Português: 10/04/19

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Páscoa

     A Páscoa designa, de acordo com o Dicionário Onomástico-Etimológico da Língua Portuguesa, da autoria de José Pedro Machado, a "Grande festa judaica e cristã" que comemora a Ressurreição de Jesus Cristo.
     A sua origem etimológica encontra-se no latim vulgar «pascua», proveniente do latim eclesiástico «Pascha», cruzado com «pascua», que era o "alimento" (propriamente "pasto"), pois a Páscoa põe fim ao jejum da Quaresma.
     Por sua vez, o termo «pascha» deriva do grego «páscha», que significa «a Páscoa, festa judaica e cristã; "em particular", a refeição da Páscoa; o anho pascal», proveniente do hebreu «pasach», que quer dizer "passagem" e designa a festa celebrada em recordação da saída do Egito. Posteriormente, passou a designar a festa cristã celebrada em honra da Ressurreição de Jesus Cristo, por motivo da coincidência das datas.
     De acordo com  a Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, o significado etimológico de Páscoa é incerto. Alguns autores procuram-no em raiz egípcia e, nesse caso, significaria "golpe", "ferida"; outros ligam a palavra ao siríaco e então quereria dizer "ser feliz", "estar alegre". Deste modo, o termo referir-se-ia à festa de júbilo por excelência. O significado geralmente aceite é o que adquiriu no hebraico bíblico; "saltar", "passar adiante". Primeiramente, Páscoa designaria uma dança ritual, aplicando-se a palavra também à passagem do Sol pela constelação do Carneiro ou da Lua para o seu zénite. Por fim, impôs-se-lhe o significado de "passagem" de Javé ao dar a morte aos primogénitos do Egito, "saltando" por cima das casas dos hebreus a quem poupou. «Pesah», no TM, designa o rito sagrado (49 vezes) ou a própria "vítima" (31 vezes) ou refere-se simultaneamente ao rio e à vítima (2 vezes). Não se sabe com exatidão quando começou e em que consistia a sua origem, antes de estar associada à festa dos Ázimos, acreditando-se, contudo, que será anterior a Moisés. Seria a festa que os israelitas desejavam celebrar quando saíram do Egito com os seus rebanhos. Textos bíblicos sugerem mesmo que se julgavam obrigados a tal celebração (Ex. 8, 21-25). Admite-se geralmente que era comum às tribos semitas e estava ligada à vida nómada e pastoril. Era a festa das primícias dos pastores. Ofereciam à divindade os primogénitos do rebanho, talvez com um sentido propiciatório e para afastarem doenças ou malefícios sobre a família ou sobre os rebanhos.


FONTE: Ciberdúvidas

Quaresma

     O vocábulo «Quaresma» refere-se ao período do ano litúrgico católico que medeia entre Quarta Feira de Cinzas e a Páscoa e deriva do latim «quadragesimam» («partem», «diem»), ou seja, "quadragésima parte" e "quadragésimo dia".
     Ao longo do tempo, a palavra evoluiu no que diz respeito à sua fonologia, tendo ocorrido diversas síncopes: quadragesima(m) > quaragesima > quaraesima ou quaresima > quaresma.
     Segundo Edwin Williams, este termo terá surgido primeiro em castelhano, língua da qual passou para o português.
     Note-se que do latim «quadragesimam» deriva o nome comum «quaresma», que designa uma "planta herbácea, glanduloso-viscosa, de flores brancas, pertencente à família das Saxifragáceas, espontânea em Portugal", bem como a flor desta planta.

Comer muito queijo

     Quando dizemos a alguém que come muito queijo, estamos a «acusá-lo» de ser esquecido, de ter má memória.

     A origem da expressão faz-nos recuar no tempo. De facto, há alguns séculos, enraizou-se a crença segundo a qual a ingestão de laticínios diminuía certas faculdades intelectuais, especificamente a memória.
     A obra Nova Floresta, da autoria do padre Manuel Bernardes (1644-1710), contém um passo, relativo aos procedimentos a observar para manter e exercitar a memória, que comprova a existência desta crença: "Há também memória artificial da qual uma parte consiste na abstinência de comeres nocivos a esta faculdade, como são lacticínios, carnes salgadas, frutas verdes, e vinho sem muita moderação: e também o demasiado uso do tabaco." (Manuel Bernardes, C. O., Nova Floresta, tomo 2, título V - Beneficência, Benignidade, páginas 206 e 207).
     Curiosamente, estudos científicos contemporâneos sobre a memória e a nutrição concluíram que o leite e o queijo contêm cálcio e fósforo, elementos importantes para o trabalho cerebral. Contudo, a expressão "comer muito queijo" com o significado de «ser esquecido» ou «ter má memória» ficou.


Obra de Sá de Miranda



Formas

Temática

Poesia do Cancioneiro Geral
(vilancetes, cantigas, trovas, esparsas)
. O amor e as suas mágoas: o sofrimento do coração enamorado que o leva a fugir das pessoas e de si próprio.
. A saudade que o amor deixa no coração.
. A divisão do «eu».





Sonetos





. O desejo da perfeição formal.
. A mudança: a mudança reversível e cíclica da natureza versus a mudança irreversível do homem (sempre para pior).
. O conflito entre o amor e a razão.
. A poesia tem uma função pedagógica.
. A poesia como mensagem e não apenas como entretenimento (no Cancioneiro Geral a poesia era considerada como um mero entretenimento do espírito).
. A dignidade das Letras (tema muito grato aos humanistas).
. O amor petrarquista(1): a mulher idealizada e as contradições que o amor provoca na alma.



Cartas



. Crítica à sociedade (a cobiça, a hipocrisia, a injustiça, a ambição, etc.).
. Crítica à corrupção da corte.
. A apologia do ideal de Horácio da “áurea mediania”/”aurea mediocritas”.
. O elogio do campo/aldeia.
. A crítica ao abandono do campo.


Éclogas



. Crítica às injustiças (desconcerto do mundo).
. Apologia da “aurea mediocritas”.
. Desprezo pelas glórias e bens do mundo.
. Condenação da tirania despótica dos que vivem à custa dos “pequenos”.
. O recurso ao bom senso e ao saber dos antigos.




(1) Facetas do Petrarquismo:
- o elogio hiperbólico da mulher amada no aspecto físico, psicológico, moral e social  -  ideal, perfeita, inigualável, divinizada;
- as contradições íntimas do sujeito poético feliz-infeliz;
- os efeitos contraditórios do amor;
- o lamento e a saudade na ausência da mulher;
- a inexistência de palavras que a possam retratar;
- a apresentação de uma natureza sombria ou amena/alegre segundo o estado de espírito do “amador”;
- a luta entre o amor e a razão.

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