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domingo, 28 de agosto de 2022

Correção do questionário do conto «Asclépio, o "Caçador de Eclipses"»


 1. e – b – g – a – d – h – c – f.
 
2.
a. V
b. V
c. F – O pai de Asclépio ocupava esse cargo: “o Comandante Lupino decidiu-se, pois, em virtude do acidente acima descrito, a ir morar com o irmão, à data Governador-Geral de Colónia”.
d. F – “Pio, como desde petiz era conhecido entre familiares e amigos (…). Com os pais e as suas sete irmãs, vivia”.
e. F – “O Doutor Lupino, tio de Asclépio, morava também, havia meia-dúzia de anos, com a prestigiada família Euclides Semedo e fora ele o «culpado» da verdadeira paixão do sobrinho pelas «coisas da ciência»”.
f. V
g. F – “Estava-se em 1968, o país travava-se de razões com o segundo grande eclipse solar do século”.
h. F – “quando chegou à idade universitária, já em Coimbra”; “Terminado o curso, o então já Doutor Asclépio percorreu o mundo”; “Em Moçambique, onde regressava regularmente”.
i. V
j. V
k. V
l. V
 
3.
A – Primeiro parágrafo.
B – Desde o início do segundo parágrafo até “o primeiro eclipse total do Sol em terras de Moçambique”.
C – Desde “O fenómeno dos eclipses” até ao final do mesmo parágrafo.
D – Desde “Foi esse dia o espoletar de uma paixão” até ao final do mesmo parágrafo.
E – Desde “Em Moçambique, onde regressava regularmente” até ao final do mesmo parágrafo.
F – Desde “No dia do eclipse” até ao final do mesmo parágrafo.
G – Último parágrafo.
 
4.1. Asclépio é «especialista em eclipses”, divertido/bem-disposto (“O Doutor Euclides brinca.”) e experiente (“a sua experiência na matéria”).
 
4.2. A ação decorre em 1968.
 
4.3. “Certo, muito certo, mas a Dr.ª Catarata enganava-se”; “o professor Asclépio Euclides, mal-grado toda a sua experiência na matéria, que inclusive lhe valera o cognome de ‘caçador de eclipses’, teria ainda muito com que se espantar.”
 
5.1. A analepse consiste num recuo temporal, marcado no texto pelas passagens “Pio, (…) começou a interessar-se por acontecimentos raros, fenómenos científicos e afins, teria aí os seus cinco, seis anos.” e sobretudo “vivia nesses tempos do princípio do século”, entendidas como retrocessos temporais depois de se ter marcado o início da ação, no parágrafo anterior, com a expressão “Estava-se em 1968”.
 
5.1.1. O recurso à analepse prende-se com a necessidade de o narrador dar a conhecer mais profundamente, nas suas características e fatores que as motivaram, a personagem principal, Asclépio, mas também os acontecimentos anteriores ao presente da ação que contribuem para o seu entendimento mais cabal.
 
5.2. As aspas aplicadas ao adjetivo marcam não apenas a reprodução de uma palavra de Thomás Euclides Semedo, mas assinalam um sentido suavizado do vocábulo. Embora surja habitualmente como sinónimo de «criminoso», o adjetivo «culpado» realça, neste contexto, apenas a conceção que a família, nomeadamente o pai de Asclépio, tinha da influência de Lupino sobre a criança, vista como algo diferente e inabitual para a sua idade.
 
5.3. As palavras do narrador na última frase do segundo parágrafo indiciam o conhecimento de acontecimentos futuros relativamente aos apresentados, que serão expostos num momento posterior.
 
5.4.1. O uso do pretérito mais-que-perfeito, simples e composto, do indicativo (“servira”, “tinha envolvido”, “caíra”, “passara”) surge ao serviço do relato dos acontecimentos da vida passada do Tio Lupino anteriores ao momento em que se instalou em casa da família do irmão. Deste modo, confirma-se o valor semântico-funcional do tempo verbal, destinado a relatar fatos passados anteriores a outros também verificados em momentos precedentes ao presente da narração.
 
5.5. A expressão é a seguinte: “a prestigiada família Euclides Semedo”.
 
5.6.1. Após uma vida dedicada ao serviço militar, o Comandante Lupino Euclides Semedo sofreu um acidente durante uma operação de salvamento, o que lhe deixou mazelas ao nível da memória. Tal facto determinou o seu afastamento quase compulsivo do exército, atenuado apenas pela atribuição de um louvor em nome das altas patentes militares e da própria rainha portuguesa D. Maria Pia. Não sendo casado, após o abandono da vida de combatente resolveu passar a residir com o irmão e respetiva família.
 
5.7. Lupino Euclides Semedo é apresentado como comandante pronto e “célere”, caracterizado pelos seus “brios e valentia insuperáveis” e “louvável filantropia”.
 
5.8.1. Juntos, iam “inventariando fauna e flora” e dedicavam-se “a catalogar os espécimes apanhados” e a organizar uma coleção apelidada pela família de “Museu de História Natural”.
 
5.8.2. b
 
5.9.
1. d
2. f
3. a
4. e
5. b
6. c
 
5.10. A expressão é “na realidade”.
 
5.10.1. O mecanismo é a coesão interfásica.
 
5.11. Para Asclépio, os eclipses constituiriam verdadeiros “milagres” naturais, pelo que lhe despertavam grande “ansiedade”. No dia do fenómeno, ele e o tio “deslumbravam-se” com o acontecimento. Os restantes habitantes da região sentiam-se “desprevenidos e temerosos” face à ocorrência.
 
5.12. Os dois vocábulos são “desatino” e “pandemónio”.
 
5.13.1. Enquanto na segunda oração o verbo é usado no seu sentido mais comum, o de ‘dizer orações, orar’, na primeira ele surge com uma aceção menos vulgar, que remete para a ação de ‘narrar, referir’.
 
5.14. A enumeração, entendia com um sentido gradativo, especifica os sentimentos e as atitudes daqueles que, receando o eclipse, começavam por se lamentar, passando, depois, a solicitar auxílio num crescendo de intensidade que culmina no entendimento do fenómeno como um castigo de que se procuram libertar, solicitando perdão pela razão que o possa ter determinado.
 
