspas no adjetivo «culpado», referente ao Tio Lupino.
 
5.3. A última frase do segundo parágrafo funciona como breve analepse no contexto da narrativa. Justifique a afirmação.
 
5.4. «O Doutor Lupino, tio de Asclépio, morava também, havia meia-dúzia de anos, com a prestigiada família Euclides Semedo (…)».
 
5.4.1. Tendo em conta que o terceiro parágrafo do texto surge na sequência da frase acima transcrita, explicite o valor da utilização do pretérito mais-que-perfeito nesse trecho da narração.
 
5.5. Transcreva a expressão que remete para o espaço social em que se movimentavam os elementos da família Euclides Semedo.
 
5.6. «Solteirão dos quatro costados, o Comandante Lupino decidiu-se, pois, em virtude do acidente acima descrito, a ir morar com o irmão (…)».
 
5.6.1. Resuma os acontecimentos que determinaram a mudança do Tio Lupino para a casa da família Euclides Semedo.
 
5.7. Proceda à caracterização direta de Lupino Euclides Semedo a partir do documento de louvor lavrado em relação à sua pessoa.
 
5.8. No parágrafo final desta sequência, o narrador procede à exposição das atividades a que se dedicavam tio e sobrinho, «investidos em verdadeiros cientistas, biólogos, botânicos, geógrafos, geólogos e até astrónomos, num crescendo de aprendizagem ‘in loco’ (…)».
 
5.8.1. Enumere essas atividades.
 
5.8.2. Partindo contexto em que surge, assinale o significado da expressão latina «in loco».
a. no limite.       b. no próprio lugar.    c. naquele tempo.      d. por inteiro.
 
5.9. Faça corresponder a cada uma das frases iniciadas na coluna A uma terminação da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras.
 
A
 
1. Com o recurso ao advérbio com valor modal “diplomaticamente”,

2. Na frase “(…) foi Lupino convencido, ou melhor, convidado a antecipar a reforma da sua valorosa carreira militar (…)”, com a mudança da forma adjetival do particípio passado,

3. Através da anteposição do adjetivo face ao nome qua qualifica na expressão “pequeno génio”,

4. Com a utilização do adjetivo presente na passagem “Enquanto as sete manas se entretinham (…) a dedilhar intermináveis escalas (…)”,

5. Com o uso dos vocábulos “embrenhava-se” e “matas” na descrição das “expedições científicas” de Asclépio e Lupino,

6. Na frase “Mas juntos, (…) sobrinho e tio demoravam-se horas após horas, tardes após tardes, dias após dias, meses e anos sem fim, inventariando fauna e flora que lhes aparecessem pela frente.”,

 

B
 
a. o narrador confere-lhe um valor subjetivo e afetivo.

b. o narrador, recorrendo ao disfemismo, torna mais agreste e selvagem a atividade.

c. o narrador utiliza a gradação com a finalidade de ressaltar o crescente interesse pela ocupação.

d. o narrador destaca a habilidade com que foram tratados os interesses militares.

e. o narrador salienta, ironicamente, o caráter repetitivo da ação.

f. o narrador serve-se de um eufemismo para atenuar a situação apresentada.

 
SEGUNDO MOMENTO
5.10. Indique a expressão que, no início do parágrafo deste segundo momento, recupera e realça a última ideia do segmento narrativo anterior.
 
5.10.1. Refira o mecanismo de coesão que a sua utilização configura.
 
5.11. Comprove com elementos textuais que os sentimentos despertados pelo eclipse junto de Asclépio diferiam grandemente dos da restante população.
 
5.12. Identifique os dois vocábulos utilizados pelo narrador para dar conta da confusão gerada no dia do primeiro eclipse total do Sol em Moçambique.
 
5.13. Na frase «Reza a história – e muito rezou o padre local», surge um trocadilho que explora o valor polissémico do verbo rezar.
 
5.13.1. Esclareça os dois sentidos com que é utilizado na frase.
 
5.14. Refira o valor expressivo da enumeração das reações dos populares ao eclipse: «(…) com gentes de todas as idades (…) gritando ais e ajudas, socorros e clemências aos mais dignos e mesmo aos mais indignos deuses (…)».
 
