Romeu é o filho e herdeiro de Montecchio
e Lady Montecchio. Trata-se de um jovem de dezasseis anos, bonito, inteligente
e sensível. Embora impulsivo e imaturo, o seu idealismo e paixão fazem dele uma
personagem extremamente agradável. Vive no meio de uma luta violenta entre a sua
família e os Capuletos, mas não está interessado em violência. O seu único
interesse é o amor. No início da peça, está loucamente apaixonado por uma
mulher chamada Rosalina, mas no instante em que vê Julieta, apaixona-se por ela
e esquece-se da outra paixão. Assim, Shakespeare dá-nos todos os motivos para
questionar quão real é o novo amor de Romeu, mas este vai ao extremo para
provar a seriedade dos seus sentimentos. Ele casa-se secretamente com Julieta,
a filha do pior inimigo de seu pai; aceita alegremente o abuso de Tebaldo;
prefere morrer a viver sem a sua amada. Romeu também é um amigo afetuoso e
dedicado a seu parente Benvólio, Mercúcio e Frei Lourenço.
O nome Romeu, na cultura popular,
tornou-se quase sinónimo de "amante". Ne peça, realmente experimenta
um amor de tanta pureza e paixão que se mata quando acredita que o objeto de
seu amor, Julieta, morreu. O poder do amor de Romeu, no entanto, muitas vezes
obscurece uma visão clara do seu caráter, que é muito mais complexo.
Até a relação de Romeu com o amor
não é tão simples. No início da peça, anseia por Rosalina, proclamando-a o
modelo de mulher, e desespera perante a indiferença da jovem em relação a ele.
Em conjunto, as declarações de Romeu pela rapariga parecem bastante juvenis. Ele
é um grande leitor de poesia de amor, e o retrato do seu amor por Rosalina
sugere que está a tentar recriar os sentimentos sobre os quais leu. Depois de
beijar Julieta pela primeira vez, ela diz-lhe que ele beija «artisticamente», o
que significa que beija de acordo com as regras e implica que, embora
proficiente, o seu beijo carece de originalidade. Relativamente a Rosalina, aparentemente,
Romeu ama «by the book». A jovem, é claro, foge da mente de Romeu à primeira vista
de Julieta. Mas esta não é mero substituto. O amor que ela compartilha com ele
é muito mais profundo, mais autêntico e único do que o amor de cachorrinho
clichê que Romeu sentiu por Rosalina. O amor de Romeu amadurece ao longo da
peça, passando do desejo superficial de amar a uma paixão profunda e intensa. É
preciso atribuir o desenvolvimento de Romeu, pelo menos em parte, a Julieta. As
suas observações sensatas, como a do beijo de Romeu, parecem exatamente o que o
afastou da sua conceção superficial de amor e o inspirou a começar a declamar
algumas das mais belas e intensas poesias de amor já escritas.
No entanto, a profunda capacidade
de amor de Romeu é apenas uma parte da sua maior capacidade para sentimentos
intensos de todos os tipos. Dito de outra forma, é possível descrever Romeu
como alguém a quem falta a capacidade de moderação. O amor obriga-o a
esgueirar-se para o jardim da filha do seu inimigo, arriscando a morte
simplesmente para a ver. A raiva força-o a matar o primo da sua esposa num
duelo imprudente para vingar a morte do seu amigo Mercúcio. O desespero leva-o
ao suicídio ao ouvir a notícia da morte de Julieta. Esse comportamento extremo
domina a personagem de Romeu ao longo da peça e contribui para a tragédia final
que acontece com os amantes. Se Romeu se contivesse de matar Tebaldo ou esperasse
um dia antes de se matar depois de ouvir as notícias da morte de Julieta, a
história poderia ter tido um desenlace feliz. É claro que, se Romeu não tivesse
tais sentimentos, o amor que ele compartilhava com Julieta nunca teria
existido.
Entre os seus amigos,
especialmente enquanto brinca com Mercúcio, Romeu mostra vislumbres da sua
personalidade social. Ele é inteligente, perspicaz, gosta de justas verbais
(principalmente sobre sexo), leal e não tem medo do perigo, revelando aí toda a
sua coragem.
Adaptado de SparkNotes