5.15. Uma vez que o eclipse era entendido pela população moçambicana em geral como manifestação de entidades superiores (“deuses”), o narrador comenta, ironicamente, que seria compreensível que todos os agentes dedicados às ciências ocultas se mantivessem disponíveis para assistir as pessoas nos seus “medos e crendices”.
 
5.16. A ação decorre em plena época de colonialismo português em Moçambique, pelo que a metrópole constituía o recurso das famílias de estatuto social elevado para suprir a falta de meios que se sentia na colónia.
 
5.17. A oração desempenha a função sintática de complemento direto.
 
5.18. O processo morfológico é a derivação por sufixação.
 
5.19.1. A sequência inicia-se com o regresso ao momento do presente da ação, já apresentado no início do conto: “ano de 1968”.
 
5.20.1. A frase é a seguinte: “As pessoas saíram confiantes, gargalhando os medos e os temores.”
 
5.20.2. O gerúndio da forma “gargalhando” coloca em destaque a duração da ação (aspeto lexical imperfetivo), dando a entender que durante largos momentos e com persistência as pessoas, “confiantes”, superaram os seus “medos” e “temores”.
 
5.21.1. Considerando o número da perfeição, o três remete para a completude e a inteireza. Prepara-se o eclipse para que se complete, no céu, a ordem, ao terceiro dia. O homem, Asclépio, será o intermediário entre a terra e o céu, ligando-os. Note-se que o eclipse durou “três minutos”, associando-se esta referência também à simbologia do número.
 
5.21.2. O conector transmite uma ideia de conclusão relativamente à descrição das consequências do eclipse anteriormente discutida.
 
5.22.1. A sequência descritiva inicia-se no começo do parágrafo e prolonga-se até à primeira oração da frase “Aguardavam expectantes, e quando o Sol começou a vestir-se de negro uma onda de suspiros ressoou no silêncio instalado”. A segunda oração da mesma frase marca o início da sequência narrativa.
 
5.22.2. Na descrição predominam as formas verbais no pretérito imperfeito (“reinava”, “encontrava-se”, “sentiam”, “Aguardavam”), enquanto na narração predomina o pretérito perfeito (“começou”, “ressoou”, “foram”, “reparou”).
 
5.23.1. O verdadeiro prodígio do dia foi o “desaparecer como se por magia” do Dr. Asclépio Euclides, depois de ter sido envolvido por “uma densa sombra negra” e de se ter incinerado. Deste modo, as aceções 3., 4. e 5. do verbete serão as mais adequadas, remetendo para o obscurecimento e posterior desaparecimento da personagem.
 
5.23.2. O eclipse de Asclépio, provocando inicialmente um enorme “espanto”, fez ressurgir o “corrupio” da população.
 
5.24. c
 
5.24.1. À palavra solo, que está na origem, foram acrescentados simultaneamente um prefixo e um sufixo, fundamentais para a existência do vocábulo.
 
6.1.1. O sufixo diminutivo, usado com valor depreciativo, retira valor à figura representada pela estátua e ironicamente remete para o objetivo mesquinho da sua construção, destinada essencialmente a atingir fins eleitoralistas.
 
6.1.2. O escultor conseguiu reproduzir na própria estátua de Asclépio o fenómeno do eclipse que levara ao seu desaparecimento, alternando fases de escuridão sob a luz solar e de luminosidade à noite. Como se por magia, Asclépio eclipsara-se e, também com alguma magia, se recordava a sua figura através desta estátua.
 

Ligações:
    👉 Texto.
    👉 Questionário.

sábado, 27 de agosto de 2022

Questionário sobre o conto «Asclépio, o "Caçador de Eclipses"»

 1. Ordene cronologicamente os acontecimentos relatados no texto.
a. Primeiro eclipse total do Sol em Moçambique.
b. Mudança de Lupino Euclides Semedo para casa da família de Asclépio.
c. Palestra de Asclépio e Letícia Catarata.
d. Vida académica de Asclépio em Coimbra.
e. Campanhas militares do Comandante Lupino Euclides Semedo em Lourenço Marques.
f. Eclipse solar em 1968.
g. “Expedições científicas” de Lupino e Asclépio, durante a infância deste.
h. Périplo de Asclépio pelo mundo, dedicado ao estudo de eclipses.
 
2. Após uma primeira leitura do conto, classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações que se seguem, corrigindo devidamente as que considerar inexatas.
a. A ação do conto decorre em Moçambique.
b. O protagonista, Asclépio Euclides, é perito particularmente em eclipses solares.
c. Lupino Semedo, tio de Asclépio, ocupava o cargo de Governador-Geral de Colónia.
d. Asclépio era filho único e conhecido entre as pessoas mais próximas como Pio.
e. O protagonista despertou para os fenómenos científicos por influência paterna.
f. Asclépio frequentou, na universidade, o curso de Direito.
g. A ação principal desenrola-se em torno do único eclipse solar do século XX.
h. Asclépio viveu toda a vida no seu país natal.
i. Na época em que decorrem os acontecimentos relatados no conto, os eclipses eram entendidos pela generalidade da população como prodígios naturais ameaçadores.
k. O narrador do conto é heterodiegético.
l. As sequências alusivas à infância e juventude são encaixadas na narrativa principal.
 
3. Delimite no texto as suas sete sequências narrativas, considerando os seguintes momentos:
 

Introdução

A

Apresentação do protagonista e da situação inicial: preparação para o eclipse solar.

Desenvolvimento

B

Primeiro momento

Descrição, em analepse, da vida do Tio Lupino e das vivências partilhadas com Asclépio durante a sua infância.

C

Segundo momento

Explicação do surgimento do fascínio de Asclépio por eclipses.

D

Terceiro momento

Relato do percurso académico e profissional de Asclépio

E

Quarto momento

Narração do regresso de Asclépio a Moçambique e dos preparativos para o eclipse.

F

Quinto momento

Apresentação dos acontecimentos do dia do eclipse.

Conclusão

G

Exposição das consequências do eclipse.

