Um dos elementos que está associado
ao tempo é a lagartixa, descrita como “brasão do tempo”, da transição da
posse da lagoa e da própria lagoa.
A lagartixa, aparentemente inerte no
seu muro de pedra, simboliza o tempo, a humildade e a pequenez. Ela simboliza a
inércia, a preguiça sábia e familiar, a vigilância tranquila (dado que tem
consciência de que a mudança é inevitável), daí a sua presença vigilante e
constante nos muros e umbrais das portas. Como gosta de estar ao sol, simboliza
também a procura da luz, aqui interpretada como busca do saber. A sua ação, em
perseguição de um novo saber, de uma nova luz, de uma mudança, dá-se sem chamar
a atenção. As únicas figuras que reparam na sua atividade são os “bons
portugueses”.
Outro símbolo do tempo é a transição
da lagoa, que passa das mãos do Engenheiro e dos seus antepassados para as
do Regedor e dos Noventa e Oito que ele representa. Esta alteração representa a
mudança dos próprios tempos, do poder e da ordem, que se opera de forma
subversiva.
Um último símbolo é a lagoa,
que representa a vida e constitui uma fonte de alimento para os
camponeses-operários. Para o Engenheiro, a lagoa é somente mais um símbolo do
poder inútil que, nas mãos do Noventa e Oito, passará a simbolizar evolução e
progresso, quer do tempo, quer das estruturas sociais, económicas e
ideológicas.