● O discurso de
D. Madalena demonstra a sua preocupação e ansiedade: repetições, cortes nas
frases, exclamações, mudança de tom de voz [“(Baixo a Doroteia)”; [“(Fala
baixo da Doroteia que lhe responde baixo também: depois diz alto.)”],
recomendações a todos que acompanham a filha.
● Manuel de
Sousa Coutinho e Maria consideram a hipótese de já não ir a Lisboa, tal é o
choro de D. Madalena, que se despede dramaticamente do marido (“Adeus, esposo
do meu coração!”) e, além dos muitos conselhos que dá (“Maria, minha filha,
toma sentido no ar, não te resfries. E o sol… não saias de baixo do toldo do
bergantim. Telmo, não te tires de ao pé dela.”), revista tudo o que a filha
leva, para que não lhe falte nada.
● Tendo em
conta que a viagem é curta (de Almada a Lisboa e regresso) e breve (regressarão
naquele mesmo dia), como se justifica todo o dramatismo de D. Madalena? Ela pressente
que esta partida, esta despedida, não é momentânea, de horas, mas para sempre.
As cenas seguintes comprovam que tem razão, já que, quando se reencontrar com o
marido e com a filha, o seu casamento e a sua família presentes não são mais
viáveis, pois está confirmado que D. João de Portugal está vivo através do seu
regresso na pele do Romeiro. Assim sendo, esta é a última vez que se veem enquanto
elementos da mesma família. Por exemplo, D. Madalena e Maria só tornarão a
ver-se no momento em que a primeira se prepara para ingressar no convento.
● D. Madalena,
nesta cena, mostra-se muito carinhosa com Maria e zelosa e preocupada com o seu
bem-estar, envidando todos os esforços para que nada lhe aconteça ou falte.
Maria, por sua vez, procura acalmar a mãe, mas, na realidade, sente-se
profundamente abalada com a tristeza e o sofrimento que D. Madalena deixa
transparecer.