 
4. Atente na Introdução do conto.
 
4.1. Mencione as três características da personalidade de Asclépio Euclides apresentadas.
 
4.2. Identifique o tempo cronológico em que decorre a ação.
 
4.3. No final do primeiro parágrafo, o narrador antecipa acontecimentos futuros, posteriormente narrados. Comprove.
 
5. Atente no Desenvolvimento do texto.
 
PRIMEIRO MOMENTO
5.1. Prove, a partir de elementos textuais, que o início do desenvolvimento corresponde a uma analepse que se prolongará até ao final do terceiro momento desta parte.
 
5.1.1. Refira a importância deste recurso narrativo de apresentação temporal no contexto do conto.
 
5.2. Destaque o valor das aspas no adjetivo «culpado», referente ao Tio Lupino.
 
5.3. A última frase do segundo parágrafo funciona como breve analepse no contexto da narrativa. Justifique a afirmação.
 
5.4. «O Doutor Lupino, tio de Asclépio, morava também, havia meia-dúzia de anos, com a prestigiada família Euclides Semedo (…)».
 
5.4.1. Tendo em conta que o terceiro parágrafo do texto surge na sequência da frase acima transcrita, explicite o valor da utilização do pretérito mais-que-perfeito nesse trecho da narração.
 
5.5. Transcreva a expressão que remete para o espaço social em que se movimentavam os elementos da família Euclides Semedo.
 
5.6. «Solteirão dos quatro costados, o Comandante Lupino decidiu-se, pois, em virtude do acidente acima descrito, a ir morar com o irmão (…)».
 
5.6.1. Resuma os acontecimentos que determinaram a mudança do Tio Lupino para a casa da família Euclides Semedo.
 
5.7. Proceda à caracterização direta de Lupino Euclides Semedo a partir do documento de louvor lavrado em relação à sua pessoa.
 
5.8. No parágrafo final desta sequência, o narrador procede à exposição das atividades a que se dedicavam tio e sobrinho, «investidos em verdadeiros cientistas, biólogos, botânicos, geógrafos, geólogos e até astrónomos, num crescendo de aprendizagem ‘in loco’ (…)».
 
5.8.1. Enumere essas atividades.
 
5.8.2. Partindo contexto em que surge, assinale o significado da expressão latina «in loco».
a. no limite.       b. no próprio lugar.    c. naquele tempo.      d. por inteiro.
 
5.9. Faça corresponder a cada uma das frases iniciadas na coluna A uma terminação da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras.
 
A
 
1. Com o recurso ao advérbio com valor modal “diplomaticamente”,

2. Na frase “(…) foi Lupino convencido, ou melhor, convidado a antecipar a reforma da sua valorosa carreira militar (…)”, com a mudança da forma adjetival do particípio passado,

3. Através da anteposição do adjetivo face ao nome qua qualifica na expressão “pequeno génio”,

4. Com a utilização do adjetivo presente na passagem “Enquanto as sete manas se entretinham (…) a dedilhar intermináveis escalas (…)”,

5. Com o uso dos vocábulos “embrenhava-se” e “matas” na descrição das “expedições científicas” de Asclépio e Lupino,

6. Na frase “Mas juntos, (…) sobrinho e tio demoravam-se horas após horas, tardes após tardes, dias após dias, meses e anos sem fim, inventariando fauna e flora que lhes aparecessem pela frente.”,

 

B
 
a. o narrador confere-lhe um valor subjetivo e afetivo.

b. o narrador, recorrendo ao disfemismo, torna mais agreste e selvagem a atividade.

c. o narrador utiliza a gradação com a finalidade de ressaltar o crescente interesse pela ocupação.

d. o narrador destaca a habilidade com que foram tratados os interesses militares.

e. o narrador salienta, ironicamente, o caráter repetitivo da ação.

f. o narrador serve-se de um eufemismo para atenuar a situação apresentada.

 
SEGUNDO MOMENTO
5.10. Indique a expressão que, no início do parágrafo deste segundo momento, recupera e realça a última ideia do segmento narrativo anterior.
 
5.10.1. Refira o mecanismo de coesão que a sua utilização configura.
 
5.11. Comprove com elementos textuais que os sentimentos despertados pelo eclipse junto de Asclépio diferiam grandemente dos da restante população.
 
5.12. Identifique os dois vocábulos utilizados pelo narrador para dar conta da confusão gerada no dia do primeiro eclipse total do Sol em Moçambique.
 
5.13. Na frase «Reza a história – e muito rezou o padre local», surge um trocadilho que explora o valor polissémico do verbo rezar.
 
5.13.1. Esclareça os dois sentidos com que é utilizado na frase.
 
5.14. Refira o valor expressivo da enumeração das reações dos populares ao eclipse: «(…) com gentes de todas as idades (…) gritando ais e ajudas, socorros e clemências aos mais dignos e mesmo aos mais indignos deuses (…)».
 
5.15. Explique o comentário do narrador relativamente ao que se passou nas semanas posteriores ao eclipse: «De plantão, nas semanas seguintes, ficaram igualmente, e como se compreende, todos os curas, curandeiros, adivinhos e sibilas da terra.»
 
TERCEIRO MOMENTO
5.16. Tendo em conta o tempo histórico e o espaço social em que decorre a ação do conto, justifique a referência à “Metrópole”.
 
5.17. Aponte a função sintática desempenhada pela oração infinitiva sublinhada na frase: “Um dia, em entrevista a um programa de rádio, chegou a confidenciar ter perdido a conta ao número de eclipses testemunhados (…)”.
 
5.18. Identifique o processo morfológico de formação de palavras que deu origem aos vocábulos «solares» e «verdadeira».
 
QUARTO MOMENTO
5.19. Esta sequência narrativa retoma o tempo cronológico da ação, identificado na introdução e interrompido pela analepse do início do desenvolvimento.
 
5.19.1. Confirme a afirmação.
 
5.20. Asclépio retorna a Moçambique como convidado para proferir uma palestra sobre eclipses, uma vez que estava para breve a ocorrência de um desses fenómenos.
 
