Português: 26/12/17

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

"Angústia para o Jantar", Luís de Sttau-Monteiro

     O que levará Gonçalo, um empresário rico e burguês, a encontrar-se para jantar com António, empregado de escritório e pobre, sempre ao dia 15 de cada mês, se nada têm em comum senão terem sido, há mais de 30 anos,  colegas no liceu? Um mero hábito que se adquiriu? Uma forma de mostrar que mantém as amizades de tempos longínquos?
     Gonçalo, de 55 anos, casado com Teresa, tem uma amante, Alexandra, que por sua vez possui o(s) seu(s) amante(s). Seguem-se algumas reflexões do narrador: sobre o provincianismo domingueiro, sobre o machismo (o porteiro que passou a manhã sentado, a ler o jornal, enquanto a mulher varria a casa, limpava e fazia a comida, e come a carne toda, enquanto ela e os filhos apenas batatas fritas).
     Casualmente, num domingo em que ficara só porque Gonçalo, como de costume, janta com a família, Alexandra e António encontram-se num bar e ela, por estar só, leva-o a jantar em sua casa, onde António descobre uma fotografia de Gonçalo e se apercebe de que se trata da amante deste. Os dois acabam por ter relações sexuais, porém, a meio da noite, curada da bebedeira, ela expulsa-o de casa, enojada do que acabara de fazer. Tempos depois, alguém conta a Gonçalo que viu a amante com um homem horroroso num bar e que saíram juntos.
     A sociedade a que Gonçalo pertence caracteriza-se pela hipocrisia, fingimento e vacuidade. As mulheres são, culturalmente, vazias; tudo fazem para manter o seu "status" social e económico, mesmo suportar "com elegância" as amantes dos maridos, quando não são elas que os traem; nada fazem de útil; são sustentadas pelos maridos, sem os quais nada saberiam fazer para se sustentarem a si mesmas.
     O filho de Gonçalo, Pedro, de 24 anos, envolve-se num grupo de contestação ao regime político. O pai só consegue "falar-lhe" através de carta.
     António desloca-se ao apartamento de Alexandra na esperança de voltar a dormir com ela, mas é humilhado e expulso. Com medo, no entanto, que o homem conte a Gonçalo o que se passou, a mulher conta ela mesma ao amante o sucedido. Gonçalo "perdoa-lhe", pois vê ali uma oportunidade para, daí a dois ou três meses, a descartar.
     António sofre de uma doença fatal. Teresa entrega ao filho a carta escrita pelo pai e constata que ela e o filho vivem e sonham com mundos muito diferentes. Alexandre parte em busca de novo amante.
     Gonçalo, para afastar o filho das "ideias revolucionárias" que persegue, decide convidá-lo para o próximo jantar com António, tencionando humilhar, destruir este aos olhos do filho, para que veja quão insignificantes são os "tipos com quem [Pedro] anda metido".
     Durante o jantar, em que Gonçalo tudo faz para conseguir humilhar António aos olhos de Pedro, ficamos a saber a forma como se conheceram: António era gozado, no liceu, pelos colegas por causa do seu aspeto franzino. Um dia vinga-se de um deles atirando-lhe uma pedrada e esconde-se. Os outros alunos acabam por o descobrir, escondido atrás de um muro, fazem uma roda e assistem, em êxtase, à sova que o "apedrejado" lhe aplica. Pouco depois de a sova ter terminado, Gonçalo vem ao seu encontro. No dia seguinte, depois da primeira aula, este sobe ao estrado e afirma que quem voltar a importunar António terá de se haver com ele. Ao refletir, nesse episódio, compreende que Gonçalo o defendeu apenas para pôr à prova a sua força e não por considerar que não se deve abusar de alguém mais fraco.
     No final do jantar, a humilhação de António é total.
     Esta personagem morre, no entanto a secretária de Gonçalo recebe um telefonema de um desconhecido, lembrando-o da necessidade de marcar na agenda o jantar do dia 15. Ele desconfia que será Alexandra a vingar-se de a ter deixado, por isso decide comparecer, fazendo-se acompanhar por uma nova pega, para fingir que a substituiu e nunca mais pensou nela. Porém, afinal, quem está à sua espera é Pedro: "Perdi a batalha. (...) porque estou fora do meu tempo e porque não são as armas que dão a vitória aos vencedores. Quem vence as batalhas é quem está dentro do seu tempo.".

"Kit Carson", Edmund Collier


     Kit Carson é um jovem que vive na ânsia de caçar e viver aventuras nas Montanhas Rochosas. Durante um incêndio, perde o pai na sua juventude e passa a trabalhar na loja de um ferreiro. No entanto, foge daí e junta-se a uma caravana que se dirige para o Oeste. Aí, fica sozinho na cidade de Taos, vivendo miseravelmente, até que se junta a um grupo de caçadores e se torna um caçador experimentado. Numa escaramuça do grupo de Kit com os índios, a sua valentia acaba por lhe granjear o nome de Vih'hui-nis, isto é, Pequeno Chefe, numa grande demonstração de respeito por parte dos índios.
     Pouco tempo depois, Kit casa-se com uma jovem índia chamada Relva Cantante, com quem tem uma filha, Adelina. Entretanto, o negócio da pele de castor entra em decadência, por isso vai trabalhar para um homem de nome Charlie Bent, caçando búfalos e protegendo dos índios a pista de Santa Fé, onde socorre inúmeras caravanas. Nos entrementes, morre Relva Cantante.
     De seguida, ganha bastante dinheiro ao chefiar uma expedição de um homem de nome Frémont e casa com uma mulher, Josefa, em Taos. E, de façanha em façanha, a sua fama vai-se alastrando pelo Oeste.
     Quando os EUA declaracam guerra ao México, Carson participa nela e mais uma vez destacam-se as suas qualidades de bravura e de comando de homens, nomeadamente no episódio da batalha de S. Pascoal.
     Anos volvidos, é nomeado agente para ajudar a estabelecer a paz entre os índios e os colobonos brancos que diariamente se deslocavam para a Califórnia.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...