5.15. Explique o comentário do narrador relativamente ao que se passou nas semanas posteriores ao eclipse: «De plantão, nas semanas seguintes, ficaram igualmente, e como se compreende, todos os curas, curandeiros, adivinhos e sibilas da terra.»
 
TERCEIRO MOMENTO
5.16. Tendo em conta o tempo histórico e o espaço social em que decorre a ação do conto, justifique a referência à “Metrópole”.
 
5.17. Aponte a função sintática desempenhada pela oração infinitiva sublinhada na frase: “Um dia, em entrevista a um programa de rádio, chegou a confidenciar ter perdido a conta ao número de eclipses testemunhados (…)”.
 
5.18. Identifique o processo morfológico de formação de palavras que deu origem aos vocábulos «solares» e «verdadeira».
 
QUARTO MOMENTO
5.19. Esta sequência narrativa retoma o tempo cronológico da ação, identificado na introdução e interrompido pela analepse do início do desenvolvimento.
 
5.19.1. Confirme a afirmação.
 
5.20. Asclépio retorna a Moçambique como convidado para proferir uma palestra sobre eclipses, uma vez que estava para breve a ocorrência de um desses fenómenos.
 
5.20.1. Transcreva a frase que evidencia o impacto das suas palavras no auditório.
 
5.20.2. Refira um dos efeitos de sentido produzidos pela utilização do gerúndio nessa mesma frase.
 
5.21. «Três dias depois se veria, afinal, o que era aquilo de um eclipse total, ou quase, e que efeitos na realidade teria”.
 
5.21.1. Interprete o valor simbólico do número três na alusão ao número de dias de preparação para o eclipse.
 
5.21.2. Mencione a ideia expressa pelo conector «afinal».
 
QUINTO MOMENTO
 
5.22. O relato do «dia do eclipse» começa com um breve trecho descritivo.
 
5.22.1. Demarque o momento em que termina a descrição e principia a narração do fenómeno.
 
5.22.2. Distinga essas duas sequências textuais (descritiva e narrativa) quanto aos tempos verbais dominantes.
 
5.23. Atente no verbete da palavra «eclipse».
 

Eclipse – 1 n.m. ato ou efeito de eclipsar; 2 ASTRONOMIA ocultação total ou parcial de um astro pela interposição de outro entre ele e o observador ou pela entrada daquele astro na sombra de outro; 3 [fig.] obscurecimento; 4 [fig.] desaparecimento; 5 [fig.] ausência; ASTRONOMIA eclipse da Lua ocultação total ou parcial da Lua (…); ASTRONOMIA eclipse do Sol ocultação total ou parcial do Sol (…); PSICOLOGIA eclipse mental desaparecimento extremamente breve da consciência ou, pelo menos, do domínio do pensamento, psicolepsia (Do gr. ékleipsis, «eclipse; ocultação», pelo lat. eclipse-, «idem»)

 
AA. VV., 2004. “Eclipse”, in Grande Dicionário da Língua Portuguesa.
Porto: Porto Editora (texto adaptado e com supressões)
 
5.23.1. Indique qual das aceções do vocábulo s pode aplicar ao verdadeiro e raro «fenómeno» do dia.
 
5.23.2. Aponte as suas consequências.
 
5.24. Consulte num dicionário o significado de «assolar» e, a partir dele, assinale a palavra que lhe está na origem.
a. Sol               b. sola             c. solo              d. solar
 
5.24.1. Trata-se de um vocábulo formado por derivação (parassíntese). Justifique a afirmação.
 
6. Considere, finalmente, a Conclusão da narrativa.
 
6.1. “Com o tempo”, Asclépio foi alvo de homenagens.
 
6.1.1. Os políticos «(…) aproveitaram para encomendar mais uma estatuazita.». Explicite o valor do sufixo diminutivo presente na palavra «estatuazita».
 
6.1.2. Um «escultor da terra» conseguiu uma «forma curiosa e interessante» de cumprir o desígnio dos políticos e manter a lembrança da história de Asclépio, Explique como o conseguiu.
 

Ligações:
    👉 Texto.
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