5.20.1. Transcreva a frase que evidencia o impacto das suas palavras no auditório.
 
5.20.2. Refira um dos efeitos de sentido produzidos pela utilização do gerúndio nessa mesma frase.
 
5.21. «Três dias depois se veria, afinal, o que era aquilo de um eclipse total, ou quase, e que efeitos na realidade teria”.
 
5.21.1. Interprete o valor simbólico do número três na alusão ao número de dias de preparação para o eclipse.
 
5.21.2. Mencione a ideia expressa pelo conector «afinal».
 
QUINTO MOMENTO
 
5.22. O relato do «dia do eclipse» começa com um breve trecho descritivo.
 
5.22.1. Demarque o momento em que termina a descrição e principia a narração do fenómeno.
 
5.22.2. Distinga essas duas sequências textuais (descritiva e narrativa) quanto aos tempos verbais dominantes.
 
5.23. Atente no verbete da palavra «eclipse».
 

Eclipse – 1 n.m. ato ou efeito de eclipsar; 2 ASTRONOMIA ocultação total ou parcial de um astro pela interposição de outro entre ele e o observador ou pela entrada daquele astro na sombra de outro; 3 [fig.] obscurecimento; 4 [fig.] desaparecimento; 5 [fig.] ausência; ASTRONOMIA eclipse da Lua ocultação total ou parcial da Lua (…); ASTRONOMIA eclipse do Sol ocultação total ou parcial do Sol (…); PSICOLOGIA eclipse mental desaparecimento extremamente breve da consciência ou, pelo menos, do domínio do pensamento, psicolepsia (Do gr. ékleipsis, «eclipse; ocultação», pelo lat. eclipse-, «idem»)

 
AA. VV., 2004. “Eclipse”, in Grande Dicionário da Língua Portuguesa.
Porto: Porto Editora (texto adaptado e com supressões)
 
5.23.1. Indique qual das aceções do vocábulo s pode aplicar ao verdadeiro e raro «fenómeno» do dia.
 
5.23.2. Aponte as suas consequências.
 
5.24. Consulte num dicionário o significado de «assolar» e, a partir dele, assinale a palavra que lhe está na origem.
a. Sol               b. sola             c. solo              d. solar
 
5.24.1. Trata-se de um vocábulo formado por derivação (parassíntese). Justifique a afirmação.
 
6. Considere, finalmente, a Conclusão da narrativa.
 
6.1. “Com o tempo”, Asclépio foi alvo de homenagens.
 
6.1.1. Os políticos «(…) aproveitaram para encomendar mais uma estatuazita.». Explicite o valor do sufixo diminutivo presente na palavra «estatuazita».
 
6.1.2. Um «escultor da terra» conseguiu uma «forma curiosa e interessante» de cumprir o desígnio dos políticos e manter a lembrança da história de Asclépio, Explique como o conseguiu.
 

Ligações:
    👉 Texto.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Correção do questionário do conto "Corpos incompletos"


 1. O recurso estilístico é a personificação.

1.1. As expressões são as seguintes: «a estátua lia perfeitamente», «estado de deslumbramento», «ler e indignar-se», «deliberou manifestar-se».

2. Após o processo de restauro e limpeza, a estátua do marechal Saldanha verificou que a sua existência tinha melhorado, conseguir até ver, a grande distância, pormenores impossíveis a qualquer ser humano. Foi ao ler um conto de Pere Calders, que estava a ser lido dentro de um autocarro por um jovem, que decidiu manifestar-se por não concordar com o conteúdo da obra: afinal, as estátuas tinham vontade própria e alma, não eram apenas habitadas por personagens que saíam delas à noite.

3.1. O pressuposto apresentado é o conhecimento de que as estátuas de Lisboa comunicam com facilidade entre si.

3.2. O recurso estilístico é a ironia, a qual procura transportar os leitores para a ficção que está a desenhar-se. O universo fantástico deixa de estar apenas no domínio da narrativa e do narrador para ser partilhado pelos leitores.

4.1. O conector «Mas» veicula uma ideia de contraste, de oposição.

4.2. Apesar de todas as estátuas estarem desejosas de assumir movimento, aguardavam a reação do rei fundador, daquele a quem mais autoridade reconheciam.

4.3. Embora constitua um símbolo de força e coragem, a estátua de D. Afonso Henriques ponderou durante longo tempo («umas horas») a atitude a assumir, simplesmente por estar a considerar o peso do escudo, da espada e da malha de ferro. O narrador parece estar a querer caracterizá-lo, comicamente, como preguiçoso e comodista.

5.1. Quem deu o alarme foi o guarda Malaquias de Sousa, que rapidamente informou o sargento. Todos eles correram à janela para verem o que se passava, ficando, naturalmente, cheios de medo, considerando o sargento que a situação exigia decisões dos seus superiores. No largo, a multidão de estátuas mostrava-se ameaçadora, com espadas, pistolas, canhões... Até os leões estavam irrequietos. No fundo da manifestação, porém, encontravam-se as estátuas de Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco a conversar na presença da Nudez Forte da Verdade.

5.2.1. O recurso expressivo é a hipálage, que faz transitar o sentimento da personagem (nervosismo) para um objeto que ela carrega - a espada. Parece intensificar-se, desta forma, a possibilidade de violência se vivia.

6.1. O que provocou este «frémito» foi a concentração de bustos que quiseram também manifestar-se e avançavam pela Alameda de D. Afonso Henriques. A consequência imediata que o narrador identifica é a reação de um homem que comia um bife no restaurante Portugália, que liberta um «Ena pá!», apercebendo-se da agitação. No entanto, o ruído era tão intenso que houve quem ligasse para a polícia a protestar.

7. O diminutivo «saltinhos» destaca a pequenez dos pulos possíveis aos bustos, enquanto no adjetivo «alegretes» o sufixo com valor diminutivo transporta uma ideia de ironia face à atitude dos bustos.

8. As frases conferem ao texto mais um elemento de comicidade. O uso do presente na primeira frase («Alguns agentes ainda estão hoje...») remete exatamente para o insólito da situação e para a falta de respostas legislativas e regulamentares.

