Miguel Macedo, atual ministro do governo português, aludiu à fábula da cigarra e da formiga nos seguintes termos: "É nestes tempos difíceis que é preciso ter esta pedagogia: nós não podemos ser um país de muitas cigarras e poucas formigas.".
Esquecendo o significado metafórico que o ministro lhe quis emprestar em termos de atualidade, esta referência constitui sobretudo uma boa oportunidade para recordar o poema de Alexandre O'Neill (visto que a fábula é por demais conhecida):
Minuciosa formiga
Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga
leva a sua palhinha
asinha, asinha.
Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.
Assim devera eu ser
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.
Assim devera eu ser
se não fora
não querer.
Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga
leva a sua palhinha
asinha, asinha.
Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.
Assim devera eu ser
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.
Assim devera eu ser
se não fora
não querer.