domingo, 21 de abril de 2024
Resumo da 23.ª parte - 3.ª crónica: Um caso não encerrado
Resumo da 22.ª parte - 3.ª crónica: Terras fantasmas
Na terceira parte, David Graan desvela que a memória dos acontecimentos dos anos 20 do século XX se foram dissipando ao longo do tempo. Como parte da sua pesquisa sobre os assassinatos dos Osage, em 2012, visita o Osage Nation Museum para se encontrar com Kathryn Red Corn, a sua diretora. A mulher mostra-lhe as exposições disponíveis no museu, que retratam a tribo Osage na época da onda de crimes, nas quais se destaca uma fotografia que ostenta um buraco no centro onde outrora figurava William Hale, o «diabo». A diretora admite que a dor resultante dos acontecimentos de há quase um século ainda é muito real para vários nativos. Durante uma visita subsequente, Graan participa em danças cerimoniais da tribo, conhecidas por I’n-Lon-Schka. O escritor encontra-se com Margie Burkhart, neta de Mollie e Ernest e filha de James Cowboy Burkhart, que lhe revela as memórias afetuosas que o pai possuía sobre a sua mãe. Porém, as lembranças de James sobre o pai são marcadas pela melancolia. Margie revela que, após ter sido agraciado com a liberdade em 1937, Ernest regressara ao condado de Osage, porém o seu estado de homem livre é efémero, dado que foi novamente capturado em razão de um furto que praticara, motivo por que lhe foi negado o regresso a Oklahoma.
Por sua vez, em 1947, vinte anos após o encarceramento, William Hale é libertado por causa da sua idade avançada – 72 anos – e pelo comportamento exemplar enquanto detido no cárcere. Quando a Ernest, após conhecer de novo a liberdade, suplica o perdão de Oklahoma e, apesar das inúmeras vozes que se fazem ouvir contra essa possibilidade, o seu apelo é atendido e o homem regressa ao condado de Osage. Após o seu falecimento em 1986, James Burkhart não atende ao último desejo do pai, o de ter as suas cinzas espalhadas pelo condado, descartando-as a partir da ponte.
Na infância de Margie, a riqueza do petróleo esvai-se e tempos árduos aproximam-se. No entanto, surgem novas fontes de renda, nomeadamente casinos e reparações financeiras que o governo federal é compelido a restituir à tribo. Guiando o escritor pelas vastidões da pradaria, Margie leva-o até ao local onde Anna foi alvejada. Além disso, a mulher revela a Graan que Mollie e os seus filhos deveriam ter estado na residência de Rita e Bill na fatídica noite em que se deu a explosão, porém uma dor de ouvido de James Cowboy Burkhart, forçou-os a ficar em casa, salvando-os inadvertidamente da morte. Deste modo, o pai de Margie cresceu sabendo que o seu próprio pai havia conspirado conta a sua vida.
Análise das 20.ª e 21.ª partes da crónica 2 de Assassinos da Lua das Flores
William White, John Ramsey e Bryan Burkhart não são condenados à primeira, mas tal não se deve a falta de provas. De facto, a equipa liderada por White construiu um caso convincente porque sustentado em evidências, nomeadamente a confissão de Ernest, mas a questão a questão racial interfere em todo o processo. Desde o início do julgamento, os agentes receiam que jurados caucasianos não condenem um homem branco por matar uma pessoa nativa americana e, de facto, os seus temores concretizam-se. Com efeito, seja por puro e simples racismo, seja por causa da forte influência de Hale, o primeiro julgamento termina num impasse, com um júri indeciso. A realidade da época era chocante: assassinar uma pessoa não brancanão era considerado um crime muito grave, daí que Ramsey tivesse conseguido assassinar membros da tribo Osage enquanto sob a proteção das consequências e da punição resultantes desse ato. De facto, a surpresa que o homem evidencia a propósito da sua eventual condenação exemplifica a sensação de segurança que ele sentia possuir.
A presença de Mollie no tribunal pode ter desempenhado um papel importante na imposição de limites ao poder da discriminação e do racismo. Embora não existam testemunhos diretos que possam esclarecer como a mulher se sentiu na ocasião, isto é, enquanto ouvia as evidências apresentadas contra pessoas em quem confiava e amava, Graan observa que ela se envolveu numa teia de silêncio, especialmente quando Ernest, o seu marido, admitiu em tribunal que toda a sua família havia sido morta, deixando-a sozinha, sem ninguém para a confortar ou partilhar do seu sofrimento. Por outro lado, se é verdade que Mollie influenciou os jurados que estavam dispostos a condenar as pessoas que mataram os seus familiares, também não o deixa de ser que a sua postura oferece um poderoso testemunho de como as ações de um indivíduo podem moldar o mundo.
O desfecho da lamentável história leva White de regresso à prisão. De facto, o ex-agente tinha vivido na penitenciária do condado de Travis enquanto criança e, no final do caso Osage, aceita o cargo de diretor da penitenciária federal de Leavenworth, o que acarreta diversas questões à sua esposa, nomeadamente no que toca ao facto de criar os filhos naquele ambiente, porém o caráter e a determinação do marido parecem afastar esses receios. As suas inúmeras qualidades enquanto investigador adequam-se perfeitamente ao seu novo papel, pois trata todos com respeito e em igualdade, incluindo Hale e Ramsey, que chegam àquela prisão alguns meses após ter iniciado o seu novo cargo enquanto diretor prisional. Grann socorre-se das palavras de ex-presos, segundo os quais White, no papel de diretor, considerava a reabilitação dos prisioneiros o fulcro da sua ação. Embora fosse contrário à pena de morte, cumpria igualmente essa feição da sua atividade profissional, supervisionando execuções conforme exigido pela lei.