9. Apesar da gravidade da situação e dos acontecimentos, o ministro responsável acabou por assumir uma atitude de indiferença («deixem lá, isso passa»), como se não ouvisse aquilo que estavam a dizer-lhe. E respondeu apenas por estar farto de telefonemas, não pela gravidade da situação.

10. Cansadas de estarem no largo a olhar, sem sequer ter havido qualquer acontecimento, as estátuas, quando se aperceberam da chegada dos bustos, decidiram retirar-se, Os bustos, depois de umas assobiadelas, regressaram também aos seus pedestais.

11. A relação entre estátuas e bustos não era boa. Em primeiro lugar, as estátuas decidiram manifestar-se e não convocaram os bustos, acabando por ser estes a decidirem-se também  pela concentração, considerando que não seriam inferiores, apesar de não terem um corpo completo. Quando os bustos chegaram ao lugar da concentração, são as estátuas que decidem, numa atitude de superioridade, afastar-se com dignidade, não querendo misturas, como se a presença dos bustos fosse indigna. Repare-se que os bustos referidos são de poetas...

11.1. As estátuas e os bustos colocaram-se em posição contrária à que tinham anteriormente.

12. A imprensa, no dia seguinte, apesar de ter já títulos sobre a insegurança e o vandalismo, desconhecendo as verdadeiras razões dos acontecimentos, depressa os substituiu por algo que atrairia mais as atenções: «um jogador de bola agrediu a própria mão, ceguinha». Logo que possível, o poder político procurou legislar para que este tipo de manifestações não mais fosse possível, determinando que se prendessem com cabos de aço todas as estátuas e bustos, como se a solução para os problemas fosse «acorrentá-los». Os comentadores, formadores de opinião, criticaram a medida principalmente do ponto de vista financeiro: seria uma medida dispendiosa. Evitaria, porém, outros desassossegos, outras manifestações.

13. Não é possível precisar o momento exato do início das ações da estátua do marechal Saldanha, que ocorreu durante o dia, mas quando a manifestação começou efetivamente, após «umas horas» de ponderação da estátua de D. Afonso Henriques, «A noite já ia adiantada.». O decurso do cortejo e da concentração verificou-se durante a noite, sendo que «A manhã foi encontrar estátuas e bustos voltados para o lado oposto ao do costume». O dia seguinte trouxe novos acontecimentos; «nessa noite» outras notícias desviaram as atenções da manifestação das estátuas e dos bustos que, «um mês depois», tentaram repetir as suas ações.

14. No que diz respeito à ciência ou focalização, o narrador é predominantemente omnisciente («cá de longe, a estátua lia perfeitamente"; «D. Afonso Henriques sopesou os inconvenientes de acartar com o peso de escudo, espada e malha de ferro. Mas lembrou-se, ao fim dumas horas, de que era um rei enérgico.», apesar de, nalguns momentos, parecer apenas dedicar-se à focalização externa (como é o caso do momento em que assume o desconhecimento acerca do modo de comunicação das estátuas).

15. Os corpos dos protagonistas do conto são «corpos incompletos». O adjetivo «incompletos» pode remeter para o facto de as estátuas, como se refere no texto, serem apenas reproduções exteriores, «em corpo inteiro», do corpo humano, «(...) como se as estátuas fossem o invólucro ou repositório e não tivessem de próprio nem vontade nem alma», e os bustos serem, até no plano material/físico, corpos inacabados, «mutilados», embora compensassem essa deficiência com «mais concentração de espírito». Por outro lado, enquanto reprodução dos seres humanos e animais, no decorrer da ação do conto as estátuas procuram completar a inteireza daqueles, adotando capacidades e atitudes que lhes são próprias.


Ligações:
    👉 Texto do conto.
    👉 Questionário.

Questionário sobre o conto "Corpos incompletos"

 1. O conto está construído com base num recurso estilístico. Identifique-o.

    1.1. Transcreva dos dois primeiros parágrafos expressões que justifiquem a resposta anterior.

2. Apresente as circunstâncias que originaram os acontecimentos narrados e justifica a atitude da estátua do marechal Saldanha.

3. No terceiro parágrafo, o narrador apresenta um pressuposto partilhado pelos leitores.

    3.1. Identifique-o.

    3.2. Identifique o recurso estilístico presente e a sua importância no texto.

4. «Mas todas as estátuas de Lisboa aguardaram a pronúncia sábia e feroz do rei fundador, muito hirto, lá nas alturas do castelo.»

    4.1. Explique o valor do conector que inicia a frase.

    4.2. Justifique a atitude das estátuas.

    4.3. Caracterize a estátua de D. Afonso Henriques, tendo em conta os argumentos que pesaram na sua decisão.

5. Em cortejo, as estátuas dirigiram-se à Assembleia da República.

    5.1. Descreva a reação dos guardas e o ambiente que se verificava entre as estátuas.

    5.2. Atente na expressão «A espada de Saldanha muito nervosa».

        5.2.1. Identifique o recurso estilístico presente e refira a sua expressividade.

6. «... um frémito percorreu o arvoredo da Estefânia.»

    6.1. Indique o acontecimento que provocou este fenómeno e refira as suas consequências.

7. Refira o valor expressivo do uso dos diminutivos na frase «os bustos de Lisboa vieram todos avenida abaixo, aos saltinhos, muito alegretes.»

8. Explique a intencionalidade das duas últimas frases do quinto parágrafo.

9. Comente a atitude do poder político perante a situação.

10. Apresente por palavras suas a forma como terminou a manifestação.

11. Descreva, a partir de elementos textuais, a relação entre estátuas e bustos.

    11.1. Mencione a «convergência» que se verificou entre eles.

12. Comente as repercussões finais da manifestação de estátuas e bustos ao nível do papel da imprensa, da diretiva comunitária e da posição dos formadores de opinião.

13. Refira o tempo em que decorre a ação, transcrevendo as marcas que assinalam a sua progressão.

14. Classifique o narrador do texto quanto à ciência e justifique a sua resposta.

15. Explique o título do conto.


Ligações:
    👉 Texto do conto.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Correção do questionário sobre o conto "As mãos dos pretos"

 1. Por que é que as palmas das mãos e dos pés das pessoas negras são mais claras do que o resto do corpo?

1.1. O Professor considera que a brancura das mãos dos pretos deriva da sua falta de sol.
        O Senhor Antunes da Coca-Cola afirma que a cozedura exterior do corpo dos negros determinou a brancura das suas mãos.
        O Senhor Frias crê o frio da água destinou à brancura apenas as palmas das mãos e os pés dos pretos.
        Um livro sustentava que, vivendo encurvados, os negros mantiveram as palmas das mãos brancas.
        Dona Estefânia afirma as mãos dos negros desbotaram à custa de muitas lavagens.
        A Mãe diz que as mãos dos pretos são iguais às de todos os homens.

2.1. As personagens do texto são o Professor, um homem pragmático; o Padre, um indivíduo frio e indelicado que justifica a realidade por meio da fé; a Dona Dores, uma mulher preconceituosa e racista, que justifica a realidade recorrendo à sua fá religiosa; o Senhor Antunes, uma pessoa de fé, fantasiosa e bem-disposta; o Senhor Frias, um homem crente e imaginativo; a D. Estefânia, uma personagem prática, que explica a realidade a partir da sua realidade; a Mãe, uma mulher carinhosa, bem-disposta, refletida, de crença religiosa e que defende a igualdade de direitos entre as pessoas de «raças» diferentes; o Narrador, um jovem curioso e insatisfeito.

2.1.1. O processo usado é a caracterização indireta, visto que os traços característicos de cada personagem não são apresentados diretamente pelo narrador ou por qualquer personagem, mas inferidos a partir da sua atuação (comportamento e atitudes) e das suas palavras no decorrer da ação.

2.2. A personagem principal é o jovem que narra a ação, isto é, o narrador.

2.3. O narrador trata as as personagens adultas a quem se dirige ou refere pelas fórmulas «Senhor» e «Dona», que representam um tratamento respeitoso característico de relações em que existe, por exemplo, uma hierarquia etária, como é o caso, ou mesmo social e cultural, exemplificada pelas referências ao «Senhor Professor» e ao «Senhor Padre».

3.1. As palavras e expressões são as seguintes: «não sei», «Lembrei-me», «nós não prestávamos», «os pretos eram melhores do que nós».

3.2. No que diz respeito à presença, o narrador é participante e autodiegético, dado que é uma personagem do texto. Quanto à focalização, aquele adota a perspetiva interna da própria personagem que ele encarna.

3.3. As palavras e expressões que demonstram que o narrador tende a exagerar a sua presençã são as seguintes: «Eu», «me», «nós», etc.

4. À semelhança do que sucede, por exemplo, com o conto tradicional popular, este texto não possui grandes marcas temporais, para sustentar a intemporalidade do tema que aborda, concretamente o racismo e a necessidade da sua discussão.

5.1. O espaço físico é a África.

5.2. No que respeita ao espaço social, predomina no conto a classe média colonizadora.

6.1. As palavras e expressões coloquiais do discurso do Senhor Antunes da Coca-Cola são, por exemplo, «resolveram fazer», «Sabes como?», «Pegaram», «enfiaram-no», «Fumo, fumo, fumo», «escurinhos como carvões», «Pois então».

6.2. O registo coloquial confere verosimilhança ao texto.

7.1. De acordo com a mãe do narrador, os pretos existem por decisão de Deus, para haver equilíbrio na humanidade.

7.2. O uso de reticências nessa fala remete para a omissão da consciência de que a criação de Deus pode ter sido um erro, gerador de racismo.

7.3. A referência insistente a Deus constitui uma marca da fé e crença religiosas características das pessoas de «raça» branca, que colonizaram África, e que se tornou bandeira dos Descobrimentos e da colonização.

8.1. Jogar à bola é uma atividade lúdica, de entretenimento, o que significa que as atividades deste género aliviam o sofrimento.

8.2. O choro da mãe significa provavelmente que a memória do sofrimento, por conhecer a escravatura e o racismo, ou por ter sido vítima dos mesmos, é aceite.

9. A moral do conto aponta para a ideia de que as pessoas não valem pelo que parecem ser, mas pelo que são efetivamente e, sobretudo, pelas suas ações e atitudes.

10. A expressão enfática «é que» sublinha o acaso do surgimento da longa reflexão sobre a cor das mãos dos pretos.

11. O diminutivo constitui uma expressão coloquial de intenção pleonástica, no sentido de vincar uma determinada ideia.


Ligações:
    👉 Texto.
    👉 Questionário.

Questionário sobre o conto "As mãos dos pretos"


 1. Toda a ação do conto gira em torno de uma questão. Formule-a.

    1.1. Sintetize cada uma das explicações apresentadas como resposta a essa questão numa só expressão ou frase.

2. Detenha-se nas personagens.

    2.1. Identifique-as e trace um breve retrato de cada uma delas.

        2.1.1. Refira o processo de caracterização de que se serviu para responder à pergunta anterior.

    2.2. Ainda que o núcleo de personagens seja reduzido, como é característica de uma narrativa curta como conto, distinga a personagem principal.

    2.3. Justifique a deferência no tratamento de algumas personagens por parte do narrador.

3. O conto é rico em palavras e expressões que provam a presença do narrador na ação.

    3.1. Faça o levantamento desse vocabulário presente no primeiro parágrafo.

    3.2. Classifique o narrador do conto quanto à presença e à focalização.

    3.3. Transcreva palavras e/ou expressões textuais que demonstrem que o narrador tende, por vezes, a exagerar a sua presença.

4. Explique a (quase) total ausência de marcas temporais.

5. No que diz respeito ao espaço, o conto possibilita uma associação a um espaço físico lato, mas concreto.

    5.1. Identifique-o.

    5.2. Indique o espaço social, atendendo à tipologia das personagens.

6. A linguagem do conto tende, por vezes, para a coloquialidade, quer no que toca ao discurso do narrador, quer no discurso direto.

    6.1. Proceda ao levantamento de palavras e expressões coloquiais do discurso da personagem Senhor Antunes da Coca-Cola.

    6.2.Explique em que medida o registo coloquial enriquece a narrativa.