Não obstante ter abandonado o FBI, White continua preocupado com a sorte da equipa de agentes que o assistiu durante as investigações no condado de Osage, procurando que sejam tratados de forma justa e recebam o crédito que merecem. Todavia, esse desejo conflitua com o investimento de Hoover na questão da sua própria reputação, que é descrito pelo autor da obra como um homem que se foi tornando um ditador ao longo das cinco décadas em que foi diretor do FBI. Avarento, ambicioso e calculista, não agradece aos agentes e recusa a White o acesso a materiais que lhe permitiriam escrever uma história dos assassinatos de Osage. Até ao fim da sua vida, White permaneceu um defensor do coletivo, mostrando-se sempre disposto a defender aqueles que eram ignorados e esquecidos, em suma, para aqueles que não tinham voz.
Resumo da 21.ª parte - 2.ª crónica: A casa quente
Na penitenciária de Leavenworth, entre muros que testemunham segredos e silêncios, a família de White vive nas instalações da prisão, o que deixa a esposa de White bastante incomodada. As instalações estão sobrelotadas e, no calor abrasivo de agosto de 1929, eclode um motim, que o próprio recém-diretor aplaca. Com diligência, ele semeia a esperança de redenção, trabalhando com afinco no sentido de melhorar as condições de vida e oferecer aos presos oportunidades de se reabilitarem. No desempenho da sua função, tem pouco contacto com Hale, que trabalha na fazenda do estabelecimento prisional, e recusa-se apassar informações aos repórteres que continuam a manter interesse no caso. Apesar de julgado, condenado e encarcerado, o prisioneiro nunca admite a participação na onda de crimes, mas afirma ironicamente que tudo o que fez foi uma simples oportunidade de negócio.
No Condado de Osage, a vida, como um rio após a tempestade, procura o seu curso: as pessoas procuram reconstruir as suas vidas, incluindo Mollie, mulher resiliente que se volta a casar, desta vez com um homem chamado John Cobb e, com a força de uma guerreira, reclama o direito de ser senhora do seu destino financeiro.
Em 1931, desenrola-se novo drama: membros do gangue Spencer, num ato de desespero, fazem White refém e fogem da prisão. Um detido chamado Boxcar dispara sobre White, atingindo-o no peito, mas o destino, caprichoso, permite que ele sobreviva e, mesmo gravemente ferido, salva a vida dos outros reféns. Os fugitivos são contidos e White decide assumir uma função menos extenuante e perigosa da prisão de La Tuna, no Texas.
A segunda crónica termina como começou, isto é, com Hoover e o Bureau, afora designado como Federam Bureau of Investigation – FBI. Hoover, ansioso por garantir queo seu nome seja diretamente associado ao sucesso do FBI, tece a sua narrativa e nega a White e aos seus agentes o reconhecimento merecido por toda a investigação a que procederam. Assim, limita-se a redigir um conjunto de notas educadas, mas frias e distantes. Quando White o procura em busca de informações destinadas à escrita de um livro sobre o caso Osage, o diretor do FBI mostra-se pouco cooperante e prestativo. Fred Grove, a pena que se oferece para auxiliar White, escreve uma obra ficcionada sobre os eventos, mas o texto histórico que este planeara nunca é acabado.
White passa os seus últimos anos no rancho da família no Texas, sobrevivendo a todos os seus irmãos. Despede-se da vida em dezembro de 1971, aos 90 anos, deixando atrás de si um legado de coragem e resiliência.
Resumo da 20.ª parte - 2.ª crónica: Assim Deus o ajude
Chegados a julho de 1926, o tribunal prepara-se para decidir o destilo de William Hale e Ramsey. As provas, aparentemente inequívocas e esmagadoras, levantam uma questão: será que o júri estará disposto a condenar homens brancos pelos assassinos de nativos americanos?
O primeiro ato deste drama judicial prende-se com o julgamento de Hale. E chamamos-lhe drama, porque o evento chega a um impasse, o que leva White e os promotores a optarem por uma nova abordagem no que diz respeito às acusações contra Hale e Ramsey, procurando blindar os jurados contra as garras do suborno e as presas das ameaças. Por outro lado, a entrada de Mollie no tribunal assemelha-se a um sussurro do vento que acalma a tempestade, quando Ernest confessa que, além dos dois filhos, ela não possui mais ninguém.
Para espanto de Hale e Ramsey, o júri, qual coro grego, profere o veredicto de culpados. Os meses passam e Bryan é novamente julgado pelo homicídio de Anna e, desta vez, a justiça marca-o com o ferrete da culpa. Mollie, a testemunha silenciosa desta tragédia, terminado o julgamento, desfaz os laços matrimoniais com Ernest.
O desfecho de todo o processo deixa J. Edgar Hoover bastante contente e contribuem para tecer a tapeçaria da reputação do Bureau. White, navegando em mares nunca dantes navegados, como diria Luís de Camões, decide abandonar o Bureau e aceita o leme da prisão de Leavenworth, exatamente o presídio que se prepara para acolher dois prisioneiros seus conhecidos: Hale e Ramsey.