7. A última personagem que explica a brancura das mãos dos pretos é a mãe.

    7.1. Apresente a razão pela qual, na sua perspetiva, existem pretos.

    7.2. Comente a expressividade da pontuação da segunda frase do discurso da mãe.

    7.3. Explique a referência insistente a Deus.

8. Releia o último parágrafo do conto.

    8.1. Explique a necessidade que o narrador tem de anular a informação da sua fuga com a referência a que foi jogar à bola.

    8.2. Apresente uma interpretação para o choro da mãe.

9. Indique a moral do conto.

10. Na primeira frase do texto surge uma expressão enfática. Identifique-a e comente a sua expressividade.

11. Explique o emprego do diminutivo na expressão «Coisa certa e certinha».


Ligações:
    👉 Texto do conto.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Correção do questionário sobre o Capítulo XI da Crónica de Fernão Lopes

 1. D – B – J – I – E – G – F – H – A – C
 
2. O pajem, seguindo as instruções de Álvaro Pais, percorreu as ruas de Lisboa gritando que o Mestre corria perigo de vida, para que o povo se revoltasse e se juntasse para o proteger. É ele, portanto, que mobiliza o povo e o incita a defender o Mestre.
 
3. Álvaro Pais, que estava já armado e preparado para agir quando o pajem chegou a sua casa, seguindo as suas instruções, cavalgou pela cidade bradando que pretendiam assassinar o Mestre, cumprindo um plano prévio para mobilizar a população.
 
4. As expressões que mostram que se trata de um plano previamente combinado são as seguintes: “como lhe disserom” (l. 1), “segundo já era percebido” (l. 2) e “Alvoro Paaez que estava prestes e armado” (l. 10).
 
4.1. Este capítulo constitui um exemplo de estratégia política de condução das massas populares com um objetivo claro.
        De facto, o povo foi levado a acreditar que o Mestre corria perigo e, dessa forma, formou um movimento coletivo que permitiu a sua saída, em segurança, do palácio. Na realidade, quem estava em perigo não era ele, mas o Conde Andeiro, que tinha sido morto por aquele.
        Assim, o povo de Lisboa foi manipulado, de modo a permitir a concretização do plano do Mestre e dos seus aliados.
 
5. A população começou a juntar-se e a dirigir-se para os Paços da Rainha, porque o pajem espalhou a notícia de que o Mestre estava a ser assassinado e o povo queria protegê-lo.
 

. Questionário [link]

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Questionário sobre o capítulo XI da Crónica de D. João I

 1. Leia o capítulo XI da Crónica de D. João I.
 
1.1. Cada uma das afirmações apresentadas representa um momento do texto. Ordene-os de acordo com o sentido do texto.
a. O Mestre junta-se ao povo e despede-se da multidão.
b. Os populares juntam-se a Álvaro Pais e perguntam uns aos outros quem quer matar o Mestre.
c. O Mestre é informado do perigo que o bispo de Lisboa corre.
d. Obedecendo ao que tinha sido previamente combinado, o pajem cavalga pelas ruas, espalhando o boato de que estão a matar o Mestre.
e. A multidão dirige-se ao Paço para salvar o Mestre, pretendendo incendiá-lo.
f. O Mestre surge à janela e tranquiliza a multidão.
g. A perturbação e inquietação do povo aumenta e os partidários do Mestre começam a preocupar-se com o que poderá acontecer.
h. A multidão fica feliz por o ver são e salvo, mas continua a acreditar que a rainha o tencionava assassinar.
i. O povo acredita que o Mestre corre perigo, o que faz crescer a sua fúria.
j. A multidão vai aumentando e já não cabe nas ruas.
 
2. Explicite o papel desempenhado pelo pajem no desenrolar dos acontecimentos.
 
3. Explicite o papel que Álvaro Pais desempenha no ajuntamento da população de Lisboa.
 
4. Transcreva as expressões que, nos primeiros quatro parágrafos do texto, mostram que estamos perante uma ação previamente combinada.
 
4.1. Demonstre que se pode considerar que a história está a ser contada ao contrário do que está a acontecer.
 
5. Indique o motivo que leva a população da cidade de Lisboa a juntar-se.
 
7. A gente da cidade, enquanto personagem coletiva, é uma das protagonistas do capítulo.
 
7.1. Trace o seu retrato, isto é, caracterize-o, completando o texto seguinte.

 

                O povo desempenha um papel muito importante neste capítulo: ____________ {defender o Mestre / atacar o palácio da rainha / matar o conde Andeiro}. Trata-se de uma personagem ___________________ {individual / coletiva / figurante} que constitui o escudo defensor do Mestre para o assassínio do conde Andeiro, para sustentar o ato e suportar as suas consequências.

                Inicialmente, o povo (a “arraia-miúda”) mostra-se ________________ (“As gentes que esto ouviam saíam aa rua para ver que cousa era.”), indignado, revoltado e agressivo (“__________________________”), determinado, unido, solidário e disponível (“________________________”, “_______________________”). De facto, age como um todo e acorre aos Paços para acudir ao Mestre com intuitos de vingança (“________________________________________________”). Aí chegado, mostra-se ____________________ e agitado (“dizendo que as britassem para entrar dentro”), num crescendo de __________ (“cada vez se acendia mais”), visível nos atos de violência que se propõem cometer para invadir o Paço: ________________________ e ______________________________, atos esses que evidenciam toda a sua ______________________, ausência de reflexão e descontrole __________, típicos de quem age ___________________. As tentativas de o acalmar não diminuem a sua ____________ (“mas isto nom queria nenhum crer”).

                Depois de ver D. João, o povo fica aliviado, mais _____________ e _____________ (“houveram gram prazer quando o virom”), virando então a sua fúria para a rainha e o conde, referindo-se-lhes de forma ______________ (“- Ó que mal fez! Pois que matou o traidor do Conde, que nom matou logo a aleivosa com ele!”), sempre empenhado na _________________________.

 
7.2. Transcreva três passagens textuais que evidenciem os sentimentos partilhados pelos populares durante o capítulo. Inicie a resposta da seguinte forma: «As personagens textuais que evidenciam os sentimentos partilhados pelos populares são as seguintes: …».
 
7.3. Apresente exemplos de comportamentos diferentes que certos grupos e indivíduos têm no meio dos populares.
 
8. Identifique os recursos expressivos presentes nas expressões seguintes e comente os respeitos efeitos de sentido.
 
8.1. “todos feitos duu coraçom” (linha 30).

8.2. “De cima nom minguava quem bradar que o Mestre era vivo, e o Conde Joam Fernandez morto;” (ll. 47 e 48).

 
9. Explicite a opinião do povo relativamente à rainha (linhas 55 a 73).
 
10. A figura do Mestre de Avis é central em todos os acontecimentos.
 
10.1. Caracterize esta personagem, comprovando que assume o comportamento de um chefe político. Para tal, complete o texto apresentado.
 

                D. João revela-se, neste capítulo, uma figura ____________________ {carismática / ineficiente / liderante}, determinada e __________________, mostrando-se à população para ter o seu apoio.

                Por outro lado, mostra-se afável e retribui o carinho do povo (“_________”), ________________ {ambicioso / afirmativo / altruísta} por não pretender lisonjas e _______________ no impulso de ir salvar o bispo de Lisboa.
                Por último, é de notar que D. João mantém uma conduta que _______ {é / não é} marcada por rasgos de caráter muito intensos nem grandes iniciativas. Adapta-se às circunstâncias, aceitando as orientações que lhe são dadas pelos seus ________________________ (“________”). No entanto, revela todo o seu carisma e a sua natureza de líder político quando a multidão o _________ e quando consegue __________ e fazê-la _________.
 
10.2. Identifique os sinais que indiciam que o Mestre de Avis será o chefe da resistência à ameaça castelhana.
 
10.3. Interprete as justificações apresentadas para a defesa do Mestre nas falas das linhas 17 e 18, 66-67, 78-79 e 85-86.
 
10.4. Retire do capítulo três excertos que sugiram uma curta predestinação e proteção divinas da figura do Mestre.
 
10.5. Caracterize a atitude do Mestre quando soube que o Bispo de Lisboa se encontrava em perigo.
 
12. Fernão Lopes, ao longo deste capítulo e de toda a crónica, apresenta-se como testemunha dos acontecimentos, possibilitando que o leitor vivencie a narração como espectador através do uso de recursos que lhe conferem vivacidade e dinamismo.
 
12.1. Preencha o quadro apresentado.
 

Recursos

Exemplos

Discurso direto

 

Frases exclamativas

 

Sensações visuais

 

Sensações auditivas

 

Verbos de ação/movimento

 

Verbos que sugerem sentimento

 

Advérbios expressivos

 

Pretérito imperfeito

 

Gerúndio

 

 
13. O narrador vai alternando entre o discurso direto e o indireto ao longo da narração.

 

13.1. Explicite o efeito produzido e a sua importância para a missão do cronista.

 

                A alternância entre as duas modalidades do discurso confere ………………………………………. {dramatismo / consequência / tranquilidade} e ………………………………………. {subjetividade / veracidade / alternância} ao que é narrado, visto que, através do discurso direto, temos acesso ……………………………………………. {ao “pulsar” efetivo / às falas “reais” / aos “sentimentos e emoções”} dos intervenientes. Desta forma, Fernão Lopes confere à sua narração ……………………………………………………… {poder / maior dinamismo / alternância de planos / confronto de pontos de vista} e cumpre a sua missão de relatar a ………………………… {ficção / irracionalidade / história / verdade} dos factos.

 
14. Foque a sua atenção no estilo da escrita cronística de Fernão Lopes.
 
14.1. Complete o quadro apresentado e estabeleça a associação entre os exemplos e a respetiva expressividade.

 

Exemplo textual

Recurso expressivo

 

Expressividade

 

1. “e assi como viúva que rei nom tinha, e como se lhe este ficara em logo de marido…”

.

 

A. Traduz a ansiedade da multidão em saber do Mestre.

 

2. “(…) veendo tam grande alvoroço como este, e que cada vez se acendia mais…”

.

 

B. Reforça o efeito visual da ação.

C. A comparação mostra, por um lado, a união do povo, da cidade, por causa do suposto perigo de vida que o Mestre corre; por outro, associa a cidade a uma rainha viúva que deseja casar-se com um novo marido – o Mestre de Avis, tudo fazendo para lhe salvar a vida.

    Remete para a crise de sucessão ao trono, sugerindo o desgoverno e desproteção a que a cidade (mulher) ficava sujeita sem marido (sem rei), tal como acontece com as viúvas.

3. “que é do Mestre?”

.

 

4. “Mestre (…) Mestre”

.

5. “braadavom”, “arroido”, “alvoroço”

.

6. “vinham com feixes de lenha, outras traziam carqueija”

.

7. “pera sobir acima”

.

 

D. Sugere o crescimento do alvoroço e da inquietação da multidão, face às notícias sobre o perigo que o Mestre corria, à semelhança de um fogo que começa pequeno e toma proporções gigantescas.

8. “todos feitos dhu coraçom”

.

9. “Amigos, apacificae-vos.”

.

 

E. Representa a ansiedade da multidão em saber do Mestre.

 

10. “por lhe darem vida e escusar morte”

.

 

F. Sugere o visualismo da ação da multidão para entrar nos paços da rainha.

 

 

 

 

G. Torna a narração mais realista, “transportando” o leitor para o local dos acontecimentos, fazendo-o “ver” e “ouvir” o que se passou.

 

 

 

 

H. Realça-se a fusão entre todos os populares, como se fossem uma única e só pessoa.

 

 

 

 

I. Apela-se à população, chamando a sua atenção e expressando cumplicidade.

 

 

 

 

J. Sugere a complexidade da situação que se vivia.

 



15. Reflita sobre a (im)parcialidade de Fernão Lopes face às personagens individuais e coletivas envolvidas nos acontecimentos, considerando a informação do verbete apresentado.
 


. Questionário [link]
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